O FALECIMENTO DE LOUREIRO JÚNIOR E O EPISÓDIO BARCOS IMPÕEM À IMPRENSA PAULISTANA UMA REFLEXÃO!
Falemos, primeiro, sobre os fatos, e, depois, sobre o jogo desta noite contra o Guaratinguetá.
A imprensa esportiva paulistana, outrira composta por homens seriíssimos, hoje, infelizmente, está tomada por moleques, a maioria inconsequentes.
Outro dia recebi o e-mail de um componente da mídia que, apesar de seu inconveniente antipalmeirismo,(ou seria conveniente?) entra na faixa das exceções.
Entre outras queixas afirmava que não concordava com o fato deste blogueiro afirmar, categoricamente, que os componentes da midia que trabalham hoje, são muito inferiores àqueles que exerciam a função antes do ano 2000 ou anteriormente.
Porém, como negar um fato que "está mais na cara do que bigode", como dizia meu fraternal amigo Loureiro Júnior, em cujo desaparecimento há algumas semanas eu não consigo acreditar e cuja memória eu nem tive a coragem de reverenciar neste espaço em que posso tudo.
Mas entre aqueles que militam no rádio, quem, dos que estão aí, ao menos seria digno de segurar o microfone para o Loureiro? Louro era só do rádio, mas arrolem na comparação TODOS os que trabalham, atualmente, em TV.
Gozador e brincalhão no dia a dia, às vezes usando de ironia e de críticas até o limite da maldade na observação de companheiros e de fatos, Louro era a antítese de tudo isso quando falava ao microfone com sua voz insuperável, sem português escorreito de riquíssimo vocabulário e sua indefectível seriedade. .
Com a "latinha" na mão, era sempre sério, compenetrado, profissionalíssimo, fazendo da função dogmática religião na qual exeercitava e cultuava e cultivava as boas idéias, a imparcialidade e, principalmente, os valores da língua portuguesa..
Minha maior identificação com Loureiro residia, justamente, nesse último ítem, Batíamos longos papos sobre a língua pátria, ele, professor, eu, simnples cultor da "última flor do Lácio".
Ríamos muito quando qualquer colega enchia ou peito e errava feio na conjugação do verbo precaver, um verbo anômalo do qual apenas se conjuga, no presente do indicativo, duas pessoas, nós e vós. Os caras diziam eu me precavenho ou me precavo disso ou daquilo e nós morríamos de rir.
Ele adorava desafios linguísticos e, certa feita, veio a mim e perguntou-me, de chofre: " O que é um cunicultor?
Claro que eu não sabia! E ele respondeu\; cunicultor é um criador de coelhos. E ficou rindo, tirando o maior sarro de ninha cara.
Não deixei barato!
Imediatamernte retruquei perguntando-lhe: Então, me diga, o que é licantropia? É claro que ele não sabia. Aí rimos os dois quando lhe dissse que se tratava de uma doença mental na qual o paciente se julga transformado em um lobo
Aprendi muito mais do que ensinei ao Loureiro, posto que, na qualidade de professor, ele sabia muito mais do que eu. Aprendi, por exemplo, que féretro não é o cortejo que acompanha um enterro, mas o próprio caixão ou urna funerária.
Em compensação eu lhe ensinei que o verbo emprestar, à maneira como se conjuga no estado de São Paulo e adjacências, não é correto.
Assim, não se pode nunca dizer emprestei mil reais do José, mas, tomei emprestado ou pedi emprestado mil reais a José porque "emprestar DE" não existe. Aprendi isso com o Professor Ayres da Mata Machado, uma das maiores autoridades da língua portuguesa em todos os tempos.
Tivemos, eu e Loureiro uma vida profissional na qual éramos, teoricamente, concorrentes. Eu sabia de toda a rivalidade que caracterizara a sua relação com outra fera da comunicação, Carlos Aymar, quando ambos militavam na Globo/Excelsior, mas, entre mim e Loureiro jamais houve qualquer senão ou estremecimento.
Anos depois, quando operado no Hospital São José, anexo da Beneficência Portuguesa em Sampa, tive o prazer de receber em meu apartamento hospitalar a visita de Loureiro. Sempre falastrão e gozador ele foi logo mostrando o seu cartão de visitas de gozador inveterado: "Isto é um hospital ou um hotel cinco estrelas?" Ao que respondi, um pouco de cada um, mas pouco importa porque quem paga a conta é a. Unimed..
Poucos sabem que Loureiro sempre foi o jornalista mais solidário de São Paulo, sobretudo nas horas mais difíceis desta vida..
Quando José Italiano, "o garganta de aço", figura destacada da mídia, corintiano, grande narrador e introdutor das imitações nas mesas redondas de rádio e TV morreu, NINGUÉM da classe compareceu ao velório, mas Loureiro esteve lá.
Não fui porque estava trabalhando nos primeiros dias de um novo emprego na TV, mas fiquei estarrecido ao saber, pelo próprio Loureiro que o velório estava deserto e que nenhum companheiro da mídia além do próprio Louro, houvera comparecido às exéquias de um profissional tão importante.
Quando vejo radialistas e jornalistas defendendo as suas respectivas classes fico imaginando. "Será que eles sabem como as coisas vão terminar? Quantos amigos sinceros farão em uma longa vida profissional? Quantos irão permanecer fiéis e constantes até o fim? Quantos comparecerão aos seus funerais?
Confesso-lhes, fiquei abatido com a morte de Loureiro, embora, reconheça, que ele tenha vivido um bom tempo sobre a terra. Ele provou a mim e a tantos o valor de uma amizade sincera nos bons e nos maus momentos desta vida. Que o Grande Arquiteto Universal o acolha em sua morada!
Lembro-me que, toda a sexta-feira, religiosamente, Louro ia à Gráfica De Luxe, onde era amigo do proprietário. Amigo amigo, sem qualquer outro interesse que não fosse a amizade. Por duas vezes estive com ele na De Luxe para um papo gostoso. desinteressado e descontraído.
Além do futebol o assunto que Loureiro mais gostava era falar sobre a língua portuguesa e esses assuntos sobravam nos papos na De Luxe.
Certa feita, em uma reunião com o maioral da emissora em que trabalhávamos,este, em inflamado discurso conjugou o verbo haver, no sentido de exisitir, no plural. dizendo algo assim: "Houveram muitos entraves para que a nossa empresa pudesse trannsmitir a Copa " .
Imediatamente nossos olhares se cruzaram e tanto eu quanto ele desatamos a rir, sem conseguirmos nos conter sem que ninguém soubesse ou suspeitasse porquê! Assim era Loureiro, um gozador da vida, das situações de vida, dos colegas e das próprias pessoas envolvidas.
Aliás, devo confessar, não tive e nem tenho coragem de escrever um necrológio para Loureiro. E não tenho mesmo!
Por isso, aproveito para homenageá-lo nestas simples linhas, quando o coloco como paradigma para uma classe sem referenciais que derivou, infelizmente e com raríssimas exceções, para um comportamento histriônico de muita brincadeira e de pouca seriedade no trabalho, plugada na escola de Milton Neves o Gênio que virou "jênio" com jota de jeca e Mauro Betting "que se comporta como o novo palhaço risadinha" da imprensa brasileira.
O que rolou e ocorreu no episódio Barcos é simples conseqüência da inconseqüente escola jornalística que Neves e seguidores implantaram na imprensa paulistana, hoje, a pior do país em qualidade e, principalmente, em referência e atitudes, ressalvadas as exceções de praxe.
Hoje, até na hora da narração do jogo querem fazer graça. Tudo é motivo para anedotas e piadas de gosto duvidoso, sob a desculpa da descontração.
Mas, que cazzo, Milton Neves, Mauro, Neto, Renata Fan, Edilson e companhia, quando é que vocês vão voltar a fazer jornalismo e voltar falar em futebol com seriedade?
O tal Leifer, da Glogo, não conta. Eu não menciono ou incluo entre os demais porque, profissioanalmente, ele não existe. Mais, muito mais do que arrogante é muito fraquinho!
A reação de Barcos ao repórter global e sua infame piadinha, para muitos foi grosseira e desproposital.
Para mim, não!
Foi uma reação ao "bullying" que continua correndo solto nos programas esportivos paulistanos, sobretudo visando a desqualificar a Sociedade Esportiva Palmeiras e a desmoralizar, detratar e despersonificar todos os jogadores que o time contrata.
A resposta de Barcos, de uma força verbal descomunal, foi muito bem dada e proferida, `como diz aquela. propaganda de leie, bateu, tomou!
O imbecil que coloca a gozação ou a piada acima do fato jornalistico assim como aqueles que lêem pela mesma cartilha vão pensar duas vezes, a partir de agora, antes de perguntarem novas abobrinhas ao argentino.
Barcos evidenciou que é deterntor de uma grande auto-estima e de uma férrea personalidade. Não é qualquer pessoa que tem a suficiente força moral para peitar a mídia da qual, em parte, vai depender, fora de seu próprio país e recém chegado a uma nova praça.
Não resta a menor dúvida que o argentino vai encarar uma barra daquelas que poucos estão preparado para enfrentar, mas, creio, pela resposta dada logo à primeira entrevista, em plena apresentação à mídia, ele tem capacidade e força moral para fazê-lo. Agora, mais do que nunca, estou convicto de que ele vai vencer com a nossa camisa!
A crônica paulistana tem de fazer, em face do episódio, uma autocrítica.
Não adianta ficar culpando dirigentes, técnicos, jogadores e empresários por tudo de ruim que existe e acontece no futebol brasileiro.
A mídia tem de assumir a sua parte negativa no processo e verificar como está tratando o futebol, como está se comportando em face do "esporte-rei" e como tem sido maléfica aos interesses da modalidade. Nossos resultados internacionais em termos de clubes e Seleção, provam isso.
Já passou da hora, Sr. Milton Neves, inventor dessa infâme modalidade de jornalismo deturpada, desprovida de conteúdo e eivada de facciosimo e brincadeiras, de se dar um basta a esse tipo de jornalismo, que tanto tem prejudicado o futebol brasileiro. Barcos está chegando de outros centros e mostra que por lá não existe bullying, mas respeito ao priofissionalismo.
A imprensa paulistana só vao melhorar quando colocar a informação no lugar da gozação. É preciso fazer uma autocrítica! Imediatamente! Hoje, agora, já!
Sigamos o exemplo de Loureiro para quem a brincadeira, o bullying e a gozação só exisitiam da porta dos estúdios ou das cabines para fora, longe de microfones e câmeras.
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