Observatório Alviverde

06/09/2010

FELIPÃO, EM TARDE DE POUCA INSPIRAÇÃO, LEVOU UM NÓ TÁTICO DE SEU DISCÍPULO CUCA E FOI O MAIOR RESPONSÁVEL PELA DERROTA, DE VIRADA, PARA O CRUZEIRO. O PALMEIRAS, URGENTEMENTE, IMEDIATAMENTE, TEM DE ACERTAR O SEU ATAQUE. ATÉ QUANDO UM JOGADOR DA QUALIDADE DE KLÉBER VAI SER, APENAS, UM SOLITÁRIO ROBINSON CRUSOE?

Só quem mora em Belo Horizonte sabe o quanto é duro perder para o Cruzeiro. Pior do que isso, é agüentar as provocações irritantes de uma torcida provinciana e fanática, que consegue ser, acreditem, ainda pior que a dos gambás..
O pior do pior, porém, é perder um jogo quase ganho,  após o estabelecimento de uma boa vantagem de dois gols, permitindo a virada dentro de nossa própria casa. Infelizmente, com Felipão e tudo,  essas coisas continuam recorrentes na vida do Palmeiras.
O feriado de terça-feira, certamente, vai amenizar um pouco o dia-a-dia de um palmeirense perdido em BH (eu) em meio à turba falante e provocativa da cruzeirada doente e prepotente, que imagina ser o Cruzeiro o maior e melhor time do planeta.
Sobre o jogo:
Para início de conversa, fiquem todos sabendo que Felipão foi o grande artífice da derrota de ontem e o principal responsável pelo vexame contra o Cruzeiro.
Coerente com o seu currículo de vezeiro conservadorismo, demorou demais para mexer no time e enterrou fundo o Palmeiras.
A história e os números são testemunhas de que Felipão é um ótimo formador, motivador e preparador de grupos e de grandes times. Entretanto, sejamos verdadeiros,  a sua melhor característica enquanto treinador, nunca foi a saber  mexer bem na equipe durante o jogo e acertar nas substituições.
Seu conservadorismo é enervante. Ele prefere manter em campo um time acuado e dominado pelo adversário, visando a sustentar uma vantagem, por mínima que seja, do que processar de imediato as substituições que o jogo requer,.
Assim, promove com os adversários, autênticas, sofridas e inúteis batalhas de atrito, verdadeiros testes para cardíacos e um tormento para a torcida.  Hoje não foi diferente.
Só Felipão não percebeu, na volta para o segundo tempo,  que Cuca tirava um centro-avante nulo, Wellington Paulista e o substituía  por outro, de muito mais  mobilidade e presença de área, o argentino Farias.
Farias não é nenhum craque Está muito mais para Martin Palermo do que para Maradona, mas tem de ser respeitado porque é um goleador.
Tecnicamente limitado,  Farias é mais um daqueles atacantes, cujas características incluem o pragmatismo e a simplicidade objetiva dos argentinos, resumidas no "toco e me voi,  pero para el gol".
Da mesma forma, a entrada em campo de um jogador individualmente acima da média, Róger, estilista, canhoto, habilidoso, de uma visão de jogo extraordinária, emérito lançador e dono de um potente arremate, também não despertou em Felipão a mínima necessidade de recomendar aos comandados para que o marcassem de forma mais cuidadosa e efetiva.
Ausente há anos do futebol brasileiro, será que Luiz Felipe desconhecia a capacidade e as características desse craque chamado Róger?
Ele entrava no lugar de um zagueiro e isso pressupunha, já se sabia,  que os mineiros partiriam para o tudo ou nada e alterariam radicalmente o seu modo de jogar, privilegiando o ataque.
Felipão não tinha conhecimento que esse jogador de classe, drible fácil, toque, lançamento e arremate era e é um dos melhores meio-campistas em atividade no país?
Se não sabia precisa se informar melhor e se reciclar!
Um Róger, quando entra em campo, tem, sempre, que causar preocupação ao técnico adversário, mas Felipão, simplesmente, o ignorou. Foi como se houvesse entrado em campo um jogador qualquer.

Esse inexplicável desprezo pela presença de um  craque na equipe adversária  foi  a ruína do Palmeiras.
Sem marcação ou marcador, Róger, não só deitou e rolou mas também voou. Jogou livre como um pássaro e picou como uma abelha.

Com todas as condições favoráveis de tempo e espaço para pensar e, sobretudo, concretizar as jogadas, ele, Róger, mais uma vez, liquidou com o Palmeiras. E não foi a primeira...
Como é que um técnico da vivência e da experiência de Felipão não enxergou isso? Por que não determinou marcação individual também  sobre Roger?
Se o expediente, adotado no primeiro tempo para conter  Montillo,  surtira o efeito desejado,  por que não repeti-lo sobre o outro homem de criação do time do Cruzeiro, colocado em campo por Cuca no segundo tempo ?
Será possível, repito, que Scolari não conhecesse Róger?

Se não conhecia, as primeiras movimentações e jogadas desse atleta não foram suficientes para convence-lo de que Róger era um atleta especial que exigia marcação e cuidados especiais?
O correto teria sido Felipão destacar Márcio Araújo para marcar, individualmente, Róger e procurar matar no nascedouro as jogadas de municiamento ofensivo, que começavam, invariavelmente, com Róger que jogou muito e fez a diferença.
Róger foi o grande arquiteto da vitória dos mineiros e o fator de desequilíbrio que levou o Cruzeiro à vitória.. De seus pés surgiram toques perfeitos, passes sob medida, lançamentos milimétricos , enfiadas de bola em profundidade e arremates sempre perigosos que demoliram o Palmeiras.
Repetimos: não houve, em momento algum  do jogo, nenhum jogador palmeirense previamente designado, responsável por uma marcação individual preventiva sobre esse jogador, absolutamente necessária. Isso foi fatal!
Edinho e Marcos Assunção, muito musculosos e pesados que já haviam perdido um pouco o condicionamento físico em razão do empenho e da entrega do time do Palmeiras no primeiro tempo, não deram conta de marca-lo.
A defesa do Palmeiras, em certos momentos, dava a impressão de que parava em campo para assistir,  extasiada e arrebatada,  a Róger e aos seus  belíssimos lances.
Roger, simplesmente, esmerilhou e deu brilho e consistência ao jogo do adversário, conduzindo-o primeiro à redução, depois à reversão, até à inversão do resultado..
No fim, tudo acabou explodindo em cima da zaga do Palmeiras, que ficou como a grande vilã, mas isso é muito injusto.
Nossa defesa segurou uma, duas, três e.até, muito mais vezes as perigosíssimas incursões do Cruzeiro. 
Por mais que a nossa defesa seja eficiente e se segure, há um momento em que a casa cai. E caiu mesmo! Que não se culpem os zagueiros palmeirenses pela derrota. Ele fizeram o que foi possível.
Sob o aspecto tático, a presença revolucionária de Róger mudou,drasticamente,  a maneira de atuar do Cruzeiro em relação ao primeiro tempo.
Começou pela imposição de um domínio territorial  total, ao ponto em que o Palmeiras não conseguia, sequer, chegar ao meio de campo.
Mais do que isso, o time mineiro pôde então passar a atuar com o apoio efetivo dos laterais ou através de jogadas pelos flancos, que foram, afinal, os fatores que mais contribuíram para que o Cruzeiro envolvesse  a nossa defesa, provocando o recuo total de nossa meia cancha e impedindo-nos de ter a posse de bola para atacar ou contra-atacar.
Com a vantagem do resultado e em inferioridade técnica e territorial, o time do Palmeiras  sabia que o desafogo e o antídoto para o jogo de pressão exercido pelo Cruzeiro seria jogar em contra=ataques. Mas como contra-atacar sem homens de velocidade?
O Palmeiras tinha em campo alguns jogadores com capacidade para lançar, mas não dispunha de atacantes capacitados para puxar o contra-ataque. Luan e Ewerthon nossas únicas fracas opções, estavam no banco! Em outras palavras, o Palmeiras tinha  revólveres mas não tinha balas.
Diga-se, também, que a contusão de Marcos gerou um impacto psicológico negativo na equipe, o que contribuiu, bastante, para a queda de nosso rendimento.
De mais a mais, obrigou Felipão a gastar a primeira alteração como ele não imaginava e de faze-lo pensar muito,  antes de proceder às outras alterações.
Se, por natureza e em condições normais , ele é muito econômico  na hora de mudar o time. imaginem a partir do momento em que, de forma prematura e intempestiva Felipão foi obrigado a efetuar impositivamente uma das três alterações que a regra lhe permite. 
Isso deve ter fundido a cuca do treinador palmeirense
Quando Marcos foi substituído, seus companheiros já sabiam que perdiam,  não apenas a segurança desse craque sob os paus, mas, sobretudo,  a liderança de orientação e posicionamento ditada por um goleiro extraordinário, infinitas vezes melhor e mais experiente do que o apenas promissor Deola.
Deola, por sua vez, entrou em campo nervoso e preocupado,  tão descompassado quanto o time  e  pagou um alto preço por isso. O primeiro gol dos mineiros,em chute fraco e errado de Róger, que desviou por acidente em  Pierre  desequilibrou completamente o jovem goleiro.
Não vamos tapar o sol com a peneira e afirmar que os dois a zero estabelecidos pelo Palmeiras, na primeira fase, tenham sido, na prática,  consequência de um amplo domínio técnico do Verdão.
Pelo contrário! Houve um sensível equilíbrio nas ações com predominância ora de uma, ora de outra equipe. Tudo muito diferente do segundo tempo em que o time mineiro comandou as ações do jogo e fez por merecer os três gols que o levaram à vitória.
Nosso primeiro gol surgiu de um pênalti infantil, desnecessário, de Wellington Paulista sobre Fabrício, convertido por Kléber. O segundo veio da cobrança de um corner no primeiro pau, escorado magnificamente de cabeça por Maurício Ramos.
Algumas coisas ficaram muito claras após o jogo de ontem. Entre elas o fato de que, apesar das críticas, devemos insistir, sim com o time de volantes que tem jogado. Quer queiram ou não, é o que de melhor temos, do ponto de vista individual, para colocar em campo.
Ademais não perdemos o jogo de ontem por conta de nossos homens de meio campo, mas por causa da falta de sensibilidade e de visão de nosso  treinador que não enxergou as nuances táticas do jogo e acabou superado por um seu dileto discípulo que atende pelo apelido de Cuca.
O que precisa ser mudado e passar por uma reengenharia no Palmeiras é o nosso ataque. Até quando Valdívia vai entrar em campo de cara, fora de forma? Até quando Kléber vai atuar sozinho, isolado à frente como se fosse um Robinson Crusoé? Será que os nossos volantes vão chegar e encostar em Kléber?
Só com Kléber à frente, ainda fora de seu melhor ritmo e  condicionamento físico, e com Valdívia, fora de sua real posição,  também fora de ritmo, caindo demais em campo e prendendo a bola em demasia, o Palmeiras, que não se achou ontem no segundo tempo, não vai se achar nunca!.

E Lincoln? Calçou mesmo o chinelinho? Ou está mais preocupado em colocar a mão na alta grana que o Palmeiras lhe deve?
Já disse e repito: Valdívia ainda não está pronto para entrar de cara no time, pois está a meia-bomba fisicamente e completamente sem ritmo de jogo. Felipão sabe disso e, no entanto, continua escalando erroneamente o chileno, para começar todos os jogos.
Conforme afirmamos tantas vezes, reiteramos novamente que o mais indicado seria a escalação do chileno apenas no segundo tempo, após o adversário vestir o "handicap" do cansaço e do esgotamento físico, no sentido exato dessa palavra lançada na mídia pelo saudoso comentarista Mário Morais e tão mal utilizada pelos cronistas que parecem desconhecer-lhe o verdadeiro significado.

Nessas circunstâncias Valdívia poderia, sim, ser utilíssimo, malgrado as suas ainda precárias condições de jogo. Porém, diante da inexplicável manifestação de insubordinação do chileno após ter sido substituído eu fico me perguntando se seria Felipão ou ele próprio quem estaria se escalando no time do Palmeiras. No futebol existem coisas e situações para as quais nem um Felipão com toda a sua autoridade consegue dar um jeito!(AD)
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