A REAÇÃO DO CLUBE E DO PRESIDENTE NA DERROTA PARA O CURICA TORNOU-ME UM ARI BARROSO DO SÉCULO XXI
Quis a vida que, após uma doída derrota para o Curica e noventa e sete anos depois, eu sentisse e vivenciasse a mesma emoção que envolveu Ari Barroso nos longínquos anos 19(s) após uma derrota do Flu, sim, do Fluminense que mudou radicalmente a vida desse grande brasileiro!
Para chegar onde pretendo, relato um fato antigo que envolveu Ari e que, naturalmente, não está nos livros, não obstante, ter acontecido.
De minha geração trinta anos atrás e cinquenta à frente, todos, conheceram ou ouviram falar em Ari Barroso, pianista, um dos maiores compositores da história da música popular brasileira, radialista eclético, pioneiro dos programas de auditório e das narrações esportivas pelo rádio considerado o maior flamenguista de todos os tempos.
Os mais novos esclarecidos e bem informados, aqueles que não se deixaram contaminar pelo culto exclusivo à modernidade e ao modernismo, ao menos já ouviram falar em Ari, festejado autor da melodia "Aquarela do Brasil" um dos símbolos mais influentes da cultura musical brasileira em todo o planeta.
Para encurtar a conversa, Ari Barroso, mineiro, deixou Ubá cidade em que nasceu, localizada na zona da mata mineira entre 17 e 18 anos em demanda à capital federal, então o Rio de Janeiro.
La chegou aproximadamente entre 1919 e 1920, tornando-se, de cara, um inflamado, entusiasmado, assíduo e partícipe torcedor do Fluminense.
Ainda não havia o Maracanã, construído trinta anos depois para a Copa de 50!
São Januário era apenas um projeto e os jogos eram disputados em estádios de pequeno porte entre os quais o recém terminado Estádio Manuel Schwartz que ganharia o apelido que mantém até hoje, Estádio das Laranjeiras.
O fato de o Flu ter sido campeão em 1919, aliado à origem elitista de Ary, devem tê-lo conduzido à condição de torcedor do Fluminense, clube para o qual, como esta historieta vai revelar, ele não estava vocacionado.
Terminado um clássico em que o Flu perdeu de goleada, Ari resolveu ir à aristocrática sede do clube, objetivando analisar o resultado, discutir o jogo com os dirigentes visando à providências que pudessem evitar outros resultados desastrosos semelhantes...
Ao chegar às Laranjeiras por volta de 20 horas Ari ficou pasmo por não encontrar uma única pessoa ligada ao futebol e disposta a discutir o jogo..
Rolava no aristocrático salão de festas do Fluminense um baile de gala com orquestra, pares dançando de rosto colado e muito glamour e champanhe servida em luxuosas taças de cristal.
Perplexo com o que via e revoltado, profundíssimamente decepcionado e sem acreditar no que via, Ari bateu em retirada, e como homem inteligente que era, se perguntando, "mas será esse mesmo o time que devo escolher para torcer"?.
Instantaneamente, virou Fla e acabou se tornando o maior dos rubro-negros.
Ontem, após 2 x 3 para o Curica, senti no recôndito mais profundo de minh'alma e nas entranhas mais sensíveis de meu espírito, as mesmas decepção e revolta que dominaram Ari quase um século atrás.
Fiquei atento às divulgações da mídia, a fim de saber o que o meu presidente, presente ao jogo, declararia a respeito do assalto com direito a estupro testemunhados e negados pela desonestidade, conveniência, acumpliciamento e covardia da maior parte da imprensa.
Mas o máximo que o bom moço e politicamente correto Maurício "Inocêncio" Precivale "dos Anjos" Galiotte permitiu-se declarar, representou uma autêntica confissão de rendição e de subverviência ao adversário e ao sistema.
Foi uma lição de fraqueza, pusilanimidade e rendição como jamais vi ou ouvi de um presidente de clube em quase sessenta anos de profissão: Leiam e acreditem porque está na Gazeta Esportiva.
“Temos que trabalhar para evoluir, para melhorar. Vamos fazer um relatório, mandar um vídeo para a CBF, como fizemos contra o Cruzeiro no gol do Borja, em uma jogada absolutamente normal, que existem várias durante a partida. Temos que treinar melhor os árbitros, os bandeiras, o futebol tem que evoluir”, finalizou o mandatário."
Foi como uma cusparada, um soco ou um tapa na cara da torcida palmeirense, um evento lamentável de alguém que provou completo despreparo para ocupar o cargo.
Concluí então que ele não tem o menor estofo para sentar em uma cadeira ocupada por homens da têmpera de um Mário Frugiuele, de um Paschoal Giuliano, de um Delfino Fachina ou mais recentemente, de um Paulo Nobre.
Decepcionado, direcionei, então, o meu computador para o site oficial do clube, onde, para a minha perplexidade, verifiquei que além de algumas poucas fotos das chamadas "agua de flor", havia três manchetes que nem perdi tempo em abri-las:
1)Valentim elogia postura da equipe no 2º tempo e volta atenções para o Vitória.
2) Moisés lamenta revés em Itaquera mas destaca evolução: "melhoramos no segundo turno"!
3) Verdão pressiona no segundo tempo mas é superado pelo Corinthians em Itaquera.
Enquanto isto, nós, torcedores, aborrecidos, chateados, humilhados, todos nós, continuamos enxugando o gelo da incompetência dessa diretoria que provou estar sob a égide do turco, privilegiando, exclusivamente, o clube social.
Foi por isto que Ari Barroso que era Flu, virou Fla!
Foi por isto que Ari Barroso que era Flu, virou Fla!
É por isto que Alcides Drummond assume a oposição!
VOLTE, NOBRE!
VOLTE JÁ POIS É PRA JÁ, ANTES QUE SEJA TARDE!
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