Observatório Alviverde

25/02/2014

O PERIGO DA RADICALIZAÇÃO!


 

Críticas pontuais, sempre, ainda que sejam fortes! Ajudam!

Campanhas sistemáticas, nunca, nem as subliminares! Destroem!

Esse é o pressuposto da minha relação de articulista-torcedor com o Palmeiras.
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Domingo fizemos um jogo ruim contra o Bota em Ribeirão e perdemos a nossa invencibilidade. 

Culpa do time, culpa maior de Kleina por tudo o que já expusemos neste espaço.

Fique claro, porém, que entre a crítica forte de ontem e o início de uma campanha pela saída do treinador, está longe de acontecer e nos separa disto quilométrica distância!

Kleina, aliás, de há muito está marcado e execrado por boa parte da torcida, sendo candidato sério a "próxima vítima"! 
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 Entra ano sai ano e a nossa torcida não aprende, -pelo amor, pela dor, nem mesmo através do amargo caminho das derrotas e da humilhação-, que não se deve depreciar o que é nosso, seja o nosso patrimônio, o elenco, o técnico e os jogadores.

Entretanto, o que se observa é que a grande parte dos palmeirenses vive em campanha contra tudo isso e fornece o combustível para que a banda podre ou fanática da mídia repercuta insatisfações e crises e ateie fogo em nossas aspirações, ano a ano.
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O radicalismo tem sido e continua sendo a marca registrada de nossa torcida, flagrantemente maniqueísta,  para a qual não existe meio-termo, mas, simplesmente, dois extremos bem claros: a consagração ou a mediocridade.

Já diziam os anitigos -tenho um tio em Pederneiras, de 93 anos, forte e lúcido, palmeirense, que me ensinou e repete, sempre esta frase- "no meio é que está a virtude"!
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Em minha longa vivência e acompanhamento do futebol desde os anos 50s, só conheci, até hoje, um único time formado, exclusivamente por craques: a primeira Academia do Palmeiras! 

Foi o maior conglomerado de craques que vi em um time de futebol em todos os tempos. 

Nem a Seleção Brasileira de 70 -a melhor entre todas já formadas- teve tanta fartura de craques quanto a primeira academia do Palmeiras, o único clube que teve a honra de representar o Brasil e vestir a camisa amarelinha do Brasil. Senão, vejamos:

Valdir, pouco mais de 1,70m, mas um craque do gol...
Djalma Santos, o maior lateral do mundo em 58 e o melhor de todos os tempos no Brasil...
Djalma Dias, o zagueiro mais técnico que vi atuar...
Aldemar o único que marcava Pelé sem violência e conseguia, na maioria das vezes, contê-lo... 
Geraldo Scoto, o melhor marcador de Garrincha, que também não fazia uso de violência para marcá-lo...
Zequinha, craque pernambucano que envelheceu no Palmeiras, a melhor saída de bola de seu tempo... 
Chinesinho, para mim, melhor do que Ademir da Guia...
Ademir, considerado o maior de todos, que aprendeu tanto com o gaúcho Chinesinho, a quem sucedeu...
Julinho, o único ponta que colocou Garrincha no banco,  muito melhor que Garrincha...
Vavá, e Ademar Pantera eram craques dentro da área, fenomenais artilheiros...
Germano, emérito driblador, que só não disputou uma copa porque foi vendido para a Itália...

Claro está que esqueci -é natural- de outros nomes, que você, que viveu ou ouviu falar daqueles tempos, por certo, lembrará e constatará.
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Transposto, agora, esse pensamento para o paupérrimo futebol de hoje, observa-se o seguinte:
Já não se forma mais tantos atletas e, por conseguinte, não existe mais o suficiente abastecimento de craques ou de jogadores promissores, -só de medianos-, 

Claro está que não há mais como formar equipes da estatura de nossas primeira, (década de 60), segunda (década de 70) ou da terceira (década de 90, com Luxa). Nem com muito dinheiro!

Com a rotatividade provocada pela Lei Pelé -os jogadores brasileiros já não têm indentificação nenhuma com os times que defendem-.

Com o marketing exagerado que a mídia promove em prol de alguns times europeus, nossos jogadores que, outrora, viam em Palmeiras, CU-ríntia, Bambis, Santos, Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense o ápice da carreira, agora usam essas equipes apenas como trampolim para saltar sobre o oceano e defender camisas que podem ser iguais, mas não são ou serão, nunca, mais fortes do que as nossas.
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Projetando as consequências dessa globalização desenfreada -que tanto empobrece o futebol brasileiro-, em relação ao Palmeiras, fica claro porque não se consegue ter mais times como antigamente, na medida com que exige a nossa torcida. É preciso paciência!

O destino dos poucos medianos que forma o futebol brasileiro e de um ou outro Neymar que, como um cometa, surge de tempos em tempos é sempre o exterior e não há, mais,  como formar times fortes como se formava antigamente.

Em razão disso, somos obrigados a conviver em uma era na qual o clube que puder conseguir jogadores medianos, porém disciplinados, vontadosos e aplicados, pode formar um time de razoável qualidade capaz de buscar os títulos, como o CU-ríntia de Tite!.

Para isso são necessárias duas coisas muito importantes, sendo uma da responsabilidade da diretoria e outra da torcida.

À diretoria cabe contratar jogadores, jovens, preferentemente de excepcionalidades físicas, pois o futebol essencialmente de atrito e objetivamente feio que se pratica no Brasil, exige times de privilegiada força física. O "Bafogo" mostrou isso, domingo passado em Ribeirão!

Já a torcida tem de aprender a ler e compreender o momento atual do futebol, e parar de implicar com Kleina, com Mazinho, com William Matheus, com Juninho ou quem quer que seja.
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A massa não pode e nem deve agir da forma como agiu com Márcio Araújo, que, domingo em Ribeirão -você que lê seja humilde e admita-  fez  falta. 

O radicalismo da torcida em relação a Araújo era tão grande que, mesmo sem terem, jamais, visto Eguren em ação, os nossos torcedores pediam-lhe a entrada no time e diziam que ele era muito melhor que Araújo! Ficou provado que não é! 

E agora, vão crucificar, também, Eguren e fazer dele um novo "cristo"?
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É preciso comedimento e ponderação na análise do time. Muito! 

Continuar, por exemplo, criticando Gilson Kleina - que perdeu a primeira este ano só domingo passado- além de ser uma tremenda injustiça, não é procedimento de alguém inteligente

Tirar Kleina -honesto, correto, trabalhador, conhecedor, dedicado, honrado, dono da melhor campanha do Paulistão- a esta altura da competição?

Tirá-lo para colocar quem: Felipão? 

Para colocar um conhecido e jogador de baralho que só quer saber, hoje em dia, de comprar e vender jogador? 

Colocar novamente Celso Roth, que está desempregado?

Buscar Cuca a preço de ouro no exterior?

Tentar, também com outro inexperiente, Vagner Mancini, cuja saída do Atlético Paranaense até hoje não foi bem explicada?
 
Mais do que isso, contratar técnico quando o seu time lidera uma competição tendo perdido um único jogo?
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Procurar sarna para se coçar quando se avizinha a fase final de um certame para o qual o Palmeiras já está, virtualmente, classificado em primeiro lugar é mais -muito, muito, muito mais-. do que uma burrice, uma i-r-r-e-s-p-o-n-s-a-b-i-l-i-d-a-d-e!

Quem deseja o Palmeiras campeão, tem de parar, agora mesmo, com a radicalização!

O time, neste instante, precisa de apôio para recobrar o ânimo, restaurar a moral e partir, inteiro, para a disputa do título.

Kleina, que recebeu tantas críticas de domingo a hoje, necessita de um pouco de paz para refletir sobre elas, absorvendo as positivas e refutando as negativas.

Pensem que a radicalização é perigosa e que as críticas desse teor deverão ser feitas assim que o Palmeiras houver cessado a sua participação neste Paulistão!

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