Tenho visto, lido e ouvido que o Palmeiras x Paysandu de hoje define a vida do Palmeiras neste semestre.
Não é bem assim. É "menas" verdade, como diz o nosso torcedor do interior.
A Gazeta Esportiva.Net, como de hábito, produziu maldosa manchete que sintetiza o pensamento da mídia em geral.
(SIC)
"Palmeiras pega Papão para exorcisar fantasma e salvar semestre".
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A frase, maquiavelicamente construida, de cunhos visivelmente derrotista e terrorista, pautou e norteou os demais órgãos de imprensa, em suas publicações de hoje, com raríssimas exceções.
Até alguns órgãos da mídia palestrina foram, inadvertidamente, contaminados pelo vistoso jogo de palavras e adotaram o infame tom da ameaça para a abordagem do jogo".
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Não está em discussão o direito da imprensa em fazer uso da frase em questão, sensacionalista, exagerada, e, nem, de repercutí-la.
Mas...
Essa manchete jamais seria adotada e publicada fosse qualquer de nossos adversários a vivenciar a atual fase e situação do verdão.
Sustento que se fossem Bambis, Gambás ou Sereias na pele do Palmeiras e o tom do discurso seria abrandado, minimizado, eufemizado.
Mas quem não sabe que o negativismo do noticiário é secular, crônico, reincidente, recorrente, quando o assunto é o Palmeiras.
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O aspecto psicológico dessa manchete, repercutida à exaustão pela maioria absoluta da mídia, é terrível, inimaginável.
Explode sempre como uma bomba sobre as cabecinhas tumultuadas dos jogadores palmeirenses, atingindo-lhe o subconsciente, ameaçando-os terrivelmente.
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A boleirada se assusta ao ler uma manchete dessas em destaque nos meios de comunicação.
Os atletas de menor esclarecimento pensam: "Meu Deus, então se eu perder hoje o que vai ser de mim? O que vai acontecer comigo? Como será a cobrança da torcida?
Então, entram em campo aflitos, nervosos, oprimidos, acuados, com uma atitude excessiva de zelo e de excesso de responsabilidade que os induz, invariavelmente, ao erro.
O excesso de adrenalina, os leva ao tremor das pernas, ao turvar da visão e ao embotamento da mente. Não sou eu que estou dizendo, é a medicina.
E tem mais: leva ao esgotamento físico, dores, sono ruim, irritação, é um estado de fuga/perigo permanente, sem possibilidade de controle e pode depender ou não do ambiente.
Vejam se não é tudo isso que ocorre com o time do Palmeiras, sobretudo quando as coisas começam difíceis em qualquer jogo?
A consequencia de tudo é o medo de errar e quem tem medo de errar, dificilmente acerta.
Há como que uma metamorfose geral e as cobranças mútuas, naturais entre os jogadores, passam a ocorrer com muita rispidez.
Isso tudo gera, permanentemente, brigas e confusões em campo roubando a concentração e a tranquilidade da equipe no decorrer de qualquer partida mais problemática.
Pior do que isso são as sequelas que a boleirada jura que fica no vestiário, mas que seguem vivas, onipresentes no dia-a-dia pelo recrudescimento das rixas, rivalidades, vaidades e da imposição da personalidade e influência dentro do grupo.
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Acrescente-se a isso a terrível cobrança das torcidas uniformizadas, em tons desumanos e surreais ou a velha e incômoda exigência da facção almofadinha dos eternos descontentes que Scolari batizou como A Turma do Amendoim.
O Palmeiras, através do psicólogo contratado na semana passada, tem de trabalhar firme nessa situação de crise decorrente das repercussões do que é dito pela mídia e tem de baixar aos níveis normais a adrenalina do grupo.
Sei, perfeitamente, que os nossos problemas não se resumem, exclusivamente, a essa questão. Fosse assim, tão simples, e tudo já estaria plenamente resolvido, nos devidos lugares.
Mas que é um aspecto importante a ser abordado, estudado, considerado, atacado e ajustado, disto eu não tenho nenhuma dúvida.
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Só nos resta, agora, trocar a manchete.
"PALMEIRAS COM VANTAGEM E COM MORAL TEM TUDO PARA VENCER O PAYSANDU NO PALESTRA E SEGUIR FORTE NA COPA DO BRASIL!
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