Observatório Alviverde

25/03/2019

DEVAGAR COM A LOUÇA, MEUS AMIGOS PALMEIRENSES!


Meus amigos palmeirenses

Critiquemos, sim, Luis Felipe Scolari pelo uso equivocado e pelo sub-aproveitamento do elenco diferenciado que tem em mãos. Só não promovamos a injustiça de pedir-lhe a cabeça!

Sei e todo mundo sabe que o gaúcho não tem conseguido extrair desse elenco a melhor essência de sua apurada condição técnica. É fato!

Mas não o tem por conservadorismo, radicalização de opinião, personalismo, teimosia e até pela velha mania de proteger certos jogadores normalmente "grossos", muitos deles sem condições para a titularidade.

Em razão disso, eu sofro, tu sofres, ele sofre e todos nós sofremos, cada vez que o Palmeiras entra em campo em busca de três pontos!

Reconheço que muitos têm razão quando criticam exacerbadamente o gaúcho mas entre criticá-lo e dispensá-lo existe uma acentuada diferença.

Para aqueles que querem vê-lo pelas costas, sempre é oportuno lembra-los -todos- que foi com o esquema atual, ora tão criticado, que Felipão ganhou um Brasileiro com folga, estabelecendo um número recorde de pontos e empreendendo uma campanha superior a todos os outros clubes em todos os tempos.

Da mesma forma, apesar de Borja, (com quem ele infelizmente não para de insistir) esteve a onze minutos das finais da Libertadores.

Se os argumentos que apresentei ainda não bastam para os que exigem a cabeça de Felipão, alguém pode informar-me, neste instante, quem é o (atual) técnico Campeão Brasileiro?

Carile? Renato Gaúcho? Sãopaoli? Cuca ou Abelão?

Não, nenhum deles porque o campeão é Felipão e não se fala mais nisso!

Até pelo título surpreendente e inesperado do Palmeiras em 2018, a partir da organização de um grupo rachado, dividido, sem um plano de jogo e sem liderança, a torcida palmeirense deveria bater na boca antes de cogitar da dispensa do gaúcho, ao menos neste momento.

Dispensar um técnico que gosta do clube, honesto, de personalidade, representatividade, campeão, aglutinador, conhecido e respeitado internacionalmente, líder natural de grupos e reabilitador de jogadores por uma derrota e alguns empates em mero torneio preparatório é, para mim, muito mais do que irresponsabilidade, é uma sandice e enfim, uma l-o-u-c-u-r-a!

Concordo, entretanto, com todos aqueles que afirmam que o time vem jogando feio e mal há tempos, que não tem entrosamento suficiente e que o sistema tático exclusivamente defensivista tem sido prejudicial, tanto e quanto a indefinição das titularidades.

Nessa circunstância é nosso dever apontar os erros e mazelas apresentados pelo time dentro de campo, tanto e quanto os múltiplos equívocos de Scolari e, fora de campo, os lapsos, deslizes e omissões de um presidente inexperiente e de uma diretoria inócua e amorfa  no chamado extra campo.

Unanimemente, todos nós temos condições de ajudar Scolari com nossas observações críticas ainda que severas, fortes e pesadas, mas, da mesma forma, entre o juízo crítico franco, direto, exposto e explícito que acicata e fere e a dispensa do treinador também existe um abismo intransponível.

Fiquem todos sabendo que, da mesma forma como Scolari reabilitou o Palmeiras em 2018 ele pode, perfeitamente, de uma hora para outra reabilitá-lo novamente já no Paulistinha, o que pode ocorrer a partir de uma única ação: a sumária transferência do colombiano Borja (peça nula ultimamente, para o banco de reservas

A teimosa insistência pela titularidade de Borja tem sido invariavelmente assim: ou o Palmeiras joga com dez ou o adversário joga com onze.

A partir da solução definitiva deste problema e de outros pequenos ajustes táticos o Verdão sou convicto de que o Palmeiras volta a ser um time tão eficiente quanto foi no ano passado.

Um mérito de Felipão: Lucas Lima sempre limitado fisicamente, tem atuado de maneira diferente e inteligente guarnecendo posição mais atrás, procurando fazer aquilo que sabe melhor, tocar e lançar, embora ainda não tenha rendido satisfatoriamente. Por que ninguém destaca este aspecto?

Antes de outra coisa, vale dizer que sinto-me à vontade quando defendo a permanência de Scolari (mera questão de equilíbrio coerência e justiça) porquanto o técnico de minha preferência quando da saída do inexpressivo Róger Machado (hoje estupidamente comparado a Felipão) era exatamente Wanderley Luxemburgo.

Aliás, o único bloguista que (à época) acompanhou-me nessa linha de raciocínio foi Verde Insuperável que, assim como eu, diante da impossibilidade da contratação de Luxa, nossa melhor opção, aceitava Scolari como a segunda alternativa, ainda que sabendo das manias profissionais do gaúcho. Acertamos em cheio!

Então, não será mediante uma normalíssima derrota para o Curica, tanto e quanto por alguns empates contra times de orçamento baixo que se pode crucificar Scolari ou pedir a sua imediata demissão do cargo.

Sempre é bom lembrar que alguns desses resultados tidos e havidos como "negativos" ocorreram pela  bobagem do rodízio de times, erro crasso de Scolari, quando o Palmeiras entrou em campo com times reservas.

Como é que um time pode ganhar ritmo de jogo e, principalmente, entrosamento se ele é trocado ou modificado radicalmente a cada jogo?

Será que Felipão ainda não aprendeu que os boleiros ganham mais confiança e rendem muito mais quando têm certeza e consciência de que são titulares?

Será que ele desconhece que os melhores times da história do futebol brasileiro a torcida os conhecia de cór?

Os que pedem a cabeça de Scolari não levam em consideração que no derby deste ano (sua única derrota) Felipão deu azar de o Palmeiras ter sofrido o primeiro gol logo de início.

Como sói sempre acontecer, o Curica, que entrou em campo acuado e apenas pra se defender, deu uma escapadela, achou um gol e o resto foi retranca, antijogo, "bumba meu boi", bola pro mato, pontapés e antijogo, com o beneplácito e a aprovação de uma arbitragem conveniente.  Ou aqueles que ainda se lembram da derrota se esqueceram disso tudo?

O incrível nessa mixórdia é que (eu leio e não acredito) tem gente que sustenta, alega e garante que Carile é mais técnico, mais atualizado do que o Felipão a quem chamam de "velho retranqueiro"!

Tenham a santa paciência. Carile, técnico iniciante e doméstico não paga placê em relação ao internacional Felipão sob qualquer aspecto que se tente compará-los. Carile é tão óbvio e incipiente que nem na Arábia Saudita ele conseguiu "se criar" e se destacar. Não existe termo de comparação!

Ah, não nos esqueçamos nunca de mencionar que, por lá, não havia o auxilio luxuoso (royalties para Luis Melodia), dos árbitros, federações ou confederações.

Alguém assistiu ontem, domingo, ao "vareio" de bola que o Curica (mesmo ajudado pelo soprador de apito Forlan) levou da Ferroviária, só chegando ao empate por mera circunstância ao final do jogo num lance daqueles de bola alçada há tantos anos usado por Felipão?

Para desvalorizar Felipão muitos dirão que o gol ocorreu em função do "gênio" Carile, "muito mais novo, melhor e mais atualizado do que Felipão" cujo time, noves fora as bolas alçadas que realiza com mais perfeição, tem jogado tão feio, tão mal e às vezes até pior do que o Palmeiras?

Por que Carile é tão elogiado se põe o Curica na defesa e na retranca e Felipão só recebe críticas quando usa do mesmo artifício no Palmeiras?

Qual o motivo pelo qual tantos palmeirenses vivem apregoando que o curicano é muito mais técnico do que o gaúcho?

A esses eu faço questão de responder:

Repetindo:

Qual dos dois é o atual campeão brasileiro?

Qual dos dois ganhou mais pontos no Paulistinha até a rodada ontem encerrada?

Ou todos já se esqueceram que o Curica sempre joga com doze, treze, quatorze ou mais jogadores em face da participação efetiva dos árbitros e das arbitragens?

Ou todos estão com a memória curta e já se esqueceram de tudo o que foi feito em prol do Curica durante todo o tempo em que Lula, Dilma et caterva petista tomou conta do país? Futebol, creiam, não se ganha apenas em campo!

Por tudo isso, mais do que peço, apelo a todos no sentido de parar de bostejar clamando pela dispensa de Felipão, ao menos até que termine o Paulistinha. E se o Palmeiras, jogando feio e mal vier a ser Campeão?

Pois fiquem sabendo os detratores de Scolari que, queiram ou não vocês, ele sabe tudo de bola. Não fosse assim e ele (protagonista da "cagada tática" inicial no jogo de sábado passado) não teria conseguido corrigir acertadamente as bobagens que ele próprio perpetrou quando do segundo tempo do jogo de sábado contra o Novorizontino! Ele deu um show na hora das mudanças e teve sensibilidade suficiente para consertar taticamente o time.

Por tudo isso e por muitas coisas mais, fique bem claro que não é da noite para o dia que se manda embora um treinador, ainda que seus resultados num determinado momento estejam sendo pífios.

É necessário que se apresente argumentos sólidos quando o assunto é, com querem aqueles que raciocinam com o coração, a dispensa de Scolari. É ridículo e nem tem o menor sentido uma atitude radical como essa que beira à loucura!

Pedir a cabeça de um treinador campeão que só perdeu um jogo no início da temporada e que em três meses e empatou três vezes, ainda assim atuando com times mistos, não é de  bom tom e pode ser tachado tranquilamente como uma i-r-r-e-s-p-o-n-s-a-b-i-l-i-d-a-d-e.

Deixar de reconhecer que Scolari, apesar do jogo feito e apesar dos pesares, está levando o time para a fase final de um campeonato, das duas, uma: é intolerância ou implicância. Não contem comigo pra isso.

Treinador que ganha todas jamais existiu e jamais existirá, nem Brandão, nem Minelli, nem Luxa, nem Telê nem ninguém para que se fale, apenas, de brasileiros.

Será por um empate acidental em Novo Horizonte que eu vou considerar Scolari, num átimo, num estalar de dedos, o pior treinador do mundo é pedir sua substituição? Não faz o menor sentido!

Palmeirenses conscientes, vejam bem, olhem bem, raciocinem e percebam o mal que estão fazendo ao clube nas chamadas críticas radicais que pedem a cabeça de um treinador até agora vitorioso.

Esta é a hora, sim, da crítica construtiva, da crítica que ajuda, da crítica que desafia, da crítica que toca os brios, da crítica que motiva e faz com que todos, da diretoria à comissão técnica e dela aos jogadores, que todos se encham de responsabilidade e passem a partir de agora a fazer o jogo da vida.

Meus amigos, o exagero crítico e a intolerância chegaram -injustamente- a um ponto tal que estão querendo comparar o trabalho medíocre de Roger com a saga gloriosa de Felipão no ano passado.

Ah, (dizem os imediatistas inconformados) mas ele não ganhou do Boca em La Bombonera, e Róger Machado ganhou, como se o Palmeiras não pudesse perder nunca para um clube de tamanha estrutura quanto o gigante portenho. Isso é, simplesmente, utópico e irrealizável.

Não, meus amigos, esta não é a hora propícia para críticas radicais a Felipão e, sobretudo, para que se lhe peça a cabeça.

Para os que o chamam maldosamente de "velho superado" eu pergunto:

Qual técnico Brasileiro tem um currículo melhor e mais rico do que ele?

Para encerrar faço questão de gritar aos palmeirenses que pensam com o coração:

"O TIME NÃO PERDEU, CAZZO. JOGA EM CASA POR UMA VITÓRIA SIMPLES PARA CHEGAR ÀS SEMIFINAIS DO PAULISTINHA".

PORTANTO, DEVAGAR COM A LOUÇA, AMIGOS PALMEIRENSES!

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