RETRANCA DE FELIPÃO DERROTA O ATLETICO JRS DE BARRANQUILLA NA "BACIA DAS ALMAS"!
O Palmeiras chegou a exibir um futebol brilhante, da mais fina cepa e de linhagem nobre até abrir o marcador contra o Junior's, aos onze minutos do primeiro tempo no Estádio Metropolitano de Barranquilla na Colômbia em jogada espetacular de Dudu.
Sem medo de errar faço questão de frisar que de onze a quinze minutos o Palmeiras "ditou cátedra" em campo, deixando bem claro porque é tido como um time de primeira grandeza do futebol sul-americano.
O gol alviverde foi produto de um lançamento rasteiro milimétrico de Dudu "em ponto futuro" (royalties para o inesquecível Cláudio Coutinho) para a projeção diagonal de Scarpa "que penetrou pelo lado esquerdo, invadiu a área e mandou a pelota para os cordéis da cidadela de Viera" (direitos de uso das expressões simbolicamente pagos ao gigante da narração esportiva de rádio Haroldo Fernandes).
Mas o Palmeiras ficou aí e parou por aí. Foi só!
As frases bonitas que citei para caracterizar a estupenda atuação do time, ambas da lavra de dois expoentes da bola e da comunicação, a partir daí, terão de ser substituídas por outra que
tomo a liberdade de dedicar a Felipão e à toda atual comissão técnica palmeirense:
"Vá tomar no c... (Nelson Rodrigues).
Como é que um time do nível do Palmeiras pode se apequenar tanto em um jogo no qual sabe que tem um time nitidamente superior ao adversário?
Como pode um time milionário, formado por jogadores de melhor categoria, dobrar a cerviz e baixar a cabeça diante de um time tecnicamente muito mais fraco?
Não sou radical, compreendo, perfeitamente, a filosofia de jogo de Felipão e até concordo com ela, pois vi times extraordinários jogando retraídos, muitos deles na mais completa retranca, porém muito vivos, perigosos em com força extraordinária nos contra-ataques.
Os mais velhos sabem, perfeitamente, quem foi Elba de Pádua Lima, o grande Tim e os mais novos que nunca ouviram falar nele, entrem na Internet e pesquisem acerca desse extraordinário treinador.
E de Yustrich, alguém ouviu falar?
Em 1964, dirigindo o modestíssimo Siderúrgica, campeão mineiro da temporada, ele, praticamente introduziu a tática da retranca em Minas Gerais.
Ele a copiou de um time inglês que goleou o Porto, de Portugal, então sob a direção dele, Yustrich, por 4 x 0 dando um "vareio" de bola nos portugueses em pleno Estádio das Antas.
Em 1966 Tim montou um time no Bangu que jogava exatamente assim, tanto e quanto Zezé Moreira montou o Fluminense na década de 50 e, depois, todos os times que dirigiu passaram a atuar dessa forma.
Ninguém sabe quem introduziu oficialmente a retranca no futebol brasileiro, mas Zezé, Tim e Yustrich foram os primeiros treinadores do país a adotar esse estilo.
Recentemente falei neste espaço acerca de Carlos Froner, Foguinho, Daltro Menezes e de todos gaúchos e precursores desse estilo (até de Enio Andrade que treinou o Palmeiras) que muitos colocam como os verdadeiros introdutores da retranca no futebol brasileiro .
Mais recentemente, encarnando uma geração de treinadores que ainda vive (muitos ainda trabalham) temos Tite (retranqueiro que comanda a seleção), Celso Roth, Fábio Carile e tantos outros, principalmente Felipão.
São Paulo também teve os seus mestres da retranca, como Milton Buzetto porém não foram precursores, mas admiradores e seguidores que deram sequência ao estilo.
E se querem saber mesmo, Telê sempre jogou assim, embora com variantes de ataque e contra-ataques por ele criadas, muito superiores aos outros treinadores, tendo, ele, se constituído em um autêntico aprimorador desse estilo, utilizando-o de forma moderada e inteligente.
O que tem de ser dito e colocado é que não sou contra Felipão jogar dentro de seu esquema habitual, fechado igual boca de bode.
O que reivindico é que o time, mesmo privilegiando a defesa, também gana, vocação ofensiva e força suficiente para encarar qualquer adversário de igual para igual e ser perigoso, também ofensivamente, o tempo todo.
O que tem de parar no esquema de Felipão é a covardia tática, razão principal da perda da Libertadores do ano passado, quando o medo de ir pra frente e encarar o adversário, atraiu o Boca contra a defesa palmeirense com resultados funestos ao Verdão justamente na semifinal da competição.
Que o Palmeiras, sim, atue da forma como deseja Felipão. Concordo, plenamente!
O que não pode é um time caro e dispendioso como o Verdão ter (como teve hoje) míseros 30% de posse de bola e ficar sob fogo cerrado dos adversários o jogo inteiro, fazendo a torcida sofrer e correndo riscos constantes de perder.
Convenhamos, todos, o resultado de 2 x 0 sobre o Júnior de Barranquilla foi enganoso e não traduziu com exatidão os méritos e o que realizaram os dois times em campo. Um empate, sejamos honestos, teria sido o resultado mais justo e mais adequado ai mérito dos times.
E, no entanto, vencemos, dirão muitos palmeirenses!
Mas até quando o Palmeiras vai vencer sem convencer, se sabemos que o time não tem estabilidade, continuidade, constância e que atua, invariavelmente, de maneira suicida, atraindo os adversários contra o seu campo defensivo?
Felipão tem mostrado durante todos esses anos a sua alta competência em montar times defensivamente organizados, competentes e robustos, mas tem deixado muito a desejar na montagem de sistemas de ataque competentes e contraofensivas demolidoras que os completem, como fazia Telê, considerado um dos melhores treinadores da história.
Fique claro, não estamos depreciando ou tentando desvalorizar o trabalho de Felipão que, sinceramente, (pelo que já mostrou e vem mostrando) queremos que continue no Verdão por muito tempo ainda.
Mas, mesmo apoiando de maneira absoluta Felipão e a sua comissão técnica, não podemos, definitivamente, concordar com todas as suas atitudes e nem dar-lhe respaldo em tudo o que faz, mormente quando erra. Ele, por orgulho e teimosia e tem errado muito!
Não tenho nenhuma restrição ao time que ele escalou para ontem, posto que time, cada qual tem o de sua preferência, mas tenho, sim, severas restrições relacionadas às alterações por ele efetuadas no decorrer do jogo.
A retirada de Dudu do campo de jogo, um jogador ofensivo, artilheiro e que, de quebra, sabe fazer assistências, como aquela do primeiro gol de Scarpa, foi um erro palmar, um verdadeiro tiro no pé.
Ainda mais se considerarmos que Dudu, apesar de ter decidido o jogo mediante um lançamento escultural, monumental, espetacular e tudo o mais que queiram, foi um fiel cumpridor das ordens táticas emanadas do banco palmeirense.
Não sei onde Felipão estava com a cabeça quando colocou Hyoran em lugar de Dudu, logo Hyoram que é um dos mais fracos e inexperientes do elenco!
Questiono, da mesma forma, a saída de Goulart que estava muito mal no jogo, reconheço.
Por que a manutenção do limitado Borja em um time que ia jogar apenas com um jogador no ataque e dez defendendo?
Reconheço que Borja deu a assistência para o segundo gol palmeirense marcado por Marcos Rocha. Mas o que houvera ele feito até então? Muito pouco, quase nada!
Goulart, muito mais técnico e habilidoso do que "o cordobês", apesar do preparo físico ainda deficiente, teria muito melhores condições de dar ao ataque palmeirense um potencial maior de periculosidade .
De qualquer forma, o Verdão venceu (Deus sabe como) e a maneira como venceu parece advertir e antecipar o quanto será sofrida esta Libertadores/19.
DADOS TÉCNICOS DE JUNIORS 0 x 2 PALMEIRAS
Data: 06/03/2018, 4ª-feira
Local: Estádio Metropolitano Roberto Melendez, em Barranquilla
Árbitro: Daniel Fedorczuck (URU) Muito bom. NOTA 8
Assistentes: Gabriel Popovits (URU) e Carlos Barreiro (URU) Bons NOTA 8
Cartão vermelho: Teo Gutierrez (JUN)
Gols do PALMEIRAS:
Scarpa, aos 12 do 1º Tempo, e Marcos Rocha, aos 46 minutos do 2º Tempo
ESCALAÇÕES:
JUNIOR BARRANQUILLA:
Viera; Piedrahita, Narvaez, Ditta e Fuentes;
Cantillo, Serje (Hernandez), Sambueza (Hinestroza) e Fernandez;
Diaz e Teo Gutierrez
Técnico: Luis Fernando Suarez
PALMEIRAS:
Marcos Rocha:
Escalado de surpresa, correspondeu. Decidiu o jogo. NOTA 7,5.
Antônio Carlos:
Melhorou na cobertura. Boa atuação. NOTA 7.
Gustavo Gomez:
Jogou para o time e cobriu bem Vitor Luís. NOTA 7.
Victor Luis:
Obediente tático, defendeu muito e apoiou pouco. NOTA 7.
Felipe Melo:
Melhor no 1º tempo. Comandou a defesa. NOTA 7.
Bruno Henrique:
Só jogou defendendo como queria Felipão: NOTA 7.
(Thiago Santos):
Entrou tarde, só para o Palmeiras ganhar tempo. SEM NOTA.
Ricardo Goulart:
Faltam-lhe (ainda) preparo físico e ritmo de jogo. NOTA 6.
(Moisés):
Melhorou o passe, a transição e a defesa. NOTA 7.
Dudu:
Abriu o caminho da vitória. Depois cumpriu ordens. Não gostou de ter saído. NOTA 7.
(Hyoran): Muito tímido, ajudou a defender e só. NOTA 6.
Borja: Obediente tático, deu o passe do gol da vitória e perdeu um gol feito. NOTA 6.
PERSONAGEM DO JOGO:
Weverton:
Quatro (4) defesas espetaculares sendo uma delas fora de série. NOTA 8
O CRAQUE DO JOGO
Scarpa:
Bom pra defender e melhor para atacar. Fez o gol de abertura e foi o atacante palmeirense que mais chutou contra o gol do Junior's de Barranquilla. NOTA 8,5.
Técnico:
Scolari - Já abordamos seu trabalho na postagem. Pelo resultado e pelo futebol apresentado pelo Palmeiras até aproximadamente os quinze do primeiro tempo, NOTA 7
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