Observatório Alviverde

23/03/2020

O QUE O VIRUS CORONA NOS "ENCHINA"!


Denúncias, delações de experts e de tanta gente graúda correm soltas dentro e fora do Brasil.

Garantem que a China preparou o Corona com o objetivo de usá-lo como arma de expansão e, principalmente, de dominação. 

Só não conseguiu em decorrência da coragem de Trump, das denúncias e providências de países como a Inglaterra e do próprio Brasil, sim senhor!

O raciocínio é justo e perfeito em ambas as colunas, como garante um pedreiro-livre e muito amigo deste goteira que perdeu o bonde da história e optou por ser porco a ser bode, se esquecendo, porém, que poderia servir em ambas as colunas. 

Causa-me arrepios qualquer pensamento que envolva o retorno da petralhada ao comando do país , ainda que essa alternativa não passe de mera hipótese. Houvesse isso já imaginou em que situação estaríamos? 

Imagine você porque eu não quero sequer cogitar desse tema nem em um mero e instantâneo lapso de pensamento pois sei, perfeitamente, que representaria a instauração daquele tipo de caos para o qual inexistem a recuperação e a salvação.

Escrevo tudo isto como um circunlóquio para que cheguemos um pouco mais leves ao cerne da questão que é o seguinte:

Teria errado Eduardo Bolsonaro ao tecer críticas fortes à China, o maior parceiro do Brasil na atualidade?

Teria, ele, se equivocado ao bater forte nos líderes que administram um país cuja população chega quase à casa de 1 bilhão e 400 mil habitantes e se constitui na segunda economia mundial?

Sem fugir a uma resposta ou derivar para outra em que eu acenda uma vela a Deus e outra ao diabo, quero lhes dizer que discordei frontalmente do filho do presidente mas apenas em relação ao momento e entendo que ele foi intempestivo.

Não discordo, claro, do teor do libelo acusatório, da pancada em si contra um país que,  à custa  da escravidão e do supremo sacrifício de seu povo, acabou se transformando  na segunda potência do planeta.

Discordo, isto sim, -repito- da hora, do momento e da situação. O oportunismo do deputado Bolsonaro, em uma hora em que um bom relacionamento com os país que criou e expandiu o virus pelo mundo, em última análise, tem nome e se chama precipitação.

Por quê e para que 'dar o start' a outra guerra absolutamente desnecessária contra quem, suposta e ironicamente nos poderia, no mínimo, passar ao Brasil melhores informações sobre como lidar com  a doença?


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Publico, hoje, aquele que considero o melhor soneto de  Augusto dos Anjos que fala sobre ingratidão.

Transportando-o à política eu me lembro daquele deputado inventado, parido e promovido por Bolsonaro,  artista(?) e ator pornográfico, cujo nome prefiro não citar para não promovê-lo.  

Ele perpetrou uma enorme ingratidão contra o presidente e, neste momento, lidera a campanha pelo "impeachment" de Jair Bolsonaro! A ele dedico o indesmentível e incorrígível soneto de Dos Anjos que vem a seguir...

                                                     VERSOS ÍNTIMOS

Augusto dos Anjos

Vês? Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa ainda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

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