Observatório Alviverde

18/09/2020

WANDERLEY LUXEMBURGO: ESTRATEGISTA OU CURANDEIRO?

Para aqueles que tacham Luxemburgo de ultrapassado, demodê ou coisa assim, apresso-me em dizer que estão equivocados.

Tenho, SIM, restrições (poucas, mera questão de opinião) em relação a algumas atitudes do veterano treinador, entre as quais incluo "o gelo" que ele dá em um dos melhores atacantes de que dispõe no elenco, Gustavo Scarpa. 

Tirante isto e uma ou outra escalação que eu possa julgar melhor, nada a declarar contra Luxa, cuja contratação, ao menos neste espaço, teve dois apoiamentos fortes, do "Verde Insuperável" e o nosso. Sabíamos, pela veteranice e experiência, porquê o fazíamos e porquê o fizemos!

Da mesma forma, respaldamos Luxa nos momentos mais difíceis pelos quais passou, em que os desorganizados (Oh gente interesseira e perversa, com exceções, claro) e os famosos "Marias vão com outras Marias", queriam-lhe a cabeça por aquilo que consideravam mais do que um pecado, um sacrilégio: vencer e abiscoitar o Paulistão/2020  que, de repente, já não valia mais nada pra essa gente, ainda que acompanhado de série invicta.

Esse jogo de interesses escusos têm de acabar dentro do Palmeiras... 

Lembrem-se, sempre, de que a nossa arrancada pela reconquista de títulos chegou num momento em que Paulo Nobre conseguiu desvencilhar-se das poderosas garras das torcidas, lideradas por indivíduos que estão de olho e objetivam, muito mais, os seus próprios interesses do que os interesses do clube.

Voltando a Luxa, mais especificamente ao último jogo em La Paz contra o Bolívar, registre-se que derrotou um adversário que há muitos anos não perdia em seus pagos para nenhum clube brasileiro.

Além da obtenção da importante vitória, Luxemburgo quebrou outro tabu ao definir que o primeiro combate pela área direita de campo, logo à frente de Marcos Rocha, será ocupado por um canhoto.

Lucas Lima vinha exercendo a função trabalhando de perna esquerda não apenas para o primeiro combate um pouco atrás da linha limítrofe do meio de campo, mas para apoiar e respaldar os avanços de Marcos Rocha pelo lado direito do campo.

Esse posicionamento melhora demais as condições de jogo de canhotos que, ao virar o jogo com o corpo voltado para o lado esquerdo, encontram mais facilidade para ler o jogo, virá-lo, divisar os companheiros em deslocação e habilitá-los à grandes distâncias através de lançamentos quilométricos, especialidade deles, aliás.

O fato, per si, explica a súbita e subida produção de Rocha que, neste momento, com o decréscimo de produção do curicano Fágner, já pode ser colocado na condição de melhor ala direita do Brasil.

Contra o Bolívar, o literalmente palmeirense Raphael Veiga, finalmente mostrou a razão pela qual não foi dispensado do elenco, conquanto seja um jogador daqueles a quem todos nós chamamos de esforçado, ou, com muito boa vontade concedemos chamá-lo de meia-boca. 

Junte-se a isso, porém, profunda dose de raça, fibra (esse termo é de meu tempo) dedicação e doação em campo.

Luxa gostou muito dessa formulação tática que mostra um canhoto jogando pelo lado direito, pois esse setor, não sei se por coincidência ou falta de alguém que o ocupasse com eficiência, era, até nos tempos de Felipão, um dos pontos fracos da equipe.

Uma das razões da subida vertical da produção de Lucas Lima é essa, pois além de permitir que ele efetue a marcação em uma faixa de responsabilidade mais estreita, permite que o jogador se localize em campo, e não tenha de correr tanto quando partir para apoiar o ataque . 

No jogo de quarta-feira, ao escalar o mais defensivo Raphael Veiga, o paranaense que torce pelo Verdão e que substituiu o contundido Lucas Lima, quase nem deu para que se notasse, tamanha a similitude de trabalho exercida pelos dois atletas. Rafael leva vantagem defensiva por sua aptidão para o combate e Lucas Lima para atacar e apoiar, porquanto é muito mais técnico. 

O que você pensa em relação a essa teoria tática de Luxa, que, na prática vem dando tão certo a ponto de recuperar o "come e dorme" Lucas Lima? 

Em sua avaliação deve-se continuar chamado de "O estrategista", como o apelidou o saudoso Roberto Avallone? 

Ou como querem alguns ele está mais para curandeiro?

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