Observatório Alviverde

16/10/2014

PALMEIRENSE NÃO OLHE O TIME POR UM PRISMA DE DESCONFIANÇA!





Após um início titubeante, temerário, e, até, assustador, Dorival Júnior, finalmente, está conseguindo impor uma sistemática competente ao futebol do Palmeiras! Já não era sem tempo!

Ainda que não fosse ele o técnico de meus sonhos para o atual momento do Palmeiras, sempre fui convicto de que a simples substituição de Gareca, faria o time melhorar, evoluir, se transformar e acumular pontos, créditos e credenciais para fugir da degola. Está acontecendo! 

O trabalho de Dorival, reconheço, supera, ao menos até agora, as minhas estritas expectativas e minhas muitas restrições ao seu trabalho. Continue, ele, assim...

A sua boa performance, até agora, entretanto, não significa, necessariamente, que os gigantescos problemas do Palmeiras, por ele amenizados, tenham sido, inteiramente, resolvidos.  Há, ainda, um longo caminho a percorrer.

Entretanto, a esta altura, pode-se afirmar, que Dorival não apenas, detectou, como, principalmente, equacionou os problemas do elenco. 

Fique claro que, a palavra equacionar, ao contrário do que tantos pensam, não significa solver, resolver, ou, solucionar, mas, como dizem os dicionários, "reduzir um problema ou uma questão a pontos simples e claros" colocar tudo em uma única operação. 

Então, equacionar um problema, em escala natural de prioridades, consiste em admiti-lo, considerá-lo, analisá-lo, diagnosticá-lo, para, depois, direcioná-lo e  encaminhá-lo, o mais rapidamente, visando à solução!  

De qualquer modo, reconheça-se e enalteça-se, os resultados favoráveis da nova era Dorival. Via de consequência, eles já começam a aparecer! Dentro e fora do campo. 

As vitórias obtidas sobre a Chapecoense e o Botafogo, tanto e quanto a irretocável apresentação contra o Grêmio, representam o corolário do esforço, do trabalho e da extrema dedicação de Dorival.

Deveriam, per si, atestar e ratificar, em plenitude, a fase atual da equipe, muito mais que, simplesmente, boa, excelente, malgrado longe de qualquer excepcionalidade!  

Entretanto, se a esperança do torcedor palmeirense por dias melhores é imensa, na inversa proporção existem, também, embutidas, a desconfiança, a descrença e o ceticismo, em face de tantas frustrações registradas no decorrer de nossa história.

A maiúscula vitória sobre o Grêmio, deveria constituir-se no indicador perfeito de uma nova era da equipe, em plena campanha de recuperação neste brasileiro, reconhecida com uma das melhores performances deste segundo turno!  E, no entanto, não é, não acontece, não rola! 

Os fanaticíssimos palmeirenses paulistas, mais milhões de palmeirenses mineiros (desconfiadíssimos) tanto e quanto os demais torcedores do maior time verde do planeta, ainda não se sentem seguros para acreditar que, apesar do inconteste progresso, não há garantias efetivas de que o Palmeiras tenha decolado ou que possa exibir-se, repetitivamente, da mesma forma como se exibiu contra o Grêmio.

Curtidos, doridos, doloridos, perdidos, exauridos e, sobretudo, precavidos os Palmeirenses (tudo rima, mas é verdade) tornaram-se, quando se trata de analisar o time, (rimemos de novo) -incorrígíveis- empedernidos!  

Ontem estive na Praça 7, centro de Belo Horizonte, para um dedo de prosa e um cafezinho com amigos ou transeuntes, e, coincidentemente, troquei ideias com três palmeirenses autênticos que, casualmente, encontrei por lá. 

Fique claro, não eram, eles, cruzeirenses, atleticanos, americanos, flamenguistas ou torcedores de qualquer outro time que nutrem, simultaneamente, simpatia pelo Palmeiras! Há, de fato, muitos torcedores assim, mas o trio, assim como eu, era, exclusivamente, palmeirense. 

Aliás, para o devido conhecimento, governo e controle do Ibope, do Data Folha, da Rede Globo e de tantas instituições de pesquisa menos sérias, BH é um reduto de palmeirenses. Aqui, o Verdão tem torcida própria e, em termos, até numerosa.

Satisfeitíssimos com a reação no Brasileiro, os três palmeirenses, no entanto, trataram a primorosa exibição contra o Grêmio, simplesmente, como um jogo de superação que, dificilmente, entendem, será repetido! 

Foram unânimes em afirmar que, premido pelas circunstâncias, o time de Dorival realizou uma apresentação acima de seus restritos limites de ordem técnica. 

Eles não creem, definitivamente, que o Palmeiras possa repetir a façanha, domingo, no Pacaembu, contra o Santos. 

Obtemperei-lhes, entretanto, que, embora os entenda, penso diferente!

Submetidos, constantemente, a desapontamentos e decepções que, invariavelmente, derivam para desilusões e terminam em frustrações, os torcedores do Palmeiras parecem ter medo de acreditar no que veem e sentem, acerca da visível melhora da equipe, embora constatável, real e palpável.

Ainda prevalecem no imaginário da torcida verde, receios, medos, sentimentos negativos, complexos, maus presságios e, principalmente, as várias dúvidas que, constantemente, tomam de assalto o coração e as almas identificadas com o Verde, ainda que a cor possa lhes inspirar, sempre, novas e renovadas esperanças !

O que constato em relação ao ânimo dos palmeirenses é que todos nutrem esperança por dias melhores, mas nem todos acreditam nas possibilidades de o clube reagir! 

Não os culpo, por isto! 

Culpo, sim, a súcia de dirigentes medíocres (com raríssimas exceções)  invariavelmente metidos a gênios ou sábios que usurparam o poder e que colocaram, a partir da década de 70, a hipócrita Sociedade Esportiva,  acima do peso, do valor e da importância mundial do time do Palmeiras, o primeiro campeão mundial interclubes!

Hoje, a minha fé, enquanto torcedor, estimula-me a pensar, sempre, no melhor e no positivo, mesmo sabendo que as perspectivas de melhorias ainda são incertas! 

Confesso-lhes, também, que muitas vezes, me surpreendo com dúvidas quanto à atual situação da equipe, ao seu real poderio, e, principalmente, em relação às suas reais perspectivas. 

Passa-me, muito, pela cabeça, a seguinte frase:

"será que o time, simplesmente, tem, de fato, jogado, apenas, à base da motivação, da superação e da transposição de seu limite técnico?"

Time algum que eu tenha conhecido, de pequena ou de média qualidade, partícipe de torneios longos, jamais se consagrou  apresentando, exclusivamente, essas virtudes e isso é o que, efetivamente,  me preocupa.  

Mas a luz da razão me invade, ilumina, dissipa-me as dúvidas e afasta os maus presságios! 

Passo, então,  a analisar os fatos sob uma angulação realística e  material, como, afinal, temos de analisar os fatos do futebol, ainda que envolvendo o enigmático e indecifrável Palmeiras.

Lembro-me, então, que dois cracaços, Valdívia e Prass, os melhores do Brasil em suas respectivas posições, estão, concretamente, incorporados ao time e empenhados de corpo e alma em fazer tudo o que sabem, a fim de retirar o clube do assento trágico em que se encontra.

Lembro-me , também, de João Pedro, Victor Luís, Nathan e de outros jovens pinçados da base, em política implementada, minimamente, com cinco décadas de atraso.

"En pasant", créditos apresentados, essa garotada têm ajudado demais o time a recobrar sua saúde técnica, tática e individual, candidatos a craque que são, mormente João Pedro.

A esta altura não se pode mais mensurar ou mencionar a pior defesa do campeonato pela mesma ótica do desvirtuado e irrecuperável tempo de Gareca. 

Sem Vitorino na zaga, com Lúcio e Tóbio ajustados, encaixados, e em simbiose perfeita com um meio de campo livre de Eguren, já com o recém contratado Washington, à espera do recuperado jovem Renato, a defesa palmeirense agora é outra, muito outra!

O problema crucial da equipe, reside na peça ofensiva, em razão da falta de individualidades à altura das necessidades. 

Em falha de observação, Dorival solicitou à diretoria, um goleiro, quando deveria ter indicado a contratação de um centroavante goleador para revezar com Henrique, e, mudar quando e se necessário, a sistemática ofensiva de jogo.

Da mesma forma, havia necessidade, também, de um substituto à altura para Valdívia, em face de seus constantes impedimentos de entrar em campo por contusões ou suspensões!

Sabe-se, que, com Valdívia em campo, mesmo com jogadores de ataque abaixo das qualidades e das necessidades de um clube da exigência do Palmeiras, o Verdão terá um ataque ao menos compatível e efetivo, em face da genialidade do chileno e de sua incrível capacidade de fazer até estátuas jogar e fazer gols. 

Mas, e quando Valdívia não puder jogar? Teria, por acaso, Dorival, ao menos pensado nessa hipótese?

Expostas todas as características (as boas e as defasadas) do  time do Palmeiras, quero deixar muito claro que, sim, acredito,  perfeitamente na possibilidade de o Verdão bisar a estupenda atuação contra o Grêmio, em função, principalmente, da força física evidenciada pelo time, com preparo físico, como citei, ontem, de cavalo de jóquei clube.

Ao mesmo tempo, entendo, se o Palmeiras não vier a jogar tudo o que sabe e pode contra o Santos (é possível e o mais provável) pois cada jogo é um jogo e cada adversário diferente de outro, para mim não vai se constituir em nenhuma surpresa.

Mas se o Palmeiras se impuser sobre o jovem time do Santos, aí, sim, irei me convencer, definitivamente, que o time superou seus traumas e limitações e já está pronto para alçar voos mais altos na competição. 

Da mesma forma terei consciência de que a sua saída da parte inferior da tabela, irreversível, materializar-se-á em poucas rodadas rodadas, em que pese o grande poderio de nossos próximos adversários.


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3 Comentários:

  • Às 16 de outubro de 2014 às 17:44 , Anonymous victor tredenski disse...

    ALCIDES

    OUVI DIZER QUE EM BH

    OU EM MINAS NO GERAL

    ATLETICANOS E PALMEIRENSES SE DÃO TÃO BEM QUANTO PALMEIRENSES E VASCAINOS

    É VERDADE ISSO????

     
  • Às 16 de outubro de 2014 às 18:54 , Anonymous Alcides Drummond, o Editor disse...

    Prezadíssimo Victor

    Verdade verdadeira.

    A camisa de times de fora mais usada e predominante em BH é a do Palmeiras.

    E é, mais, muito mais até que a do Flamengo, graças a essa amizade de nossa torcida com a do Galo, embora, curiosamente, o galo seja alvinegro e o Cruzeiro tenha sido fundado por italianos.

    Independentemente disso, sempre tive mais simpatia pelo Atlético em razão, principalmente, da arrogancia dos cruzeirenses.

    Mas temos torcida própria, também, o que é muito mais importante.

    Já falei, aqui, do enorme distintivo do Palmeiras, com base de aço e detalhes em latão, lindíssimo, que encontrei em uma loja do Bairro Buritis.

    Há algum tempo recebi o cartão de visitas de um cara que tem um carro de som, todo verde e com o emblema do Palmeiras.

    Ele não é paulista, mas, mineiro de Divinópolis, cidade a uns 100 km de BH com mais de 200 mil habitantes, onde a torcida do Verdão também é enorme.

    O melhor narrador de futebol da cidade, Carlos Gomes, é palmeirense fanático e promove a nossa marca na cidade. Abs (AD)

     
  • Às 16 de outubro de 2014 às 21:47 , Anonymous Marco disse...

    Alcides,
    Certa vez você comentou sobre o processo de perseguição e diminuição do América MG, feito pela imprensa de Minas.
    Caso possa, escreva algum dia nos contando essa história.

    =======

    Quanto ao Palmeiras, considerando tudo o que analisamos e observamos, fica cada vez mais evidente que nossos problemas estavam fora do campo, no ambiente interno, no clima criado sobre o time e não reduzida à avaliação simples de qualidade técnica do elenco.
    O texto de hoje é mais um capítulo dessa avaliação, onde destaco uma frase do final:

    " Mas se o Palmeiras se impuser sobre o jovem time do Santos, aí, sim, irei me convencer, definitivamente, que o time superou seus traumas e limitações e já está pronto para alçar voos mais altos na competição. "

     

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