Observatório Alviverde

23/03/2015

O SÃO BERNARDO NÃO FOI SANTO, MAS O CÃO NO CAMINHO DO PALMEIRAS!


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 São Bernardo 0 x 1 Palmeiras

O Palmeiras pensou em encontrar o santo, mas viu o cão, ontem, no ABC paulista!

Venceu, a duras penas, o modesto, mas aguerrido São Bernardo, que trocava de treinador, por um magérrimo 1 x 0, em noite de estádio cheio com público pagante de 11.560 pessoas.

Foi um jogo difícil e por muito pouco, o torcedor palmeirense, que ocupou 80% das dependências do Estádio 1º de maio, não voltou pra casa, mais uma vez, de braços dados com sua mais constante e fiel companheira dos últimos anos, a decepção!

O resultado, per si, define os rigores, a dureza do jogo e as enormes dificuldades enfrentadas pelo Verdão, um time (ainda) em constante e incessante formação, que já deixa no ar uma dúvida: cumprirá Oswaldo a promessa de entregar um time pronto e competitivo até o final do Paulistão?

Receio que não, a não ser que Valdívia retorne -urgentemente- ou que Cleiton Xavier entre logo no time e passe a  armar o jogo!

Entretanto, por mais paradoxal que possa soar ou parecer, caso esse armador chegue a tempo (principalmente Valdívia) e se entrose com o grupo (Xavier), como num passe de mágica, o Palmeiras passa a ser um dos favoritos ao título.

Precisamos, literalmente, soldar nossos compartimentos estanques, haja vista que o bom, porém desentrosado time de Oswaldo, é composto por três setores diferentes, independentes, seccionados e separados que, ainda,  não conseguiram se harmonizar.

A experiência de ontem, com Rafael Marques no meio de campo, foi válida, mas, apesar do empenho, da aplicação e, enfim, da boa atuação desse versátil jogador, ele não tem, sequer, cacoete de armador.

Sua participação melhorou o setor exclusivamente em termos de pegada e marcação, para o que valeu, muito, a sua excelente condição física, sua boa estatura e a exemplar aplicação desse atleta, contratado como atacante, mas, que, até agora, só foi escalado como meio-campista.

Considere-se, porém, antes de tudo, que, num campeonato do nível do Paulistão, a maior parte dos jogos é difícil, sobretudo quando os grandes clubes visitam os chamados menores.

Só a mídia, parte dela, em sua ânsia incontida de arremedar o futebol europeu, bosteja, ao proclamar que os times de menor investimento são extremamente fracos, o que, convenhamos não é verdade.

Inconsequentemente propugna pela extinção dos regionais, sem perceber que, com isso, ajuda a matar as raízes do futebol brasileiro, cujo repositório sempre conteve os campeonatos regionais e as rivalidades entre as principais cidades da hinterlândia nacional.

A verdade é que os clubes do interior, no Paulistão, exceção a um ou outro Marília sazonal deste 2015, são, quase todos, sempre, ossos duríssimos de roer e o fato de o Ituano ter sido campeão, ano passado, é o corolário do que afirmo.

Ontem, apesar da vitória, o time palmeirense, novamente, não jogou bem, mas há de se ressaltar que enfrentou um adversário forte e motivado. 

Desta vez, não dá nem para que se evoque ou se alegue o subjetivo placar moral, aquele, imaginário, que se cria para encaixar as situações de gol criadas e desperdiçadas de um jogo, contando-as como se gols houvessem sido.

Tomado dessa forma, o resultado mais justo, isto é, o placar moral de São Bernardo X Palmeiras teria sido um empate.

Esse argumento tem justa razão de ser, identificado e definido pela estupenda performance de um paredão chamado Fernado Prass, outra vez o melhor palmeirense em campo e o condestável de outro sofrido e suado triunfo alviverde.

Em que pesem as indiscutíveis qualidades de Prass, obrigo-me a uma critica pertinente ao nosso goleiro que não é perfeito, pois, além de não sair bem do gol e das áreas para o jogo com os pés, precisa corrigir, urgentemente, a reposição de bola! 

O jogo de ontem -eu não queria voltar ao assunto, mas obrigo-me a tal- refletiu, novamente,a quebra do entrosamento do time decorrente de poupar os titulares após o jogo na Bahia contra o Conquista pela Copa do Brasil, como se estivéssemos em fase final de temporada. Foi um tiro no pé!

Depois daquele jogo, ainda que mantendo a espinha dorsal escolhida e definida pelo técnico, o Palmeiras perdeu o seu jeito de jogar e nunca mais foi o mesmo! 

Não digam que tudo ocorreu por falta de aviso! Este OAV advertiu com a devida antecipação, mas Mattos fez ouvidos de mercador e optou por acatar os conselhos de alguns "doutores" da mídia.

E olhem que houve gente que afirmou, irresponsavelmente, na TV,  que o Palmeiras deveria, calculadamente, ganhar o jogo em Conquista pela diferença de um gol, com a finalidade de forçar um segundo jogo em Sampa e faturar outra grande renda!  É nessa gente que Mattos parece acreditar!

Apesar de tudo, o 1 x 0 de ontem serviu para que Oswaldo sentisse que acertou o miolo de zaga e que, neste momento, Tôbio tem, mesmo, é de esquentar o banco.

Os dois "vitores" se acertaram, se entrosaram e deram uma consistência poucas vezes vista, ao miolo de defesa.

Para tal, contaram com o auxílio imprescindível de nosso volante de contenção,  "anjo" Gabriel e de Arouca, embora este último mereça uma análise mais detida e pormenorizada, pois, neste instante, a exemplo de Tôbio, ele, também, não faz jús à titularidade, ao menos em meu critério de análise.

Em compensação, o time não anda nada bem nas laterais, tanto na direita quanto na esquerda, menos por deficiência de Lucas e Zé Roberto, mais por limitação.

Apesar do empenho e da dedicação de Lucas, ele está longe de constituir-se no lateral que tínhamos, no ano passado, João Pedro, que, a exemplo de Nathan, foi a Gibraltar, isto é, à Seleção Sub-20 e perdeu o lugar.

Apesar da imensa categoria de Zé Roberto, ficou provado que, a esta altura da carreira e da vida, ele não pode ser,  sob qualquer hipótese, um lateral. Com ele o setor esquerdo defensivo palmeirense, acabou se tornando uma avenida, pavimentada e iluminada.

Fosse a função de ala, uma função fixa, tudo bem, pois conhecimento da posição, presença, categoria individual e conhecimento dos atalhos do campo, tudo isso  Zé Roberto tem de sobra...

Entretanto, fique claro, ZR não tem pique para recompor o setor em velocidade compatível com as necessidades da posição. 

O Palmeiras perde, muito, por usar Zé Roberto nessa função, pois Oswaldo se obriga, sempre, a deslocar alguém para o trabalho de cobertura em seu setor. Como meia, apesar da lentidão, seria muito mais útil ao time, embora haja dúvidas de que ele possa ser titular!

Ontem, no 1º tempo, Cristaldo ajudou a marcar e guarnecer o espaço, ajudando o primeiro combate, e, no 2º, Robinho foi visto, várias vezes, por lá assessorando o companheiro. Se Oswaldo quer fazer de ZR um novo Seedorf, jamais conseguirá utilizando-o como ala!

Isso, em parte, também explica a falta de presença do ataque palmeirense, sem sintonia, com o tempo da bola e com a hora do arremate, na maior parte das bolas alçadas ou cruzadas em direção à área adversária.

Nessas ocasiões o Palmeiras tem, sempre, apenas um ou dois jogadores para tentar o arremate, circundados por quatro, cinco ou mais adversários haja vista que aqueles que deveriam chegar obedecem o comando de marcação.

Arouca merece um capítulo à parte! Embora tenha capacidade técnica de sobejo para a titularidade, está acometido de falta de ritmo de jogo, carecendo de
entrosamento com os companheiros, e, diga-se de passagem, muito longe da qualidade técnica que o levou à Seleção Brasileira.

Se o Palmeiras optar por jogar fechado, entendo ser compatível a presença de Arouca...

Mas, atuar ofensivamente, Arouca, neste momento, neste momento, fique claro, neste momento, tem de ficar no banco!

A presença de dois volantes, Gabriel e Arouca, (quase) das mesmas características, isto é, mais de pegada e de marcação, está matando a criatividade do time do Palmeiras, que chega muito pouco ao ataque e, como já frisei, sempre em inferioridade numérica em relação aos defensores adversários.

E não chega, não, apenas, em função disso, pois há outra forte e significativa limitação, a pouca chegada dos laterais.

Lucas, não chega por questões de insuficiência individual e Zé Roberto porque, além da veteranice, tem sido um jogador excessivamente individualista que enfeita demais o pavão e não toca de prima como requer o futebol de hoje! Interessante é que não vejo e nem ouço qualquer menção sobre o assunto!

O que acontece é que ZR, ao receber a bola, em quaisquer circunstâncias, opta, sempre, por segurá-la em demasia,  tanto e quanto por cortar, driblar, "pentear a bola" antes de tocar, limitando, assim, a velocidade de contrataque do Palmeiras quando as jogadas começam pelo seu setor.

Outro dado importante é que os adversários já descobriram que o Palmeiras é vulnerável pelo costado de Zé Roberto e estão, sempre, atacando por lá.

Não sei se, em sã consciência, respeitados o passado e a saga desse jogador, ele teria mais lugar no time titular do Palmeiras, considerando-se o seu futebol atual e o nível de exigência de um clube da grandeza do Palmeiras.

Como lateral sou convicto de que não! A não ser que ele melhore, drasticamente, a sua performance! 

A falta de um ataque realizador é a marca registrada, ao menos até agora, do trabalho de Oswaldo, e, pelo que projeto, ele só poderá inverter a situação, como já disse tantas vezes, com um jogador tipo Valdívia, ou congênere, como Cleyton Xavier expert em armar jogo.

Cristaldo, ontem, pela primeira vez, convenceu-me de que possui algumas qualidades individuais, tendo apresentado uma boa performance no primeiro tempo, decepcionando, porém, na fase seguinte.

Não entendo porque o argentino recuava tanto para ajudar Zé Roberto, função que não deveria desempenhar com tanta frequência para que pudesse estar, fisicamente, inteiro quando o Palmeiras atacasse.

Dudu, muito criticado, é um jogador que, por problemas do esquema tático, vem atuando fora de suas melhores características, haja vista que, no Grêmio, com Felipão, era puxador de contra-ataque.

Que ninguém se iluda ou se deixe iludir, Dudu é um excelente atacante e com a entrada de um armador criativo e inteligente vai dar muitas alegrias à torcida alviverde. Se jogar com Valdívia, vai arrebentar, pois tem fluidez de jogo, rapidez de raciocínio, ousadia e, principalmente, boa técnica.

Deixei, por último, o garoto Gabriel Jesus, cada dia mais maduro, que vem sendo lançado aos poucos por Oswaldo.

Finalmente, no Palmeiras, um técnico corajoso que está tendo a iniciativa (outros treinadores não ousariam tanto) de lançar um jogador jovem e promissor.

Os meus sinceros parabéns deste OAV a Oswaldo, pela chance que proporcionou a Gabriel Jesus, daquelas a que se pode chamar de ouro, ou, de pai para filho...

Estou aplaudindo e cumprimentando Oswaldo, mas se pudesse transmitir-lhe um conselho, sugeriria que ele radicalizasse e surpreendesse em relação ao garoto e
entrasse com ele, de cara, já no clássico contra os bambis.

Realizar o trivial que Cristaldo realiza em campo ele é capaz, com a vantagem de, em circunstâncias favoráveis, realizar muito mais e emergir, definitivamente,  como um dos grandes atacantes do futebol brasileiro.

Sei, perfeitamente, que Oswaldo não o fará, mas eu arriscaria entregar a Gabriel Jesus, definitivamente, a titularidade.

É preciso acabar com a parcimônia, com o mito da homeopatia existente no seio da torcida do Palmeiras, que, não sei porquê, acredita que lançar os jovens no time abrupta e definitivamente mente vai queimar os jogadores. 

Há anos, no Palmeiras, é assim e, com isso, o clube inibe, todo o ano o lançamento e a promoção de tantos jovens da base.

Do excelente time que o Palmeiras lançou na Copa São Paulo, há dois anos, quando a cidade de São Carlos sediou o grupo palmeirense, não tive notícia do aproveitamento de um único jogador.

E se querem saber ainda mais, o Palmeiras dispõe, dentro do elenco, um armador de primeira linha, capacitado à titularidade, desde que seja prestigiado.

Refiro-me ao canhoto Juninho, o melhor jogador do Palmeiras (até que Gabriel Jesus) na última Copa São Paulo!

Porém, cadê "culhões" para que algum diretor palmeirense procure o técnico e o diretor de futebol, assuma a responsabilidade e lance o jogador.

Essa é a diferença entre o futebol mineiro e o paulista, porque aqui em Belo Horizonte, se Cruzeiro e Atlético tiverem de lançar dois, três ou mais juniores em um jogo que seja até do Campeonato Brasileiro, os mineiros o fazem sem sustos, medos ou receios de vão queimar quem quer que seja.

Quem não pode se deixar queimar é o jovem que recebe a oportunidade, que é orientado, sempre, a não se apequenar diante das circunstâncias adversas no campo de jogo.

Fiquei satisfeito, ontem, com um fato, justamente quando Gabriel de Jesus, por volta dos trinta do segundo tempo, recebeu um chute no costado, à altura dos rins, do inconsequente zagueiro Rafael Cruz.

 
Em vez de ir ao chão e permanecer em estado letárgico tipo estupor, catalepsia, ou prostração, Gabriel, de imediato, levantou-se e partiu pra cima, ou, melhor, para dentro do jogador do São Bernardo.

Isso tem nome, se chama personalidade! Ou, em outras palavras, amor próprio e capacidade de reação. Foi como se ele houvesse dito: "não, não preciso que o juiz e os companheiros me defendam pois sei defender-me sozinho".

A atitude do garoto indica, claramente, que ele não é um submisso e que vai reagir ao jogo violento dos adversários. Tem de ser assim.

Sem querer estabelecer similitudes técnicas, mas, simplesmente, de caráter, Pelé foi assim quando ele ainda era Dico o garoto que veio de Bauru que os locutores chamavam de Pelê!

Titularidade para Gabriel de Jesus! Só se for agora!

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NA TV

Excelente o relato de Milton Leite, mais afeito a fazer o jogo do que aos habituais comentários desnecessários e gracejos que, existiram,  mas sem os exageros de outros carnavais.

Outra vez Leite usou o mezza-voce em boa parte do jogo, prejudicando a qualidade de seu relato, haja vista que ele não tem a mesma qualidade de voz emitindo sons graves.

Apesar de possuir de um dos melhores padrões vocais entre os narradores da atual TV brasileira, Leite insiste em engolir a voz, talvez porque alguém o tenha convencido de que, agindo assim, ele pode "poupar e economizar a voz".

Os melhores tons de Leite são o médio e o agudo, jamais o grave, que, usado da forma coloquial como ele coloca, abdicando da vibração do jogo, soa com monotonia. Acho que já fiz esta observação em relação ao seu trabalho!

Outro equívoco de Leite foi o de ter usado com parcimônia o comentarista. Um jogo como o de ontem, suscitava a constante participação do analista, em face das nuances táticas cambiantes do jogo, a cada pequeno espaço de tempo decorrido.

O auge de Leite, ontem, foi afirmar que o zagueiro Vitor Hugo tinha nome de artista, cujo nome não citou.

Tentei, de todas as formas, encontrar um único artista que se chamasse Vitor Hugo, e que justificasse a citação, chegando, sempre, ao nome de Victor Hugo, político, poeta e escritor frances, romântico, autor de "Les miserables" que viveu no século retrasado, pelos idos de 1.800.

Ainda bem que, no decorrer da transmissão, Leite voltou ao assunto e consertou o erro que passou batido para a maioria, mas que a minoria esclarecida não perdoaria e nem esperaria de um locutor de sua qualidade!

Nada a contestar em relação ao comentarista e aos repórteres porque o trabalho, de um modo geral esteve ótimo. Que continue assim! (AD)