Observatório Alviverde

12/05/2014

O FIM DO TIME DOS COMPADRES!



 
Cá pra nóis, cê num tava certo, cumpade Girso!

Se mudanças houve no Palmeiras, após o folgado 2 x 0 sobre o bom time do Goiás, restringiram-se, por enquanto, de maneira  exclusiva, a alguns aspectos paralelos, definidos como raça, espírito de luta, força de vontade,  empenho, e, principalmente, superação! 

Do ponto de vista técnico o time foi, e, -ainda- continua o mesmo, embora com cara mais alegre e muito mais motivado, ao menos em minha opinião, mas já é um bom começo pois veio acompanhado pela obtenção de três pontos, importantíssimos.

Os erros de Kleina, primaríssimos, eram tão evidentes e  visíveis, que o novo técnico de plantão, ainda que pouco experiente e vivido, nem teve dificuldades para ajustar uma nova formação que, logo em primeira análise, se antecipava muito mais eficiente e eficaz do que todas aquelas engendradas pelo treinador demitido. 

Para não falar mais no assunto, ressalto que o compadrio, isto é o favoritismo e a amizade de Kleina em relação a alguns jogadores mais próximos e de sua confiança, foi o fator que o impediu de montar e organizar um time competitivo e consoante com a grandeza do Palmeiras.

Embora franco e direto, não sou adepto das chamadas críticas demolidoras, tipo bomba arrasa-quarteirão e, na saída de Kleina,  quero deixar claro o meu apreço pelo treinador, a quem cheguei a admitir e a reivindicar, à véspera de sua saída, uma derradeira oportunidade.

Não, não vou proceder como tantos, para os quais um profissional ou é o maior do mundo, ou, como gostam de dizer alguns de nossos torcedores em linguagem grosseira, uma bosta! 

Qualquer treinador, seja ele quem for, tem e terá seus defeitos, mas, terá, certamente, as suas virtudes, posto que ninguém chega a um clube da grandeza do Palmeiras, se não tiver um mínimo de capacidade! Kleina não é uma exceção!

Que ele errou muito, errou, mas, forçoso é reconhecer, também, que Kleina teve os seus méritos. 

Além de voltar o time para a primeira divisão (não imaginem que seja uma tarefa tão fácil) ajudou muito o Palmeiras, principalmente na formação e na manutenção de um ambiente sadio e positivo dentro do elenco, cujas crises passaram a ser, não as disciplinares, mas, as essencialmente de resultados!

Em razão disso, reconheço, e, por dever de justiça, todos, também, reconheçam, Kleina conhece a matéria e da matéria, embora tenha se perdido, completamente, tragado pelo ambiente inóspito do gigantismo de um clube, histórica e costumeiramente,  pra lá de problemático, que ele não estava preparado para decifrar, encarar, superar e, vencer.

Além de sua fleuma e simpatia, fatores -teoricamente- úteis, muito favoráveis, Kleina cometeu um equívoco, o de tentar se defrontar com tudo isso, lastrado e alicerçado no compadrio, isto é, nas amizades que ele trouxe, e, nas que conseguiu estabelecer ao longo de sua permanência no clube.

Foi aí que ele errou, não bastasse a influência de sua personalidade e postura demasiadamente cordatas, débeis e, às vezes, até, pusilânime, assumindo sempre a política das concessões e das indefinições para poder se impor e reinar sem maiores contestações.

Digo isso porque o que mais interferiu e contribuiu para a derrocada dele no Palmeiras, foi a insistente manutenção de peças que, se via claramente, não estavam correspondendo e nem dando certo, mas que eram mantidas, obstinadamente, na equipe de forma absolutamente inexplicável.

Juninho, sem qualquer dúvida, é o maior exemplo! 

Jogador razoável, de qualidade técnica insuficiente para que se constituísse em titular absoluto, imexível e intocável, a julgarmos pelo contexto global de suas atuações desde sua contratação, foi mantido teimosamente durante toda a gestão de Kleina, não se sabe porquê e nem a título de que, haja vista que o time sempre dispôs de opções na posição. 

Eu o definiria como um meia-boca, isto é, um jogador que não se destaca nem para defender e nem para atacar. Sem extremar na análise, quero deixar claro que serve para compor o elenco e brigar pela vaga! Jamais como peça importante e principal jogador como pretendia Kleina!
 
Juninho ganhou essa condição de dono de posição, desde que o Vasco, há um ano e meio atrás, manifestou interesse em contratá-lo. Kleina fez de tudo para impedir a transação, até conseguir. 

Sou convicto de que à época, Kleina tenha assumido algum compromisso pessoal com Juninho, para que o atleta disputasse a segunda divisão pelo Verdão e abandonasse a disposição inicial de transferir-se para o time cruzmaltino!

Observe-se que, de lá para cá, mesmo em fases ruins, ridículas, comprometedoras e, até, de pouca produtividade, ele nunca mais deixou de ser escalado! O time em campo, era, sempre, Juninho e mais dez.

É bem verdade que William Matheus, na única oportunidade que teve como titular, sentiu o peso da camisa, esteve muito mal e acabou sendo o responsável direto por um gol sofrido, no jogo que marcou a primeira derrota palmeirense em 2014 para o Botafogo em Ribeirão Preto, em falha grotesca pelo seu setor.

Depois disso, voltou a ter uma chance real, apenas no último sábado, contra o Goiás, quando revelou-se (quem não sabia que iria ocorrer? Só Kleina!) muito mais efetivo do que o protegido do antigo treinador. 

O Palmeiras, como de há muito não ocorria, passou a jogar ocupando o lado esquerdo de campo o que Juninho nunca conseguiu e nem consegue fazer já que adora afunilar e atuar pelo meio como um meia armador! Só Kleina nunca enxergou!

É um fenômeno bastante parecido com aquele que envolveu Vinicius que, durante os três últimos anos, apesar de sua flagrante  ineficiência técnica, permaneceu no elenco e  impediu que o Palmeiras dispusesse de um atacante de melhor qualidade e experiência para fortalecer o ataque. 

Vinicius também atuava sempre pela esquerda, marcando as subidas dos laterais, mas quando atacava não caia pela ponta esquerda onde sabe atuar melhor e ocupava, invariavelmente, o espaço da meia para o centro e embolava o jogo, como se não bastasse o seu precaríssimo poder de improvisação!

O que dizer da insistência obstinada pela escalação do limitado Josimar como cabeça de área, anos luz atrás, até, de Márcio Araújo, aquele que a torcida pegou para Cristo, açoitando-o, condenando-o e, ao final, crucificando-o, para que ressuscitasse "gloriosamente" vestindo a camisa do Flamengo.

Araújo pagou, sozinho, pelos pecados do velhote Assunção (que saiu muito tarde do Palmeiras), pela cabeça-dura de Felipão, pelas noitadas e irresponsabilidades de tantos colegas que deixavam, exclusivamente, para ele, a função de marcar, de cobrir, de correr atrás de atacantes e, enfim, por todas as mazelas decorrentes do time. 

Interessante que ninguém reconhece o imenso valor de Araújo na volta do Palmeiras à primeira divisão, quando ele se constituiu no jogador mais regular da equipe durante todo o decorrer da competição! É i-m-p-r-e-s-s-i-o-n-a-n-t-e!

Não, não estou enaltecendo Araújo e colocando-o na condição nem de um jogador diferenciado ou de craque, que ele nunca foi, não é, e, jamais, será! Quem não sabe que Araújo é, apenas, um jogador de grupo, operário, batalhador, corredor, às vezes necessário em uma equipe. 

Eu havia prometido não voltar ao tema Araújo, mas, aproveitando  para fazer justiça a um atleta extremamente dedicado, quero compará-lo, a "Josimar Kleina" e  aos que ficaram e continuam fazendo parte do atual elenco do Palmeiras.

Ninguém joga mais do que Araújo, nem o esforçado (palavra que soa sempre como incompetência) Josimar ou o  festejado Eguren, ariano, louro, claro, elegante, estrangeiro, bonito, justamente do jeito que a nossa torcida tanto gosta! Vá katakokinho! 

Renatinho, de outra característica, sim, é um jogador mais técnico que pode -certamente vai- superar Araújo com folga. 

Eguren (fraquíssimo, previsível, contratação equivocada) e Josimar (pelo que mostrou em muitos jogos) são jogadores muito abaixo das exigências de um clube de nomeada como a SE Palmeiras. Se Araújo, superior a ambos, não servia, imaginem, eles!

O que vale dizer neste momento, é que Josimar conseguia ser pior -muito pior- do que Márcio Araújo, mas era mantido no time em face de Kleina esperar que seu protegido se firmasse, pois o havia indicado. 

Quero deixar claro que, ao menos pelo que Josimar mostrou até agora, se não chegar um treinador que consiga retirar água ou leite de pedra, esta será uma contratação inócua, legado de Kleina!

Não foi difícil para que Valentim concluísse que o erro palmar de Kleina, exigia a devida correção! 

Ao contrário do temeroso (ou seria cioso?) antecessor, que mantinha em campo improdutivos protegidos, ele ousou e escalou um jogador de tanto fôlego quanto Josimar, mas de condição técnica superior, Renatinho, que, ironicamente, ninguém, senão Kleina, houvera lançado!

Gostei muito da inclusão de Diogo, mescla de atacante e defensor, porém um jogador muito mais compacto, lúcido, criativo e cerebral em relação a todos que atuaram na posição. 

Além de exercer severa marcação sobre o lateral esquerdo Lima, a ponto de anulá-lo, ofensivamente, ajudou a articular boas jogadas ofensivas pelo lado direito do time. 

Creio que Kleina não o colocava no time por imaginar que Diogo não daria conta de acompanhar o lateral, já que, vale a pena repetir, privilegiou, em noventa e nove por cento dos jogos, o comportamento defensivo!

Por ter visto o jogo, enxergado os problemas, corrigido os erros de Kleina e por ter, -parece- acabado com o compadrio que arrebentava o Palmeiras, sou favorável a que Alberto Valentim vá cumprindo os jogos na medida do possível e, quem sabe, possamos revelar um novo treinador, na medida certa de nossas necessidades.

Normalmente eu teria recomendado a contratação imediata de outro profissional - o bom-senso e a lógica recomendam- mas, quando me lembro o que ocorreu com o Palmeiras em 2009, na dispensa de Luxa em razão dos humores e da vaidade de Belluzzo e a interrupção do trabalho do interino Jorginho, eu penso duas vezes e concluo que devemos esperar.

Espero que a médio prazo, o novo treinador, caso permaneça no cargo, defina um time base e demarque as posições de Wendell e, principalmente, de Marcelo Oliveira.

Da mesma maneira, assim como escalou o jovem Chico, que Alberto Valentim possa, também, reabilitar Patrick Vieira e Luís Felipe, jogadores de muito futuro, porém, quase queimados!

Que ele, enfim, proporcione as chances que Kleina jamais proporcionou ao garoto Rodolfo, que, até agora, não passa de um jogador, apenas, bem recomendado!

Menos mal que, parece, conseguimos por um termo ao time de compadres de Kleina que, certamente, deixará poucas lembranças e nenhuma saudade!

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