Observatório Alviverde

14/10/2011

A POSTAGEM DE HOJE, É, POR COLABORAÇÃO, DE DINHO MANIASI, QUE CONHECE, A FUNDO, OS BASTIDORES POLÍTICOS DA S.E.PALMEIRAS!

O que ninguém falou sobre o Ardil 24.

É muito fácil!

É muito fácil, fácil mesmo se dizer que o culpado por tudo o que acontece com o nosso amado Palmeiras é a “diretoria”, como é muito fácil se dizer que quem é culpado por tudo o que acontece em nossas vidas é o “governo” ou ainda de uma forma mais abrangente, mais categórica, que a culpa é de “Deus”.

Na verdade, no Palmeiras o culpado tem nome, forma e conteúdo. Seu nome é estatuto.

Mais uma obra do conselheiro vitalício, cacique e ex-presidente, Mustafá Contursi Goffar Majzoub.

O maior culpado de tudo não é Mustafá.

Não, não é Mustafá, e sim sua obra, o maldito estatuto!

A armadilha!

Como todos sabem, há uma enorme pressão dos sócios e de toda comunidade alviverde pela mudança do estatuto, existe uma enorme vontade no clube, que graças à atuação de mais de 80 conselheiros do bem se transformou em pedido formal ao Conselho, por eleições diretas no Palmeiras.

Uma proposta foi enviada por correligionários do ex-presidente Mustafá Contursi para o Conselho Deliberativo, com o propósito de tornar o futebol profissional um segmento autônomo e separar o clube social do futebol. Estariam então nossos mais antigos sonhos se realizando?

Longe disso…

Trata-se de uma manobra política, uma manobra, que conforme se sabe, é vil, rasteira, abjeta.

A tática é de se colocar em prática um plano já antigo, uma proposta de se implantar um Conselho Gestor no futebol chamado de COGEFU, a ser apreciada pelo Conselho ao mesmo tempo em que se analisa a proposta de eleições diretas.

A idéia não é nova, nem foi criado pelo Palmeiras, o modelo já existe e foi implementado pelo Santos, onde vem dando certo.

Na proposta existiria um diretor de futebol, apenas para cumprir a determinação estatutária, mas na prática todas as decisões teriam que passar pelo crivo deste Conselho, o que evitaria uma excessiva centralização de poder e tornaria as decisões mais democráticas. Além disso, o caixa do clube não se misturaria com o caixa do futebol.

Até aí parece tudo bem não é mesmo?

Mas como funcionaria na realidade do Palmeiras esse Conselho?

A composição desse Conselho, com três membros, seria na prática um golpe. Pela proposta, dois dos três membros do Conselho Gestor seriam vitalícios, e assim estaria estabelecida a maioria que mais uma vez colocaria o Palmeiras sob a ditadura Contursi, uma vez que ao longo de sua permanência na presidência, Mustafá nomeou quase uma centena de conselheiros vitalícios que comem em sua mão até hoje, entre eles José Ângelo Vergamini, presidente do Conselho Deliberativo.

Além disso, Mustafá, com seus cerca de 85 conselheiros que comem em sua mão, a maioria vitalícios, ainda é uma força política viva e indiscutível. E pior: deve continuar exercendo essa influência enquanto esse poder perdurar. Será sempre um dos principais fatores de composição política. É por isso que as coisas mudam tão devagar no Palmeiras.

Então, por que se trata de uma armadilha?

Porque a petição verdadeira, a que vai libertar o Palmeiras das amarras, continua na gaveta do presidente do Conselho. Esta sim é uma proposta fechada de reforma estatutária, que prevê as eleições diretas para um presidente que realmente decida nossos rumos. A estratégia de Mustafá é colocar tudo – diretas e comitê gestor – num pacote só e desvirtuar a proposta.

E não para por aí.

A torcida, como nunca antes, mostra uma grande união em torno das eleições diretas. Coisa muito perigosa para os que não aceitam perder sua posição, conquistada com muita subserviência aos desmandos de Mustafá Contursi.

A imprensa divulga o desejo da torcida e a campanha vai tomando proporções que eles nunca imaginaram ser possível.

Então um jogador contundido, que quase não joga que não pode ser considerado culpado pela situação da equipe no campeonato é agredido por 20 torcedores em frente à loja oficial do clube com a única intenção de causar um tumulto, desviar o foco da movimentação pelas diretas e rachar a torcida.

Um racha na torcida é muito conveniente para quem quer que tudo continue como está.

A quem beneficiou essa situação?

O resultado!

Falando claro, a intenção real é a criação de um Conselho Gestor para criar um Palmeiras paralelo:

Eles aceitam as diretas, desde que o presidente eleito não possa mexer no futebol!

Ou seja, o Palmeiras pode ter a arena mais moderna do mundo, a bocha mais profissional do continente americano e pode ser imbatível no tênis de mesa, mas o futebol continuará sendo dirigido como o mercadinho da esquina.

O futuro!

A Arena Palestra tem tudo para impulsionar o Palmeiras a outro patamar dentro das relações externas, com atletas, agentes, imprensa, mercado e entidades de poder. Mas só um prédio não faz nada sozinho. É preciso que as pessoas que falem pelo clube quando a obra estiver concluída sejam compatíveis com toda essa magnitude. E isso passa por uma renovação, não só das pessoas, mas do modelo.

É muito fácil apontar o dedo para pessoas, mas o que está errado é a estrutura.

Aqui é onde a coisa pega. De acordo com o modelo político do toma lá da cá, adotado por anos a fio em nosso clube, não se formou uma elite política capaz de quebrar esse círculo vicioso. De todos os possíveis candidatos que fazem a nossa realidade atual, dos mais simpáticos à torcida até os mais odiados, todos possuem o mesmo viés político e nenhum possui a visão necessária para bater no peito, olhar de frente, encarar e resolver o problema do Palmeiras.

Então como solução para se atenuar essa situação é imprescindível a presença de novos sócios, palmeirenses verdadeiros, que pensem apenas no futebol e não se preocupem com a sauna, com as vagas no estacionamento, nem com as carteirinhas de diretores.

Novos sócios para efetivamente influenciarem a política palmeirense. Novos sócios pra arejar a catacumba que é o nosso Conselho Deliberativo e assim mudar os rumos e o destino de um país imaginário de mais de 15 milhões de habitantes.

Dinho Maniasi

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P.S - O OAV agradece o Dinho pelo brilhante trabalho e colaboração (AD)