Observatório Alviverde

07/08/2019

O MITO DO TIME PERFEITO.


Desde que me entendo por gente acompanho o futebol e desde que acompanho o futebol ouço falar no chamado 'time perfeito' que, sem dúvida alguma, não passa de um mito.

Posso afirmar que o time perfeito não existe, nem a seleção brasileira de 50 de Danilo Alvin Zizinho e Ademir Menezes... Perdeu o mundial de 50 para o Uruguai  com o Maracanã lotado.

Nem a máquina húngara de 54 baseada no Honved de Kóccis, Czibor e Puskas, o melhor jogador da época. 

Eram, o Honved e a Seleção Magiar nele baseada, times que em qualquer jogo e contra qualquer adversário estabeleciam logo uma vantagem de 2 x 0 até os 10 minutos . 

Mas a máquina hungara perdeu a final da Copa para a modesta porém raçuda Seleção da Alemanha capitaneada por Fritz Walter e seu irmão Ottmar Walter, por 3 x 2.

Nem a Seleção Francesa da Copa de 58, dona de um ataque arrasador e  recordista em gols, de Just Fontaine, Kopa, Jonquet e Piantoni que foi goleada pelo Brasil nas semifinais...

Nem as seleções brasileiras campeãs de 58 e 62 com Mané e Pelé, comandados pelo incomparável Didi, pelo incansável Zito, pelo clássico Djalma Santos e estimulados pelo fôlego e classe do incansável Zagalo. 

Deus sabe como o Brasil conseguiu derrotar, nas quartas de final, a modestíssima seleção de País de Gales em 58 com um gol achado e sofrido de Pelé aos 22 minutos do 2º tempo. 

Em 62, na Copa do Chile, a não marcação de um pênalti de Nilton Santos, que saiu de fininho da área após a marcação da falta e o árbitro não notou, assim como a expulsão de Garrincha contra o Chile na semifinal que João Havelange, presidente da CBD conseguiu (não se sabe como, mas imagina-se) que o julgamento da absolvição fosse realizado dois dias antes do jogo.

Nem a Inglaterra campeã do mundo em 66 de Bobby Charlton, Bobby Moore e de Gordon Banks, comandada pelo técnico Alf Ramsey foi um time perfeito. Ganhou a Copa em cima da Alemanha com um gol que até hoje ninguém sabe dizer se a bola entrou ou não!

Nem o todo poderoso Santos do primeiro ataque dos cem gols no Paulistão, formado por Dorval, Jair, Pagão, Pelé e Pepe ou do subsequente com Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe, várias vezes derrotado por larga margem de gols pelo Palmeiras e certa vez goleado pelo Verdão pelo extravagante placar de 5 x 1.

Preciso ir além?

Nem a Seleção Brasileira de 70, que na Copa do México ganhou na bacia das almas da Inglaterra do lendário goleiro Gordon Banks e ainda com Bobby Charlton por 1 x 0 e sofreu demaaais para manter o resultado, atuando sob fortíssima pressão dos britânicos. 

Venceu a Romênia de Raducanu, Dobrin , Dumitrache, Dinu, Lucescu, por 3 x 2 com imenso sacrifício, enfrentando um time de jogadores de técnica refinada e habilidade sul-americana, porém desperdiçados e condenados a viver em um país oprimido pela ditadura de Ceausescu, onde estive por dois meses.

E o que dizer da Seleção Brasileira na Copa de 74, com seis  jogadores do Palmeiras dos quais cinco foram titulares, exceto os dois melhores do país em suas posições, o goleador César e o armador Ademir da Guia, Zagalo, inexplicavelmente, não escalou?

No papel o Brasil tinha um elenco fenomenal, mas perdeu nas semifinais para a Holanda dos geniais Cruyff, Neeskens, Suurbier, Rosenbrink e outros e tida, à época, como um time perfeito. Mas a "perfeita" Holanda "do futebol total" e introdutora da marcação homem a homem o tempo todo, sucumbiu no jogo final contra a Alemanha ao perder para o time de Beckenbauer e do artilheiro Gerd Muller por  ...

No Brasil o Palmeiras comandava o futebol com um time formado por Leão, Eurico, Luis Pereira, Alfredo e Zeca. Dudu e Ademir. Edu, Leivinha, César e Ney, conhecido como a segunda academia, em meu entendimento inferior à primeira de Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar, Aldemar e Scotto (Ferrari) Zequinha (Dudu) e Chinesinho (Ademir da Guia). Julinho (Gildo), Servilio, Vavá e Rinaldo.

É claro que, principalmente a segunda academia não era um time perfeito. Ganhava sempre por 1 x 0, ou, no máximo por 2 x 1.  Embora poucas vezes saísse atrás no marcador, tinha dificuldades em reverter ou inverter resultados. A primeira, não. Goleava mesmo sem dó e nem piedade, mas perdeu algumas  decisões importantes.

Meus amigos, eu resolvi não continuar essa retrospectiva pois creio que esses exemplos mais antigos já são suficientes para a sustentação de minha tese. O que veio depois disso quase todo mundo sabe.

Eu fiz questão de entrar nesse tema porque tenho visto companheiros de blog exigir que o Palmeiras seja um time perfeito indo ao paroxismo do destempero e da raiva porque isso não acontece. 

Claro que há os jogos em que o time, por melhor que seja ou esteja, vai empatar ou perder. Se o Palmeiras só vencesse que graça haveria em acompanhar o futebol?

Vamos, portanto, ser razoáveis nas análises e considerar que ultimamente o Palmeiras tem nos dado muito mais alegrias do que decepções, muito mais emoções positivas do que as negativas.

Às vezes eu fico pensando nisto: 

será que o momento que estamos vivendo é inferior àquele que precedeu à posse de Paulo Nobre, quando o Palmeiras se constituía em um verdadeiro saco de pancadas e esteve a pique de ir para a segunda divisão pela terceira vez?

Será que Mattos é um diretor de futebol inferior a Brunoro?

Será que o Palmeiras tem menos time do que os adversários?

Será que um time e um técnico que conquistaram um brasileiro e chegaram aos 33 jogos sem perder não merecem ao menos o nosso respeito?

Vamos, sim, criticar de maneira construtiva e apontar os erros do técnico e dos jogadores, mas de molde a ajudar o time a melhorar, a se aprimorar e brigar pelos dois títulos que ainda tem a disputar. 

O Palmeiras, com Felipão ou sem Felipão, com Mattos ou sem Mattos, com essa diretoria ou sem ela, mas obrigatoriamente com esse grupo de jogadores vai brigar pelo Brasileirão e pela Libertadores.

Considerem que o grupo foi retocado, embora tenha faltado o meia criativo que pode vir a ser o próprio Gustavo Scarpa.

Quem critica inconsequentemente desvaloriza a equipe e põe tudo abaixo. 

Há que se reconhecer que o elenco palmeirense é ótimo, que o técnico é experiente, honesto,  campeão do mundo e que o Palmeiras tem tudo para ir às finais dos dois campeonatos que ainda está disputando.

Tudo o que for diferente disto fica por conta do "mito do time perfeito"! 

Vamos, todos nós, portanto, "cair na real"!

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