Observatório Alviverde

14/08/2012

FALEMOS HOJE SOBRE RETRANCA PORQUE VAMOS CONTINUAR JOGANDO NA RETRANCA!

 

Quando leio ou ouço que, atualmente, no Brasil todos os técnicos jogam na retranca eu acho graça.

Na realidade essa postura tática é antiquíssima e existe há priscas datas, desde que o futebol é futebol.

Tite, Muricy, Celso Roth e Felipão são os maiores entusiastas dessa tática, consagrada  nacionalmente pela escola gaúcha de treinadores e internacionalmente pela Seleção Suíça que sempre jogava assim, em razão de suas limitações de ordem técnica.

Outros técnicos mais antigos, também, adotaram esse procedimento, entre os quais destaco os, famosíssimos: Carlos Fronner, Daltro Menezes, Ênio Andrade, os maiores representantes da escola gaúcha da retranca e Zagalo.

Nenhum deles, porém, foi mais retranqueiro do que Zezé Moreira com o Fluminense dos anos 50 e 60, através do famoso time que só ganhava de 1 x 0, gol de Valdo, que tinha um ataque assim: Telê, Léo, Valdo, Robson e Escurinho

Foi o Fluminense de Zezé o time que iniciou, com Denilson, volante famoso daquela época, o processo de parar o jogo ou o contrataque adversário com falta, até então desconhecido, pouco usual no futebol brasileiro.

Retranqueiro famoso em Minas Gerais foi Mário Celso de Abreu, o Marão, que também dirigiu o Marília e outros times da hinterlândia paulista.

Mas nenhum deles foi mais famoso do que Milton Buzzetto, sinônimo de retranca, ex zagueiro o Palmeiras do final da década de 50 que encerrou a carreira de jogador no Juventus e lá mesmo iniciou a de treinador, revelando-se, desde início, um incorrigível retranqueiro.

Exceção feita a Zezé Moreira e a Zagalo, entre os técnicos retranqueiros antigos nenhum chegou à Seleção.

Zezé desempenhou um trabalho muito fraco na Copa de 54, ainda que tendo em mãos uma geração de jogadores excepcionais.

Zagalo consagrou-se como o maior vencedor do futebol brasileiro em todos os tempos, tendo montado, segundo os analistas, a maior seleção de todos os tempos que ganhou a Copa do México em 70.

Mas Zagalo nunca foi um retranqueiro ortodoxo nas vezes em que dirigiu a Seleção, respeitando até demais as características dos jogadores.

De minha parte considero a Seleção de 58 a maior de todas, por vários aspectos.

Em primeiro lugar porque abriu caminho para a conquista de todas as outras copas.

Em segundo lugar porque ganhou a copa do Chile, isto é, obteve duas conquistas com, praticamente, os mesmos jogadores.

Além disso era uma Seleção repleta de jogadores extraordinários como Gilmar, Didi, Pelé, Garrincha, Zito, Djalma Santos, Mazola, Nilton Santos e aquele que foi o maior responsável pela conquista, embora o seu trabalho tenha sido ofuscado pela fama de Pelé e Mané, Waldir Pereira, o Didi.

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Entendo que uma das razões principais do fracasso do futebol brasileiro nos derradeiros anos seja a retranca.

O futebol brasileiro sempre foi, ainda é, pródigo na revelação de atacantes e homens de área.

A diferença é que, antigamente, recebiam ordem para atacar e tentar fazer os gols.

Hoje recebem ordens para ajudar na marcação e, se possível, atacar. É o futebol mecânico que liquida com a criatividade dos jogadores.

Tenho visto, lido e ouvido críticas fortíssimas a Patrik, todas  descabidas e destituídas de fundamento. Patrik, simplesmente, joga de zagueiro e volante mesmo sem ser zagueiro ou volante e cumpre, à risca, as ordens de Felipão,

Antigamente qualquer treinador que chegasse a uma equipe, elaboraria um esquema de acordo com as peças que tinha em mãos.

Hoje, não! Monta esquema e coloca os jogadores em uma camisa-de-força obrigando-os a assumir o papel que desejam dentro do esquema, matando, completamente, a criatividade e o poder de improviso de cada jogador.

O futebol brasileiro, em razão disso, não tem mais, nos dias de hoje,  o diferencial que sempre teve e representava a nossa vantagem em relação  aos demais países, mormente os europeus.

O esvaziamento dos regionais, fruto dos devaneios e campanhas do doidivanas Juca e seus paus-mandados, entretanto, é fator determinantes no processo de aniquilamento do futebol brasileiro por uma simples e única razão: Não temos mais a quantidade para apurar a qualidade, mas este é um outro assunto.

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Tudo isto foi dito para que se chegasse às considerações finais a respeito da contratação de outro volante por parte do Palmeiras: Guilherme, da Portuguesa de Desportos.

É indiscutível que se trata de um jogador promissor com mercado futuro, de muita qualidade, com possibilidade de contribuir bastante para o grupo, embora esteja em mãos de empresários.

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A conclusão a que se chega é a de que vamos continuar na mesma situação em que estamos, porque a nossa prioridade de momento, não seria a contratação de um volante, mas de um meia categorizado e ofensivo, preferencialmente canhoto.

A não ser que o Palmeiras também esteja mirando um jogador nessas características o que considero pouco provável.

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