Observatório Alviverde

18/05/2017

PALMEIRAS 1 X 0 INTER - NÃO PRECISAVA SER NA BACIA DAS ALMAS!



Primeiro erro do Palmeiras: respeitar demais o Inter mesmo sabendo que tem mais time. Ficou claro quando abdicou da costumeira "blitz" inicial, marca registrada dos times de Cuca que tanto inibe e intimida os adversários.

Reconheça-se, porém e antes de tudo, o acerto da escalação do time principal. 

Se houver necessidade de poupar alguém visando à Libertadores que aconteça  sábado, em Chapecó. 

Cuca sabia que uma derrota para o Inter eliminaria sumariamente o time da Copa do Brasil, competição que ele pode ganhar -a partir de agora- em apenas cinco jogos, sendo dois dentro de casa.

Ademais, ainda que lance mão de um time misto em Chapecó, objetivando priorizar a Libertadores, (agora sim espero que o faça), mesmo que perca para o time "catarina", terá amplas perspectivas de recuperação no decorrer de trinta e seis intermináveis rodadas do Brasileirão.

Segundo erro do Palmeiras: remover o "limpador de para-brisas" Felipe Melo da esquerda onde havia necessidade de cobrir Zé Roberto (até quando será assim?) e passá-lo para o lado oposto, isto é, mais pelo setor direito da defesa. 

Acontece que os dois canhotos do Inter, D'Alessandro e Nico Lopes, por sinal seus principais jogadores, inteligentemente procuravam sempre ocupar os espaços onde Melo não estava (normalmente o lado direito) e, em razão disso, distribuíam o jogo à vontade. 

Trabalharam, em setenta por cento dos lances, cambando pelo pelo lado oposto àquele em que se encontrava Felipe, o jogador palmeirense que mais bem realiza a função de marcação no chamado primeiro combate. 

Essa foi a razão da proliferação de tantos cruzamentos contra a área palmeirense, verdadeiro "raid" aéreo que tanto incomodou mas que teve a utilidade de mostrar a Cuca a vulnerabilidade de sua defesa no jogo pelo alto.

Foi através do jogo aéreo ofensivo que o Inter mais incomodou o Palmeiras, tanto nas cobranças de escanteios quanto de faltas, mesmo as de média e longa distância.

O que o Inter usou de bola comprida no jogo em viradas bruscas que enganavam a defesa foi uma grandeza. 

Sempre havia alguém livre com a bola no pé olhando para a frente, pensando o jogo e  lançando em velocidade, se aproveitando da preocupação constante da defesa palmeirense em cobrir Zé Roberto.

Jean levou N bolas nas costas em lances dessa natureza e não fosse a cobertura de Mina e a precipitação de Marcelo Cirino nos cruzamentos, o Palmeiras teria sofrido gols em lances oriundos daquele setor.

Virtude do Inter, defeito do Palmeiras, ficou muito claro que o Verdão carece de um exímio batedor de faltas e escanteios, porque é visível a sua deficiências nesses dois quesitos que têm o poder de decidir os jogos. 

Terceiro erro do Palmeiras: Cuca, teimosamente, manteve Zé Roberto no time até o final do jogo, ainda que saltasse aos olhos até do menos arguto observador que o Inter explorava o jogo em seu setor.

O time de Zago usava prioritaria e abusivamente o lado direito do campo atacando em bloco com o ala, um atacante e um volante, procurando manter os seus dois canhotos próximos para a articulação, enfiadas e tabelas, mas principalmente para os lançamentos e arremates. 

Menos mal que ZR, ontem, esteve bem na marcação e inteligentemente absteve-se de subir para o ataque. 

Aliás, se ele avançasse irresponsavelmente o Palmeiras poderia até ter levado gols pelo setor, considerando-se também a veteranice de Dracena, embora em menor escala, que tinha a obrigação de dar-lhe o necessário suporte.

Como ZR raramente avançou, o Inter procurou ocupar o espaço e foi pra cima como podia e com tudo o que tinha. Zé Roberto, então,  tem de ser elogiado por sua visão de jogo e principalmente por sua responsabilidade e altíssimo profissionalismo!

Com tudo e apesar de tudo é forçoso admitir que o Palmeiras, desde o ano passado carece urgentemente, D-E-F-I-N-I-T-I-V-A-M-E-N-T-E, e não há mais como esconder ou camuflar uma situação que se agrava a cada jogo, de um lateral esquerdo jovem e eficiente.

Zé Roberto, do ponto de vista defensivo até que tem se saído bem, mas o futebol de hoje exige dos laterais aquele algo mais, isto é, apoio ao ataque, puxadas de contra-ataque, cruzamentos precisos, chegadas constantes e até arremates ao gol. 

Tudo isso, reconheça-se não é mais a praia desse correto jogador, provido de grande técnica, mas, visivelmente limitado pela idade.

Na verdade o Palmeiras com Zé, comparativamente, é  como se fosse um jovem atlético, forte e vigoroso que perdeu uma das pernas e, em razão disso, está impedido de fazer uso de suas melhores potencialidades. 

Palmeiras, em razão disso, é um time amputado pelo lado esquerdo e Zé, apesar de todo o seu esforço, doação, boa vontade e abnegação representa no máximo uma prótese na perna esquerda palmeirense, mas daquelas mais antigas.

Há, mais do que simples carência, a necessidade imperiosa da contratação imediata de um lateral esquerdo de mobilidade, que defenda bem e se apresente para atacar, para que, de fato, Cuca possa formar um time quase perfeito, haja vista que a perfeição é utópica em se tratando de futebol.

E, se mal pergunto me perdoem, por que não fixar Michel Bastos no setor, ele que começou no futebol nessa posição e tem "know-how" suficiente para ser a solução?  

Dizem que ele detesta atuar como ala, mas não acredito que prefira o ostracismo do banco à possibilidade de assumir a titularidade em um time vencedor, numa posição que ele, aliás, conhece muito bem. 

E antes que eu esqueça sua presença no time principal ajudaria a solucionar o problema (grave, recorrente e crônico) da falta do homem da bola parada.

O quarto erro do Palmeiras: Tchê tem sido o grande sacrificado no esquema de Cuca. Por sua conhecida versatilidade tem sido explorado em funções diferentes a cada jogo. Isto, na verdade, impede que ele tenha uma linearidade de produção e rendimento.

Ontem Tchê-Tchê cumpriu novamente outra função tática à parte, naturalmente pré definida e como missão. 

Foi a sombra de D'Alessandro, acompanhando-o por todo o campo tentando exercer uma forte marcação individual sobre aquele que é a cabeça pensante em campo do colorado gaúcho.

Desta vez não conseguir cumprir com eficiência a tarefa em decorrência da mobilidade e do QI futebolístico beirando à genialidade do argentino.

Em razão disso o Palmeiras perdeu um de seus melhores articuladores de chegada ofensiva cuja atuação em relação àquela de domingo contra o Vasco esteve fraca.muito aquém das expectativas.

O erro de Cuca foi aquele de manter indefinidamente Tchê exclusivamente para marcar e não aproveitá-lo naquilo que ele tem de melhor, isto é, a chegada ao ataque.

Da mesma forma não existiu, ainda que fosse eventualmente, a troca de posições dele com Jean, mérito e criatividade de Cuca que, normalmente, confunde os adversários.

Jean, como se sabe, rende muito mais atuando pelo meio e poderia ter sido (aqui se trata apenas de uma expectativa) mais efetivo na vigilância a D'Alessandro, tanto e quanto Tchê pelo lado direito, sendo um jogador mais veloz e mais criativo do que Jean, não apenas defenderia melhor, mas seria muito efetivo em puxadas de contra-ataque.

Enfim, meus amigos, o mais importante é que o Palmeiras venceu, e, principalmente, não levou gols.

O que me chateia é a oscilação do time que não precisava ter sofrido tanto para impor-se ao Inter levando sufuco, bola na trave e submetendo-se a um time de muito menor estofo técnico que tem exclusivamente no empenho, no espírito de luta e na força de vontade as suas principais armas.

Aquela "defezaça, zaça, zaça" do Prass, quase que ao final do jogo, em lance do mais puro reflexo de um goleiro bem treinado, garantiu o resultado favorável que abre ao Palmeiras a perspectiva de fazer o jogo de volta em Porto Alegre jogando por qualquer empate, com a prerrogativa de poder até perder de 1 x 0, resultado que leva o jogo para os pênaltis.

PARA ENCERRAR

"NÃO PENSEM QUE NO JOGO DE VOLTA EM PORTO ALEGRE, O PALMEIRAS TERÁ O MESMO TRATAMENTO LHANO, FIDALGO E GENTIL, QUE O INTER RECEBEU ONTEM EM SÃO PAULO!

NEM FORA E NEM DENTRO DE CAMPO! 

OS GAÚCHOS, COMO DE HÁBITO, SOBRETUDO EM SE TRATANDO DE INTER, TENTARÃO FAZER DO JOGO UMA GUERRA!

 

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