Observatório Alviverde

06/03/2011

DIRETORIA CONTINUA A FRITURA DE FELIPÃO!

 

Falemos, primeiro, sobre o jogo!

Não concordo com a expressão dita moderna em voga na boca dos néo-comentaristas esportivos de rádio e tv, “é jogo de um time só”.

A hperbólica expressão está longe de refletir a dominância ou prevalência de um time como queria colocar o comentarista Luiz Ademar, do PFC.

Sozinho ninguém joga. Às vezes, sim, treina, mas não passa disso.

O comentarista do PFC Luiz Ademar, a propósito do Palmeiras e Santo André, abusou da figuração, no mínimo, por três vezes..

Longe de criticar o comentarista Ademar ou o narrador Linhares, que trabalharam com correção, quero, apenas, advertí-los quanto ao uso da descabida expressão, que não correspondia à verdade do jogo. 

Senão, vejamos!.

O Sto André, por opção tática, por opção tática, guarneceu-se na defesa, abdicou da iniciativa do jogo e atuou à Felipão, procurando  atacar no erro do Palmeiras.

Como se pôde notar, Felipão provou, ontem, de seu  próprio veneno tático e seu time enfrentou terríveis dificuldades para chegar ao gol andreense,.

Encarando uma hermética retranca e encontrando a grande área inimiga e imediações sempre povoadas, o Palmeiras tentou de tudo para furar a retranca e consignar, ao menos, um gol, sem êxito.

Assim, atacando livre de marcação até a intermediária do Santo André, o Palmeiras, partir daí, trombava em um paredão de adversários, quase o time inteiro do Santo André, muito bem postado defensivamente.

Tanto era que, assim que o ataque verde chegava em sua intermediária, transformava a marcação de zona para a de homem a homem e engatava contrataques rápidos a partir do momento em que recuperava a posse de bola.

Ouso dizer que se o Santo André não houvesse perdido, prematuramente, o meio campista Gilberto, expulso aos 24 do primeiro tempo, as dificuldades do Palmeiras teriam sido, até, muito piores.

Como já foi dito, o Palmeiras tentoiu de tudo para furar a retranca. Jogou aberto pelos flancos, ora de um lado, com Cicinho e Tinga, ora do outro, com Gabriel e Luan, às vezes em tentativas de infiltração e em outras,  cruzando muito para a área.

Ressalte-se a falta de qualidade dos cruzamentos, a maioria deles sem endereço, sem nexo, sem direção, em contínuo desperdício de tempo como queria o time do ABC paulista. Irritado, Felipão sacou Gabriel no intervalo e Cicinho, por volta dos 20 minutos do segundo tempo.

O Palmeiras tentou, também, o manjado jogo do abafa, vindo de trás, com o apoio dos volantes, tentando tabelar na entrada e dentro da área, mas, também assim, nada conseguiu.

Tentou inúmeras vezes o arremate de longe, com Luan, Assunção e João Vitor, acertando apenas um chute fraco de Marcos Assunção, defendido facilmente por Neneca.

MORAL DA HISTÓRIA

Ninguém pode garantir que com um camisa nove especialista o Palmeiras fizesse o gol redentor, mas que teria mais possibilidaes, sim, teria. Nosso ataque era muito leve e a partir dos trinta do segundo tempo, Scolari transformou o zagueiro Danilo em atacante para explorar o jogo aéreo. Ele até fez um um gol, mas estava impedido no momento da cabeçada.

No decorrer dos anos eu tenho falado, insistentemente, da inacreditável  preferência do Palmeiras exclusivamente por zagueiros, volantes e meias enfeitadores.

O pior da história é que num futebol que cada vez mais é decidido nas jogadas aéreas e na disposição átletica, continuamos contratando, nas poucas vezes em que procuramos atacantes, jogadores de baixa estatura perdendo a importantíssima opção do jogo aéreo.

Aí vamos buscar um atacante no Bahia que tem uma dupla muito entrosada Adriano e Jael.

Ambos são bons, mas Jael, centro-avante  original, canhoto, habilidoso, driblador, ex Galo mineiro, o qual conheço muito bem, é melhor, tem mais físico, é mais alto, mais decisivo, mais experiente e chuta muito mais forte..

O que fez, então, o Palmeiras? Contrata, apenas, Adriano. Até quando será assim? Até quando desprezaremos os centro-avantes de ofício? Tinhamos Obina, o melhor em atividade no Brasil, mas Cipullo fez questão de prescindir do jogador em razão da estúpida briga entre Obina e Maurício naquele jogo do ano retrasado em Porto Alegre contra o Grêmio.

O que Adriano poderia ter feito em um jogo como o de ontem, disputado à base do corpo a corpo e sem a disponibilidade de espaço? Simplesmente sumir em campo, exatamente como aconteceu!

Verdade seja dita, o Santo André sofreu sufoco territorial  e um bombardeio interminável, em decorrência, não apenas de sua postura tática retraída, mas, também, pela imensa disposição anímica e física do time palmeirense.

De fato, algumas coisas muito importantes não faltaram, ontem, no time de Felipão, em termos de raça, espírito de luta, empenho e doação.

O que faltou, então?

Faltou que a bola entrasse, ponto.

Para que os palmeirenses não fiquem tristes ou decepcionados em face do resultado adverso, vale citar-se alguns outros aspectos, importantíssimos:

1) Jogamos sem as presenças de nossos principais craques, o goleador Kléber e, principalmente, o grande articulador Valdívia.

2) O empate pode nos ter tirado dos postos de vanguarda, mas não estamos assim tão distante doa gambás que lideram o Paulistão, Separam-nos deles, apenas três pontos.

3) O vice líder, o Mirassol, tem apenas um ponto a mais do que o Palmeiras .

4) Os bambis e o Santos empatam em pontos com o Palmeiras, mas como respectivamente venceram mais jogos e têm melhor saldo de gols, marcam posição na tabela levemente superior a nossa.

Como se vê, não há motivos para que se desanime no que se refere à classificação. O empate contra o Santo André serve, apenas, para  que acenda a luz amarela da advertência.

O perigo reside na ascenção na tabela de equipes como Ponte, Oeste, Paulista, Americana, Mogi e a Portuguesa que podem crescer muito com a motivação da perspectiva de classificação na atropelada final deste Paulistão 2011.

Nossa posição é cômoda em  relação a todos esses times, exceto a Ponte, que tem somente um ponto a menos do que o Palmeiras.

Entretanto, pelo que vem ocorrendo em nossos bastidores, eu estou com uma ponta de preocupação, pois a diretoria, na cara dura, está promovendo, visivelmente, a fritura de Felipão.

DIRETORIA FRITA FELIPÃO

O episódio do cancelamento da reserva da nutricionista no hotel da concentração é mais um sinal revelador de que a diretoria trama, nos bastidores, a queda de Felipão, já que economicamente pouco ou nada representa na realidade financeira atual do Palmeiras.

A negativa peremptória em ceder aos clamores e apelos desesperados de Scolari por um centro-avante, foi outro sinal muito claro de que o Palmeiras parece  disposto a  retirar da folha de pagamentos o milionário contrato do treinador e daqueles que o acompanham.

A divulgação insistente de declarações de conselheiros através da mídia, expondo o descontentamento do corpo associativo do clube pelos altos proventos pagos ao treinador & Murtosa & companhia, não me parece mera coincidência. Entendo que se trata de campanha orquestrada, dirigida, proveniente da cúpula do Palmeiras visando à  desmoralização e esvaziamento de Scolari, em pleno curso.

Quando vejo Valdívia, até então em plena forma física, alegando na véspera do jogo as manjadas dores musculares para ficar fora do jogo contra o Santo André, fico, como diziam os antigos, “com a pulga atrás da orelha”. Seria “cobra mandada”?

Quando Danilo, que já nem é mais do Palmeiras, destaca com veemência que Scolari ordenou o jogo de chuveirinhos para um time que não tem atacantes altos, as minhas suspeitas fervem a mais de mil gráus centígrados e parecem indicar que há, nessas declarações, um certo maquiavelismo que visa a direcionar ao treinador a responsabilidade total pelo mau resultado.

Quem sabe ler nas entrelinhas, veja o que disse o diretor de futebol Frizzo a propósito do episódio da nutricionista que tirou Felipão do sério:

SIC

"Essas decisões sempre são em um grupo de trabalho que busca vitórias juntos. O que temos que fazer é conversar e explicar porque tem que ser A, não B. Em um grupo de trabalho, às vezes existem divergências porque todos estão na ânsia de ter sucesso, vitória e saudável para que haja o debate";.

Frizzo, no entanto, avisou que novos gastos serão cortados. "Viemos nesta eleição a bordo de uma mensagem de fazer diferente, recolocar o clube em posição financeira tranquila. Quando se está neste trabalho, cotidianamente se buscam gorduras que possam ser reduzidas para o nascimento de uma cultura de que todos nós evitemos gastos desnecessários. Todos nós fazemos isso em casa."

CONCLUSÃO

Eu, particularmente, não creio que Felipão tenha vida longa no Palmeiras.

Pelo que vejo e entendo de futebol em meus 40 anos de militância direta, Felipão, se quiser garantir os seus 700 mil mensais, terá de engolir não apenas mutos sapos rãs e pererecas, mas um brejo inteiro.

Conhecendo Felipão, como conhecemos, ele não vai admitir ser acuado e desrespeitado em seu trabalho. Certamente vai por a boca no mundo, como tem ensaiado até agora e vai haver muita confusão. Como se vê, o Palmeiras parece que não tem jeito mesmo e seus dirigentes, assim como os antigos romanos, vivem voltados para a belicosidade e a guerra.

Tomara minhas previsões não aconteçam, mas, talvez seja exatamente isso o que deseja a diretoria de Tirone que, outra vez equivocadamente, imagina saber manejar as situações decorrentes de um clube endividado e perdedor.

Quem sabe esteja querendo explorar o temperamento forte e explosivo do treinador com o propósito de empurrar a situação, maquiavelicamente, para a procrastinação junto à justiça trabalhista?

Para que não ocorra essa alternativa, não resta nenhuma outra que não seja a de um acordo de cavalheiros. Mas, a julgar pelas atitudes da diretoria, a impressão de momento é que, se a demissão de Felipão se consumar, o será não pela convergência, mas pelo litígio.

Não sei se existe multa rescisória no contrato de Scolari. Deve existir, sim, mas, ainda que não exista, haveria a implacável multa “celetista” dos 50% do que resta para o término do contrato do treinador.

Como o vínculo contratual de Felipão expira apenas no final de 2012, o Palmeiras teria de pagar, se a demissão fosse este mes, no mínimo, cerca de 8 milhões a Felipão e nem se sabe quanto a Murtosa e outros componentes da equipe de Scolari Calculo que uns 10 milhões.

Se houvesse um acordo de cavalheiros, o Palmeiras ganharia alguns trocados, mas, a exemplo do que ocorreu com Luxa e Muricy, Luís Felipe ficaria por um largo tempo recebendo do clube a sua indenização trabalhista, sem prestar serviços ao Palmeiras.

A atual diretoria, não é a culpada pela incúria e irresponsabilidade de Belluzo, Cipullo e companhia, apedêutas em futebol, que contrataram treinadores em um meio volátil e inconsistente como o futebol por dois anos e com multas rescisórias, como de há muito ninguém mais faz no Brasil.. 

Mas ela tem de refletir e compreender que esta não é a hora mais favorável para dispensar Felipão. É preciso muita cabeça fria porque o tiro, mais uma vez, pode sair pela culatra,

Se a situação financeira é péssima com Felipão e sua “entourage”, mas imaginem sem eles, com a obrigação pagar-lhes a indenização e as despesas decorrentes de uma outra comissão técnica demitida.

Mais do que tudo é preciso paciência porque o patrão, de há muito, é a peça frágil nas relações com a CLT, cujos efeitos deletérios de liquidar com as empresas com os empresários e com o próprio emprego no Brasil, avultam-se a cada dia.

Qualquer coisa diferente que qualquer rabulazinho mais prepotente ou metido a gato-mewstre quiser passar à diretoria é sonho de uma noite de verão. Ninguém é maior do que a lei. O Palmeiras que se cuide!

Que não se iludam Tirone e a diretoria. Apesar, repíto, do temperamento sanguíneo e irado, Felipão não vai pedir para sair, não obstante as pressões e a fritura e nem vai dar azo para uma justa-causa.

Mais do que um passado a zelar, do que um cargo a manter ele sabe que tem uma fortuna a receber do Palmeiras e, já em final de carreeira, não vai abrir mão disso.

Não vamos incorrer nos mesmos erros das dispensas de Luxemburgo e Muricy!