Observatório Alviverde

08/02/2019

FERROVIÁRIO CEARENSE PROPORCIONA IMPORTANTE LIÇÃO A MATOS E À DIRETORIA DO PALMEIRAS!


Há um ledo engano, uma autêntica miopia existencial permeando as visões e ações da mídia e da maioria dos próprios torcedores, palmeirenses ou não!

Todos, com parcas exceções, imaginam que jogador bom e que resolve é apenas o jogador caro. Se for barato ou vier do interior, não aceitam e chamam até de "lixo".

Fico estupefato quando vejo a 'tchurma' da TV (de todos os canais, mas, sobretudo da FOX, antro de loucura, clubismo e incoerência) anunciando aos quatro ventos que o time tal  é melhor que o outro porque tem mais poder aquisitivo e investe em jogadores caros. 

O tal Sormani (ô cara chato e prepotente) diz isso todo dia e toda a hora como se fosse um "mantra" ou uma verdade absoluta. Quem pensa e logo existe, sabe, perfeitamente que ele está errado e que a coisa não é bem assim.

Eu começo afirmando que a maior diferença entre grandes e pequenos não é mensurada pelo dinheiro, pela grandeza da imagem do clube ou pelo tamanho das torcidas, mas pela forma como as federações e a CBF tratam uns e outros parece temer que os pequenos se imponham aos grandes!

Como se dizia antigamente, a arte não tem pátria e um grande escritor, um grande pintor, um grande médico, um grande advogado, um grande cientista e uma sumidade de qualquer profissão pode nascer em qualquer lugar deste imenso planeta. 

Jogador de futebol não é, como alguns julgam, pensam e propalam uma exceção e grandes times podem ser montados, até de graça, em qualquer rincão longínquo deste país continental. 

Vou mais além. Se esse time tiver um tratamento isonômico em relação aos "primos ricos"no que concerne às arbitragens, ele terá condições de enfrentar em pé de igualdade qualquer adversário do profissionalismo brasileiro, pois mais poderoso que seja.

Antigamente havia diferença desde o cardápio, passando pelo atendimento médico indo até equipamentos de recuperação física e fisioterapia, mas a globalização e a interiorização da ciência e do saber, colocou um paradeiro nisso. Os clubes grandes das grandes cidades  e dos grandes investimentos já não conseguem mais impor-se aos pequenos tanto e quanto se impunham no passado

O Juazeirense e o Ferroviário do Ceará são dois dos exemplos da hora de até onde poderiam ir, não fosse o dano arbitral que sofreram em seus jogos contra respectivamente, o Vasco e o Curica. Outros exemplos surgirão na sequência desta Copa do Brasil, Quem viver, verá. 

De minha parte, espero estar e continuar vivo para apontar as verdadeiras cirurgias sem anestesia que os pequenos clubes estão sofrendo e continuarão a sofrer porque a CBF (é óbvio) quer que se classifiquem em seus campeonatos os clubes de maior torcida e prestígio que possam render-lhe mais $$$.

No jogo do Curica ontem em Londrina, o árbitro foi mais discreto, mas, ainda assim, prejudicou demais o time alencarino. 

Deixou que os gambás fizessem o jogo bruto e usassem todas as ferramentas contra o time cearense. Henrique (eu não disse que esse cara tem licença para bater?) cometeu "trocentas" faltas e sequer recebeu um cartão amarelo.

Muitas das faltas marcadas pro Ferrim (esse é o apelido do time cearense) tinham o propósito de parar as jogadas, a fim de impedir que o time contra-atacasse e atropelasse o Curica, visivelmente o time de menor preparo físico entre os dois litigantes. Na dúvida, tudo era assinalado pro Curica.

Muitos palmeirenses, a propósito do empate do Curica, dizem que o time deles é tão ruim que não conseguiu vencer nem o "fraquíssimo" Ferroviário do Ceará, com o que discordo frontalmente!

Da mesma forma deitam falação sobre o time do Palmeiras afirmando "que se até o Ferrim conseguiu marcar dois gols neles, porque só o Palmeiras não consegue?"

 Mas a coisa não é bem assim e nem deve ser tratada dessa forma.

A realidade (para quem não vai na onda da mídia) é que o Ferrim tem um time à altura do Curica. 

Muitos clubes do interior conseguem às vezes montar times ainda melhores do que os grande clubes que, claro,  tem jogadores mais famosos e mais experientes.

No entanto, uma comparação fria e, naturalmente, proporcional, nos dá a dimensão que o time cearense, do ponto de vista das peças, não deve nada ao time paulista.

O Ferroviário tem cinco ou seis jogadores que jogariam em qualquer grande clube do país e, de quebra ao menos dois craques no time, como aquele canhoto Enercino que levou um soco nos lábios ainda no primeiro tempo, sem que o juiz amarelasse o curicano que o feriu. Teve de jogar com dor o tempo todo, mas chamou a responsabilidade, "esmerilhou e arrebentou o jogo". Foi senão o melhor mas um dos melhores em campo.

Da mesma forma o Ferrim mostrou um centroavante de ótimo porte físico, Edson Cariús, oportunista e bom tanto no jogo de toque como também no jogo aéreo. Tanto ele quanto Enercino cabem em qualquer grande time do país, no Palmeiras, inclusive!

Obs: o  Palmeiras não tem nenhum meia armador melhor que Enercino (nem Scarpa e nem Lucas Lima) e nem centroavante melhor que Cariús (nem Borja e nem Deyverson).

Então vem a pergunta. Por que os pequenos dificilmente chegam às finais dos campeonatos? 

Não chegam porque são maltratados pelas federações e esbarram, comumente em arbitragens tendenciosas e dirigidas, a mando, se sabe de quem.

Ontem, assistindo a um juiz despersonalizado ajudando a afundar o Ferroviário cearense em Londrina, com o sórdido objetivo de salvar o Curica de uma vergonhosa eliminação antecipada e cada vez mais iminente nesta Copa do Brasil, constatei, uma vez mais que eu estou certíssimo em minhas teorias relacionadas ao ludopédio, nome que os puristas da língua tentaram, inutilmente, colocar no futebol.

Para encerrar quero dizer que se o Palmeiras fizesse uma parceria com alguns clubes do interior em diversos estados, visando a ter prioridade sobre todas essas revelações que vão surgindo de temporada a temporada, ficaria muito mais fácil desenvolver a própria base e descobrir novos talentos.

Se o Palmeiras não investir na base e em jogadores de talento que aparecem nos times do interior de São Paulo e do Brasil, jamais e em tempo algum conseguirá revelar craques e terá de adquiri-los  mediante investimentos cada vez mais vultosos e estratosféricos.

O Ferroviário cearense acaba de dar uma grande lição ao senhor Matos dos Gastos, à toda a esforçada porém despreparada diretoria e, principalmente, àquela parte da torcida que considera craque só se o jogador custar os olhos da cara. 

E eu lhes respondo: somente os olhos da cara, não...

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