OBERDÃ CATANI OUTRA VÍTIMA DA ARROGÂNCIA DE ALGUNS COMPONENTES DE NOSSA PRETENSIOSA SOCIEDADE ESPORTIVA!
Oberdan e Marcos!
Menos mal que, -ao que tudo indica-, Oberdan Cattani, símbolo vivo da altivez, do orgulho e da glória palmeirense, um dos goleiros mais importantes e mais conhecidos da história do clube, ainda estará vivo, lúcido e consciente, em pleno uso de suas faculdades racionais, quando o clube inaugurar, dentro de três meses, um busto erigido em sua homenagem! Queira Deus que seja assim!
Mais do que, meramente, justa, a reverência se fazia obrigatória, indispensável, e, porque não dizer, impositiva, para um clube que costuma homenagear dessa forma, atletas icônicos, que dedicaram a carreira, exclusivamente, em defesa de suas cores nos campos de futebol do Brasil e do mundo!.
Entre agosto e setembro, o busto de Oberdã vai juntar-se, no jardim panteônico das glórias palmeirenses, aos de Junqueira, Valdemar Fiúme e Ademir da Guia, atletas-símbolos de nossa saga e de nossa história, que dedicaram suas vidas profissionais exclusivamente à Sociedade Esportiva Palmeiras.
Em seguida, outra estátua, essa de outro goleiro inolvidável, fechará o formidável quinteto de imortais perpetuado pelo clube, o busto de Marcos, cujo descerramento ao público está previsto para o mês de novembro!
Por aspectos profissionais, frequentei -muito- a séde do Palmeiras na década de 80 e foram pouquíssimas as vezes em que estive no clube e não encontrei o lendário Oberdã!
Interessante que, na maioria das vezes, ele se fazia acompanhar por Fábio Cripa (o goleiro que arrebatou-lhe o posto de titular no mundial do Rio) e pelo uruguaio Viladôniga, conhecido, também como "el architeto" armador importante que esteve presente na chamada "Arrancada Heróica de 1942", quando o Palestra morreu líder, o Palmeiras nasceu campeão e os bambis fugiram de campo para não levar o quarto gol após a marcação de um pênalti quanto o Palmeiras vencia por 3 x 1! Esses companheiros de Oberdan, infelizmente, já não estão mais entre nós!
Oberdan, de há muito conselheiro vitalício do Palmeiras, revelou-me, em uma das poucas vezes em que, com ele, conversei, que a sua maior frustração na vida, era a de não ter o seu busto exposto nos jardins do Palmeiras junto aos de Junqueira, de Valdemar Fiúme e de Ademir da Guia, que ele se julgava merecedor, ele que, além de atleta importante, foi, sempre, um ardoroso torcedor do Verdão!
Oberdan, muito antes do que disseram e dizem ter sido obra exclusiva do inesquecível Valdir Joquim de Morais, foi o precursor da saga de grandes goleiros formada pelo Palmeiras, cultuada e cultivada até os dias de hoje.
Interessante é que, lendo algumas informações a respeito de Oberdan, tomei conhecimento, apenas hoje, que ele era capaz de segurar a pesada e desajeitada bola de seu tempo, ainda manufaturada em couro, com apenas uma das mãos.
Eu imaginava que a primazia dessa forma de segurar a bola era de Gilmar dos Santos Neves a quem, admirado, vi realizar a proeza no aquecimento (que antigamente era realizado dentro de campo) dos gambás quando jogaram certa vez em Araraquara.
Interessante é que, mesmo nos dias de hoje, malgrado o porte físico dos goleiros gigantescos e longilíneos de quase dois metros de altura e de mãos imensas, poucos deles conseguem realizar a façanha, ainda que tenham de agarrar uma bola muito mais leve em relação àquelas daquele tempo. Detalhe: Oberdã e os goleiros da época não usavam luvas!
Dando tratos, agora, à minha bola, em quarenta anos de profissão como repórter, narrador e comentarista, nunca vi goleiro algum agarrar a bola com uma única mão em lance comum de jogo! Nem o próprio Gilmar dos Santos Neves a quem vi jogar várias dezenas de vezes, e a quem julgava o precursor da jogada.
Entretanto, leio que esse tipo de lance era recorrente nos jogos dos quais Oberdan participava, sendo lendárias as suas antecipações e intervenções à frente de Leonidas da Silva e outros grandes jogadores da época, usando o expediente e fazendo a torcida palmeirense explodir de emoção.
Para não ir tão longe, quero dizer que, comparativamente, o nome de Oberdan naquela época era tão significativo quanto o de Neymar o é nos dias de hoje, em um tempo no qual a crônica esportiva respeitava mais a SE Palmeiras.
Não sei quem foi a alma iluminada que autorizou a construção do busto de Oberdan, (dou-lhe uma nota 10 com louvor) reivindicação constante não só do ex-goleiro, mas de todos os torcedores mais antigos, justamente aqueles que têm uma idéia real e exata do que representou esse goleiro na vida do Palmeiras.
Até que a justa medida fosse adotada, insensíveis dirigentes, tendo como desculpas aspectos estatutários que determinam que "só quem defende o Palmeiras com exclusividade, do início ao fim da carreira é que tem direito à homenagem".
Os caras se esqueceram que Oberdan só deixou o Palmeiras em 1954, por ter sido dispensado pela diretoria, sob a dissimulada alegação de que estava acabado para o futebol. Nem por isso Oberdan traiu os nossos ideais ou agiu de forma a se vingar da instituição!
Como se observa, Oberdan não deixou o Palmeiras por livre e espontânea vontade, e, ainda que com amplo mercado junto aos grandes do futebol paulista em função de seus nome e imagem projetados amplamente, optou por jogar no modesto, porém, italianíssimo Clube Atlético Juventus, do Conde Rodolfo Créspi, clube tido e havido, pelas raízes italianas de sua fundação, como uma espécie de filial oficiosa do Palmeiras.
Vestindo a camisa um do alviverde do Parque Antártica (créditos para Fiori Gigliotti), Oberdan consagrou-se, nove vezes, campeão!
Ganhou quatro campeonatos paulistas, três Taças Cidade de São Paulo, um torneio Rio-São Paulo e a discutida Copa Rio, o primeiro mundial de clubes realizado no planeta, quer a FPF, a CBF, os adversários, a mídia aleguem que não, e a própria FIFA, num primeiro momento reconheça para, depois, por injunções políticas do eterno movimento "morra Palmeiras", (que inclui palmeirenses (?) como PVC e outros) tenha voltado atrás da decisão.
A homenagem a Oberdã, mais do que merecida, chega tarde, porém a tempo de alcançá-lo em perfeito estado de vida e lucidez, apesar da hospitalização recente para a colocação de um "stent" em uma das veias ou artérias, não sei, do coração! A justiça tarda, mas, na maioria absoluta das vezes, não falha!
Menos mal que tenha sido assim (demorou muito)! A ação permite que o velho e festejado "arqueiro" palestrino, último atleta vivo remanescente entre aqueles que jogaram pelos dois, pelo Palestra e pelo Palmeiras obtenha, finalmente, o reconhecimento de seu trabalho e dedicação pelo clube.
Oberdan, quem o conhece sabe, foi um cidadão que sempre provou, ratificou e comprovou que nutre um amor enorme e sincero pelo Verdão, fazendo-se merecedor, ainda em vida, de tudo aquilo que lhe era devido pelo Palmeiras em termos de presentes, homenagens, de respeito e de reconhecimento!
Parece que os dirigentes palmeirenses se inspiraram naquela famosa música de Nelson Cavaquinho, "Quando Eu Me Chamar Saudade", cuja filosofia retrata com fidelidade o drama de Oberdan, vivido e vivenciado por um sofrimento atroz que já dura uns setenta anos.
Acessem, constatem e ouçam uma linda música que reflete uma das grandes realidades desta vida:
http://letras.mus.br/nelson-cavaquinho/198132/
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1 Comentários:
Às 6 de junho de 2014 às 13:48 , Marcelo I disse...
O Oberdan já merece essa homenagem faz tempo.
A arrogância e a falta de memória desse País deveria ser extirpada.
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