Observatório Alviverde

28/07/2011

SERÁ QUE, AGORA, DEU PARA FELIPÃO ENTENDER QUE ATACAR TAMBÉM É UMA FORMA EFICIENTE DE DEFENDER?

 

Mais do que uma simples vitória, o 1 x 0 sobre o Figueira foi resultado didático! 

Espero que Felipão tenha aprendido a lição e, a partir de agora, abra um pouco a cabeça, diversifique o jeito do Palmeiras jogar, e saia da mesmice tática que tem apequenado a nossa equipe!

Ficou provado e comprovado que, com três atacantes, o Palmeiras abre mais o leque, melhora o repertório e transforma-se para melhor em um time mais leve, mais solto, mais agressivo, mais competitivo, mais insinuante...

Considerando-se que a equipe não está acostumada a jogar ofensivamente como o fez ontem em Floripa e que esse jogo contra o Figueira serviu de laboratório, antevejo ótimas perspectivas de crescimento para o Palmeiras neste brasileirão.

Até ontem, o time de Scolari procurava, exclusivamente, impedir que o adversário jogasse, mas ele mesmo, não jogava.

Engessado por uma  forma de atuar essencialmente defensivista o time não rendia satisfatoriamente e, na maioria das vezes, ganhava os jogos mais na base do empenho e da superação.

Taticamente o time era uma mixórdia. Transformava os atacantes em meio campistas, os meios campistas em zagueiros e os zagueiros em atacantes. 

No duro, o Palmeiras estava subvertendo, completamente,  órdem e a lógica do futebol. Um time assim dificilmente vai em frente!

Exemplifico:

Kléber, Luan, Pastrik, Valdívia e quaisquer atacantes voltavam para ajudar a marcação no meio de campo. Corriam tanto e se empenhavam tanto nesse mister que quando tinham que disputar com os beques uma ou outra jogada ofensiva, já nem tinham mais a necessária condição física.

Assunção, Araújo ou qualquer outro meio-campista voltava para a própria intermediária para o segundo combate e para, principalmente, cobrir os laterais que só se aventuravam a atacar quando saiamos em contrataques.

Na verdade, vivíamos quase que exclusivamente dos lances originados de bola parada, com a migração dos zagueiros em direção a área adversária tentando fazer os gols.

Sei que a saída dos zagueiros para o jogo aéro é recorrente em todos os clubes e uma estratégia consagrada no futebol há vários anos.

O que não pode é uma equipe limitar-se quase que exclusivamente a esse tipo de jogada em todos os jogos. Isso revela incapacidade, indigência técnica e baixa produtividade. Um time que joga assim, jamais será campeão.

O Palmeiras era assim, estava assim. Vai continuar assim? Será? Esta é a grande pergunta!.

Será que o dógma defensivo ortodoxo, adorado, adotado e defendido por Felipão há vários anos, vai continuar prevalenco?

Imagino que não, a julgarmos pela surpreendente escalação utilizada ontem em Floripa.

Na verdade, o time, até o jogo de ontem, estava viciado em contratacar e não sabia atacar. De nada adiantava a boa saída de bola de Araújo e Assunção, porque nunca havia ninguém, na frente, para receber.

O resultado disso é que o jogo do Palmeiras era sempre horizontal e o primeiro passe tinha como destino Kléber, sempre recuado, perto da linha limítrofe do meio campo, exercendo a função de carimbador de bola, isto é, o Palmeiras não atacava sem que a bola passasse pelos seus pés.

Kléber é viciado em prender a bola e não dá seguiimento rápido a maioria dos lances. Por outroi lado, adora a tabela curta nas imediações da área adversária, que, na maioria das vezes, não dá certo e desperdiça as poucas investidas que conseguimos armar.

Ontem, é honesto que se diga, Kléber já melhorou. Tocou e passou a bola, na maioria das vezes,  de prima, procurou sempre o jogo, fez o pivô, lutou, peitou os beques e realizou quase tudo a que tinha direito. Só não arrematou a gol com a constâcia e a eficácia que o jogo exigia.

Nossa defesa esteve muito bem apesar de algumas situações agudas criadas pelo ataque adversário. Mas sempre é bom que se diga que falhas acontecem e acontrecerão em todos os jogos porque não existem defesas invulneráveis.

O grande nome de nossa defesa foi, efetivamente, Deola. Ele fez um partidaço, provando, mais uma vez, que está mais do que pronto para ser o titular quando necessário.

Cicinho foi bem, mas já jogou melhor em outras oportunidades. Maurício Ramos e Thiago Heleno estão se entrosando cada vez mais e eu não sei como e nem quando Henrique vai entrar no time.

Gérley, o estreante, jogou de forma tímida e cautelosa, procurando fazer sempre o simples, o arroz com feijão. Isso tem nome: sabedoria.

Mostrou qualidades de recuperação, boa velocidade, bom passe, boas passagens e, principalmente, bom chute, mas não me pareceu, do ponto de vista individual, um craque.

Não sei se pelo nervosismo, só conseguiu acertar dois cruzamentos em direção a área adversária. Entretanto, posso garantir que, com certeza, ninguém se lembrou de Rivaldo!

Araújo foi o grande nome do jogo pelos mesmos predicados que fazem desse jogador, hoje, o melhor volante de contenção do país. Só o corintiano Mano Menezes não vê.

Cobriu as subidas de Cicinho, correu o campo todo, aproximou-se para o apoio ao ataque e, enfim, foi a expressão superlativa do jogo.

Kléber jogou muito, Maicon Leite foi tímido, Valdívia não apareceu,

Wellingon Paulista, dentro de suas conhecidas limitações técnicas, não luziu, mas marcou, correu o campo todo, o tempo todo, e foi destaque dentro do esquema. Estaria Felipão tentando formar um novo Luan?

O esquema dos três atacantes mostrou uma faceta altamente positiva.      O veterano Assunção não foi obrigado a correr tanto como em outros jogos e, assim, pode aguentar fisicamente a exigência de um jogo competitivo e de muita correria,

Os três bancários, Luan, que entrou em lugar de Wellington Paulista, João Vitor, que substituiu Valdívia e Chico que entrou no lugar de Maicon Leite não apareceram tanto, mas se esforçaram muito e ajudaram na construção de nosso primeiro e merecido triunfo fora de casa, coincidentemente a primeira derrota do Figueira no Orlando Scarpelli neste Brasileirão.

FIGUEIRENSE 0 X 1 PALMEIRAS

Estádio: Orlando Scarpelli, em Florianópolis (SC)
Data/hora:
27/7/2011 - 21h50 (de Brasília)
Árbitro:
Alicio Pena Junior (MG)
Auxiliares:
Guilherme Dias Camilo (MG) e Fabricio Vilarinho da Silva (GO)

Renda e público: Não disponível
Cartões amarelos:
Ygor, Maicon (FIG); Thiago Heleno, Gerley, Maikon Leite, Marcos Assunção, Márcio Araújo, Kleber (PAL)
Cartões vermelhos:
-
GOLS:
Mauricio Ramos, 36'/2ºT (0-1)

FIGUEIRENSE: Wilson, Pablo (Coutinho, 26'/1ºT), João Paulo, Edson Silva e Juninho; Ygor, Túlio, Maicon (Rhayner, 25'/2ºT) e Fernandes; Héber (Elias, Intervalo) e Aloísio. Técnico: Jorginho.

PALMEIRAS: Deola; Cicinho, Maurício Ramos, Thiago Heleno e Gerley; Márcio Araújo, Marcos Assunção e Valdivia (João Vitor, 16'/2ºT); Wellington Paulista (Luan, 26'/2ºT), Maikon Leite (Chico, 40'/2ºT) e Kleber. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

COMENTE COMENNTE COMENTE