Observatório Alviverde

12/01/2014

OS RESPONSÁVEIS PELO PALMEIRAS FAZER TÃO POUCOS GOLS!

 
 
 O Palmeiras continua longe do gol!

Se há, no Brasil, um clube desprovido de vocação para fazer gols, este, sem qualquer dúvida,  é o Palmeiras. Há anos é assim!

O fato, por incrível que pareça, contamina até as nossas categorias de base. 

A irresponsabilidade da garotada -ou seria desconhecimento e falta de orientação?- que joga a Copa São Paulo mostrou bem esta faceta na semana que passou.

Com tudo para vencer o Grupo de São Carlos, a garotada amoleceu e, por pouco, por muito pouco mesmo, não ficou fora das oitavas de final.

Com uma equipe semiprofissional, vários furos superior aos três adversários do Grupo, o Palmeiras, por absoluta falta de gols, ficou sem o primeiro lugar classificatório e foi para as oitavas de final da competição na "bacia das almas", correndo riscos enormes de ficar fora.

É inadmissível que um time tão jovem e que recebe tratamento profissional, entre em campo de salto alto, pisando nas nuvens, autossuficiente e com excesso de confiança, sem um mínimo de humildade.

Só isso explica -não justifica- que o time de juniores do Palmeiras tenha tido tanta dificuldade para vencer o Fluminense de Feira de Santana, que tenha tomado um baita sufoco do Piauí e empatado com o modestíssimo porém guerreiro time de São Carlos.

Tudo isso ocorreu -não tenham dúvidas- em razão de um câncer que toma conta da mentalidade da torcida, cujas metásteses corroem e destroem o ânimo e o espírito de luta dos jogadores de todos os nossos times, do chupetinha ao profissional: a maldita cultura do Olé.

Estamos, agora, falando nos juniores, mas o abuso não para por aí.

Esse comportamento equivocado também vem se manifestando em sucessivos times profissionais que o Palmeiras forma a cada temporada, independentemente de quem seja o técnico ou o presidente. 

Trata-se de um lamentável comportamento de  acomodação dos jogadores, coisa que nem Freud explica, mas que tentarei, modestamente e novamente, explicar sem me arvorar em dono da verdade.

O interessante é que, segundo as inflexíveis e indesmentíveis estatísticas, o Palestra, em seus primórdios, não era exatamente um time nos moldes filosóficos de hoje, covarde e defensivo, sem vocação para o gol.. 

Pelo contrário, em tempos idos, o Verdão partia para cima e trucidava os adversários, tendo revelado inúmeros goleadores históricos entre os quais o maior, sem qualquer dúvida, foi o impagável e legendário Heitor!

Dos tempos remotos até os anos 50s, tudo o que eu sei de Palmeiras, procede da leitura e dos relatos que ouvi, desde a minha tenra infância, de pessoas que viveram aqueles tempos e que hoje, infelizmente, já não se encontram mais por aqui.

Na dimensão temporal, de 50 para a frente, até meados da década de 60, vivenciei o Palmeiras, senão em sua plenitude, posto que não morava em São Paulo, mas nos limites que o rádio, então o veículo preponderante de comunicação de massa, me proporcionava. 

Após isso transformei-me em cronista esportivo e passei a ter uma ligação estreita e pessoal, na medida do possível, com meu time de coração, mas sempre agindo em minha relação com ele, de forma bem profissional. 

Talvez por isso entenda, claramente, as posições firmes dos colegas cronistas que torcem pelo clube, embora os criticando pelo exagero e pelo esforço que fazem em se manterem isentos. 

A eles digo, apenas, que essa isenção não pode ser forçada, apenas natural, pois corre-se o risco de atingir um comportamento diferente daquele que colimamos de isenção e neutralidade. 

A lógica e a razão tem de policiar os nossos atos quando se trata de analisar publicamente o nosso time de coração, não o coração.



Quem viu o Palmeiras decadente, repleto de veteranos na década de 50, sabe que, a partir de 1958, começava a formação de nossa primeira academia.

Esse foi, sem qualquer dúvida, o maior time do Palmeiras que vi jogar, superior à segunda e, até a terceira academia -que existiu,sim- de Luxa montada com jogadores extraordinários adquiridos a peso de ouro, com a  subvenção da Parmalat.

Nossa primeira academia, aquela, a única equipe que vestiu, até hoje, a camisa canarinho do Brasil e que brilhou na inauguração do Mineirão, era um time massacrante de muitas formações, que revelava contratava e revezava craques em sequência alucinante e, na maioria das vezes, ganhava os jogos com folga ou de goleada.

Muitos, os mais antigos, dirão que as chamadas vitórias magras viraram uma marca registrada do Palmeiras a partir da segunda academia com Leão, Luís Pereira, César, Dudu e Ademir, com o que concordo, mas apenas em parte.

De fato essa foi uma época vitoriosa, mas, a exemplo do recente Cu-rintia de Tite, quando Palmeiras vencia por 2 X 0, se dizia que o time havia goleado.

Essa equipe denominada segunda academia, foi o time mais técnico, de melhor e mais refinado toque de bola, de maior entrosamento, de maior personalidade, de mais entrosamento, de maior madureza e  o time mais frio e calculista que vi jogar toda a minha vida...

Esse time, porém, apresentava um defeito grave: do ponto de vista ofensivo dificilmente goleava, só fazia gols para o gasto e, ofensivamente, nunca foi um primor. 

Na verdade, esse Palmeiras hiper-elegante, de uniforme "prêt-a-porter", composto de uma camisa esmeraldina fechada, gola rolê -última moda, à época-, calções brancos e meias às vezes verdes e em outras, brancas tinha muita presença e dava shows dentro e fora de campo. 

Não tenho certeza e nem sou convicto do que vou dizer, mas, creio, pode vir desse time, cujo ocaso ocorreu no final da década de 70, a mania de perfeição que, até hoje, domina a nossa torcida. 

Ao palmeirense, mesmo aqueles que não tiveram a benção e o privilégio de ver esse time em ação e de viver aquele tempo, a segunda academia deixou um legado segundo o qual não basta, apenas, o time vencer, mas é preciso jogar bem e bonito. Essa é a nossa marca registrada e patenteada no concerto histórico do futebol brasileiro.

O epílogo desse time extraordinário montado pelo Verdão, coincidiu com as aposentadorias de Ademir da Guia e Dudu, seus líderes, respectivamente, dentro e fora de campo.

Ambos se constituíram nos dois grandes dínamos daquela equipe extraordinária e inesquecível, razão precípua da exigência  e da obsessão palmeirense -times e torcida- por um futebol constante de fino trato e bem elaborado que já não existe nos dias de hoje.

Notem, todos, que o Palmeiras é um clube que, com o passar do tempo, especializou-se em vencer apenas com resultados magros e sem nenhuma vocação para golear, como se tivesse pena ou piedade dos adversários.

Isto, convenhamos, é uma atitude irresponsável, dos jogadores, muitas vezes estúpida e, às vezes, suicida.

Em decorrência dessa mania, não foram poucas as vezes em que o clube perdeu classificações e sequências em campeonatos e torneios, justamente pela falta de gols, número de gols, saldo de gols ou por superávits ridículos. 

Quem não se lembra quando perdemos uma classificação no Rio-São Paulo de 2002  para os bambis pelo critério dos cartões?

Hão de dizer que fizemos a mesma campanha de nosso adversário, e, por isso, a decisão acabou indo para o esdrúxulo e espúrio critério dos cartões.

A diferença, entretanto,residiu no fato de que eles não fizeram mais gols porque não puderam e o Palmeiras, que tinha um time melhor, não ampliou seu saldo porque se acomodou e pouco tentou.

A arrogância incontível da torcida paulistana do Palmeiras, mormente das uniformizadas é, em minha maneira de ver, outro fator se não determinante mas muito importante dessa ridícula situação que vivenciamos há muito tempo.

É só o time fazer um gol e o jogo se aproximar do final, que os idiotas, nas arquibancadas, começam a gritar Olé, Olé, Olé, a cada passe complementado, mesmo que realizado em recuo. 

 Infelizmente, na maioria das vezes, os jogadores entram na pilha, obedecem e não há quem os censure ou que os advirta para que se concentrem e se esforcem no jogo e busquem mais gols. 

Os "brocoiós", principalmente aqueles das organizadas, imaturos, broncos, apedêutas, desinformados que agem assim, têm de parar com isso que tanto vem prejudicando a equipe no decorrer dos anos.

Essa gente se quiser ver toque de bola e perfumarias, deveria parar de acompanhar os campeonatos de futebol "association" e passar a acompanhar o "free style"! Seria bem melhor para o Palmeiras!

Se mal pergunto, será que eles se esqueceram as múltiplas alegrias que vivemos com a terceira academia aquela dos anos 90s, que ultrapassou a barreira dos mil gols no Paulistão?

O falta de motivação crônica do Palmeiras em fazer gols,  sinônimo perfeito da acomodação de nossos jogadores, repito, não é um fato novo.

Já foi abordado, à exaustão neste blog, sem que, no entanto, pudéssemos colher em campo resultados práticos, haja vista que se trata de um caso típico de mudança, mais do que de atitude, de mentalidade. 

Quem analisa essa situação com acuro e atenção observa, imediatamente, que a partir do momento em que o Palmeiras estabelece uma pequena vantagem numérica em qualquer jogo, o time se acomoda e passa a torcar para os lados, como se quisesse evitar de fazer gols.

Sei que esse problema crônico, à beira de completar meio século, não se corrige em um estalar de dedos, da noite para o dia.

Fique claro, porém, que se Brunoro e Nobre quiserem, poderão retificar o tempo e antecipar e acelerar o processo de renovação da filosofia e da mentalidade da equipe, principalmente agora que estamos livres de Márcio Araújo, que só jogava para e pelos lados do campo a partir de qualquer pequena vantagem que o Verdão obtivesse.

 De que forma?

Na onda da premiação por resultados, estabelecendo um premio não, individualmente, mas para o grupo... para o grupo... para o grupo, com a estipulação de uma soma a cada gol que o Palmeiras assinalar sobre qualquer adversário! 

Com essa modalidade de incentivo os nossos juniores teriam sido os campeões do grupo H, e não teriam passado pelo sufoco da ameaça de desclassificação da Copa São Paulo de Juniores de 2014.

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