Observatório Alviverde

02/10/2010

O PALMEIRAS FICOU COM MEDO DE GANHAR E SÓ EMPATOU COM O SANTOS. FALTARAM GÁS AO TIME E SENSIBILIDADE À FELIPÃO PARA A MANUTENÇÃO DA VANTAGEM E À CONQUISTA DA VITÓRIA!

Estou escrevendo no intervalo do clássico. O Palmeiras vence o Santos por 1 X 0, mas se tivesse entrado aquela bola do Vitor haveria mais justiça no resultado.

A TV aberta não passa o jogo para Belo Horizonte e estou vendo o jogo ouvindo a narração (OFF-TUBE) do Roby Porto, com os comentários do Lofredo e as reportagens do Marcos Perez, Como é que fazem um clássico como esse do estúdio?

O Roby, quase um narrador de rádio, não enche o saco do telespectador e se atém ao jogo.
O Lofredo  é bom comentarista se bem que uma vez ou outra seja um tanto ou quanto óbvio .
Perez eu garanto que é paulista porque disse que "bexigas"  invadiram o gramado da Vila Belmiro. Como a TV não mostrava a cena, muita gente no Brasil ficou sem saber o que eram as tais "bexigas" que, certamente, não eram de peixe ou de porco.  

Esse é um regionalismo exclusivamente paulista, mas o estado que menos estava vendo o PFC era São Paulo. Globo e Band transmitiam para o estado o clássico Palmeiras X Santos e para a maior parte do Brasil, Grêmio Prudente e Fluminense.

Se a TV aberta transmite determinado jogo, a audiência do PFC, nesse jogo, despenca,  em função da má qualidade da maioria dos locutores contratados em outras praças.
Quem fala em circuito nacional tem de ter o cuidado de evitar a utilização de termos regionais. É o caso do tal "ponta-cabeça" usado em São Paulo que, ninguém, no Brasil, sabe o que significa, exceto os paulistas.

Viram como falar de assuntos que nada têm a ver com o jogo incomoda? 
Que os narradores que incluem conversa fiada e penduricalhos nas transmissões, sintam isso e aprendam a lição ao lerem este blog,

O CLÁSSICO
O Palmeiras jogou, como se esperava, de forma cautelosa, esperando atrás, povoando a intermediária, marcando saída de bola e atacando no erro ofensivo do adversário.
Em outras palavras, jogou a La Felipão e é assim que deve ser mesmo, porque o esquema depende sempre das peças que se dispõe.
O elenco do Palmeiras só terá eficiência se atuar assim.
Se tentar atuar diferente, tomando a iniciativa do jogo e partindo para cima do adversário, pode se dar mal.

O Santos, neste primeiro tempo,  não teve poder de infiltração e jogou fora de nossa grande área. Criou muito pouco para o tamanho do futebol que lhe credita a imprensa.
Quem foi ver Neymar viu Kléber e Valdívia, as razões que explicam a vitória justa e merecida de um time mais bem postado, mais bem treinado, mais experiente.

GOSTO DO JEITO QUE O TIME JOGA. QUEM NÃO GOSTA É A IMPRENSA.
Volto a postar agora que o jogo terminou com um placar igualitário, 1 x 1, completamente fora do meu eixo lógico de visão a partir do 1º tempo, e, principalmente, de previsão.
Não, não estou falando de resultado, estou falando de rendimento e produtividade.

Quando o excelente Zé Eduardo foi anunciado no lugar de Pará eu disse com os meus botões: vai complicar a nossa vida. Não deu outra. O jovem técnico do Santos já sabia que a tática de jogar no erro do adversário seria incrementada radicalmente por Felipão e que o  Palmeiras voltaria ainda mais fechado e defensivo do que fora após o gol de abertura. Assim, com mais um atacante de qualidade,  poderia abafar e asfixiar o adversário em seu campo de defesa empurrando-o em direção à linha de fundo.

O segundo tempo foi o jogo de um time soberano, confiante e determinado, o Santos, contra um time acuado, amedrontado, voltado exclusivamente para a marcação e para o jogo defensivo, sem forças para atacar e sem homens de velocidade para sair em contrataques.

Paradoxalmente, o Santos, de tanto poderio ofensivo, se impôs na etapa complementar muito mais pela postura tática  absolutamente covarde do Palmeiras do que por méritos de seus excelentes atacantes. Uma coisa é jogar no erro do adversário e outra é formar linhas de defensores para segurar um resultado.

Não, não estou me contradizendo quando digo que o Palmeiras tem de jogar assim e após o resultado menos bom, critico a postura da equipe.
Na verdade, estou criticando o exagero tático, a conduta exclusivamente defensiva, estilo de jogo que Felipão adota ao estabelecer uma simples vantagem de 1 x 0, com a exigência de que todos os atletas marquem a começar dos homens de ataque.

Além da postura tática exageradamente defensivista, o aspecto que mais pesou nesse incômodo empate, foi o visível cansaço de alguns jogadores do Palmeiras em função do próprio esquema.

Kléber e Valdívia, obrigados a marcar constantemente a saída de bola, sumiram em campo a partir dos 20 minutos do segundo tempo. Edinho, e, principalmente Marcos Assunção, murcharam completamente na etapa complementar e a imposição completa do Santos sobre o Palmeiras veio em decorrência disso.

Creio que o empate ficou de bom tamanho, premiando, no primeiro tempo, o time mais lúcido, mais experiente, mais bem treinado, mais bem posicionado, o Palmeiras.
O domínio santista estabelecido no 2º tempo, foi fruto, parte, da postura exclusivamente defensivista de Felipão, recuando o time que sentou em cima de um frágil e fugaz 1 x 0 e acabou sendo castigado.

Há que se considerar a ótima mexida do técnico santista no intervalo, com a mudança da postura tática de seu time. Repito, o treinador santista sabia da mania de Felipão em tentar preservar vantagens e tirou proveito disso.

A correria e a troca de passes constante dos atacantes do Santos, com a passagem constante dos alas, bilateralmente, com muitos cruzamentos para a área colocou em polvorosa a defesa palmeirense, obrigando  os jogadores da defesa e do meio de campo a correrem bem mais do que o habitual. Isso explica a queda do rendimento físico de tantos jogadores.

O gol-contra de Danilo evidencia o "stress" de combate que sofreu a defesa palmeirense, sob intenso bombardeio quase que o 2º tempo por inteiro.

O Palmeiras no 2º tempo viveu de lances esporádicos quando a bola conseguia chegar nos pés de Valdívia ou de Kléber que já não se colocavam tão bem e sequer procuravam desmarcar-se e habilitar-se para o passe. Com a bola no pé conseguiam, apesar de tudo, criar alguma coisa, muito pouco, obtendo algumas faltas no ataque, em dia de pouca inspiração de nosso exímio batedor oficial, Marcos Assunção.

Enfim, dos males que poderiam cair sobre o opaco Palmeiras que eu vi no segundo tempo, o empate, certamente, foi o menor.

Resta o lenitivo de que temos um time competitivo dirigido pelo maior motivador, formador de grupos e preparador de times, Felipão. Entretanto, do ponto de vista de promover alterações, mudar o rumo de um jogo em curso, Felipão continua o mesmo treinador óbvio e sem imaginação que sempre foi. Decididamente, ele não é um bom estrategista.

Como demorou, hoje, para mexer em um time inteiramente dominado pelo adversário, sem forças para reagir à imposição técnica, tática e territorial do adversário.

Como colocar o jovem Patrick em campo, com o tamanho da fogueira que crepitava sobre o time no 2º tempo? Se ele queria fortalecer a marcação, por que não entrou com Pierre, liberando Kléber e Valdívia, as suas únicas opções de ataque da imposição da marcação da saída de bola? Por que Lincoln entrou tão tarde?

Marcar saída de bola no 2º tempo para que, se o Palmeiras não tinha ninguém em condições de fazer a segunda varredura de marcação? Edinho, Assunção e até Araújo estavam, simplesmente, extenuados.

A entrada de Lincoln em lugar de Valdívia foi uma alteração ridícula. Não pela mudança em si já que Valdívia estava muito cansado. Mas, tirar um jogador que pode decidir em um lançamento ou em uma jogada individual aos 42 minutos do segundo tempo, nas circunstâncias do jogo de hoje, é ridículo.

O forte de Felipão, efetivamente, não é (e nunca foi) mexer no time e efetuar as alterações necessárias.

Deola não pode ser culpabilizado pelo gol.

Vitor esteve bem apesar de cometer faltas desnecessárias reiteradamente em seu setor, a "La Armero". Isso é perigoso e pode decidir um jogo para o adversário.

Ramos e Danilo os homens do último combate, marcaram um ataque hábil, veloz, de jogadores insinuantes e dribladores. Foram exigidos o tempo todo no jogo aéreo, no jogo rasteiro, na cobertura e se conduziram muito bem, malgrado o gol contra de Danilo.

O garoto Gabriel jogou com personalidade e melhorou o rendimento em relação a partidas anteriores. Rivaldo foi de uma obediência tática canina, total. Procurou jogar para o time e no limite de suas visíveis limitações, deu o máximo.

Edinho e Assunção estiveram bem e comandaram a vigilância na porta da cozinha. Aventuraram-se pouco ao ataque, talvez por determinação do treinador. Caíram verticalmente de produção na etapa complementar por falta de um melhor condicionamento físico. Chegaram ao limite,  dadas as exigência do jogo contra um time jovem que esbanja vitalidade e preparo físico.

Surpreendentemente o preparo físico de nosso meio campista que mais correu, Márcio Araújo, também foi para o espaço, já que, em determinado momento do jogo ele teve de correr por si , por Assunção e por Edinho e ele, do futebol simples, arroz com feijão, com a mistura de grande dedicação, confirmou, outra vez, que é o jogador mais regular da equipe.

Valdívia não foi o mesmo do jogo contra o Internacional, senão no primeiro tempo. Obrigado constantemente a marcar a saída de bola do adversário e colaborar, nesse quesito, com o meio-campo e a defesa, o chileno ficou tão cansado que acabou sendo, a contragosto, substituído. A substituição não foi o melhor que Felipão poderia ter feito, mas que Valdívia estava cansado, estava.

Kléber fez um golaço, mas é outro que se esgota, inutilmente, em marcação de saída de bola que Felipão exige seja constante e incessante. Já não temos ataque em função do esquema adotado e necessário pelas limitações de nosso elenco. Com a estapafúrdia exigência, vai minando a capacidade física de quem deveria estar preparado para comandar o nosso contrataque e fazer os gols. Reparem que Kléber joga bem sempre os primeiros tempos dos jogos e quase que some na etapa complementar. A explicação está aí. Se Felipão só tem um atacante, por que degastá-lo tanto e inutilmente?

O árbitro nos prejudicou mais do que aos santistas, mas não creio que ele tenha sido decisivo na resolução do placar. Se estivesse mal-intencionado, daria uns dois pênaltis frutos de simulação dos jogadores adversários, principalmente de Neymar. Errou quando não deu cartões ao atleta prestidigitador. 

A arbitragem foi negligente do ponto de vista disciplinar em detrimento do Palmeiras, errando ao amarelar Kléber que recebeu uma falta não assinalada, uma pancada no olho e ficou parado um tempão com a mão sobre o rosto. Ninguém entendeu. Kléber teria reclamado? Não creio que de forma tão acintosa que merecesse um cartão.

Outro erro foi não ter aplicado cartão a Edu Dracena por uma falta violentíssima. Por muito menos ele encheu de amarelos o time do Palmeiras.
De qualquer forma,  voltamos a proclamar que, apesar dos pesares já podemos dizer que temos um bom time.

Empatar na Vila contra o Santos é sempre um resultado muito difícil de alcançar.

DEIXE O SEU COMENTÁRIO