Observatório Alviverde

18/03/2010

O SANTOS DE PELÉ ACABOU COM O MITO DA ESTAFA!

Causa-me profunda irritação ouvir da própria boca de treinadores, preparadores físicos e fisiologistas, que os jogadores estão cansados e estafados, pois a citação é absurda.

Até quando teremos de suportar essas falsas ilações, que não passam de artifícios usados por aqueles que querem se imunizar de críticas e transferir responsabilidades?

Cansados, estafados? Cansados de que, estafados de que? de jogar futebol?

De serem tratados de forma absolutamente diferenciada, protegidos, mimados, bajulados, "mamaricados", paparicados, em absoluto contraste com o meio duro de que provêm?

De se hospedar em hotéis cinco estrelas, em apartamentos de altíssimo luxo?

De serem servidos com fidalguia por profissionais do conforto, mordomos e camareiras chics, devidamente uformizados?

De terem cardápios especiais elaborados por nutricionistas e a comida preparada por "chefs de cuisine"?

De viajarem por via área até para cidades que distam parcos 200 quilometros de suas sedes ou de ônibus-leitos luxuosíssimos em viagens meramente domésticas?

De terem para sí e, por extensão, para a família, assistência médica constante através dos profissionais mais qualificados e seus equipamentos de última geração?

De ganharem salários superiores aos de executivos de multinacionais?

Ninguém fala em estafa, em cansaço, em fadiga quando se trata do trabalhador comum, muitos deles tomados pela LER e por tantas deformações físicas decorrentes de suas atividades.

Já chega de "nhenhenhem", já chega de "bláblabla". Estamos no terceiro mês, março, não estamos em janeiro.

Contra o Paysandu o Palmeiras correu, lutou e é assim que deve ser. Se está cansado e se vai continuar cansado, então tem que substituir o preparador físico e os fisiologistas porque isso não é normal.

Assim como acontecia com o Muricy, o Antonio Carlos aprendeu que, quando o time perde, fica fácil encontrar desculpas recorrendo a um aspecto inteiramente subjetivo que, para quem está do lado de fora, fica difícil de mensurar.

Mas eu ouso mensurar e a decifrar esse tabu. Para isso. recorro a um tempo em que o futebol não parava no natal e no ano-novo. Era uma espécie de moto-contínuo.

O Santos, de Pelé, viajava o mundo inteiro, fazia jogos seguidos quase sem intervalos, um dia após o outro, contra equipes que davam tudo para derrotá-lo e, se dizia, treinava no avião.

Não me lembro de ter ouvido, jamais, dos jogadores santistas, queixas reiteradas sobre estafa ou cansaço. Ninguém falava nisso. Apenas e tão sòmente alguns setores da imprensa.

Porém, cansado ou não, o Santos vencia de 80 a 90% dos jogos. Não apenas nas viagens, mas, até, quando retornava ao Brasil, descia do avião e, em seguida, encarava os clássicos. Além disso, cumpria o memo calendário dos demais clubes em âmbito nacional.

Seriam os santistas privilegiados do ponto de vista físico, super-humanos ou super-homens?

Ou teria razão o meu finado tio Pedrinho quando dizia que as "carnes" do povo daquela época eram muito mais resistentes do que as de hoje?