Observatório Alviverde

15/09/2010

FELIPÃO, NÃO TIRE O CORPO FORA. ASSUMA, TAMBÉM, A SUA PARCELA DE CULPA, DÊ A VOLTA POR CIMA E PARTA PARA A REAÇÃO. APESAR DOS PESARES E APESAR DE TUDO, CONTINUAMOS ACREDITANDO EM VOCÊ. MUITO!

A postura profissional de Felipão em face das dificuldades que vem enfrentando para ajustar o time do Palmeiras, explicáveis, mas injustificáveis, está causando um estrago de grandes proporções no elenco, com interferência direta no rendimento em campo e conseqüências desastrosas na tábua classificatória.
O excesso de empates tem sido cruel com o técnico, com o elenco, com a diretoria e com a torcida levando Felipão às raias do transtorno e do desespero
FELIPÃO NÃO MUDOU 
Muito sincero, contundentemente franco, Felipão sempre foi daqueles raros homens que ousam dizer a verdade, a qualquer um, a qualquer hora, em qualquer situação, em qualquer lugar, doa a quem doer, sem salvaguardas ou conveniências.
Apesar de garantir que mudou,  procurando praticar um discurso mais leve, menos direto, menos agressivo e menos ofensivo, o gaúcho  tenta, sem sucesso, o caminho da dissimulação e da desconversa, incompatíveis com sua formação e com o seu temperamento.
Como ele mesmo declarou,  a nova atitude, visa a gerar dúvidas, despertar interrogações e suscitar interpretações para os seus atos e palavras,  na expectativa de que não o decifrem, com o claro objetivo de não se expor e ao próprio clube às indiscrições e inconfidências da mídia,  ávida por sensacionalismo e por notícias negativas. Acontecera isso em Salvador e, sejamos honestos, por culpa única e excluisiva do Sr. Scolari que falou demais e depois veio com a desculpa de que fora mal interpretado.
Só que Felipão não mudou e nem vai mudar, nunca. Ele não consegue agir, apenas, de forma racional, posto que é um homem de temperamento marcantemente passional e emocional. Quem nasce assim, morre assim.
ENTREVISTAS INTEMPESTIVAS
Suas entrevistas continuam ácidas, carregadas de ferocidade e braveza com um acentuado toque de amargura, retratos fiéis de seu atual estado de espírito. Felipão está abatidíssimo e, por mais que tente, não consegue dissimular o sentimento. Ele é um profissional de brio e não esperava tamanha dureza e tantas dificuldades para acertar  um time de boa qualificação como o Palmeiras.
O problema é que o seu estado d´alma, quer queira ou não, incide diretamente sobre um elenco que, é verdade, o respeita, admira e aceita a sua liderança.
Porém, moralmente fragilizado, desequilibrado, com salários atrasados o grupo de jogadores treme na base a cada pronunciamento do sanguíneo treinador que já bradou, repetitivamente, ostensivamente, estupidamente, que "o elenco é fraco e precisa ser reformulado radicalmente para 2.011".
O "SUICÍDIO" DE SCOLARI
Essas declarações de Scolaria foram como atirar no próprio pé ou no próprio corpo. Afinal,  quem pode ter tranquilidade para jogar bem  e render em campo mediante a insegurança provocada por tais declarações?
Quando Felipão, com enfática certeza e precária inteligência, afirma peremptoriamente, categoricamente, que " títulos só no ano que vem", ele não percebe que cometeu suicídio profissional. Ao mesmo tempo em que abdica de vencer. coloca dúvidas no elenco sobre a perspectiva de vaga na Libertadores e isso não é bom .
Ao proferir semelhante impropriedade, digna de neófitos e iniciantes, Felipão aniquila o muito pouco, ou o quase nada que restou da motivação de um elenco acuado, pressionado, assustado, apavorado, aterrorizado, que  pressente ou já sabe que, em reduzido espaço de tempo, dois ou três meses, no máximo, cabeças vão rolar e muitos vão receber um atestado implícito de incompetência, o incômodo e detestável "bilhete-azul" .
ASSIM NÃO DÁ
Como jogar  nessas condições? Como acreditar? Como ganhar? Como sobreviver?
Felipão tem sido no Palmeiras um técnico essencialmente empírico, um perfeito professor Pardal. Vem alterando as escalações ao sabor dos resultados, sem perseverar por um caminho que possa levar o time à harmonização tática, ao entrosamento e ao entendimento.
Ademais, tem revelado uma faceta pouco vista em seu trabalho até então, a de protetor de jogador. Ele mexe no time inteiro mas não saca nunca o canhoto Rivaldo que, ao menos até aqui, jogou um futebol caricato com uma ou outra jogada produtiva.
Não sei se pelo fato de haver recomendado a contratação de Rivaldo,  Felipão o protege tanto  ou quanto protegia Paulo Nunes, que,  no crepúsculo de sua jornada com a camisa do Palmeiras, arrastava-se em campo, não fazia nada e era mantido, misteriosamente, inexplicavelmente como titular. Com Rivaldo vem sendo assim.
ABRA OS OLHOS, FELIPÃO
Por outro lado, em completa e incompreensível inversão de valores, Scolari tem um nome preferencialmente certo para retirar de campo em todos os jogos, Fabrício. Esse jovem jogador vem encantando a torcida palmeirense exercendo a dupla função de zagueiro e de ala, defendendo com consistência e apoiando com eficiência. Só Felipão parece não enxergar!  Não dá para entender!
ERROS INADMISSÍVEIS DE FELIPÃO
Felipão tem demonstrado nervosismo, intranqüilidade e falta de confiança quando, premido por cartões ou contusões,  é obrigado a mudar peças e escalar ou alterar o time.
Em vez de, simplesmente, fazer o trivial, como reza na cartilha do bom-senso,  isto é, trocar uma peça por outra da mesma posição, ele ataca de professor Pardal e mexe em dois ou mais compartimentos para adaptar um jogador de outra posição que lhe pareça mais conveniente. Normalmente entra o de maior nome e influência junto ao elenco.
A REVOLTA SILENCIOSA
Esse procedimento revolta os reservas de cada posição, que, inconformados com o desprestígio, protestam à socapa com os companheiros nos bastidores, contribuindo para deteriorar o ambiente de boa convivência no elenco. Por que Márcio Araújo na lateral direita se ele é volante e o Palmeiras tem Vitor? Por que Vitor na ala esquerda se ele é um ala pelo outro lado e o Palmeiras tem várias opções de ofício, entre as quais Gabriel Silva? Por que Rivaldo de lateral se o reserva da posição é Gabriel Silva?
Assim tem sido e tem acontecido, jogo a jogo, com resultados pífios obtidos em campo, para os quais só existe uma única e surrada desculpa "o elenco é muito fraco", ainda que não seja.
Já passou da hora de testes, improvisações e experimentações. Já zeramos o velocímetro do primeiro turno e estamos em uma posição muito incômoda na tabela. Uma derrota, hoje, para o Grêmio nos leva para onde não queremos ir e nos deixa onde não queremos ficar. Todo cuidado é pouco!
FELIPÃO TAMBÉM FOI VARZEANO                
Voltando a Felipão, ele não esconde que está sendo econômico nas palavras e evasivo nas respostas quando entrevistado, pois declarou publicamente, explicitamente que adotou uma nova postura comportamental em face da mídia.
Na verdade, a atitude de Felipão embute um protesto por conta da exploração negativa da entrevista que concedeu, semana passada, após o incômodo empate contra o Vitória.
Com a sinceridade e a franqueza rude que lhe são peculiares, Felipão fez críticas fortes à equipe, afirmando que "nem na  várzea os times tomam um gol como o que o Palmeiras tomou, após um chutão do goleiro adversário".
Como sempre ocorre, com os aspectos negativos da vida do Palmeiras, parte da imprensa (os mesmos) incrementou e potencializou as declarações de Scolari, contaminando o elenco.
JOGADORES SOB DOIS FOGOS
Uma onda de desânimo, tristeza e depressão tomou conta, a partir de então, do grupo de jogadores, duplamente metralhado após o jogo contra o Vitória: Por Felipão (é brincadeira) e pela mídia.
As repercussões e consequências dessas inoportunas críticas, principalmente as de nosso treinador, tiveram influência decisiva no mau rendimento verificado posteriormente, também no jogo com o Vasco.
E depois Scolari vem a público para dizer que a torcida não devia ter chamado o time de sem-vergonha, que não pode ofender a rapaziada, coisa e tal e que todos têm de apoiar o grupo de jogadores...
Só que ele fez muito pior ao chamar o time de varzeano e deu munição aos homens da mídia para que desancassem a equipe.
É o tal negócio: "façam só o que eu mando, não façam o que eu faço". Ele, certamente, queria que as coisas fosse assim mas, não são. O peixe morre pela boca...
E, se querem saber, desta vez, pela primeira vez, a mídia estava certa. O errado era Felipão, mas como técnico de fama e nomeada, campeão do mundo,  pode tudo e não recebe nunca a contestação dos jornalistas. Ficou imune aos reparos e às críticas e  ninguém  o repreendeu.
FAZENDO JUSTIÇA
Faça-se justiça, porém, ao time palmeirense, pois o empate em si, em pleno Barradão, não foi um mau resultado e, muito menos, um desastre. Jogar bem ou mal é outra questão.
Em Salvador o time teve atitude e conduziu-se em campo com muita dignidade, mas Scolari preferiu o oportunismo da crítica, ao elogio do reconhecimento do esforço da equipe, certamente para salvar o seu prestígio e a sua própria banda.
COMPLEXO DE VIRA-LATA
A consequência: mais deletéria da atitude egoista de Felipão, foi a de reduzir a zero a auto-estima da rapaziada, criando no elenco o complexo de vira-lata, parafraseando-se Nelson Rodrigues, a propósito da Seleção Brasileira, que era uma espécie de Palmeiras entre 1950 e 1957, antes de ganhar em 58 o seu primeiro título mundial.
Aliás, é disso mesmo que estamos sofrendo, de complexo de vira-lata, caracterizado pela inferioridade, pelo medo e pela falta de confiança.
O tratamento desse mal requer trabalhjo, austeridade e comando fortes, mas pressupõe, também, compreensão, paciência, tolerância e carinho do técnico, da diretoria e da torcida em relação ao elenco,  a fim de levantar o moral da rapaziada que veste a nossa camisa.
Felipão deveria telefonar para o Rio e tomar conselhos com Papai Joel no Botafogo sobre como se afaga e se levanta a moral de times à beira de um ataque de nervos
HORA DE AGIR
O que foi dito é, justamente, tudo o que o contumaz reclamante Felipão NÃO tem feito até agora.
Ninguém está querendo que, com tantos maus resultados, Scolari bata palmas e sorria o tempo todo para os jogadores e para a imprensa ou que ria para as câmeras.
Entretanto é absolutamente necessário que ele assuma atitudes mais inteligentes e perspicazes no trato com o atual o elenco, ciente e consciente de que é com este grupo que ele vai contar e trabalhar até o fim do ano.
Felipão também tem de evitar choques com o elenco, a partir da diminuição das manifestações de seu ego sabidamente hipertrofiado,  da moderação das palavras e atitudes extremas.
É necessário, enfim que erradique as ameaças e as críticas ao time e aos jogadores e que mantenha o astral sempre alto quando estiver no banco, ainda que em tempos de adversidade.
FELIPÃO VARZEANO
Felipão falou em várzea quando do gol sofrido contra o Vitória em Salvador. Porém  ele superou os jogadores em "varzeanismo" ao adotar uma postura marcantemente antiprofissional em pleno banco do Palmeiras, domingo passado contra o Vasco, no momento em que o time mais necessitava do apoio, do incentivo e da palavra de seu comandante.
Todos se recordam que Scolari, ao perceber as dificuldades do jogo, fechou a cara, enrubesceu, aborreceu-se, calou-se e passou o comando do time para Murtosa. Na verdade, Felipão foi além do limite e fosse o Palmeiras um clube organizado e estruturado, aplicar-lhe-ia reprimenda e multa exemplar. Por muito menos Luxa foi demitido!
Ao omitir-se de trabalhar e recusar a passar instruções a um grupo de jogadores completamente à deriva, desorientado e perdido no tempo e no espaço do gramado do Pacaembu, Felipão prevaricou, isto é, deixou de cumprir o seu dever.
O PAPEL DO COMANDANTE
Quando o próprio comandante sucumbe à pressão, o que dizer do grupo de jogadores sob a sua responsabilidade?
A atitude injustificável de Felipão jogou a torcida contra o time, projetando toda a culpa do mau resultado aos jogadores.
O que se viu no fim do jogo foi um verdadeiro massacre moral de vaias, xingamentos e imprecações e de toda a forma de pressão contra um elenco psicologicamente fraco, abatido e emocionalmente derrotado.
FUGINDO DA "RESPONSA"
O estratagema do todo-poderoso treinador serviu, simplesmente, para que ele, ladinamente, convenientemente, oportunisticamente  se eximisse da responsabilidade pelo mau rendimento do time.
A conta, na íntegra,  foi paga somente pelos jogadores.
A bem honestidade e da justiça, que têm de existir e de prevalecer sobre todas as coisas, acima de postos, cargos glórias imagens e conquistas, censuramos o procedimento profissional do técnico palmeirense, em face da omissão da imprensa que deveria faze-lo  com grande veemência e, no entanto, não o fez.
Em meu entendimento e no entendimento de quem tem bom-senso, a maior parte da responsabilidade pelo desastrado empate em casa contra um desfalcado e mutilado Vasco tem de ser debitada, nas devidas proporções e responsabilidade, sobretudo a Scolari, mas ninguém na mídia teve peito ou ousou, ao menos, insinuar.
FELIPÃO ERRA MAS É INTOCÁVEL
O título de campeão mundial e o seu status como técnico, o imunizam da censura midiática. Com o mesmo oportunismo do treinador, a esmagadora maioria da imprensa poupa, incompreensivelmente, Felipão, incensa o treinador e prefere cobrar, apenas, dos jogadores. Muitos acham que elogiar famosos aumenta a audiência e que criticá-los diminui o prestígio de quem  faz uso dessa prática. E assim caminham, juntos, a injustiça,  as conveniências, os interesses e a subserviência e a mediocridade.
CONCLUINDO E ISTO É MUITO SÉRIO
Meus amigos,  um técnico de 700 mil reais mensais, rodado, experiente, campeão do mundo, com todo o respeito que Felipão merece, tem a obrigação de fazer de um time ruim um time razoável. De fazer de um time  razoável, um bom time. De fazer um time bom ser ótimo. De fazer um time ótimo ser excelente. De fazer, finalmente,  um time excelente ser campeão. Essa tem de ser a lógica que norteia a contratação milionária de um treinador de referência mundial como Felipão.
Ora, se o atual time do Palmeiras, ainda que o subestimemos, é apena razoável, o futebol apresentado sob o novo técnico teria de ser, pelo menos, bom. Mas Felipão conseguiu transformar a razoabilidade do time em medo, em insegurança, em irregularidade e, o que é pior,  em maus resultados. 
Se for pra obrigar o clube a investir alto, a encher o time de craques e formar um esquadrão a peso de ouro, por que contratar um técnico tão caro?
Com açúcar, meu irmão, até jiló fica doce!
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