Observatório Alviverde

30/03/2010

CARTA DO OAV AO PRESIDENTE BELLUZZO!

Prezado Presidente Belluzzo

Com todo o respeito que senhor nos merece, ninguém aguenta mais assistir aos seus modorrentos desabafos, queixosas lamentações e sucessivas lamúrias através da mídia.

Já chega de chorar, presidente, de promover a auto-piedade e a mendigar afagos da opinião pública, da imprensa e da torcida palmeirense, ainda que de forma inconsciente.

Apesar da complexidade do momento, não é essa a postura que se espera do máximo mandatário do terceiro clube do planeta em grandeza de torcida, ainda mais quando se trata de um dos expoentes da economia nacional.
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Parece, presidente, que a ficha da importância do cargo que o senhor ocupa, ainda não caiu.

O senhor ainda não se deu conta da amplitude e da magnitude do cargo que exerce, mas, apenas, das responsabilidades que ele cobra e impõe. Por isso reclama.

Esteja convicto de que o senhor é presidente do Palmeiras estejam o time e o clube, bem ou mal, até que termine o seu período de gestão ou que algum fato extemporâneo o obrigue a sair.
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Sabe, presidente, as suas últimas ações e reações em relação à mídia, não vem sendo de nosso agrado e nem estão indo ao encontro dos anseios e pensamentos da maioria dos palmeirenses.

O senhor está nos decepcionando, gerindo um imenso clube de futebol profissional como se fosse um reles clube de esquina, de somenos importância.

Basta que se ligue um rádio, uma tv ou que se leia um jornal e lá está o nosso presidente, de forma marcantemente populista sendo entrevistado todo dia, toda hora, em qualquer lugar.
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Presidente, o senhor não tem idéia de quanto isso é prejudicial a sua imagem, a sua administração e ao próprio Palmeiras.

Suas sucessivas aparições na mídia o têm desgastado muitíssimo, subtraindo-lhe aquela áura de mistério e autoridade que deve envolver a atuação de um presidente do Palmeiras em face da própria imprensa, da torcida e da opinião pública.
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Apreciei muito quando o senhor, ao sair da reunião com os presidentes dos dois adversários entrou no carro e não concedeu entrevistas. O senhor livrou-se, então, da entrevista da crucificação no auge do "afair" provocado pela inocente frase "matar os bambis", que provocou tanta celêuma.

Sabe por quê? Porque a mídia havia perdido o respeito por sua imagem em virtude do seu excesso de exposição nela e a ela.

A facilidade com que o encontravam dava-lhes a sensação de terem chegado, ao âmago, à entranhas do Palmeiras.

A reserva indispensável e a distância que deveriam separar esse cães danados do senhor, já não existia mais e eles tiveram toda a confiança para ataca-lo, furibundos, impiedosos e obssessivos.
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Na verdade, a sua palavra na midia, com raras exceções, apenas ajuda a aumentar o Ibope de veículos de comunicação cujas filosofias editoriais estão voltadas contra o próprio Palmeiras nessa guerra interminável que a maioria deles move, surda e secularmente, contra nós.

Os astuciosos abutres já descobriram a sua fraqueza por conceder entrevistas e convidam-no, reiteradamente, para preencher os espaços midiáticos que não visam a esclarecer, mas, sempre, a confundir a coletividade palmeirense, já cansada, enjoada e esgotada por tantos problemas e tantas crises.

O senhor, ingênuo e bem-íntencionado, parece acreditar que as suas entrevistas esclarecem, que ajudam a resolver os nossos problemas, que aplacam a ira da torcida e que acalmam situações negativas criadas dentro do clube, mas é um ledo engano.

Antes disso, as entrevistas só servem para aprofundar as nossas crises, fazer irar a torcida e agravar nossos problemas, porque a mídia, habilmente, as manipula.
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Tudo o que o senhor fala serve de munição para outros ataques e diatribes contra o clube pois as suas palavras não param de repercutir mesmo quando o senhor se cala.

Elas servem, a partir daí, para pautar novos comentários, sempre adversos aos nossos interesses, sugerindo interpretações diametralmente opostas ao seu dircurso.

Quando o senhor desliga o telefone aí entra um comentarista que, invariavlmente, começa assim a participação: "com todo o respeito que tenho pelo presidente"... e lá vem as críticas, inverdades, impropriedades, acusações, enfim, só o lado podre do futebol.
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É conhecida a má-vontade da imprensa para com o Palmeiras, relegando-nos, sempre, a um plano de inferioridade, mesmo em nossos poucos momentos de euforia, conquistas ou de vitórias.

O único clube entre os grandes de São Paulo que nunca teve a cobertura ampla da mídia nas comemorações de seus títulos é o Palmeiras. Por quê, se é a segunda torcida da capital e deve ser a maior torcida do estado?

Se o senhor não sabe, meu caro presidente, há um processo escuso, espúrio, subliminar, em pleno curso, que visa a transformar o SPFC em segunda força do futebol paulista, ocupando o lugar da SE Palmeiras, tendo como cúmplices parte da imprensa e a maioria dos órgãos midiáticos.

Se o senhor quer um exemplo, ei-lo: quando ganhamos o paulista há dois anos eles proclamavam: "mais tanto investimento para ganhar apenas um "paulistinha"?"

Hoje eles mesmos dizem que Santos não gastou quase nada e "os meninos da vila" estão preparados para ganhar mais um importante "Paulistão".
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E, mesmo assim, presidente, só o senhor parece não enxergar o óbvio, pois encara a imprensa como séria, amiga e a prestigia integralmente tratando-a com respeito, carinho e consideração. Isso é incrivel! É um atentado a inteligência e ao amor-próprio da torcida do Palmeiras.

Não bastou o que lhe fizeram e como o trataram no episódio do "matar os bambis?". Não lhe bastaram as críticas exageradas no caso Simon? Precisavam ser tão mordazes? Ou o senhor não ficou satisfeito com tanta depreciação e está querendo mais?

No episódio do "matar os bambis", não foi a palavra matar que os incomodou, mas o fato do presidente do Palmeiras ter usado a expressão "os bambis".

Então, chamar-nos de porcos eles podem, mas chamá-los de bambis nós não podemos? A imprensa o proibe?
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Para que sejamos mais atuais, o senhor viu o que a Folha lhe fez esta semana no episódio da hipotética renúncia? Que falta de respeito, não?

Tenha paciência, presidente! Sei que o senhor retaliou o jornal através do site oficial, mas por que não pediu judicialmente o "direito de resposta"? O senhor tem medo só da Folha ou de toda a imprensa?
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Agindo assim e atribuindo tanta importância a essa gente desqualificada, facciosa, vingativa e de forte espírito corporativo (com raríssimas exceções), o senhor insulta a nossa inteligência e pisa sobre o pouco que resta de nosso combalido orgulho palestrino.

Que negócio é esse de entrevista a toda hora? De dar satisfações a esses pulhas, sobretudo quando o time perde?

Depois que o senhor desliga o telefone eles riem e fazem piadinhas sobre o Palmeiras. Dizem que estamos nos apequenando e virando uma Portuguesa.

Por quê, quando o time vence e tudo está bem, ninguém o procura ou convida para entrevistas? O senhor ainda não percebeu?

Chega de ingenuidade, presidente. O senhor é um homem de boa índole, inteligentíssimo, bem apessoado, agradável mas tem o grave defeito de achar que as demais pessoas são todas iguais ao senhor, à sua imagem e semelhança..
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Um presidente de clube que dignifica e valoriza o cargo que ocupa, é de poucas palavras públicas, nas crises ou nas vitórias.

Só entra no noticiário em última instância. Para isso existem no organograma do clube pessoas credenciadas para substituí-lo na maioria dessas ações. Vide e siga o bom exemplo de João Havelange, o maior cartola da história do futebol brasileiro.
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A palavra de um presidente tem de ser valorizada e isso só pode acontecer se o presidente fizer uso dela parcimoniosamente, moderadamente e em últimas e especialíssimas circunstâncias.

A palavra de um presidente tem de ser sempre a última, jamais a primeira, como vem, sistematicamente, ocorrendo no Palmeiras.

Cronologicamente, a primeira palavra é dos jogadores, a segunda da comissão técnica, a terceira dos diretores...

Só a partir daí é que entra, se necessário for, a palavra do presidente que tem sempre força jurisprudencial.
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Já chega, presidente Belluzzo, de atender com preferência e distinção órgãos de imprensa podres como Folha, Lance, Jovem Pan, TV Band, ESPN, Gambazeta e outros menos votados passando-lhes, em primeira mão, as melhores notícias de nosso clube.

O Lance, propriedade de um dirigente bambi, esculhamba o clube, não lhe dá nunca a primeira página e faz com o Palmeiras tudo o que faz.

Entretanto, é o órgão que tem sempre as informações privilegiadas do Palmeiras. Por quê acontece isso?
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Há outras coisas que gostaríamos de ponderar mas preferimos nos ater apenas a esta:

Por quê o senhor não esquece as injunções políticas e dá um golpe de estado? Por que não passa logo o Departamento de Futebol à responsabilidade de Seraphin Del Grande?

O Palmeiras tem de ser maior do que qualquer arreglo político eleitoral tanto e quanto Roma foi muito maior que César. E César era César, não era um gilberto...

Sem a influência do vaidoso-apedêuta que ocupa o cargo, que o fez gastar tanto dinheiro com contratações e rescisões desnecessárias, aproveitando-se de seu noviciado, Seraphin, que conhece futebol, seria uma boa solução.

Ao menos, tem bom-senso e experiência adquiridos na escola da vida e parece respeitá-lo.
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Presidente:
Embora o senhor ignore, a torcida tem um grande respeito por sua figura, pois conhece o seu reto proceder, admira a sua cultura, a sua inteligência e é ciente de suas melhores intenções em relação ao nosso amor-comum, a S.E. Palmeiras.

Todos lhe são gratos por tudo o que o senhor fez, defendendo-nos intransigentemente em várias situações, principalmente quando fomos esbulhados por aquele desonestíssimo soprador de apitos dos pampas, a serviço da CBF. Jamais um presidente do Palmeiras houvera agido assim.

Mas agora, presidente, chega de choro, de "nhenhenhem", de papo-furado... Estamos em tempo de trabalho e ação, que exigem total concentração de forças. Não podemos mais perder tempo com entrevistas inócuas sem nenhum valor a agregar ao clube, apenas desgastes.

Chega de preocupações com fatores exógenos, com críticas e retaliações da imprensa ou dos conselheiros oportunistas que ambicionam-lhe o cargo.

A hora é esta e o senhor tem todo o nosso apoio. Como disse Vandré, quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Faça a hora, presidente, o senhor tem condições para isso. Está sentado na cadeira da presidência e tem a caneta na mão.
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Não tenha remorsos se não fizer história no futebol porque , de há muito, ninguém o faz. Sabemos, perfeitamente, de sua luta, de corpo e alma, com esse objetivo, mas temos consciência de que, apesar de seus ingentes esforços, as circunstâncias lhe têm sido por demais madrastas.

Faça história se empenhando de corpo e alma para que seja edificada a nossa arena. Marque a força e a presença de sua administração no clube viabilizando imediatamente esse empreendimento, que, certamente, será a nossa redenção e vital para o nosso futuro de clube de primeira grandeza do futebol brasileiro.

É hora de agir com inteligência, à mineira, isto é, em silêncio, pois, como o senhor sabe, "o peixe morre pela boca".

Vamos arregaçar as mangas e vamos trabalhar duro, pois só assim chegaremos a um bom lugar.

Quem sabe, então, um título importante no futebol possa vir por acréscimo.

Que o senhor não seja um Mustaphá e nem o Belluzzo de hoje, mas, apenas o presidente do Palmeiras que vai saber falar apenas nas horas decisivas ou na hora da necessidade, nada mais.

Pela atenção a este OAV, muito obrigado.

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