Observatório Alviverde

05/04/2014

QUAL O MELHOR CAMINHO PARA NOBRE ? ACERTAR O TIME ANTES DO CLUBE? OU O CLUBE ANTES DO TIME?



 

Mesmo sem concordar com tudo o que faz ou com o que deixam de fazer Nobre e a  diretoria do Palmeiras, faço questão, absoluta, de reconhecer-lhes os méritos, fruto de um trabalho que, até agora, de um modo geral está sendo muito bom.

As marcas registradas da administração de Paulo Nobre têm sido a austeridade, a seriedade, a sobriedade e, principalmente, a indispensável contenção de despesas, contra a qual tantos se insurgem!

Entretanto eu lhes digo, sem receios de me equivocar, que as ações de Nobre, do ponto de vista empresarial e administrativo, são corretas e pertinentes, em face do endividamento monumental do clube nas gestões Beluzzo e Tirone, mediante gastos exorbitantes, nem sempre inteligentes, que levaram o clube à situação atual de dificuldades de gestão e descalabro financeiro!

Aqui, ninguém está fazendo política ou tentando assacar contra qualquer dos ex-presidentes, -quem não sabe que eles queriam o melhor para o futebol?- ressalvando que, ambos, tiveram dois diretores de futebol, que, pelo que mostraram, eram completamente despreparados para a função. Cegos não guiam cegos!

Lembremo-nos -sempre- que, apesar de sua incorrigível tendência aos investimentos mirabolantes (nem sempre os melhores) Beluzzo -ironicamente como fruto disto- deu-nos um estádio novo! 

Da mesma forma, seguindo a mesma linha filosófica do antecessor, como ignorar que Tirone levou o time ao título -ninguém pode tirar isso dele- da Copa do Brasil.

O rebaixamento, também sob Tirone, veio, um pouco menos por culpa dele e, muito mais, em função de múltiplos fatores.

O mais importante, sem qualquer dúvida, foi a perseguição implacável dos árbitros contra o Palmeiras.

Insuflados, justificados e estumados pela mídia (Arnaldo et caterva) operaram -sem anestesia- o time em campo, sem dó e nem piedade.

Outros fatores: a perda do atacante mais experiente do time, Barcos, cedido à Seleção Argentina; a contusão de vários jogadores ; a teimosia de Felipão em escalar os seus protegidos -nem sempre os melhores-; a perseguição das organizadas a vários atletas entre os quais MárcioAraújo e Valdívia, também foram fatores importantes!

Nenhum deles, porém, teve tanto impacto quanto a perda de Valdívia, arrebentado por sequentes contusões musculares, em razão da obstinação patológica de Scolari em obrigar um jogador de muito refinamento técnico, porém
fisicamente frágil, a marcar o tempo todo como se fosse ele um volante de contenção. Se fizer o mesmo na Seleção, ficaremos longe do título da Copa!

O corolário de tudo foi a contratação de um técnico educado, fino, daqueles a quem se chama de bonzinho, cordato, alegre, jovial, alto astral e gente boa, (Gilson Kleina), que só consegue trabalhar -razoavelmente- a longo prazo e com o elenco na mão.

Tirone só o procurou porque Kleina estava conseguindo manter a Ponte fora da zona do rebaixamento, acreditando que, mesmo sem conhecer o elenco, faria o mesmo no Palmeiras. Ledo engano!

Kleina -ficou provado- não era o técnico mais adequado para aquela missão e circunstância. Deu no que tinha de dar! Não digam que estou falando agora, porque cantei a pedra antes com todas as letras!

Resumo da ópera: Beluzo e Tirone fizeram o que poderiam fazer dentro de suas respectivas filosofias -completamente equivocadas- do investimento em jogadores de grife, a maioria veteranos.

Nobre, que, até agora. só ganhou o acesso, partiu para o único sistema de contratações viável em um futebol regido pela estúpida Lei Juca, digo, Lei Pelé, sabem qual é?

O investimento no bom e barato.(a torcida odeia o termo, mas é uma realidade). Eu diria, acrescentando mais uma palavra: bom, barato e novo!

Entretanto, quando me dou conta da pouco recomendada contratação do veterano Lúcio, fico pensando se o investimento em jogadores jovens, bons e baratos revelados pelos times do interior ou naqueles egressos da base, constitui-se, de fato em uma filosofia de Nobre, ou se só acontece -sazonalmente- em função da carência financeira por que passa o clube? Boa pergunta, mas só o presidente pode respondê-la.

De qualquer forma, o julgamento da administração de Nobre terá de ser feito -sempre- pelo que ele realizou e realiza, não por hipóteses do que ele, de fato, gostaria de realizar ou não, em termos de contratações.

Só posso dizer que me agrada -muito- o Palmeiras deixar de contratar os velhotes que só servem para enganar em campo, tornar o time lento e sem capacidade competitiva, além de arruinar as finanças do clube.

Agrada-me, muito mais o investimento em jovens que dão "push", isto é, pegada ao time, tornando-o competitivo, que trabalham mediante salários compatíveis com realidade, (não com a realeza), e, que ainda permitem ao clube, quando os negocia, receber um belo troco por eles, na hora da saída.

2014, o ano que vivemos, é um ano atípico, no qual os grandes anunciantes estão com todo o interesse de marketing voltado -exclusivamente- para a Copa que será realizada em nosso país.

Esse aspecto explica e, de certo modo, justifica a ausência, ao menos até agora, de chamado patrocinador master, que, ao final de tudo e pelo bater das asas do periquito, deverá, efetivamente, ser a CaixaEconômicaFederal!


O objetivo mais racional -e nobre- de Nobre, neste momento, é a regularização completa da razão social "Sociedade Esportiva Palmeiras".


Isso é, absolutamente, necessário para que o clube se reorganize, se legalize e se acerte junto ao governo e ao fisco, com a imediata e simultânea recuperação da saúde financeira e do prestígio da firma, diante dos fornecedores e dos concorrentes.

Tudo isso -é claro- visando à perspectiva de poder vir a fazer tudo aquilo o que uma empresa legalmente constituída, pode realizar no mercado em que atua, em consonância com os seus objetivos, também comerciais.

O Palmeiras, de há muito operando no vermelho, tem a obrigação de regularizar -urgentemente- a sua contabilidade e providenciar obter, de imediato, a necessária CND (certidão negativa de débitos) sem a qual estará -sempre- engessado e sepulto, longe dos grandes negócios, e sem poder se expandir.

Se isso não vier a ocorrer de forma rápida, o Pameiras continuará amargando e contabilizando os prejuízos decorrentes da ausência das receitas oferecidas pela Caixa ou por quaisquer outros órgãos dos governos (municipal, estadual e federal) vitais para o clube nestes tempos de vacas pouco ou nada obesas.

No que respeita a contratações, com as últimas ações perpetradas, a diretoria palmeirense, este ano, reconheça-se, já ultrapassou os investimentos de todos os seus maiores adversários.

Se não os superou, do ponto de vista do montante financeiro investido -particularmente creio que sim-, os superou do ponto de vista quantitativo. Nenhum clube, entre os grandes paulistas, contratou, este ano, mais do que o Palmeiras e, pelo jeito, nem irá contratar.

Diga Kleina o que disser, dê a desculpa que quiser, mas no que se refere aos jogadores contratados, a quase todos ele indicou e -no mínimo- a todos avalizou ele não pode reclamar. Nada! Ainda bem que não reclamou! 

Dos jogadores que indicou, alguns não vieram entre os quais Moreira (do Libertad do Paraguai) e Rildo (da Ponte) que foi para o Santos. 


Os demais aportaram ao clube pela porta de sua aprovação! O último foi Josimar que, até agora, não aconteceu e, pelo que estou sentido tem poucas possibilidades de acontecer! Tomara que eu erre!

Tudo se compreende e para tudo, neste mundo, tem-se argumentos prós ou contras, mas o que não dá para aceitar e deglutir é que com tantas contratações e aquisições, o Palmeiras não tenha, às vésperas do início do Brasileiro, nenhum lateral de ofício pela direita e nem atacantes competentes ou suficientes para suprir as ausências de Kardec ou as carências técnicas de Leandro!

Assim como Paulo Nobre -que já emprestou 80 milhões ao clube- luta pela regularização da escrita e das contas do clube, do qual emana, vive e se sustenta legalmente o time, Nobre tem de entender, também, por outro lado, que, hoje, o time sustenta financeiramente o clube.

Nessa estranha dicotomia simbiótica de mútua sustentação e sobrevivência, necessário se torna que - nem tanto ao mar, nem tanto à terra - Nobre saiba distinguir, administrar e determinar prioridades.

Estivesse eu em seu lugar, partiria para uma reforma imediata de elenco, mantendo a base titular!

Ainda que diminuísse o número de jogadores,(atualmente elevado, são 34), o Palmeiras deveria se livrar de um punhado de atletas tecnicamente limitados, que só representam números em campo e na folha de pagamento, verdadeiros fardos que o clube fica obrigado a carregar de temporada a temporada!

É preciso que o Palmeiras procure, o mais rapidamente possível, preencher os lugares dos negociáveis e dos negociados com jogadores mais competentes adquiridos junto a outros clubes e, ao mesmo tempo tentar adaptar e experimentar a garotada da base.

Se Nobre assim o fizesse, racionalizando dispensas e contratações, ao mesmo tempo em que reforçaria o elenco em seus pontos e posições vulneráveis, poderia continuar, paralelamente, a sua batalha na esfera contábil, visando a tirar o time do vermelho, com a vantagem de não ter de aumentar as despesas.

Ainda que se conceda um novo mandato a Nobre -espero que sim pois ele merece-, imagino que a regularização da escrita e os investimentos mais fortes no futebol só devem se iniciar a partir do momento em que o clube passar a contar com as rendas provenientes e decorrentes do funcionamento da Allianz Park Arena!  


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