Observatório Alviverde

08/01/2016

O FLAMENGO VEM QUENTE, MAS O VERDINHO ESTÁ FERVENDO!


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O time de juniores do Palmeiras venceu ontem o São José por 2 x 0 e continua na Copa São Paulo.

A classificação consumou-se, como previ, pela via mais fácil do 2º lugar, após o Sampaio Corrêa, o melhor time do grupo 25, ter derrotado o Estanciano por 1 x 0. 

Apesar de o jogo não ter sido fácil, pela limitação técnica e, principalmente, pela indigência individual do jovem time do Palmeiras, sou convicto de que só um desastre cataclísmico tiraria a vaga do Verdão que enfrentava um time que conseguia ser, ainda, pior do que ele.

O que foi dito não significa que este eterno aprendiz de jornalismo e futebol deixe de reconhecer e de registrar a evolução do time do Sr. Burse.

O Palmeiras, ontem, esteve mais bem posicionado em campo, menos individualista, correndo muito e se esforçando sempre, esbanjando preparo físico e jogando com humildade, responsabilidade tática e união. 

Eu disse nas duas postagens anteriores que acompanhei, quando cronista, vários times em N competições, nas quais começaram de forma desastrada, conseguindo, porém, se ajustar na medida certa do transcorrer dos jogos e em algumas vezes conseguindo, à base da superação, até, sagrar-se campeões.

É uma pena que os jogos da Copinha, a partir da próxima rodada, sejam mata-mata e que o tempo de ajuste da equipe não permita mais que haja erros. Qualquer erro, a partir de agora, será fatal.

Entretanto, essa espécie de tolerância zero pode ser benéfica ao time e despertar ainda mais o interesse da rapaziada, motivando e unindo esse grupo de jogadores, do qual, talvez, acabamos por exigir mais do que eles têm condições de oferecer.

Assim ficamos todos à espreita da revelação de jogadores diferenciados e, principalmente, de craques (no Palmeiras e nos outros clubes), mesmo sabendo antecipadamente que isso dificilmente vamos ver, posto que craques e até jogadores acima da média são espécimes em fase de extinção no futebol brasileiro.

Infelizmente pela nefasta ação de jênios da mídia (jênios com jota de jeca) como Juca Kfoury, Flávio Prado, Trajano, Sormani e outros, eternos bajuladores e copiadores do estrangeiro, o futebol brasileiro, por imitação, perdeu a personalidade, o poder de improviso e tornou-se mecânico em sua vã e incessante tentativa de reproduzir o previsível futebol europeu, fora e dentro do campo.

No máximo o que se vê no maior campeonato de juniores do planeta (só o Brasil pode e é capaz de produzir e promover um torneio desses) é raros goleiros, um ou outro zagueiro e meia dúzia de três ou quatro meio-campistas acima da média, tanto e quanto, isoladamente, um ou outro atacante mais promissor. 

A falta crônica de craques, enfermidade contagiosa que devasta o futebol brasileiro, está na razão direta da redução drástica de atividades e até do fechamento de centenas de clubes do interior de São paulo e do Brasil que davam suporte, alimentavam o mercado e que justificavam a velha frase "é preciso quantidade para apurar qualidade".

A aniquilação dos campeonatos estaduais para que as "primas-donas" da mídia não viajassem de ônibus ou de carro a São José dos Campos, Taubaté, Sorocaba, Itu, Jáu, Bauru, Marília, Lins, Araçatuba, Prudente, Rio Claro, Araraquara, São Carlos, Franca, Rio Preto ou Ribeirão Preto é um fato concreto, doido e doído. Creiam, esse é o verdadeiro motivo da luta interminável dos caras pela extinção dos estaduais. 

Ah, e antes que eu me esqueça pelos pontos corridos, também. Fui, entre todos, o único cronista brasileiro a defender abertamente a continuidade do mata-mata que evitaria tantos "roubos" explícitos e em cadeia, a fim de premiar os times do sistema.

O máximo a que eles se permitem é viajar por terra a Santos e Campinas e ainda assim o fazem sob protesto porque o que eles gostam mesmo é de ir a Curitiba, Floripa, BH, Goiânia, Rio, mas, principalmente às capitais nordestinas a fim de desfrutar do clima, do mar, dos hotéis de luxo e da gastronomia.

Agora, percebam, eles estão trabalhando ingentemente no sentido de dar ao futebol europeu uma dimensão e importância que nunca teve dentro do Brasil, cooptando os jovens que imaginam ser o futebol do velho continente muito melhor do que o brasileiro e a oitava maravilha do mundo. E têm pintado muitas viagens ao exterior...

Exceção feita a um Barça, um Real, um Bayer, um Manchester, um ou outro grande da Itália  ao nível de nossas melhores equipes os demais são times fracos que, se disputassem o Brasileirão, seriam candidatos seriíssimos ao rebaixamento.

Ademais, para conseguir montar formações de maior expressão os europeus são, invariavelmente, obrigados a recorrer aos mercados sul-americanos como Paraguai, Colômbia, Chile, Uruguai, Argentina e, principalmente, o Brasil, sem os quais não conseguem ter grandes equipes. 

Em que, então, eles são melhores do que o Brasil se os jogadores escolhidos todos os anos como as maiores personalidades do esporte bretão são sempre oriundos de outros mercados que não os europeus?

A Copa São Paulo de Juniores escancara a necessidade de se voltar a valorizar os campeonatos regionais, a fim de fazer brotar, de novo, as rivalidades de cada estado e região, de ressuscitar os grandes times profissionais do interior  de cada estado e de proporcionar condições propícias ao surgimento de craques.

Do jeito que Juca, Trajano, Prado, Sormani e assemelhados deixaram arrasado o futebol do interior, impondo ao esporte e ao país as suas ideias de jerico, prontamente acatadas por dirigentes convenientes, broncos e estúpidos, que não querem, sequer, ter o trabalho de pensar, a tendência do futebol brasileiro será aquela do cada vez pior. 

As filosofias desses caras, sob a capa de uma pretensa modernidade, são próprias de submissos culturais que estão bem longe de conhecer a realidade brasileira e a força do interior.

Qualquer pessoa que raciocine com lógica sabe que a Copinha de há muito se tornou uma competição marcada pela fraqueza crônica das equipes e pelo nível técnico baixíssimo dos competidores, com uma ou outra exceção anual, problemas esses que se agravam a cada temporada.

Por incrível que pareça é em face dessa situação, que nivela tão por baixo o futebol brasileiro que eu passo a acreditar nesse limitado porém guerreiro time do Palmeiras que, queiramos ou não, empatou com os dois melhores times do grupo, derrotou o mais fraco e chegou à classificação.

Todos os anos, na qualidade de favorito, o verdinho, na hora H, nos decepcionou. 

Quem sabe, agora, como o azarão do páreo, venha a nos trazer grandes alegrias.

Que venha, então, domingo, o invicto time de Guarulhos com pontuação total.

Que venha quente porque o verdinho está fervendo! 

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