Observatório Alviverde

03/06/2010

PALMEIRAS, UM CLUBE DE FUTEBOL PROFISSIONAL, DIRIGIDO POR AMADORES!

Não vou dizer que a derrota para o Flamengo não foi doída. Foi, sim, muito! Mas quem não esperava? Talvez o Cipullo, o Belluzzo e mais meia dúzia de três ou quatro.

Na verdade, a derrota já se tornou uma constante na vida do Palmeiras, incorporando-se ao nosso quotidiano de torcedor-sofredor, definitivamente,  e não há mais a quem se possa recorrer, seja da situação ou da oposição.

Quem quer que tenha exercido a presidência do clube nos últimos anos, mostrou absoluta incapacidade de gestão desse autêntico Airbus chamado Palmeiras, pilotado por reles pilotos de teco-tecos e ultraleves.

Portanto não venham o Sr. Mustafá e os seus áulicos, oportunisticamente, como vêm fazendo, criticar Belluzzo tanto quanto já criticaram Delamônica e falar em sucateamento financeiro da atual gestão, quando ele próprio detonou o processo de nossa decadência e sucateou o que tínhamos de mais valor, as nossas glórias, as nossas conquistas e a nossa dignidade.

Do ponto de vista político, a facção política da situação, leia-se Belluzo e seus apoiadores, é a oposição de ontem, leia-se Mustafá e sua turma. Mas quem não sabe que a nova oposição de Mustafá voltará a ser, novamente, situação amanhã, no círculo vicioso do poder que toma conta de um clube, o único no mundo, aliás, que valoriza mais um time de bocha ou um grupo de dança do que a razão de ser da sua própria existência, o futebol.

Nossos ancestrais jamais poderiam imaginar que a extraordinária obra que edificaram fosse terminar assim, melancolicamente, de forma absolutamente ridícula e grotesca, para que não se diga surreal, entregue, hoje, a um grupo de homens muito bem intencionados, reconheço, mas de um primarismo e de um amadorismo enervantes para quem os observa de fora e os vê incorrendo em erros crassos, primários e infantis.

A gestão Belluzzo-Cipullo está sendo um desastre, do ponto de vista do futebol profissional. Sob o aspecto prático, muito mais por causa de Cipullo, um profundo desconhecedor de futebol. Sob o aspecto administrativo, quem diria, por causa do próprio Belluzzo, um economista sem visão administrativa a julgar pelo que vem fazendo, pois coloca a amizade com Cipullo e a conveniência política, muito acima de seu cargo de presidente e dos próprios interesses do clube.

Quem não sabe que um diretor de futebol absolutamente inexpressivo, sem proximidade e ascendência em relação ao grupo, de decisões precipitadas, sem capacidade para administrar crises, perdedor, vaidosíssimo, há três anos no cargo sem demonstrar capacitação para exercê-lo, tem de ser substituído?

Quem desconhece que um diretor de futebol que já provou, por a + b,  ser um apedêuta na matéria, que vive às voltas com dispensa de jogadores e treinadores,  que não tem calma e equilíbrio para administrar com coerência mesmo as banais brigas de grupo, que age sempre precipitadamente em função de vaidades pessoais e de uma imensa necessidade de afirmação, fazendo recrudescer as crises no clube, tem de ser defenestrado de um cargo de tamanha importância?

Como é que um diretor de futebol não enxerga as visíveis limitações ofensivas de um time que precisa de bons atacantes desde o ano passado? Será que desconhece que se o time não fizer gols não vai ganhar de ninguém? 

Por que só ele não enxerga ou desconhece que qualquer time que queira ser forte tem de ter, minimamente, acima de quatro canhotos no elenco e, de preferência, um grande armador nessas condições? Por que insiste tanto em buscar jogadores na Europa, quando a própria Europa vem buscar jogadores no Brasil?

Qual o interesse que existe em pagar somas elevadas calculadas em dólares ou Euros, para as liberações de jogadores que já não são mais os mesmos e deixaram a categoria e condição física no velho continente? Ou alguém acha que se Lincoln e Ewerthon fossem ainda jogadores de primeira linha teriam retornado ao Brasil?

Por que essa insistência com veteranos ou semi-veteranos, repetindo-se indefinidamente o recorremte erro da contratação de jogadores baixos e sem capacidade física adequada para as divididas? Jogadores que chegam sempre fora de forma e ficam meses em recuperação às expensas do clube? E os que são contratados com contusões e que ficam em tratamento até se recuperar?

Por que temos sempre o time mais fraco sob o ponto de vista físico e sempre o de menor média de estatura?

Por que entre o jogador alto, forte, raçudo, que corre o tempo todos e o baixote enfeitador, preguiçoso, contratamos sempre o último?

É para gritar Olé em nossas sempre míseras e magras vitórias por 1 x 0 ou 2 x 1, já que não existe no Palmeiras, como existe no Santos, a cultura de atacar sempre e fazer mais gols?

Por que o diretor de futebol não combate a economia de gols que já nos tirou de tantas competições? Será que não enxerga que o futebol mudou e que esse negócio de classe e jogar bonito formando academias é coisa do passado?

Por que em 90% das vezes, quando se tem de optar entre jogadores negros e brancos, optamos pelos últimos.

Sei que as coisas mudaram um pouco ultimamente, principalmente na atual gestão e fico feliz por isso. Mas quem se esquece que fomos ao Paraná Clube e trouxemos Cristian, Marcelo e Pierre, mas, coincidentemente não contratamos o melhor que o Paraná tinha a oferecer, o artilheiro Borges. Sei que isso foi em outra gestão mas serve para exemplificar como as coisas são tratadas há muito tempo no clube.

Poderíamos ficar aqui discorrendo sobre os erros e desmandos em um clube que tem a base mais cara do futebol paulista, mas que não aproveita um único jogador entre os tantos que revela.

Um clube que se dá ao luxo de manter um time nas divisões inferiores do futebol São Paulo mas que está impedido pelo regulamento da FPF de disputar a primeira divisão mesmo que ganhe as competições de acesso.  Se fosse um bom negócio nossos três maiores concorrentes teriam times nessas divisões.

Não pensem que as séries A3 e A2 são amadoras. São profissionais e custam muito caro ao Palmeiras.

Resultado: Gasta-se rios de dinheiro para não se aproveitar sequer um único jogador por temporada, onerando os cofres do clube e desviando-se ativos financeiros que poderiam ser aproveitados em contratações para reforçar o time principal. Milhões e milhões de reais, anualmente, têm como destino simplesmente o ralo. É o fim da picada!

A quem interessa a manutenção de um time nessas condições? Só se for, como vem acontecendo,  para revelar os Elias da vida para os gambás, ou os Wilsinhos para os bambis. E, depois, dizem que os dirigentes da Portuguesa é que são burros…

Não temos nada pessoal contra o diretor de futebol do Palmeiras, mas entendemos e ele próprio deveria ligar o desconfiômetro e compreender que o ciclo dele no clube já se encerrou. A continuidade de Cipullo só vai nos trazer mais contrariedade, desilusões e frustrações.

Agora que a porta arrombou ele quer trazer Kléber (dizem que já trouxe) um bom jogador mas que não vale a dinheirama nele investida e imobilizada. Não existe mais mercado para a revenda desse jogador. Vamos ficar com mais um mico em nossas mãos.

Nosso diretor de futebol também parece desconhecer que Kléber é um jogador que, pelas suas próprias características, joga mais para sí do que para o time. Ele não vai fazer nada sozinho em nosso ataque porque o nosso problema não se resume, apenas, à finalização e ao homem-gol. Depende também, muito mais,  de um jogador de preparação e esse jogador seria Valdívia. Kléber não é craque, Valdívia, sim.

Investir no chileno, aí eu concordo, pois seria um investimento com perspectivas de retorno na relação custo-benefício, à altura de nossas reais necessidades e com amplas perspectivas de uma revenda futura para o futebol europeu.

Ele fala, também, em buscar o grossíssimo Luís Farias que não consegue ser titular no Porto, desbancado por um ilustre desconhecido brasileiro chamado Hulk.

Para quem considera que o Palmeiras deveria pagar a caríssima liberação do argentino, até a bem pouco contundido, disseram que o contrato dele venceria agora em junho. Entretanti, a última informação do Porto revela e garante que é em junho, sim, mas de 2011. Se ele fosse mesmo o goleador que imaginam, estaria agora, ainda em 2010, tão precocemente, já em uma lista de dispensas?

E o que não dizer a respeito de Scolari? Se ele estiver apalavrado, tudo bem, vamos esperá-lo. Se não estiver, já não era tempo de nosso diretor de futebol estar trabalhando para contratar um novo comandante? Com Parraga, não dá. Todos já viram e sentiram que nosso caminho natural será o de lutar para não cair.

Abra os olhos, presidente Belluzzo. Não fique nessa de lealdade a amizades em prejuízo de nossa instituição. Precisamos de ações rápidas e decisivas, já. Ações que de há muito deveriam ter sido providenciadas e tomadas e, no entanto, não foram, gerando tanta crise e essa situação caótica em que vivemos.

O senhor, um intelectual e profundo conhecedor da história universal deve saber o que Brutus fez com Júlio César, seu pai de criação. Brutus traiu César para não trair Roma, muito mais importante do que César. O senhor não acha, também, que o Palmeiras é muito mais importante do que o seu fraquíssimo diretor de futebol?

Sugestão. Dê-lhe, grande palmeirense que é, um cargo honorífico com toda a pompa e circunstância, porque ele merece. Aplaudiremos em pé a iniciativa. Mas no trato dos assuntos do futebol, dê preferência aos que sabem mais e, principalmente, aos profissionais.

Aliás, presidente, um profissional como esse Maluf dispensado pelo presidente do Cruzeiro por mera vaidade e briga de egos, se encaixaria, perfeitamente, ao perfil de nosso clube, se ele se predispusesse a mudar de estado.

Que não se o repudie ou critique pelo nome, pois esse Maluf, ex-presidente do Valériodoce, ex diretor do Atlético e do próprio Cruzeiro, sabe onde estão os grandes negócios do futebol, dentro e fora do pais.

Detalhe Importante: Não o conheço pessoalmente!
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