A RESPEITO DE DEYVERSON!

Fosse eu alguém influente na diretoria do Palmeiras e (de há muito) teria demitido Deyverson da maneira como diz o samba,  sem choro, sem vela e sem fita amarela. 

Aliás, indo mais além, sequer o teria contratado porque centro avante como ele, como diz um ditado popular, "é igualzinho a laranja, em todo o lugar se arranja".

Da mesma forma também não pretendo desvalorizá-lo ao ponto de afirmar, como diz um amigo meu que Deyverson,  pela altura, só serve mesmo para compor as barreiras.

Colocando as coisas nos devidos lugares quero dizer que se trata de um jogador comum com muitas virtudes extras, embora sendo do mesmo nível ou até inferior a dezenas de atacantes que pululam pelos times do  Brasil, do Oiapoque ao Chuí, do Pontão do Seixas à Serra de Contamana.

Não fosse a chegada de Felipão que o recuperou e Deyverson, das duas, uma, ou teria sido dispensado precocemente ou estaria usufruindo do "resort" mais "chic" e confortável do Brasil (royalties para o Ney Verde), aquele mantido pelo Palmeiras e gerenciado por Mattos e sua "troupe"!

O fato é que Deyverson, repito e reitero, um bom jogador, mas longe de ser, ao menos, acima da média, foi um atleta que ao chegar ao Verdão, deslumbrou-se com a opulência e com tudo o que viu e encontrou no novo clube, ainda que egresso do Levante da Espanha, clube para o qual o Matos (por exigência de Cuca) entregou 18 milhões em troca da liberação dele. Dinheiro "exageradamente demaaaaais" por um atleta mediano! 

No entanto, não há o que se criticar em relação à postura, ao empenho, ao espírito de luta, à incontível vontade de ganhar sempre e, enfim, à inegável doação profissional de Deyverson, neste aspecto, repito para que fique bem claro, neste aspecto, um exemplo a ser seguido.

Aliás essas características talvez tenham sido a salvação de Deyverson de um afastamento ou, ao menos, de uma geladeira.

Na verdade, pode-se acusá-lo de indisciplina, de irresponsabilidade de conduta em campo, de falta de decoro quando cospe contra os adversários ou os hostiliza verbalmente e enfim, de tudo, menos de omissão em campo, falta de empenho nos treinos, falta de raça nos jogos ou de desrespeito à gloriosa "malha verde" que ele, carioca da gema, já confessou ter escolhido para torcer em Sampa.

Foi condenável a cusparada que dirigiu contra o zagueiro curicano Richard, por ocasião do "derby", em lance que a mídia só hipervalorizou por ser ele um jogador do Palmeiras.

Mas há que se lembrar, também, (ou vocês, os mais velhos, naturalmente se esqueceram?) de quando Neto cuspiu contra o árbitro José Aparecido de Oliveira em 1991? 

Qual foi a repercussão daquela cusparada, acentuadamente mais grave do que a de Deyverson em Richard? 

Uma cusparada dirigida à autoridade máxima do embate é e será sempre mais grave!

A mídia, entretanto, minimizou o fato, desculpou Neto sob a alegação de "cabeça quente e de querer vencer o maior jogo do Brasil" e, antes mesmo do julgamento, o fato já começava a ser esquecido! Foi nojenta a atitude da mídia à época, mas quem conhecia esse baralho sabia que iria acontecer!

Já Deyverson, no calor do jogo e após duas agressões fortes e sequentes por ele sofridas naquele mesmo lance, da parte de Richard e de Henrique, sem que o árbitro Luís Flávio de Oliveira se dignasse a amarelar qualquer dos dois violentos curicanos, também tomou a infeliz atitude.

Nem é preciso dizer que Deyverson acabou expulso do "derby" prejudicando de maneira incalculável o time palmeirense.

O Verdão, àquela altura, 41minutos do segundo tempo, tentava empatar um jogo em que enfrentava uma retranca feroz. 

Como perdia de 0 x 1 e necessitava principalmente da altura e da voluntariedade de  Deyverson para as jogadas aéreas ofensivas em busca do empate no melhor estilo de Felipão.

Foi uma atitude pueril de Deyverson que, com aquela expulsão, chegava à quinta em sessenta e seis jogos disputados por ele com a camisa palmeirense. Sem qualquer dúvida, um recorde!  Um recorde negativo, diga-se de passagem!

O excesso de expulsões é a bronca que tenho de Deyverson e, adianto-lhes,  nenhuma outra mais. 

Quero deixar bem claro que embora eu abomine a cusparada de Deyverson, não foi basicamente contra ela que me insurgi pedindo-lhe a cabeça. Sei, perfeitamente que essa não foi a primeira vez que um futebolista profissional cuspiu em um adversário e nem será a última.

A minha bronca com Deyverson (queridíssimo no grupo) refere-se à facilidade com que aceita provocações, tanto e quanto provoca os adversários, gerando expulsões inúteis e condenáveis que tanto prejudicam o Palmeiras.

Todos aqueles que me acompanham neste espaço, sabem, perfeitamente, que num primeiro momento, propugnei fortemente pela saída de Deyverson.

Devo dizer-lhes porém que, de cabeça fria e analisando novamente os fatos, obrigo-me a reconhecer como lúcida e correta a atitude da diretoria palmeirense em manter o jogador...

Não sem antes submetê-lo a um trabalho psicológico que, certamente, fará efeito e o reabilitará para ser escalado nas múltiplas competições que o Palmeiras disputará neste ano de 2019.

Eis os números de Deyverson em 2018:
4 jogos no Paulistinha, 1 gol marcado, nenhuma assistência e  l cartão vermelho.
26 jogos no Brasileiro, 9 gols, 2 assistências, 6 cartões amarelos e 1 vermelho.
8 jogos na Libertdores, 0 gol, nenhuma assistência 1 cartão amarelo e 1 vermelho.
3 jogos na Copa do Brasil, 0 gol, nenhuma assistência, 1 cartão amarelo e 1 vermelho.

São números medianos compatíveis com um centroavante mediano mas com ótima participação no contexto tático da equipe!

Esta virtude, aliada ao exorbitante preço pago pelo Palmeiras ao Levante pela contratação de Deyverson, foram os dois fatores que o seguraram no clube, embora, pode-se dizer assim,  configurados como as últimas chances a serem dadas a esse jogador.

Como não resta alternativa aos palmeirenses que não concordaram com esse autêntico "indulto de natal em pleno carnaval" proporcionado a Deyverson (mais um, por sinal), eu peço e conclamo a todos o seguinte: 

Relevem e perdoem (pela última vez) as criancices de alguém que espiritualmente não cresceu, na expectativa de que o tratamento psicológico pago pelo Palmeiras tenha sucesso e possa fazer dele um cidadão de primeira linhagem que -consequentemente- o fará melhor como jogador, visando às campanhas difíceis que nos esperam neste ano da graça de 2019. (AD)

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