Observatório Alviverde

05/10/2020

ENTRE LUXA E SAMPAOLI, A LONGO PRAZO, EU SOU MUITO MAIS LUXA! E VOCÊ?

Respeito T-O-D-A-S  as opiniões, por absurdas que sejam, desde que colocadas num contexto civilizado, compatível com a época em que vivemos.

Acho interessante, porém, que pessoas existam, incapazes de analisar o mundo em sua essência e conteúdo, o fazendo apenas pelo que ele apresenta em aparência.

Daí as inevitáveis comparações, nem sempre pertinentes, que nos levam a enganos de análise e equívocos de interpretação dos fatos, mormente quando o assunto enfocado é o futebol.

Muito se tem falado no atual momento do Atlético Mineiro e "na extraordinária performance" de seu técnico Sampaoli, que o açodamento midiático já coloca como o melhor em atividade no país desde que Jesus deixou o Fla e retornou à Europa.

O argentino além de já estar sendo proclamado e aclamado por muitos como o próximo campeão Brasileiro, já está sendo chamado de grande estrategista.

Num repente o promovem a uma espécie de Elba de Pádua Lima, o Tim, que os mais velhos, tia Estér inclusive,  se lembram bem ou como uma espécie de Cláudio Coutinho de tempos menos velhos, porém já decorridos. Mas, em campo, as coisas não são exatamente assim.

A minha avaliação desse obscuro ex-lateral do futebol argentino, reconheça-se, hoje um bom técnico, é a de que do ponto de vista funcional ele está muito mais para o seu conterrâneo Filpo Nuñes, (ex-professor de nossa gloriosa Academia e grande motivador de grupos), do que para qualquer treinador mais ou menos estratégico que se possa lembrar ou mencionar.

Fique bem claro  que -antes de mais nada- o fato de eu citar Sampaoli como "motivador de grupos" não significa, necessariamente, que eu o condene ou rotule como um mau treinador ou coisa assim...

A experiência sempre me diz que embora os treinadores ditos estratégicos saibam muito mais do que os outros, os números deixam muito claro que aqueles que não têm como primazia essa linha de trabalho, são os mais vitoriosos.

Via de regra os treinadores estrategistas têm poucos títulos! O maior exemplo é próprio Tim, um dos maiores jogadores brasileiros de sua geração, que se dizia discípulo de um argentino muito tático e estratégico que deixou sua marca indelével no futebol brasileiro, Ondino Vieira. 

Tim, além do Bangu, único time pelo qual foi campeão no Brasil, dirigiu também Flamengo, Vasco, Botafogo, Flu, Coritiba, vários times importantes do interior paulista.

Fora do país, dirigiu com sucesso a seleção do Peru e conseguiu classificá-la para a Copa de 82), mas acabou sendo dispensado quando os peruanos (com estratégia e tudo) acabaram goleados pela Polônia por 5 x 1.

Ademir Menezes, pernambucano, artilheiro da Copa de 50 e meu companheiro de crônica esportiva (trabalhava da equipe de Orlando Batista na Rádio Mauá do Rio de Janeiro, dizia isto a respeito de Tim:

"Ele foi o criador do líbero à frente da zaga, isto é o "cabeça de área", inventou a tática do quadrado mágico (quatro no meio de campo) e ampliou a utilidade dos pontas"

Os pontas eram usados até então,  apenas para ir ao fundo e cruzar em direção à área no melhor estilo de Garrincha, com algumas incursões em drible ou penetração na área adversária. 

Foi Tim quem os colocou em nova função, recuando-os junto com os meiocampistas ao seu campo defensivo, a fim de atrair os laterais e os meias adversários e aumentar o espaço em campo, ajudar na marcação para, sempre que possível, contra-atacar. 

Os pontas, normalmente jogadores de grande velocidade, atuavam sempre rente as linhas laterais e, a partir das retomadas de bola na defesa, eram lançados para fechar em diagonal, justamente o que os técnicos modernos tentam fazer (Felipão e Luxa, inclusive) sem o mesmo sucesso. 

Sei a razão, sei porquê mas não revelo senão de forma pessoal para algum técnico mais humilde. Moésio Gomes, técnico do Fortaleza e do Ceará Sporting, fã, imitador e copiador de Tim, ótimo estrategista, foi o único treinador que conseguiu reeditar "o quadrado de ouro" de Tim nas décadas de 70 e 80, mas ele já não está mais entre nós.

Entusiasmado pelo tema, acabei viajando demais pelos caminhos da bola e, com a permissão de vocês, vou tentar ser objetivo ao máximo para encerrar o tema. Então eu pergunto:

Será que o Atlético conseguirá manter o ritmo que tem mostrado até hoje nos jogos, ainda que tenha apenas uma competição para disputar?

Será que os técnico estudiosos e a um só tempo práticos (como Luxa) estão dormindo? Será que não estão estudando um antídoto contra o veneno do Galo de Sampaoli, cujo atributo maior, maior, até, do que o quase perfeito toque de bola do time, é aquele da preparação física e a juventude do time? O Palmeiras está repleto de jovens!

Ou vocês se esquecem de que o "superado Luxa" (como são idiotas os seus contestadores!) empatou em 4 x 4 com o ainda mais poderoso Flamengo de Jesus no segundo turno do Brasileirão do ano passado e com um time muito inferior ao Palmeiras de hoje?

Será que as coisas continuarão fluindo sempre de maneira favorável, de hoje até o final do Brasileiro para um time que sem a renda da bilheteria está fazendo das tripas o coração até para pagar os salários do elenco?

Será que o Galo Mineiro só tem jogadores de aço que não estão sujeitos a contusões e suspensões, considerando-se que a força de seu elenco ainda é uma incógnita?

Será que o Palmeiras, um dos melhores da Libertadores, que está invicto no Brasileiro e cujo elenco é superior ao do time mineiro, vai entregar a rapadura tão facilmente dia 01 de novembro, data em que já se saberá de cor e salteada a fórmula de jogo atleticana entregará o jogo tanto e quanto o Vasco entregou ontem em BH?

Meus amigos, já passou da hora dos palmeirenses parar de censurar Luxemburgo, passar a analisar per si o que faz o time em campo e sem a influência de cronistas como aquele tal Falcicani da Fox que desde que o futebol retornou, tenta criar um fato novo visando a derrubar Luxa.

Derrubar Luxa é um desejo daquela uniformizada que tem um de seus fundadores se lançando candidato à presidência, mau elemento que conheci pessoalmente nos tempos em que trabalhei em Sampa. Não cito-lhe o nome para evitar a promoção de semelhante criatura.

Vamos, pois, apoiar o que temos! Vamos, sim, criticar Luxa naquilo em que ele erra, mas vamos reconhecer tudo o que ele acerta.

 O trabalho atual de Luxemburgo no Palmeiras é tão bom, mas tão bom, que se não fosse por isso as forças malignas que infestam a maior parte da torcida e grande parte da diretoria, já o teriam derrubado.

Ouso dizer ao final desta crônica que fiz com pressa, mas com a convicção de que ao escrevê-la não estou prejudicando o meu clube de coração, simplesmente o seguinte:

"Entre Sampaoli e Luxa, principalmente a longo prazo, eu sou muito mais Luxa! 

E você?

COMENTE COMENTE COMENTE