Observatório Alviverde

13/02/2019

APÓS O PAULISTINHA, FELIPÃO GARANTIU QUE NÃO USARÁ DOIS TIMES DIFERENTES EM NENHUMA COMPETIÇÃO!


Quando ousei afirmar que era "conversa pra boi dormir" times número um e número dois se alternando em disputas dos mesmos campeonatos, muitos não concordaram e até me repreenderam. 

Quando eu deixei claro que, mesmo partindo de um técnico do estofo de Felipão eu não concordava com esse tipo de recurso, que isso não pode existir ou ser adotado por qualquer grande clube e que tal não caberia, jamais, em um time organizado, o teor das críticas só aumentou.

Alguns passaram-me verdadeiras carraspanas escritas no espaço do blogueiro deste OAV e até orais, telefonando-me, claro que alguns mais chegados.

Levei inúmeras broncas, uma delas até de meu irmão, (grande palmeirense) médico formado na década de 80 e, portanto, muito vivido e experiente para dizer-me isto que disse:

(Sic)

"Diante das exigências a que estão sujeitos os futebolistas de hoje e do aumento do número de jogos e torneios que disputam, os técnicos têm de, o-b-r-i-g-a-t-o-r-i-a-m-e-n-t-e,  buscar socorro nos avanços da preparação física e da própria medicina, mudando a maior parte das peças dos times ao menor sinal de cansaço. Preferencialmente, deveriam fazer como Felipão e colocar em campo alternadamente os seus times número um e número dois".

Para mim esse negócio de que os times de hoje são mais exigidos fisicamente é puro folclore. 

Desde que o técnico Rinus Michels e os times holandeses (Ajax, Feyenoord, PSV e outros) colocaram em prática o chamado futebol total no início da década de 70, antes da Copa da Alemanha em 1974, que é assim. 

Mesmo na condição de pioneiros da marcação e da correria sem freios, os holandeses de Cruyff, Neskens, Kroll e Surbie, líderes da "Laranja Mecânica", como passaram a cognominar a Seleção holandesa, conquanto tenham derrotado o Brasil, perderam a final da Copa de 74  para a Alemanha de Sepp Mayer (goleiraço), Overath, do artilheiro Gerd Muller o artilheiro da competição e de Franz Beckenbauer, o grande capitão e considerado o maior jogador daquela Copa.

Em 1978, já de novo técnico (Ernst Rapel), vendo a tática e o modo de jogar da Seleção  Batava se espalhando pelo mundo e sendo copiada por todo o planeta, os holandeses voltaram a perder outra Copa, a Copa da Argentina.

Com uma geração mista de jogadores, entre novos e veteranos, mas sem a maior estrela Johann Cruyff,  lembro-me, neste instante, de Neeskens, de Rep e de Rosembrink, derrotados outra vez pelos donos da casa, a Argentina, que tinha um timaço, com jogadores do calibre do goleiro Fillol, do zagueiro Passarela e dos atacantes Luque e Mario Kempes, mas ainda sem Maradona.

Então, desde essa época (faz tempo, viu?) que os clubes adotaram o futebol total, isto é a marcação individual ou por zona o tempo todo e, por consequência, já não existe mais o procedimento de "guardar posição", mas, simplesmente de estar onde estiver o adversário que o treinador ordenou, fosse marcado.

Em relação ao número de jogos, também não é verdade que os times de hoje joguem mais vezes do que os times de antigamente. Naquela época se jogava tanto ou mais do que hoje e às vezes, até, muito mais!

Por tudo isso eu não acredito nesse negócio de estafa tão em moda na vida dos jogadores de hoje e tão propalada pela mídia, em início, meio ou em três quartos de temporada. Posso acreditar, sim, lá no final da temporada. 

Como crer nessas situações em uma profissão lúdica em que todos se divertem para exercê-la, ressalvada as suas condições de profissionais?

A única estafa na qual acredito é na estafa física que, às vezes acontece,  porquanto, reconheço, os jogos são pegados, envolvem disputas pesadas e atritos pela posse da bola, sujeitando os oponentes aos riscos de contusão.

Aí, sim, é que entram os avanços da medicina com todos os exames possíveis e imagináveis que têm, muitas vezes, o poder de antecipar problemas e contusões mais sérias, mormente as articulares, e, principalmente, as mais comuns, as musculares. 

Eu, já na terceira idade, mas com pique de adolescente neste blog e em minha vida, gosto muito de comparar o passado com o presente, assim como quase todos de minha faixa etária. 

Ciente e consciente que a maior parte de meus contemporâneos tem por hábito afirmar,  nessas comparações,  "que o antigamente era melhor do que hoje quero adiantar que discordo radicalmente dessas ilações eivadas de saudosismo".

Sem ser um radical, penso diferente e lhes digo que, em relação ao futebol, tudo, hoje,  é melhor, exceto no que respeita à média de qualidade dos atletas, à categoria dos mesmos, e, enfim,  àquilo que se vê e que acontece dentro de campo.

Hoje, por exemplo, sei que o jogo foi humanizado pela adoção dos cartões (invenção francesa) e as verdadeiras batalhas campais do passado, dos incidentes normais de  campo ao pugilato, semelhantes a um "vale-tudo", já não são tão frequentes quanto eram.

Em suma, a par e passo com o desenvolvimento da ciência,  da medicina, da preparação física, da ciência da computação, do estudo e da evolução tática dos técnicos, das leis do jogo e de tantos outros aspectos, o futebol perdeu muito de sua dureza, de sua rudeza e, sob esse aspectos, os atletas hoje sim é que não são tão exigidos quanto antigamente.

Então esse negócio de que a exigência aos atletas, hoje em dia, é maior do que antigamente, não passa de  um equívoco, de uma imagem plantada pela mídia, apresentando estatísticas que não podem ser comparadas àquilo que não existia naquela época.

O que existe, mesmo, no mundo profissional de hoje, em que os atletas agem em consonância com os seus interesses (escusos ou não) e de acordo com os seus apetites, é muita manha e muita reclamação da parte de marmanjos imaturos ou paparicados, completamente despreparados para o exercício da nobilitante arte da diversão pública remunerada (e como é remunerada!)!

Voltando ao assunto que motivou esta postagem, Felipão disse de uma maneira direta, como é de seu feitio, que não terá dois times se revezando nos compromissos do Palmeiras pelos vários campeonatos e torneios que vai disputar.

Em alto e bom disse que a alternância dos times A e B ocorrerá, no máximo, até a oitava rodada, finda a qual ele define o time titular e irá em frente com o que tiver de melhor em termos de peças individuais, buscando sempre o almejado entrosamento!

Que alterações haverá, na medida exata das necessidades, a partir das informações do departamento médico, da fisiologia e dos próprios jogadores.

Mas era só isso que eu esperava de Felipão, vivido, traquejado e experiente no mundo da bola, que sabe, perfeitamente, das contradições decorrentes das teorias da mídia que adora as extravagâncias, os exotismos, as inovações e, sobretudo, os modismos. 

Disso tudo, o Palmeiras não precisa. Nem de dois times para as mesmas competições!

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Este blog abraça Jailson Costa, um dos maiores executivos do ramo de hotéis, que está passando férias em BH.

Jailson é potiguar de Natal e em sua juventude chegou a jogar pelo Alecrim FC, o terceiro clube mais importante do Rio Grande do Norte que, coincidentemente, veste Verde. Por extensão, Jailson é um simpatizante do Verdão.

Estaremos, hoje, no restaurante do Lúcio, na Rua Araguari, o maior -sem exagero- Self Service do Brasil, almoçando com Jailson.

Estará conosco o repórter Wilson José, o repórter esportivo mais bem informado de BH e colunista dominical do  Jornal "O Tempo". Seu grande defeito é torcer (discretamente) pelos Bambis.

Estarão conosco, também, o insigne causídico Dr. Civis de Oliveira, amigo pessoal de Milton Neves e natural de Muzambinho, MG, além do fanático torcedor do América Mineiro o grande Toninho, extraordinário mecânico e, também, simpatizante do Verdão. (AD)