O ASSUNTO É DEYVERSON, SCOLARI E A TORCIDA!

Com nove gols marcados na gloriosa campanha da Grande Arrancada de 2018, Deyverson foi escolhido, ano passado, como um dos melhores atacantes do Brasileiro e o melhor da reta de chegada do maior e melhor Campeonato do Mundo.

Foram 9 os gols marcados por ele no Brasileiro/18,  dos 64 assinalados pelo time em toda a disputa, que ajudaram ao Palmeiras a ter o melhor ataque da competição.

Quem chegou mais perto foi o Flamengo ao marcar 59, tendo sofrido 29.

"En passant", a defesa palmeirense sofreu apenas 26 gols criando um gigantesco superavit de 38 gols, isto é,  8 a mais do que o "todo poderoso" Flamengo e 16 a mais do que o terceiro colocado o Internacional.

Detentor de todos os números positivos em 2018, o Palmeiras, de quebra, conseguiu a proeza de ganhar o Brasileiro com o expressivo número de 23 jogos sem perder e batendo todos os recordes de invencibilidade até então estabelecidos.

Este ano o Palmeiras já atuou 10 vezes pelo Brasileirão tendo mantido não apenas a invencibilidade quanto a ponta da tabela. 

Após o empate de sábado contra o SPFC o Verdão está com 26 pontos e continua com a melhor campanha e detentor dos números mais expressivos da competição.

Tem a melhor defesa (só 3 gols tomados) e até a goleada do Flamengo, 6 x 1 ontem sobre o Goiás, resultado anômalo, detinha também o melhor ataque com 19 gols assinalados. O Fla agora é o primeiro nesse quesito com 21 gols, apenas dois a mais que o Verdão.

Dito isso tudo eu só posso qualificar como sandices as críticas extremadas ao time ao elenco, aos jogadores e, principalmente a Felipão.

É óbvio que também crítico todos os setores do clube, embora com respeito, suavidade e apenas pontualmente, em situações em que a minha consciência dita como observações construtivas.

Critiquei de maneira antecipada, por exemplo o amistoso aberto contra o Guarani no qual o Palmeiras nada ganhou e muito perdeu além do próprio jogo, que deveria ser tratado e ter transcorrido como os outros dois realizados com portões fechados contra o Oeste de Barueri e o Operário de Ponta Grossa. 

Critico, neste momento, a manifestação pública de Felipão contra Deyverson, quando ele disse em coletiva que o atleta está jogando mal e que ele quer Deyverson não fora da área mas sempre dentro dela.

Foi uma conduta amadora de Scolari que, a esta altura da carreira, já deveria ter aprendido que "roupa suja deve-se lavar em casa". 

Critiquei Scolari pela mudança abrupta dos times partindo da premissa que os times titulares são sempre muito melhores do que os suplentes e sugeri que ele mantivesse ao menos uns seis ou sete dos jogadores efetivos quando necessitasse poupar algumas peças.

Até aqui, parece que ele está agindo assim e que pretende continuar assim, haja vista que contra os Bambis não colocou em campo um time exclusivamente formado por reservas, mas manteve, se  não a melhor, mas uma boa base de jogadores efetivos.

Portanto, vamos ter um pouco mais de perspicácia, de entendimento e, (por que não?) de humildade na análise do time do Palmeiras, considerando que o time está disputando as três maiores competições deste segundo semestre, Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores, com amplas possibilidades de ir para as finais em qualquer uma delas. 

Felipão, líder do campeonato e com ampla perspectiva de levar o Palmeiras a ganhar todas as competições, ele, que comanda os vestiários e está à frente de um elenco cheio de estrelas, não pode estar tão errado quanto querem alguns ao ponto extremo de chamá-lo de velho superado, de gagá e até de outros termos desrespeitosos e impublicáveis. 

Já imaginaram do que o chamariam se o Palmeiras estivesse no bloco intermediário da tabela ou entre os últimos colocados? É "brincanagem", minha gente, isto é brincadeira com sacanagem, se vocês me permitem a expressão chula que traduz bem a situação!


Falemos agora de Deyverson que alguns têm a ousadia de criticar forte, atribuindo-lhe exclusivamente todas as mazelas da equipe.

Aliás, em relação a Deyverson vou colidir com Scolari que veio a público censurar o seu atleta,  mas as coisas, analisando-se friamente, não são exatamente como ele as colocou.

Perguntem se ele vai escalar depois de amanhã contra o Inter o Borja ou o Artur Cabral?

Deyverson jogador raçudo, marcador, que não acredita em bola perdida, tem realizado a função mais sacrificante e inglória entre todos os jogadores, a de primeiro homem da chamada marcação alta.

Esse jogador é o que corre o tempo inteiro do jogo tentando desarmar os zagueiros, atrapalhar os volantes e a saída de bola adversária, ou tentar uma improvável roubada de bola. 

Deyverson, reparem, movimenta-se sem parar, o tempo todo, mas para a torcida que pensa exclusivamente em gols, soa como se o seu trabalho tivesse pouca importância na obtenção dos resultados. 

Nas horas vagas ele volta à grande área nas cobranças de faltas ou de escanteios, para as barreiras os cortes de cabeça no chamado jogo aéreo adversário.

A função de Deyverson parece que não é compreendida pela maioria que o critica pela falta de gols que, reconheço, seria a sua função primordial.

Só faltava ser criticado pelo técnico. Foi. Injustamente, por sinal, porque quem exige tudo isto dele é o próprio Felipão.

Entretanto há que se dizer que, no ano passado, Deyverson conseguiu realizar todo o trabalho tático que lhe foi passado e, de quebra, assinalar 9 gols no Brasileirão, em 14 jogos dos quais participou, uma ótima média, aliás.

Há que se considerar as chamadas "assistências" (termo copiado por Luciano do Vale ao basquete da NBA que significa passe final para alguém concluir) que ele realizou durante toda a competição.

Este ano Deyverson, em fase técnica inferior à do ano passado, marcou apenas 3 gols em dez rodadas, o que, reconheço, é um número muito pequeno para um centroavante.

Mas, se isto é verdade, também não é menos verdade que: 

além do empenho na marcação e  da aplicação tática... 
além da raça com que se apresenta 
além da maneira como luta em campo, sem se omitir em tempo algum ou em qualquer jogada, mesmo as mais ríspidas...
por seu passado recente e pela forma como tem respeitado a camisa palmeirense, antes de criticar, vamos dar um crédito a Deyverson.

O Palmeiras precisa que ele readquira a forma como encerrou a temporada passada e volte a proporcionar à torcida lances confusos, seus lances hilários, seus lances sensacionais e, principalmente, os gols, muitos gols.

Ou vocês querem o retorno de Borja a quem critiquei e pedi a saída do time por improdutividade, mesmo acreditando que ele não renda tudo o que pode em face do esquema de Scolari (ao qual ele não até hoje não se adaptou) que exige centroavantes de muita agilidade e fôlego, que voltem para ajudar na marcação!

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