Observatório Alviverde

11/10/2010

O ESQUEMA DE FELIPÃO ESTÁ ACABANDO COM VALDÍVIA ( E COM KLÉBER)

Discordo de certas atitudes de Valdívia, sobretudo a rebeldia quando é substituído.
Entretanto, forçoso é admitir-se que Felipão está prejudicando demais o desenvolvimento do chileno em sua nova fase brasileira com a camisa do Palmeiras.  

Senão, vejamos.

Como é que o técnico pode exagerar tanto na exigência de que Valdívia (e Kléber) marque a saída de bola do adversário e ainda ajude constantemente o combate no meio de campo, se o Palmeiras já tem, devidamente plantados, quatro volantes-de-contenção, "experts" nesse mister?

Uma coisa é pedir para que Valdívia (e Kléber) procure, uma vez ou outra, cercar o adversário. Outra coisa é exigir que Valdívia (e Kléber) corra atrás de zagueiros, inutilmente, infrutiferamente, na saída de bola do adversário.

Em determinados jogos, como aquele decisivo contra o Vitória, no próximo em Sucre, justifica-se a exigência,  pela  razão  lógica da necessidade premente de vitória. e da necessidade absoluta de ganhar para sobreviver em uma competição.  È questão de vida ou morte!

Sei, perfeitamente, que todos os jogos são importantes, mas a cobrança de marcação total a Valdívia (e Kléber) em todos os jogos dos quais participam, é estúpida, cruel, desumana e irracional, pois exaure os dois melhores atacantes da equipe, retira a força ofensiva do time e esteriliza o nosso ataque.                                                                                                                                                                                                                     Cobrar e exigir que Valdívia (e Kléber) chegue ao extremo da exaustão e do próprio limite físico, em jogos do Campeonato Brasileiro, é uma tolice tática a ser evitada, principalmente em campeonatos de pontos corridos em que as vitórias valem três pontos e os empates não se constituem em bons resultados. Será que Felipão nunca ouviu falar nos sistemas de marcação por zona ou, até, meia pressão?.                                  

O Brasileirão é o campeonato mais difícil do planeta, na medida exata do equilíbrio de tantas equipes de grande qualidade, da ineficiência de um calendário exótico, burro, político que interessa só à CBF.

Ademais, segue monitorado e dirigido externamente por outra entidade perversa, que pouco se importa com as necessidades dos clubes, simplesmente porque paga a conta. É  a CBTV, (TV Globo, com a força de uma confederação) que manipula datas e horários ao bel-prazer de sua grade de programação e de seus interesses de audiência e IBOPE.

Tudo isso foi dito para sublinhar que o desgaste da boleirada num campeonato dessa magnitude é enorme e que não é aconselhavel, no turbilhão dessa disputa, queimar-se um jogador do custo e da qualidade de Valdívia (e de Kléber).                                                                                                                                                                                                                                                                Some-se a isso a seqüencia de jogos desgastantes, as viagens de dimensões continentais e o espaço de tempo por demais exíguo para a recuperação dos jogadores.

Indiferente a tudo isso, Felipão vai sugando até o último hausto da energia de Valdívia (e de Kléber), um jogador franzino, de pouco físico, de baixo peso e de menor resistência e tolerância ao jogo de atrito.

Isso, sem contarmos que o chileno (e Kléber) sofre caçada implacável neste brasileirão. Há muito zagueiro botinudo e invejoso,  louco para encerrar precocemente a carreira de Valdívia (e a de Kléber, naturalmente),ou tirá-lo(s) por um largo período dos gramados.                                                                                                                                                                                                                                              
A imprensa, a maior parte dela, em vez de condenar tudo o que vêm ocorrendo, inventa uma série de atributos negativos a partir de atitudes de somenos importância do chileno, chamando-o de "cai-cai", de manhoso, de reclamão, de ator, tudo com o fito exclusivo de desmerecer o jogador, minimizando-lhe a importância e a condição de craque.

Estou escrevendo sobre Valdívia mas notem que sempre coloco, entre parêntesis,  Kléber, cujo caso é análogo ao do chileno, com pequenas diferenças.                                    

Kléber também apanha o jogo inteiro. Os beques descem-lhe a borduna o tempo todo, mas os oportunistas e incompetentes Neto(s), Arnaldo(s) César(s) Coelho(s) e a cronistada toda que torce contra o Palmeiras, nada falam na TV.                                                                                                                                                                                                                   
Ficam ardilosamente à espreita, na expectativa de que Valdívia reclame com o árbitro ou que Kléber  reaja com um tapa ou cotovelada contra os zagueiros truculentos que o marcam.

Aí entram em ação e começam a preparar os jogadores para mais um simulacro de julgamendo no faccioso tribunaleco de exceção carioca, também conhecido como STJD. Domingo, contra o Botafogo, foi assim.                                              
E depois dizem que a imprensa não marca gols e não apita os jogos... Faz muito pior, ajuda a decidir não apenas os jogos, mas os próprios campeonatos.

Voltemos a Felipão:
Nosso treinador precisa, urgentemente, refletir sobre a sua forma de jogar e reciclá-la.

Os que lêem este espaço com habitualidade, sabem, perfeitamente que, diante das limitações flagrantes de nosso elenco, eu nunca me insurgi contra esse esboço de time com quatro volantes, mais defensivo do que ofensivo.

Entretanto, sou contra, sim, o isolacionismo a que estão sujeitos Valdívia e Kléber, presos à camisa-de-força da imposição por marcar, função que eles não conhecem e nem podem exercer.

Nas raras vezes em que a bola chega a esses dois jogadores eles estão, invariavelmente, cansados e sem a menor condição ou disposição física de atacar e de tentar a feitura de gols.

É preciso, urgentemente, que fiquem livre dessa obrigação e que possam estar descansados quando partirem em direção ao gol adversário.  
  
No atual esquema de Scolari, nem os laterais, talhados e treinados para a dupla função fundista-velocista, se cansam mais do que nossos atacantes. Valdívia e Kléber correm continuamente e sem descanso para cercar o adversário o tempo todo e em 90% das vezes para missões de desarme que, além de impossíveis, não têm a menor importância no contexto dos jogos .

Enquanto isso o nosso ataque não realiza o suficiente para que possamos, ao menos,  fazer os gols de que precisamos para alcançarmos as vitórias.
Até quando Valdívia (e Kléber) vai (vão) ficar preso(s) a essa absurda e estapafúrdia exigência?

Quando é que vamos ter um ataque demolidor, à altura de nossas maiores e melhores tradições?

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