Observatório Alviverde

16/12/2017

OS DESLUMBRAMENTOS E A SUBSERVIÊNCIA DA MÍDIA LIQUIDARAM O FUTEBOL BRASILEIRO!



Ainda que o Brasil tenha se classificado antecipadamente para a Copa da Rússia e mesmo que o Grêmio venha a ser hoje o Campeão da Libertadores, sou convicto de que o nosso país não é mais nem sombra da potência futebolística que encantava o mundo, anos atrás.

Indo além, repito e sustento o que disse outro dia aqui no blog, que, "em se tratando de clubes, a escola brasileira regrediu ainda mais que a Seleção antes de Tite".

Na verdade, a escola brasileira, a partir do momento em que começou a copiar a europeia, perdeu completamente a sua identidade e, hoje em dia, encontra-se em um patamar inferior às escolas argentina, colombiana e equatoriana, e, no máximo, em igualdade de condições em relação às uruguaia e chilena"...

Sem medo de errar afirmo que a decadência brasileira já aproxima o nosso futebol de outras seleções sul-americanas consideradas, muito fracas como as peruana, boliviana e até à mediana paraguaia...

A rigor, nosso "soccer" -hoje- só se impõe, de maneira mais forte, ao jardim de infância da Venezuela, país no qual o futebol, sequer, é o esporte número um. 

Se é assim, por que então, perguntam muitos, nos classificamos antecipadamente para a Copa? 

Apenas e tão somente pelo trabalho paciente e quase manual de Tite, pela surpresa de seu esquema retrancado ainda não decifrado pelos adversários e pela convocação dos derradeiros talentos do futebol brasileiro, 95% dos quais estão no exterior.

Tudo o que digo não é "achismo" porque está registrado na dura realidade dos números e dos resultados verificados nos últimos anos. 

O Grêmio, por exemplo, que ganhou com sofreguidão a Libertadores/17 e hoje decide o mundial em Dubai, penou, esta semana para se impor ao modestíssimo Lanus, time de terceiro escalão da Argentina.

Da mesma forma, o sofrimento dos gaúchos para ganhar o primeiro jogo do Mundial contra o Pachuca do México,  por um magríssimo por 1x0 na prorrogação, é outro atestado evidente do que estamos afirmando. 

O pior é que, a par de tudo isso, há que se registrar o pavor que toma conta dos times e dos jogadores brasileiros cada vez que têm de enfrentar times uruguaios e, em certas circunstâncias, até os paraguaios.

Como deixar de registrar o notório sentimento de inferioridade que toma conta dos times brasileiros quando encontram times argentinos. O Fla x Independiente da semana passada foi o último e mais recente exemplo.

Culpa de quem?

Da mídia, da vaidade dos jornalistas, da necessidade que sentem em impor suas opiniões ainda que absurdas e, indubitavelmente, da subserviência e da falta de visão dos dirigentes!

É evidente que a culpa maior é da Globo, que, infelizmente, monopoliza e financia o futebol, sendo a principal fonte de renda de quase todos os clubes.

À Globo só são importantes e interessam os chamados eventos de elite, embora tais eventos nem sempre sejam ideais para o desenvolvimento do futebol regional e, por extensão, do próprio futebol brasileiro. 

Deu para perceber que os globais liquidaram os estaduais tidos como demodês? 

Esqueceram-se que mantém os estaduais mantêm os clubes do interior vivos, e funcionam como reveladores de novos talentos.

Criminosamente, exigiram Brasileiros por pontos corridos com 20 clubes em cada série, em um país de dimensões continentais. Foi um autêntico tiro no pé do futebol brasileiro, liquidando, completamente, o futebol do interior! Os rios não podem perder as suas nascentes...

Culpa dos Juca(s), dos Trajano(s), dos Helen(as), dos Prado(s), dos Galvão(s), líderes midiáticos responsáveis  por uma estupidez denominada "europeização" do futebol brasileiro, em detrimento do velho sistema que fez a Seleção Brasileira cinco vezes campeão do mundo e vários clubes nacionais inúmeras vezes campeões do mundo! 

Em matéria de futebol, o que se percebe hoje em dia na TV brasileira é um "deja vu" daquilo que as TVs especializadas em mostrar campeonatos europeus exibem todos os dias (sem tirar e nem por), uma autêntica cópia xerográfica daquilo que acontece no Velho Mundo e que só lá é importante..

O pior é que não existe mais remédio para essa doença mortal pois as cabeças das novas gerações estão tomadas e contaminadas por conceitos modernistas mirabolantes a partir dos bastidores, passando pela organização dos campeonatos, da formação das equipes, da filosofia de jogo, dos sistemas de treinamento e etc.

Quero deixar claro que reconheço que o jogador brasileiro de uns tempos a esta parte, evoluiu bastante no que respeita ao jogo coletivo. Em matéria de toque de bola, nossos times, devagarinho, começam a se equiparar com os europeus.

Só que, infelizmente, perdemos a nossa maior marca, o poder individual, ou, se quiserem, a força do talento, porquanto, hoje, no futebol brasileiro, é proibido prender a bola, improvisar, arriscar dribles e impor o talento individual..

O futebol brasileiro, infelizmente, já não tem, nem de longe, jogadores do nível de um Garrincha, de um Julinho Botelho, de um Rivaldo, de um Romário, de um Edmundo, de um  Tostão, de um Dirceu Lopes, de um  Reinaldo, de um Dida, de um Zico, de um Mirandinha, (aquele do Palmeiras) para que nem se mencione os maiores atacantes que eu vi jogar Mazola e Pelé, todos eles demolidores de retrancas e destruidores de sistemas táticos defensivistas.

Há umas duas ou três semanas Luxemburgo abordou o tema e ressaltou "ipsis litteris" tudo o que estamos dizendo e que só não havíamos publicado porque estávamos esperando uma oportunidade para publicar.  No ensejo do jogo do Grêmio de logo mais resolvemos fazê-lo.

Com muita propriedade Luxemburgo afirmou que, "em razão da falta de improviso e criatividade ofensiva o futebol brasileiro perdeu o seu prestígio e já não é mais o mesmo de outros tempos".

Sábias palavras de Luxa, confirmadas pelo lance individual de  Éverton do Grêmio, que decidiu um jogo difícil e  problemático contra o Pachuca e colocou o Grêmio na rota do Real para a disputa do Mundial de Clubes/2017.

O futebol brasileiro só voltará a se impor como antes à América, à Europa e ao resto do mundo, mediante uma nova organização de campeonatos que abra ensanchas para o fortalecimento dos clubes menores, mormente os do interior, mediante uma nova política regional, base de tudo para a formação de novos craques e da retomada de sua verdadeira identidade do drible, do improviso, da arte e da magia  que sempre o caracterizaram. 

ALCIDES DRUMMOND

Olha a base do Palmeiras aí, gente...

O Verdão já ganhou cinco títulos da base este ano:
Sub11, Sub15, Sub20 (Campeões Paulistas) 
* As equipes Sub13 e Sub17 foram vice-campeãs.

Sub 17 (Copa do Brasil) 
Sub 14 (Paulista Cup) 
Sub 16 (Copa Blumenau)

COPA IPIRANGA INTERNACIONAL
Ao vencer o Inter por 3 x 2, gols de Aldo (pênalti), Airton e Fernando, o Verdinho garantiu sua ida à finalíssima da competição, domingo, às 16,30 contra os Bambis. O SPORTV transmitirá o jogo ao vivo!

O Palmeiras terá um desfalque considerável nessa decisão, já que não poderá contar com o volante Gabriel Furtado, titular absoluto e capitão do time, expulso no finalzinho do jogo por ter recebido o segundo cartão amarelo. (AD)