ESTÁ DE LUTO A CRÔNICA ESPORTIVA BRASILEIRA! DEIXOU-NOS O GRANDE E ASSUMIDO PALMEIRENSE ROBERTO AVALLONE!
Este blog tem o dissabor de anunciar o falecimento de um ícone da imprensa paulistana e um dos maiores palestrinos da mídia em todos os tempos: Roberto Francisco Avallone, exclamação (!)
Tive a oportunidade de conviver com Avallone em São Paulo, na década de 80, época em que escrevemos em um jornal semanal que inauguramos, o qual durou pouco e não passou de dez edições.
De temperamento difícil e de difícil convivência profissional (não se trata de crítica, mas de realística constatação e informação de tipo de personalidade), eu, particularmente, tive um bom relacionamento com Avallone, muito em função da convergência de torcermos pelo Palmeiras.
Agora que Avallone, definitivamente, saiu da vida para entrar na história, há que se ressaltar a notória a influência dele no Palmeiras (clube) e no Palmeiras (times), haja vista o trânsito livre que (quase) sempre conseguiu ter com os sucessivos presidentes, diretores de futebol e com a maioria dos técnicos do Verdão.
Sua influência direta no clube e nos elencos, sempre esteve para além daquela usual e recorrente entre um jornalista e seu time de coração, para o bem e para o mal.
Não que Avallone fosse alguém do mal ou que estivesse interessado em ganhar notoriedade e dinheiro com os dirigentes ou dos dirigentes, com o clube ou do clube!
Muito pelo contrário, apesar da estreita ligação Avallone/Verdão pelos sacratíssimos laços do coração, nunca se ouviu falar que ele tenha usado o Palmeiras objetivando ganhar dinheiro, comissões ou qualquer espécie de recompensa.
Pareceu-me, sempre, ele independente em relação aos sucessivos presidentes e dirigentes que se alternaram e sucederam no comando do clube, muitos dos quais, pode-se dizer, foram até submissos a Avallone, às suas filosofias, idiossincrasias e exigências.
Mas se havia uma coisa da qual ele não abria mão em sua estreita relação com o Verdão era a sua função de "eminência parda" interferindo invariavelmente com a sua opinião, direta ou indiretamente, sobre os assuntos mais polêmicos que incendiavam o clube, muito mais, claro, no segmento do futebol.
Na maior parte das vezes em que através de sua opinião forte e marcante Avallone interveio no futebol palmeirense ajudou bem, posto que encarnava aquela personalidade que faltou em noventa por cento ou mais das administrações: "know-how" e conhecimento da matéria.
Sem considerá-lo gênio, admito que -muitas vezes- ele foi genioso e genial no aconselhamento ao sofrido e desinformado departamento de futebol palmeirense que, reitero e reforço, na maioria absoluta das vezes, esteve dirigido por leigos.
Embora quando alguém parta para além deste mundo das formas e tem seu necrológio redigido seja comum enaltecer-se lhe as virtudes, eu tinha uma espécie de "bronca" ou, melhor de "restrição" a Avalone em face de tudo o que aconteceu com o Palmeiras em 1986 quando o Verdão, que há dez anos não ganhava um título, decidiu o Paulistão (naquela época, de fato, era com "ão") e perdeu o título para a Inter de Limeira.
Eu vivi intensamente aquela decisão (narrei aquele jogo para a Rádio Difusora de Goiânia) na qual o Palmeiras só chegou porque tinha um time -dez vezes ou mais- melhor do que o Curica.
Ulisses Tavares da Silva, árbitro declarada e assumidamente curicano, apesar do protesto do então presidente Nelson Duque, foi escalado e imposto por outro curicano que comandava o Depto de Árbitros da FPF, Oscar Sccolfaro e apitou (pro Corinthians) o primeiro jogo da semifinal.
Em uma das maiores interferências de um árbitro no resultado final de um jogo em toda a história do futebol paulista, uma vergonha, um escândalo, uma patifaria, Ulisses conseguiu levar o Corinthians a derrotar o Palmeiras por 1 x 0.
Avallone, então, comandando os programas esportivos da TV Gazeta insurgiu-se contra a bandalheira que, no fundo, era comandada (como sempre) pela FPF, exatamente como se repete há anos e continua até estes dias que vivemos.
A reação decorrente da indignação de Avallone somada à reação de todas as pessoas de bem, a FPF obrigou-se a escalar José de Assis Aragão para o jogo decisivo, nome famoso da arbitragem à época. Esse foi o lado bom e positivo da interferência de Avallone!
Nesse jogo, então, e a duras penas, o Palmeiras conseguiu superar a retranca curicana marcando o gol que forçou a prorrogação apenas aos 43 do 2º tempo através de Mirandinha, que, posteriormente, viria a ser o primeiro jogador brasileiro negociado com o futebol inglês.
Na prorrogação o Palmeiras marcou mais duas vezes, respectivamente com Mirandinha e com Eder Aleixo, tendo sido olímpico o gol do ponta esquerda.
Quando vieram as finais contra a Inter de Limeira, o Palmeiras, então dirigido por Carbone, que empatara o primeiro jogo em 0 x 0, foi derrotado na final por 1 x 2.
Justamente aí foi que ocorreu a interferência de Avallone na escalação do time que decidiu o jogo e que, a princípio, não teria Mirandinha e sim Edmar (estupendo atacante).
Mirandinha era considerado um intruso no grupo por ser, basicamente, um individualista, mas como a torcida desconhecia a situação todos pediam o cearense em campo, Avallone, inclusive.
A polêmica rolou até momentos antes do jogo decisivo e Avallone, na TV advogou a entrada de Mirandinha logo de cara sob a alegação de que o Palmeiras precisaria aproveitar todos os maiores talentos que Palmeiras dispunha.
Embora, em tese, estivesse certo ao aconselhar o aproveitamento dos melhores jogadores, na prática Avallone estava errado porquanto ele tinha conhecimento de que havia uma inimizade latente nas relações entre os "donos" daquele time, Martorelli, Diogo, Márcio, Lino, Edu, Jorginho, Edmar, Eder e outros, em relação a Mirandinha, com a ressalva de que o Palmeiras, em 1986, tinha um timaço.
No entanto esse problema acabou prevalecendo e, além da "domingada" do jovem Dênys (ele sentiu o peso da camisa na hora decisiva e ao perder infantilmente a bola para Tato foi o culpado direto do primeiro gol da Inter) os jogadores palmeirenses não tocavam ou passavam a bola a Mirandinha, e, na prática, o Verdão atuou com dez jogadores.
Depois dessa frustrante situação, desisti de acompanhar Avallone, conquanto os palmeirenses com quem me encontrei sempre me relatassem o seu esforço em defender o Palmeiras e livrá-lo de todas as injustiças de que o clube foi vítima.
Quero dizer, enfim, que (s-i-n-c-e-r-a-m-e-n-t-e) sinto muito pelo passamento desse grande colega e imenso palmeirense Roberto Avallone, um pouco mais novo do que eu e que eu não imaginava estivesse a pique de partir tão cedo para a pátria espiritual.
À família de Avallone os meus sinceros sentimentos!
Que Deus o tenha para sempre!
Amém!
(AD)
9 Comentários:
Às 25 de fevereiro de 2019 às 13:28 , Gordo-RP disse...
Triste demais. Grande Avallone
Às 25 de fevereiro de 2019 às 14:45 , De Rossi disse...
Meus sentimentos aos amigos e familiares, descanse em paz Roberto Avallone.
Avanti Palestra exclamação!
Às 25 de fevereiro de 2019 às 14:56 , Libertad disse...
Grande Avallone, sobrinho da lendária tia Dora.
Sempre dizia que Palmereinse era sua tia Dora ele era jornalista futebol club.
Que DEUS o tenha e conforte amigos e familiares.
Nei
Às 25 de fevereiro de 2019 às 16:34 , Borja disse...
Soy un buen profesional, pero dicen que no sei cabezear...
Pero cuando estoy con la pelota en los pies é como si estuviesse cabecenado.
Às 25 de fevereiro de 2019 às 17:07 , ester abea disse...
amigos queridos
Grande Roberto Avallone, palmeirense de 1a linha
Que o Senhor, bom e misericordioso, o tenha
Às 25 de fevereiro de 2019 às 17:18 , VERDE INSUPERÁVEL disse...
Grande Avallone, como eu gostava daquela Mesa Redonda. Marcou minha juventude, o meu gostar do Futebol. Meu Palmeirismo. Inigualável. Inteligente. Bordões para ficarem na História. Uma perda que jamais será suprida.
Como o próprio Alcides, que o conhecia pessoalmente, afirmou, ele era difícil no trato, briguento até.
Genial e genioso.
Aliás, um típico Palestrino.
Um símbolo da nossa torcida.
Pena que nossos últimos presidentes, exceto Nobre, mas incluindo Tirone e Galiotte, são tão submissos, pachorrentos, medrosos, pouco audazes.
Tudo o que não foi Avallone.
Tudo o que não é o autêntico PALMEIRENSE, que Roberto tão bem representou e liderou.
Nunca.
Às 25 de fevereiro de 2019 às 19:52 , Sr. Keiko disse...
"Evair, o MATADOR do Parque Antárctica! Edmundo, o ANIMAL! Wanderley Luxemburgo, o ESTRATEGISTA!"
Obrigado, Roberto Avallone (1947-2019)!
Às 25 de fevereiro de 2019 às 22:43 , Boca dura disse...
No primeiro bloco Palmeiras no segundo Palmeiras no terceiro falaremos dos outros times e mais palmeiras, comercial. Acho que merece uma grande homenagem do clube!!
Às 26 de fevereiro de 2019 às 14:49 , Unknown disse...
Sampaio, o Monstro de Parque Antarctica!
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