Observatório Alviverde

30/08/2013

O PROBLEMA DO PALMEIRAS É A SOCIEDADE ESPORTIVA QUE O CONTÉM!!

 
É HORA DE COMER SANDUÍCHE!   
 
 Paulo Nobre está certo!

Ao contrário de milhares de palmeirenses, que postam ou não neste OAV,  não sou infenso ao discurso  proferido pelo presidente Paulo Nobre na festa de aniversário do Palmeiras, anunciando cautela e recessão em sua administração, chegando a dizer "que não seria  refém do ano do centenário".

Sábias palavras, postura irretocável e a certeza de que não temos à frente dos destinos do clube um fantoche ou um presidente de faz de conta!

Respeito - e muito - as opiniões divergentes, mas, estou alinhado ao discurso presidencial (do Palmeiras, do Palmeiras) embora aberto à discussão, ao debate e ao diálogo.

Penso da mesma forma como escrevo esta postagem, de forma clara, translúcida e transparente que esse posicionamento do "Palmeirinha", era o mínimo que se poderia esperar de um presidente maduro, preparado para o cargo, egresso que é do mercado e do mundo financeiros.

Digo, com a franqueza rude e sincera que me define, chega às raias da falta de juízo perfeito ou de um fanatismo exacerbado discordar, administrativamente, de Nobre ou criticá-lo por estar, ele, com os pés no chão, em um instante pra lá de problemático da vida financeira do clube.

Nesta hora, a situação, de fato, requer e impõe a adoção de medidas antipáticas, porém fortes, sérias, éticas, decisivas e responsáveis, sem o que Nobre inviabilizará a sua administração e terá sido mais um presidente idiota a ter passado na vida do Palmeiras! 

Se faz mister que a torcida entenda que ele não foi eleito, exclusivamente, para presidir o time de futebol, mas a sociedade esportiva que o abriga. O cargo é espinhoso, difícil, um fardo difícil de carregar, por vezes, insuportável!.

Ser presidente de um clube social heterogêneo como o Palmeiras de 2013, que abriga pessoas de todas as  tendências e classes, muitas delas que torcem para outros clubes e, paralelamente, administrar um time de futebol gigantesco, da magnitude do Palmeiras é de uma responsabilidade tal que eu, que conheço bem as duas faces da moeda, chego a sentir comiseração do presidente!

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CAUTELA E RECESSÃO NÃO SIGNIFICAM TIMES MEDÍOCRES!

O torcedor palmeirense, sobretudo o da capital, não admite a idéia do bom e barato, um santo remédio para clubes na situação do Palmeiras, desde que aplicado com método e  inteligência.

A teoria de Mustafá, queiram ou não é correta!

O que está errado é a forma como é aplicada e, em uma segunda instância, a forma como é recebida pela torcida, desesperada e cega em função de tantos maus resultados que continuam se acumulando no decorrer dos anos.

Tivesse a torcida paulistana do Palmeiras a suficiente humildade para admitir jovens valores, ainda que sem nome e marketing  e proporcionasse um ambiente ameno e favorável àqueles que chegam, a situação do Palmeiras seria outra e muito outra!

É óbvio que o clube deveria ter alguém do ramo, que entendesse do assunto, - jamais Brunoro, que não é do ramo e, no meio, sempre foi uma espécie de empresário ganhador de dinheiro - e efetivasse uma espécie de garimpo, visando, exclusivamente a contratação de atacantes, dando preferência àquele cujas característica somassem velocidade, drible no pé, arremate forte, estatura de acordo com a posição e etc.

Encontrar zagueiros e defensores é fácil, o duro é arregimentar atacantes de qualidade. artilheiros  e decisivos, mas os italianos parece que não têm cultura esportiva suficiente para entender isso. Aliás, o que faltou anteontem em Curitiba senão isso? Não tem sido esse o nosso eterno calcanhar de Aquiles?

Alguém duvida que o nosso próximo contratado, não importa se esta semana ou daqui há três ou mais meses, será um volante de contenção ou um zagueiro?

É preciso implodir essa mentalidade arcaica da "defesa que ninguém passa", da mesma forma como está sendo implodia a falaciosa e decantada escola de goleiros que, no frigir dos ovos restringiu-se às formaturas de Veloso, Marcos e, talvez, Cavalieri, decorridos tantos anos e tantos investimentos.

O Palmeiras já teve, vou repetir pela enésima vez, um olheiro de nome Godê, que levava jogadores desconhecidos para o clube, em tenra idade e que se transformavam, com a camisa do Verdão, da noite para o dia em verdadeiras estrelas do futebol.

Lembro-me da tarde em que Eurico, lateral do juvenil do Botafogo,  no velho estádio da Vila Tibério em Ribeirão Preto, saiu correndo para esconder-se no vestiário ao sentir-se ameaçado, não por mim, mas pelo gravador que eu portava, tentando colher uma sonora para o programa das seis. Eurico era gago!

Eurico é um dos exemplos de uma era vitoriosa em que o Palmeiras se renovava com seguidas transfusões de sangue novo dos atletas, principalmente da hinterlândia paulista,  entre os desconhecidos e as grandes revelações.

A imagem que ficou é que o Palmeiras investia muito alto e só contratava estrelas. De fato, por um pequeno período isso existiu, entre o final da década de 50 até quase o final da década de 60, quando os caixa baixou, os investimentos declinaram e o Palmeiras passou a contratar o bom e barato.

O mais célebre time palmeirense da década de 70, a segunda academia, que Zagalo impediu de ser tri-campeão brasileiro em 74 ao convocar seis palmeirenses para a Copa da Alemanha, era um time "ótimo e barato".

Limitando-me aos convocados do Palmeiras para a Seleção de 74, anotem como o bom e barato funciona mesmo:

Ademir da Guia, o nosso maior craque veio do Bangu, ainda garoto, quase de graça.

Leão, da mesma forma, veio do Comercial de Ribeirão Preto...

César Lemos, "baraticíssimo", o Palmeiras foi buscar na base do Flamengo

 Luis Pereira era o Chevrolet, zagueiro do São Bento de Sorocaba, também pouco custou.

Alfredo Mostarda subiu da base para o lugar de Nelson que tinha vindo a baixo custo, do América de Rio Preto, sendo que Alfredo não custou um mísero vintém aos cofres do Verdão.

Só Leivinha, contratado juntamente com Edu Bala à Portuguesa foi que custou mais, em razão da valorização dos atletas da lusa, mas nada que fosse exagerado ou muito acima do mercado..

Hoje está muito mais fácil de realizar-se essas contratações, muito em decorrência do "fatiamento" dos direitos econômicos dos jogadores, bastando, na maioria absoluta das vezes "molhar" as mãos dos empresários, das famílias ou dos proprietários dos jogadores.

É óbvio que o futebol paulista, liquidado pela estúpida Lei Kfouri, digo, Lei Pelé, já sem os grande craques e as revelações de outrora, perdeu, muito, de sua pujança mas, ainda, consegue revelar grandes nomes, que, infelizmente passam sempre longe da SE Palmeiras.

É preciso que se diga, porém e também, que há um outro mercado, o brasileiro, formado pelos demais estados e insuficiente para a absorção dos clubes de suas respectivas capitais, mas a italianada palmeirense não toma conhecimento e finge que nem sabe que isso existe porque "morre de medo" da torcida..

Você que critica tanto o bom e barato, e segue a cartilha equivocada daqueles que fingem gostar do Palmeiras, sabe por que o Palmeiras não tem craques?

Não é só porque a mídia não reconhece a condição de craque de nossos jogadores,- nem a de Valdívia reconheceram - mas, principalmente, porque o Palmeiras só contrata atletas de meia idade, já experientes, de carreira consolidada, 99% deles medianíssimos, que já chegaram  até onde podiam,

Contratar craques consumados, hoje em dia, só os clubes europeus é que conseguem, como o Barça fez com Neymar.

Uma ressalva, eles e os clubes brasileiros que ousam investir em jovens talentos, exatamente como a gambazada faz, rotineiramente, e o fez, recentemente, indo buscar Paulinho no Bragantino, faturando títulos dentro de campo e milhões de dolares fora dele! Eu lhes pergunto quanto o Palmeiras vai faturar com Egurem e Mendieta? Torcida palmeirense, por favor, desça do salto alto e caia na real!

Nossos adversários fazem craques porque recorrem à base e aprenderam com o Palmeiras que a melhor solução possível é investir na própria base ou nas revelações do interior e de outros estados.

Mas a arrogância da torcida paulistana do Palmeiras, aquela que rodeia, abraça e está sempre perto do time,  impede que sejam aceitos jogadores sem nome e marketing, quando a mentalidade deveria ser outra, exatamente a de prestigiar sobretudo aqueles que têm potencial para virar craque, pois não existe outro caminho para se ter esse raríssimo espécime do futebol em nossas fileiras.

Se o Palmeiras prestigiar a base e se dispuser de alguém com visão suficiente para garimpar talentos - repito, não é o Brunoro - e se o técnico principal não estiver ligado ao mercado de compra e venda de jogadores, o Palmeiras pode, perfeitamente, montar times até melhores do que aqueles que tem formado até agora com médios investimentos e outros, mais altos!

Vejam que a torcida aceitou Egurem e Medieta, mas os aceitou pura, única e simplesmente por serem jogadores egressos de outros países, partindo do surrado e errado princípio de que se eles são de fora têm boa, mas não é bem assim!

 Pelo que mostraram até agora - sei que ainda é cedo para uma opinião definitiva - são inferiores a dezenas de jogadores brasileiros que temos visto em ação em times de séries C e D. É preciso acabar com essa imagem segundo a qual se o jogador é caro ou veio de fora, é bom!

Acredito, sinceramente, que com argúcia, inteligência e visão de mercado será possível ao Palmeiras acertar o caixa, e, ao mesmo tempo, armar grandes equipes, mesmo sem investimentos mirabolantes.
 

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