CAIU MEL NA SOPA DO VERDÃO. PALMEIRAS DECIDE A VAGA PARA A FINAL SUL-AMERICANA CONTRA O GOIÁS, QUARTA-FEIRA DIA 17/11 EM GOIÂNIA. VAMOS ENFRENTAR UMA EQUIPE CONTRA A QUAL OSTENTAMOS EXCELENTE RETROSPECTO!
Acabo de acompanhar pelo Sportv, com a narração do excelente Jota Júnior, Avaí 0 X 1 Goiás.
Foi um resultado deveras surpreendente, em meu ponto de vista.
O Avaí tem time melhor, mas o Goiás tem um time mais rodado, muito mais experiente.
Não assisti ao primeiro tempo, mas assisti, com muita atenção, ao segundo tempo.
É óbvio que torci pelo Goiás. Aprecio muito os times que usam verde.
Mas não foi, apenas, pelas belas camisetas verdes do Goiás que torci pelo nosso maior genérico,
Nem pela enorme simpatia e carinho que tenho por essa equipe cujos jogos irradiava na década de 60.
Permitam-me, neste espaço, uma deliciosa e interessante digressão…
O Goiás, na década da pílula e das grandes transformações, engatinhava e era a quarta força entre os grandes da capital goiana.
Tanto é verdade que só ganhou o primeiro título regional em 1966.
Começou com o nome de Comercial e só se profissionalizou, já como Goiás EC, na década de 60.
Os componentes da pequena colônia italiana de Goiás aderiram de imediato à causa e ajudaram a construir o Goiás
O Goiás tinha, na década de 60, um presidente-mecenas-mantenedor chamado Hailé Pinheiro.
Foi esse homem que iniciou a estruturação do Goiás EC transformando-o numa potência.
Hailé e a família Pinheiro representavam a Caninha Tatuzinho no centro-oeste.
Aliás, quero dizer, en-passant, que fiz muitos anúncios da caninha tatuzinho em minhas transmissões pelo rádio.
Depois da Gilete, a Tatuzinho, do Comendador D´Abronzo, talvez tenha sido o maior anunciante das jornadas esportivas pelo rádio.
O texto mais interessante da Tatuzinho ainda permanece vivo em minha memória:
"Caipirinha, por definição, é Tatuzinho, açúcar e limão". Genial!
Entre os outros grandes goianienses, o Goiânia vestia preto e branco e se identificava com o Corinthians.
Havia sido fundado com o nome de Esporte Clube Corinthians Goiano.
Muitos caixeiros-viajantes de São Paulo que visitavam Goiânia com freqüência, ajudaram a fundar o clube e contribuíam mensalmente para a sua manutenção.
O Atlético, de Campinas, bairro mais velho do que a cidade, é o clube primogênito da capital goiana.
Identificou-se, desde que nasceu, com o Flamengo e com o São Paulo.
Acontece que seu primeiro presidente, Edson Hermano, era torcedor dessas duas equipes.
Hermano adotou para o uniforme do Atlético as cores do Flamengo e o distintivo do São Paulo.
Já o Vila, ao nascer, não identificou-se com nenhuma equipe de outros centros.
Nasceu como Operário FC, virou Araguaia até transformar-se em Vila Nova FC.
Vila Nova era um dos bairros mais populosos de Goiânia e emprestou seu nome ao clube.
Hoje, porém, dizem que o Vila se identifica com o Flamengo ou com o Corinthians.
Até hoje, apesar de todo o crescimento do Goiás, é considerado o time de maior torcida no estado.
Naquela época, Vila e Goiânia disputavam a hegemonia do futebol goiano e eram as equipes de maior investimento.
O interior também era forte e teve algumas equipes campeãs como o Anapolis e o Crac de Catalão.
Outras quase chegaram ao título, como Inhumas.
O Goiás daqueles áureos tempos tinha um timaço.
Lembro-me de alguns nomes como Aleixo, Macalé, Sinval, Afonso, Tuíra, Lincoln, Rinaldo e Paghetti.
Lembro-me, também, de Sete Léguas, um dos nomes legendários do futebol goiano em todos os tempos, em fim de carreira.
Sete Léguas, eu seus tempos dourados, fora ídolo do Vila Nova.
Terminada a digressão, falemos de nosso adversário de quarta-feira.
Não poderia existir para o Palmeiras nessas semifinais da Sul-Americana, um adversário mais cômodo do que o Goiás.
O Avaí seria um adversário muito mais difícil e complicado por alguns fatores principais:
Primeiro: tem um time muito melhor do que o Goiás.
Segundo: joga em um estádio pequeno, acanhado e a torcida joga junto.
Terceiro: se agiganta quando enfrenta as grande equipes paulistas dentro de sua casa.
quarto: tem em seu histórico recente uma goleada sobre o Palmeiras.
quinto: houve brigas entre os jogadores quando do último jogo entre as equipes, o que sugere uma rivalidade maior.
O Goiás parece um adversário não mais fácil, mas, menos difícil, pelas seguintes razões:
Primeiro: é um time fraco, abalado emocionalmente, cujo descenso tende a confirmar-se, matematicamente, no jogo de domingo contra o Fluminense no Rio.
Segundo: tem um time destroçado, desentrosado e dividido, dentro e fora do campo.
Terceiro: tem muitos jogadores acomodados esperando o final de contrato, já sabendo que serão dispensados
Quarto: tem um potencial ofensivo fraco. Seu ataque marcou, apenas, 37 gols no Brasileiro. Fica à frente, apenas, do Grêmio Prudente e do Guarani.
Quinto: tem a defesa mais vasada do Brasileirão. Sofreu 59 gols.
Sexto: tem retrospectiva negativa contra o Palmeiras, que sempre pesa sob o aspecto psicológico, na hora das comparações.
Sétimo: joga no Serra Dourada, estádio absolutamente neutro, em que a torcida fica longe do campo e exerce pouca pressão sobre os jogadores.
Oitavo: o Goiás, dificilmente, terá a maioria esmagadora da torcida no jogo em Goiânia. A torcida do Palmeiras poderá ser maior.
Nono: terá de decidir com o Palmeiras em São Paulo, onde nunca conseguiu vencer o esmeraldino original.
Décimo: tem um goleiro baixote, louco pra levar gols de cabeça ou por cobertura. O Palmeiras deve explorar isso!
É obvio que não se ganha jogos ou campeonatos com estatísticas pretéritas, nome ou tradição.
Quando os times entram em campo, tudo pode acontecer.
O jogo é jogado, e o lambari é pescado, (royalties para o técnico Jair Pereira que cunhou a frase. Por onde ele anda?)
Porém, diante de tantas circunstâncias favoráveis, eu não vejo como o Palmeiras possa perder essa classificação.
Fosse um jogo só em Goiânia eu teria muitos temores.
Com dois jogos, muito melhor time, decidindo em casa, com Felipão no comando, sinto-me em um porto bastante seguro e confiável.
Espero, sinceramente, que não sejamos novamente acometidos pela síndrome de Robin Hood.
Tiramos a classificação de um gigante, não vamos entregá-la a um anão (o atual time do Goiás, não o clube).
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