OS CAMPEONATOS ESTADUAIS PEGAM FOGO!

 
Paulistão: rivalidade antiga, grande demais para ser subestimada pela mídia.

No futebol, rivalidade alguma existe em qualquer lugar do mundo que possa superar a regional. Nem a Nacional ou a Internacional.

A estupidez ou a esperteza (das duas, uma) de jornalistas esportivos presunçosos, que se arvoram em cronistas de vanguarda e mais bem atualizados, concebeu essa heresia que, infelizmente, domina a imprensa (o povo, não!) das capitais do país de norte a sul segundo a qual os certames regionais são desmotivados, demodês, e altamente deficitários. Não é nada disso!

Ainda há pouco vi no canal History o documentário Titanic Alemão, uma tentativa frustrada do Terceiro Reich em produzir um filme melhor do que o Titanic oriiginal, clássico cinematográfico concebido e realizado em simbiótica produção anglo-americana.

O filme em si nada tem de importante para este blog, mas a palavra de um diretor alemão proferida à época, sim, pois motivou-me a escrever esta postagem.

Afirmou o diretor germânico, explicando o estratosférico custo do filme realizado no auge das hostilidades da 2ª guerra que "a película demorou a ser concluída e custou uma fortuna aos cofres de Hitler, porque a turma do cinema gosta muito de viajar, não abre mão de viajar, faz questão de viajar e exige sempre fazer as tomadas dos filmes em em lugares outros diferentes do set de filmagem".

Assim, sem tirar e nem por, são, também, os radialistas e jornalistas, sobretudo os das grandes cidades que trabalham nas maiores empresas de comunicação.

Eles, também, não abrem mão, sob qualquer hipótese, de viajar de avião, se hospedar nos melhores hotéis, comer nos melhores restaurantes, frequentar as mais famosas boites e, se possível, conhecer o Brasil e o mundo à custa dos patrões. 

Essa gente se arrepia, rejeita, esperneia, protesta e chega até às vias de fato quando se fala em incrementar o Campeonato Paulista ou seus congêneres estaduais, estendendo-os de fevereiro a maio ou junho, coincidindo com a Libertadores e com a fase preliminar da Copa do Brasil, como deveria efetivamente ser o calendário nacional em seu primeiro semestre.

Ocorre que um campeonato paulista nessas condições os obrigaria a viajar pela viatura da empresa ou por ônibus de carreira para a cobertura dos jogos, com volta prevista, sempre, para logo após o término dos eventos. Eles não admitem mais que seja assim (como era no passado) e consideram isso um ultraje, uma afronta, um "desrespeito", embora só se manifestem a respeito nos intramuros dos estúdios e das redações!

Por isso, quando no ar, batem fortemente na chatice dos estaduais, na inocuidade dos jogos, criticam a fraqueza dos times do interior e a desmotivação dos torcedores, ainda que os estádios estejam lotados quando recebem os grandes clubes da capital.

Enfim, colocam esses campeonatos na condição de menores e desimportantes, fazendo uso constante de expressões diminutivas de desprezo e de descaso. 

Tacham-nas, sempre que possível de competições desnecessárias as quais alegam não agregar valores aos interesses dos grandes clubes, embora se saiba que tais argumentos sejam, todos eles, facciosos, falaciosos, tolos e desprovidos de fundamento.

O fato é que, em razão de todas essas bobagens e preconceitos, a segunda praça mais rica do Brasil (o interior de São Paulo) continua sendo colocada em plano inferior e subaproveitada. 

Diante disso, muitos clubes interioranos se apequenaram, outros se desfizeram do patrimônio para sobreviver e não encontram, sequer, quem queira presidi-los, tanto e quanto alguns tradicionais como o outrora gigante Rio Branco de Americana, simplesmente, faliram. Numa palavra, o futebol do interior (de São Paulo e do Brasil) não vive, simplesmente, sobrevive!

A quase extinção desses clubes (todos ressuscitariam e ganhariam vida nova com um estadual respeitável de quatro a cinco meses e divisões de acesso reestruturadas) diminuiu drasticamente a renovação do futebol brasileiro, tanto e quanto a formação de novos craques.

A situação chegou a tal ponto que o Palmeiras precisa de um armador clássico e mesmo com dinheiro na mão para investir, não encontra um jogador diferenciado que exerça essa função e cumpra esse papel.

Em face disso os clubes (todos eles) estão sendo obrigados a recorrer ao futebol sul-americano com o desperdício enorme de dinheiro e divisas.

Se mal pergunto é porque sou burro, mas respondam-me, por favor porque eu quero saber: qual, além de Neymar qual foi outro grande nome projetado pelo futebol brasileiro nos últimos dez anos? Há trinta ou quarenta anos, no auge dos estaduais, havia dezenas de Neymares pelo Brasil!

Para aqueles que dizem que os times do interior não conseguem formar equipes de primeira grandeza, façam uma retrospectiva do que aconteceu com a maior parte dos grandes do futebol brasileiro nas últimas rodadas dos estaduais.

Hoje, por exemplo, o Galo Mineiro com 70% de seus titulares perdeu em Patos de Minas para a URT por 1 x 0. O Grêmio derrotou o Glória de Vacaria em cima da hora por 3 x 2. O Curica (eu digo que tem magia negra na parada e ninguém acredita) ganhou a duras penas do Oeste por 1 x 0 com outro gol marcado no ocaso da partida.  

Os bambis levaram uma "enorme trolha" da Ponte e poderão ter bis esta semana, quarta-feira, contra o Mogi e ou no domingo, dia 05 diante do São Bernardo.

Aí quando você assiste a um programa de TV que comenta a rodada, os guapos jornalistas já vêm com as desculpas prontas, na ponta da língua, como se dizia em meu tempo de estudante. 

Então eles dizem que os regionais não tem importância, não têm graça, não valem absolutamente nada, que os grandes não estão nem aí para os jogos locais, que os jogadores desses clubes não se esforçam e nem dão tudo de si, que os técnicos não escalaram os titulares, que não houve tempo para treinar, que a meta não é o estadual, que os pequenos já estavam prontos quando os grandes se apresentaram e iniciaram a preparação deste ano e outras baboseiras.

É certo que esses argumentos só não tem valor em relação ao Palmeiras, que se não estiver em crise, os homens da mídia arranjam uma para coloca-lo nessa situação. Ou estou exagerando?

A crônica esportiva paulistana, resguardadas mínimas exceções, é "grotesca, ridícula e estapafúrdia". Tomo, novamente, por empréstimo a expressão junto ao meu cordialíssimo amigo Haroldo Fernandes advogado e ex-locutor esportivo, um dos melhores da história do rádio brasileiro em todos os tempos, que a usava em outros contextos)

PALMEIRAS
Muito interessante o que escreveu Fernando Calazans em O Globo, sábado. 

Vai ao encontro do que temos visto no Palmeiras. Leiam e opinem!
(sic)
"A maioria dos observadores de futebol hoje em dia considera que a posse de bola é fundamental e decisiva na partida. Mas há quem não pense assim. Essa divisão entre quem acha que sim e quem acha que não talvez seja exatamente o que exprime melhor o espírito do futebol. Porque não há - e nunca houve- um modelo único para chegar à vitória. Essa regra até pode existir em um ou outro esporte, não no futebol". 

Calazans cita o exemplo do último Botafogo e Fluminense no qual o Flu teve um percentual incrível de posse de bola, mandou completamente no jogo, mas perdeu por 2 x 0.  

Em resumo, ele considera que o importante não é como um time joga mas o time ganhar sempre independentemente de atuar bem ou não.

Aplicado ao Palmeiras, o fato é que além de não jogar bem o Verdão não vinha ganhando os seus jogos. Além dos tombos, coices!

O jogo de hoje contra a Ferroviária, time bem armado, bem estruturado, muito organizado e de uma enorme tradição, será, em meu entendimento, um divisor de águas nas vidas de Marcelo Oliveira e do Verdão, neste Paulistão 2016 (AD)