Observatório Alviverde

18/10/2009

FALTOU FUTEBOL AO TIME; FALTARAM VISÃO E OUSADIA A MURICY!

O futebol nos ensina que a montagem de qualquer time ou esquema de jogo, depende, essencialmente, fundamentalmente, das peças de que se disponha. Trata-se de máxima futebolística já consagrada que o indefectível Sr. Muricy Ramalho, digníssimo treinador da SE Palmeiras teima em querer contrariar.
Na verdade, Muricy, que muitos, açodadamente, querem colocar em patamar de conhecimento superior a Vanderley Luxemburgo, do ponto de vista tático, não passa de um ótimo treinador, trabalhador, esforçadíssimo, cidadão correto, honesto, mas, certamente, não chegará nunca, pelo menos em meu ponto de vista, à condição de TÉCNICO com T maiúsculo ou de um estrategista.
Seu grande erro no Palmeiras foi o de tentar transformar uma equipe rápida, aguda, ofensiva, de um toque de bola agilíssimo, em um time lento, modorrento, monotático que passou a atuar da noite para o dia em bolas alças à área do adversário, como fora o SPFW sob o seu comando. Quando Jorginho deixou de ser técnico, o Palmeiras estava no auge de sua produtividade e, pode-se dizer, quase que jogando por música. Foi só Muricy assumir que, em poucos jogos tudo, aquilo se acabou e assistiu-se ao declínio de uma equipe que parecia vocacionada ao título deste brasileirão de 2009.
O que mais irrita em Muricy é que ele não se dispõe nunca a mudar a sua forma de jogar, ainda que premido pelas circunstâncias e seu esquema é absolutamente incompatível com as características do atual elenco. Ademais trata-se de um treinador previsível, sem as necessárias inventividade e atitude para tentar romper, por exemplo, com um resultado adverso.
Hoje, contra o Flamengo, ele deveria ter mexido na equipe logo no intervalo. Quem estava jogando mal? Edmilson, Souza, Cleiton Xavier, Robert e Diego Souza. Como jogadores do porte e do estofo de Cleiton e Diego voce só os substitui em extrema instância, havia tres peças que poderiam haver sido retiradas ou manobradas no tabuleiro. A saída de Edmilson réu confesso no primeiro gol, com o recuo de Souza para marcar Pet e a entrada de alguém mais lúcido para a função de segundo volante, certamente poderiam alterar o ambiente no setor e propiciar a melhora de rendimento de Cleiton e Diego, perdidos na forte marcação adversária. Vejam que Souza era o único de nossos volantes que tinha campo e espaço para jogar, mas não jogou por falta de talento para procurar o jogo e aliviar a pesada marcação sobre os dois companheiros.
Se Muricy quisesse mudar o panorama sem mexer no time, bastaria apenas permutar as funções de Souza e Edmilson, embora a melhor alternativa fosse o sacrifício de um dos dois volantes.
A única alteração efetuada por Muricy ( a segunda não conta) foi produto de seu estado confuso de ser. Muricy está apavorado diante da perspectiva de perder este brasileirão e por isso é incapaz de arriscar.
Considerando-se que Ortigoza é um jogador tipo pivô que atua de costas ou procurando os espaços pelas laterais, encostando nos alas, não sendo um jogador alto como Robert, o que poderia ele realizar em campo, já que o Palmeiras continuava alçando bolas para a área do Flamengo? Já não bastava Vagner Love que é baixote? Precisava de mais um? Se vai fazer a alteração, que também altere o esquema. Para que o suicídio tático? Por medo de perder o que já estava perdido? Perdido por dois, por tres ou mais é a mesma coisa, sobretudo em campeonatos de pontos corridos!
E as outras duas alterações que poderiam ser realizadas, por que Muricy não as fez? Por que colocar Marquinhos apenas aos 43 minutos do segundo tempo e, ainda assim, mediante a perspectiva do gol de penalti que Vagner Love, infantilmente, perdeu? Se não houvesse o penal ele jamais teria chamado Marquinhos. Aliás, por essa atitude nota-se, claramente, que Muricy sabia que o defeito estava, sobretudo, em Souza. Mas se sabia, por que não antecipou a mudança?
Um técnico que vê o seu time perdendo, afogado em campo, sem perspectivas para mudar o resultado adverso e que realiza, apenas, uma substituição burocrática tendo tres para fazer não pode ter o seu nome inserido entre os melhores.
O São Paulo foi três vezes campeão sob o comando de Muricy. Mas o técnico, certamente, se esqueceu que o São Paulo tem o maior cruzador do futebol brasileiro, Jorge Vagner, jogadores muito altos e dúzias de árbitros e bandeiras que sempre o ajudam a fazer o resultado. Muricy parece não ter ainda se dado conta de que ele dirige o Palmeiras. A ficha ainda não caiu.