Observatório Alviverde

29/03/2011

COMPLEXO DE VIRA-LATA!

 

Só os mais velhos sabem o que estou dizendo. Aos mais novos, explico.

A perder a Copa de 50 para o Uruguai, em pleno Maracanã, começaram a correr por aquele Brasil que ainda dormia em berço explêndido, uma série de teorias acerca do Maracanazzo.

Uma delas, por exemplo, não sei da autoria de quem, falava da inferioridade da raça negra em relação aos brancos.

Outra delas, ainda na esteira desse absurdo, afirmava que os negros não tinham equilíbrio e condições emocionais para jogar no gol.

Nelson Rodrigues, a quem a história e tantos atribuem um valor exageradamente acima do que ele representou no cenário esportivo enquanto cronista, também expôs a sua tese e afirmou, após a derrota na Suiça, já na Copa de 54, que o brasileiro tinha complexo de vira-lata.

A expressão, fortíssima para a época, englobava em um só contexto os jogadores, a torcida e o próprio povo brasileiro.

Vira-Latas se definia e caracterizava por um estado mental de inferioridade, pessimismo e subserviência, crônicos, dos atletas brasileiros em competições internacionais, da torcida nas arquibancadas e dos dirigentes nos bastidores.

A “menas” verdade de Nelson, contagiou negativamente os jogadores, as autoridades, o povo e, enfim, todo o país, criando uma atmosfera eivada de negativismo e pessimismo. Ninguém supunha que o Brasil pudesse, um dia, vir a ser campeão mundial de futebol.

Na contramão das idéias e da imagem projetada por Nelson, surgiu aquela que foi, em meu ângulo de visão, a melhor seleção já formada na história do futebol Brasileiro e abiscoitou, como se dizia naquela época, o título mundial na Suécia.

E se me perguntam porquê considero aquela seleção a melhor, respondo que não foi apenas por ter sido a pioneira na conquista de uma Copa e , nem porque tinha Pelé, muito novo e Mané, a quem acusavam de desequilibrado mental, eram, apenas, emergentes.

Gilmar, Nilton Santos, Zito e o maior ídolo da época, Valdir Pereira, o genial Didi, a maior estrela do time, eram os craques e os grandes comandantes daquela fabulosa equipe, que tinha, também, os operários De Sordi, Beline, Orlando, Vavá e Zagalo, para que se fale apenas do time principal.

Pois saibam aqueles que consideram a Seleção de 70 a melhor entre todas já formadas, que o grupo de 58, não ganhou uma, mas duas Copas do Mundo, pois foi a base da Seleção de 62 que venceu o Mundial do Chile.

Foi em razão dessas duas conquistas que o complexo de vira-lata desapareceu. Nelson Rodrigues, e os seus seguidores, certamente, o engoliram. Assim como fazem Juca e seus amestrados nos dias de hoje em relação à Lei Pelé e aos tantos equívocos que cometem.

Porém, em relação ao Palmeiras, a tese de Nelson Rodrigues nunca esteve tão atual. A torcida palmeirense, salvo exceções, também está vivendo o seu momento de “complexo de vira-lata”.

Há um inexplicável pessimismo pairando no ar, apesar da campanha altamente positiva desse time de operários montado por Felipão.

Só se ve, se le ou se ouve expressões de desânimo, desalento e desesperança, embora o time em campo venha correspondendo, plenamente, a todas as expectativas.

Somos líderes, temos a melhor defesa do Brasil, os números provam. Temos um meio de campo sólido, eficiente e um ataque ainda em fase de ajuste, mas muito promissor com as voltas de Lincoln (se mantiver a condição física) e Valdívia, mas tem gente que reclama, que não acredita…

É óbvio que eu quero o título, mas se o Palmeiras chegar às finais ou, até mesmo, às semifinais do Paulistão, a equipe terá  cumprido a sua tarefa de representar com dignidade as nossas cores. Lembremo-nos de que o campeonato só pode ter um vencedor. Tomara que sejamos nós!

O que é preciso acabar é o complexo de vira-lata, que nos enche de maus eflúvios mentais, de pessimismo e de falta de confiança. Tudo isso acaba contaminando o grupo de jogadores.

A propósito, certa vez lí um desses livros de auto-ajuda, que abordava o imenso valor do pensamento positivo, cujo título era “o pensamento da possibilidade conduz ao êxito”.

Sei que com todas as elocubrações dos dirigentes que têm inveja do salário de Felipão e dos jogadores e dos quintas-colunas que infestam os bastidores do Palmeiras, às vezes fica difícil superar certas barreiras.

Fique claro porém que ser difícil não significa ser impossível.

Depois de tudo o que disse Felipão ontem no Sportv, de sua luta insana para superar esses obstáculos, do crescimento indesmentível desse elenco do operários, do apoio que vem recebendo de Frizo e do presidente Tirone e, principalmente, de seu amor pelo Palmeiras, como não acreditar?

Lembremo-nos, uma vez mais, que “ o pensamento da possibilidade conduz ao êxito”.

COMENTE COMENTE COMENTE COMENTE.