Observatório Alviverde

28/02/2014

CUIDADO, KLEINA! O SEU PALMEIRAS NÃO TEM PADRÃO DE JOGO!


 

Esmiuçando vários aspectos do Palmeiras 2 X 0 São Bernardo de ontem, confesso-lhes que, agora, eu posso compreender porque há tantos palmeirenses zangados, cuspindo marimbondos, radicalizando contra Kleina e alguns, mais exaltados, pedindo-lhe a saída imediata.

Vou ser objetivo na observação e entro, direto, no assunto!

O time do Palmeiras, no início do Paulistão se impunha em campo, abafava os adversários, partia pra cima deles, apresentava mais volume de jogo, detinha, sempre, o maior tempo de posse de bola, arrematava muito e chegava com frequência ao gol.

Porém, hoje, conquanto esteja obtendo bons resultados, tem jogado feito time pequeno, isto é, muito mais, pressionado do que pressionando os rivais.

Ontem, voltou a ocorrer! Em determinados momentos do jogo, dava a impressão de que o São Bernardo era o Palmeiras e o Palmeiras -assustado, acuado na defesa e sem saída de bola- era o São Bernardo!

Não tenho em mãos -ninguém, nem a TV divulgou- a estatística do tempo de posse de bola das equipes, mas, tenho a impressão de que o time do ABC deteve a bola nos pés por um tempo muito maior que o Palmeiras, sobretudo pelo desenho do jogo no segundo tempo. 

Em melhor hipótese, empatou com o Verdão nesse quesito, o que, convenhamos, não é um bom sinal para um time que pretende ser campeão!

Culpa, entendo eu, em parte, das contusões e de outra parte das escolhas equivocadas de Kleina que continuam ocorrendo jogo a jogo. Ontem, apesar da vitória, aparentemente fácil, -na prática., difícil-, não foi diferente!

Pelo que observei, o time palmeirense não apresentou -nem tem como apresentar- um padrão tático ou um plano de jogo definido, o que, como se sabe, e é elementar no futebol,  só se consegue, exclusivamente, através da definição individual do time titular. 

Kleina tem de parar -já devia ter parado- de fazer média com todo grupo e escolher, urgentemente,  os onze titulares!

 Mas o Palmeiras está longe de ter isso, pois -talvez para agradar a todos e ficar bem com todo mundo-, Kleina muda tudo o que estipulou e escala uma onzena diferente a cada jogo! Aí é que mora o perigo!

Em meus quarenta anos de observação profissional do futebol, desconheço qualquer equipe de primeira grandeza que não houvesse definido os onze titulares.

Os técnicos começavam trabalhando nos elencos até depurar os onze melhores para as onze posições e as cinco melhores alternativas para o banco.

A partir daí,  mantinham, sempre,  a base escolhida, sem alterações, invencionices ou média com ninguém, mexendo nas equipes exclusivamente no caso de contusões, suspensões ou de extrema necessidade!

O Palmeiras, sob Kleina, entra em campo,  a cada jogo, com uma escalação diferente e isso me preocupa, muito, porque corremos o risco de chegar à fase mais importante e decisiva da competição completamente desentrosados.

Quem não sabe que, partindo-se do princípio de que, se a torcida é o décimo segundo jogador de qualquer time, o décimo terceiro chama-se entrosamento! Entrosamento é o que mais está fazendo falta ao esforçado time do Palmeiras!

Registre-se que o fenômeno da mudança sistemática das peças e da escalação com a escalação de um time diferente a cada jogo, são fatores determinantes do desentrosamento, da indecisão, da hesitação e da falta -às vezes- de confiança daqueles que entram em campo.

Por esses aspectos, que têm complicado a equipe em alguns jogos, e, pela influência de outros detalhes que também minam a confiança de qualquer time na hora das decisões eu temo pelo Palmeiras nas finais. Esse é o meu grande receio!

Para minorar a situação, Kleina deveria, na medida do possível, definir já um time titular e tentar entrosa-lo nos quatro jogos que restam, para os jogos finais do Paulistão, embora, tenha de atuar, forçosamente, duas vezes, sem o concurso do craque Valdívia! 

Entre uma série de problemas -a covardia da utilização frequente da retranca quando se faz um gol é um deles- há outros, muitos dos quais crônicos, que precisam ser resolvidos.Prementemente, urgentemente!

O problema da retranca é o que pode ser resolvido de maneira mais fácil, desde que Kleina tenha vontade de fazê-lo!

Basta que passe a exigir que,
a partir do primeiro gol assinalado pelo Verdão, o time não mude o comportamento tático recuando e esperando poder contratacar. O Palmeiras, além de não tem atacantes com a característica de velocidade, chama pra cima de si os adversários.

Que, ao estabelecer a vantagem, o time  continue jogando normalmente sem recuar nunca e que parta para cima dos adversários em busca de outros gols! 

Fácil demais, mera questão de atitude! Kleina precisa se convencer e se conscientizar de que não está mais dirigindo a Ponte Preta!

Outros problemas:

Na defesa temos problemas de facilitação ao adversário pelo lado direito, no costado de Wendel, principalmente quando ele sobe para prestar o necessário apoio ao ataque. Urge que com as peças individuais definidas, Kleina encontre uma fórmula que não deixe o time tão perigosamente exposto nesse setor!

O problema da ala direita, crônico, existiu, ontem, apenas, em pequena escala em decorrência da atuação individual soberba e destacada de Lúcio, técnica e -principalmente- fisicamente.

Lúcio foi um dos melhores em campo atuando contra o São Bernardo como se fosse um garoto, com a corda toda, muito despreendimento e esbanjando técnica e, sobretudo, força física.
Foi a melhor atuação dele, até agora, vestindo a camisa alviverde!

Com Marcelo Oliveira -muito melhor como volante do que como zagueiro- vive-se o problema de vestir um santo com a roupa do outro.

É preciso acabar com isso, mas só vai acontecer a partir do instante em que for definido o zagueiro que vai compor a dupla de área defensiva com Lúcio! Marcelo de zagueiro, só emergencialmente!

Como volante Marcelo apresenta a vantagem de proporcionar um Palmeiras defensivamente forte, pelo lado esquerdo, explorando Juninho que, se, de lateral tem apenas cacoete, é um líbero apoiador de qualidade. Além disso, armador que é, categorizado com a bola no pé, facilita demais a saída e o toque de bola!

Juninho só pode se aventurar ao ataque contando com uma cobertura eficiente em seu setor, justamente o que nos faltou - diga-se, en-passant- domingo passado em Ribeirão, embora Juninho não houvesse atuado! 

No meio de campo, Egurem, ainda longe de ser a solução, ontem demonstrou que pode chegar lá! Para isso é necessário, primeiro, que Kleina decida se Eguren é o que de melhor ele tem no elenco para a função de volante de contenção, e o defina como titular.


O que não pode é ficar trocando o uruguaio a cada jogo, minando-lhe a confiança, a autoestima e subtraindo-lhe a motivação.

A excelente saída de bola que Eguren apresentou em muitos lances, -não em todos- algumas viradas de jogo e sucessivos lançamentos longos sob medida, ontem, foram animadores!

Levam-me a acreditar que, -ao contrário do que eu supunha-,  com o passar do tempo ele possa se firmar e fazer jus ao grande cartaz de que veio precedido e que motivou o interesse do Verdão por sua contratação.

É óbvio que acostumados ao estilo de jogo corrido de Márcio Araújo, um médio destruidor de grande fôlego e quase onipresente. A atuação menos física de Eguren e a sua ausência -em muitos lances- à frente da zaga para defender é preocupante!

Vejam que não foi por acaso que o São Bernardo complicou a defesa do Palmeiras em arremates de média ou quilométrica distâncias, já que Eguren ainda não percebeu que a sua principal atribução tática é a de jogar na função a que se chamava, antigamente, de "limpador de parabrisa"!

Entretanto, o "calcanhar de aquiles", isto é, o ponto mais fraco e vulnerável do time do Palmeiras tem se revelado a meia cancha, nem atrás, nem na frente, mas como um todo!  


Não apenas pela citada indefinição de Eguren ou pela ausência de Marcelo Oliveira, táticamente -hoje- o melhor e mais importante jogador do Palmeiras!

Como é muito mais difícil encontrar-se um volante de qualidade do que um bom quarto-zagueiro e considerando-se as mencionadas multi-utilidades táticas de Oliveira, Kleina deveria dar uma solução ao problema da zaga e liberá-lo para atuar à frente da zaga, fazendo dupla com Eguren, dando cobertura para as avançadas de Juninho e, finalmente, ligando defesa e ataque!

Ontem, Wesley, várias vezes, sacrificou-se e voltou para marcar no setor, o que, convenhamos, é um desperdício pela força e agressividade que ele, atuando mais à frente,  passa ao ataque e proporciona ao time.

Barbeiragem de Kleina:

Valdívia tem jogado enfiado, fora de suas características de armador e isso tem prejudicado demais o chileno e a equipe. Valdívia precisa jogar de frente, vindo de trás, para poder ler o jogo e enfiar a bola a quem estiver mais bem colocado ou em condições de tentar o gol

O que ocorreu domingo em Ribeirão poderia ter ocorrido, novamente, ontem, no Pacaembu, não tivesse o chileno em noite de razoável inspiração, mesmo que ainda longe do que ele sabe e pode realizar dentro de campo.

Aliás é utópico e irrealizável o desejo de Kleina de colocar Valdívia para encostar no limitado Kardec. Fosse com um Méssi, com um Neymar ou com um jogador cerebral ou da característica de ambos, aí sim, mas Kleina parece não ter ido à aula de Ciência quando o professor explicou a diferença entre mistura e combinação.

A escalação de Vinicius para começar o jogo só pode ser explicada pelo fato de o garoto ter boa disposição física para acompanhar o lateral adversário e, de quebra, ajudar a marcar a saída de bola e o setor de Juninho.

Não há outra explicação convincente ou plausível para a escalação -de cara, de início- de um jogador apenas mediano e inexperiente mas que, no frigir dos ovos, por seu empenho e espírito de luta não decepcionou. 

Com a volta de Patrick Vieira, não creio, entretanto, que Kleina ouse inventar novamente quando se tratar desse setor, ao menos até o retorno do contundido Leandro!

Marquinhos Gabriel, canhoto, parece-me cerceado em sua criatividade pelo sacrifício tático que lhe impõe Kleina.

Jogador de vocação nitida e, definitivamente, ofensiva, não tem rendido satisfatoriamente porque está investido em funções mais de mobilidade e marcação, o que explica, em parte, a debilidade de nosso ataque! Chegamos com os laterais, mas não conseguimos sincronizar essas jogadas, com a chegada dos meias!

Repete-se, com Marquinhos o fenômeno Mazinho que foi queimado por Kleina em razão de atuar fora de suas reais características!

Para encerrar eu quero dizer que Gilson Kleina passou recibo em todas as falhas apontadas por este OAV, na medida em que mexeu justamente nas peças e posições alvo de todas as nossas principais  observações críticas.

Ao fazer entrar Mendieta aos 19 do segundo tempo, ele procurou melhorar a marcação do lado direito do Palmeiras, o ponto mais forte do São Bernardo.

Ao mesmo tempo, ele pretendia dar mais opções ao ataque palmeirense quando o Verdão tivesse a posse de bola, a fim de prosseguir atacando pelo setor direito, no qual nasceram as principais jogadas da equipe.

Notem que ele corrigiu a escalação equivocada de Marquinhos Gabriel, cuja atuação foi, apenas, razoável, em função do empenho do atleta em cumprir o papel tático que lhe foi confiado.

Perdão, se mal pergunto, mas como pode um canhoto jogar o tempo todo, torto, pelo lado direito do campo? Isto é, via de regra, improdutivo e muito sacrificante!

Aos 31 minutos do segundo tempo, quando colocou Patrick Vieira no lugar de Vinícius, corrigiu o seu erro mais gritante, aquele da escalação de Vinicius.

Vinícius -parece que só Kleina desconhece isso- não consegue ser nem um atacante decisivo e nem um jogador de preparação, embora tenha nascido de seus pés, em solitária jogada de perfeição, o passe que partiu da esquina esquerda do gramado e encontrou Valdívia, livre, e em condições de marcar.

Entendo, porém, -acho difícil que eu esteja enganado- que Vinicius não agiu conscientemente, mas, instintivamente, ao lançar a bola para a área. 

Não creio tampouco que ele tenha tido a visão ou a intenção de lançar Valdívia, mas, simplesmente, o instinto de alcançar qualquer outro companheiro que, porventura, estivesse dentro da área! Por acaso, o Mago estava lá!

O outro erro de Kleina, ele demorou a corrigir, mas só agiu assim para não correr riscos de sofrer o empate.

Refiro-me à entrada tardia de Tiago Alves aos 43 do segundo tempo, com a saída de Wesley e a passagem de Marcelo Oliveira para a frente da zaga, a fim de cobrir o lado esquerdo da defesa e melhorar a saída de bola.

Sou convicto de que Kleina, em função das três alterações, sabe -perfeitamente- que errou, como, também, sabe que assim que tiver um quarto zagueiro que dê conta do recado, passará MO para a sua original função de volante e dará ao meio de campo uma nova postura e uma melhor perspectiva.

Prass, pela enésima vez, foi o melhor em campo, defendendo cinco ou seis bolas extremamente dificeis, principalmente nos chutes desferido pelo centro-avante  Rodrigo Careca, um jogador a ser observado, pois não temos em nosso elenco ninguém melhor do que ele. Nem o selecionável Kardec! (AD)

NA TELEVISÃO

A Rede Globo, mais uma vez e como é de costume, escondeu o jogo do Palmeiras. Até quando vai perdurar esse abuso?

Às vésperas de lançar o seu patrocínio master, o Verdão, mais uma vez, foi colocado no "freezer" do pay-per-view , ainda que seja um dos líderes do Paulistão e o clube que mais levou público aos estádios até o fim deste fevereiro!

As "sumidades", isto é, "os deuses" que comandam a -literalmente- grande cadeia, preferem colocar no ar qualquer jogo do CU-ríntia lanterna, com torcida predominante apenas na capital e na grande São Paulo, do que um jogo do Palmeiras, líder e dono, inequivocamente, da maior torcida do interior do estado de São Paulo, d-i-s-p-a-r-a-d-a-m-e-n-t-e! É muita falta de profissionalismo e de visão!

Quando será que o Palmeiras vai conseguir se libertar do jugo global? Talvez no dia em que um abominável cu-rintiano de nove dedos for apeado do poder! Infelizmente, vai demorar!

Para aqueles que acham que o meu comentário é político e injusto eu pergunto: "-Quem, majoritariamente, sustenta a Globo senão os governos, mormente o federal?

Quem doou, com o dinheiro do povo, sem a menor crítica ou reparo da própria Globo e sim com a sua aprovação plena, um estádio novo aos gambás, construído com o nosso dinheiro?

Quem foi o mentor intelectual que mandou explodir o Clube dos 13 para justificar que a Globo desse mais grana ao CU-ríntia e ao Flabosta do que aos demais clubes?

Quem realizou o (mal) feito senão o abominável senhor Andrés, cupincha do "grande" líder da voz rouca que agora quer Andrés deputado federal? Assim está o Brasil...

Quando foi que a Fifa desconsiderou o reconhecimento ao Palmeiras como primeiro campeão mundial? 

Logo depois do cacique sem-dedo  reunir-se com o presidente da Fifa para o arreglo, isto é, para a ação entre amigos que culminou com a confirmação da intempestiva Copa do Mundo de 2014 no Brasil!

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NA TELEVISÃO

Linhares Júnior transmitiu bem o Palmeiras x São Bernardo, pelo Premiere, procurando, como recomendam os manuais e, principalmente o bom-senso, mais, narrar do que comentar.

Entretanto, muitas vezes "palpitou" e mostrou -subliminarmente- que não tem grande apreço pelo Palmeiras! Seus gritos de gol sem alma e sem vibração, demonstraram isso, mas tem mais!

Depreciou o gol de craque de Valdivia -só craques arrematam da forma estilosa e consciente como ele arrematou- após o comentarista Maurício Noriega ter atribuído o valor que o gol merecia, ao afirmar que "-...caiu nos pés de Valdívia fica tudo mais fácil-". Linhares, sem a menor sensibilidade, afirmou desprezivelmente -"...também, sem marcação..."

Linhares, apesar da firmeza e da segurança ao microfone, decorrente, decerto, de sua passagem pela escola do rádio esportivo, é um locutor muito reto que não consegue levar o torcedor à emoção.

Não sei se ele é assim apenas nos jogos do Palmeiras. Vou observar! O que não pode é ele narrar da mesma forma um lance de classe de Valdívia como se fosse uma bola espanada de um beque rebatedor!

Noriega, longe do curintianismo irritante de Milton Leite que adora pautar, encapsular e dirigir o conteúdo de suas opiniões, muito mais à vontade do que em outras jornadas, desenvolveu um trabalho de qualidade.

Nori foi perfeito ao arrematar os comentários tendenciosos de Linhares e Hernan durante o jogo quando estes anunciavam que Valdívia houvera forçado o cartão. Noriega encerrou o assunto com propriedade,  afirmando que "todo mundo faz isso no futebol", acabando com as ondas e com o blablabla!

André Hernan, o repórter -não o censuro pois cumpria um papel-, quando entrevistou Valdívia ao final do jogo tentou complicar o chileno ao perguntar-lhe, primeiro, "...se o mago havia forçado o recebimento do cartão" ao que, inteligentemente Valdívia respondeu, reticentemente, com um sonoro "ene, a, ó, til", NÃO!

André não se deu por vencido e perguntou, então, se "o recebimento do cartão houverá sido acertado no vestiário ao que Valdívia, -mostrando que é craque até nas entrevistas- respondeu da mesma forma, NÃO, acrescentando, em seguida, " - ... fiz a falta, o que é que tem...você quer dizer que eu não posso nem fazer uma falta?"

De qualquer forma, noves fora a má vontade de Linhares para com o Palmeiras e a esdrúxula limitação de um jogo importante transmitido, apenas, no pay-per-view, o trabalho do PFC , de um modo geral, foi bom! (AD)