Observatório Alviverde

15/10/2010

PALMEIRAS 1 X 0 SUCRE. O IMPORTANTE FOI A VITÓRIA!

Foi um jogo como eu imaginava. Difícil, tenso, sofrido.

A vitória veio a La Felipão, calcada no defensivismo, na cautela e no mínimo risco ofensivo.

O time esteve organizado, agrupado, obediente ao treinador e foi solidário do início ao final do jogo.

A atenção ininterrupta ao jogo, a obediência tática e a determinação por vencer foram virtudes importantes do Palmeiras nessa  vitória fora de casa.

TATICAMENTE

A zaga do Verdão, mais que fiel, foi fidelíssima às recomendações de Felipão. 

Sem ousar nunca aventurar-se ao ataque, fixou-se na grande-área e imediações, formando um escudo protetor à frente de Deola, do começo ao fim do jogo

Danilo e Ramos não saiam da área e nem ultrapassavam nunca a própria intermediária.

Araújo foi, muito mais, um zagueiro de área pela direita do que, propriamente um ala apoiador.

O Palmeiras abdicou de atacar com Araújo e Tinga, em decorrência da função eminentemente defensiva cumprida por Araújo, mas não foi apenas por isso.

Tinga, que teria, como de hábito, a missão de fazer a dobra de marcação pelo setor e, eventualmente, puxar os contrataques que surgissem nessa faixa de campo, preferiu flutuar e jogar em todos os setores do campo. Até na ala esquerda foi visto muitas vezes durante todo o transcorrer do jogo.

Tinga serviu sempre como opção de jogo e de desafogo aos companheiros, pois sempre aparecia para aliviar as pressões de marcação dos adversários sobre os companheiros, encostando sempre para o recebimento dos passes, para ajudar na marcação e para a saída de jogo.

Essa ausência de Tinga pelo setor direito teve, porém, um aspecto negativo. Ensejou ao Sucre a criação de ótimas jogadas de cruzamento, preparação, e, até, de finalizações dos adversários pelo lado esquerdo da defesa palmeirense.

Essa vulnerabilidade obrigou Pierre a se multiplicar em campo.

Além de suas funções habituais de marcação pelo miolo da defesa no chamado primeiro combate, fez a cobertura de Araújo e salvou várias vezes a pátria palmeirense pelo lado direito da defesa, jogando pouquíssimo para a TV e muitíssimo para a equipe.

O lado esquerdo da defesa foi o que se houve melhor, pelas próprias condições estratégicas definidas por Felipão.

Gabriel Silva e Rivaldo, fizeram o habitual revezamento nas transições defesa/ataque/defesa, contando sempre com  as chegadas de Kléber que, definitivamente, só atuou do meio para o flanco esquerdo, setor pelo qual o Palmeiras centralizou e conduziu todo o seu quase estéril jogo ofensivo.

Assim como Tinga, Marcos Assunção também não refugiou-se em qualquer posição.

Mais velho em idade e sem a mesma condição física do companheiro, também flutuou no jogo e foi visto em todos os setores de campo quer fosse para marcar, para apoiar, para bater faltas ou para encostar nos companheiros.

O GOL E A POUCA OFENSIVIDADE

A rigor, o Palmeiras só criou um lance perigoso oriundo da direita, em falta cobrada por Márcio Araújo. Foi um cruzamento longo, que Kléber cabeceou por cima do goleiro e do travessão.

O gol do Palmeiras veio logo depois, aos 26 do primeiro tempo. Surgiu de uma enfiada de Rivaldo para Kléber que tentou penetrar na defesa sucreana pela meia esquerda e sofreu falta.

Marcos Assunção efetuou a cobrança com a habitual mestria, sem chances para o goleiro Lampe privilegiado expectador do gol, porque ele, impotente para efetuar a defesa, viu, de perto, a bola morrer em seu canto direito alto, no gol daria cifras finais ao marcador.

Talvez possa se explicar a ausência ofensiva palmeirense por um outro aspecto, na proporção exata do mau rendimento de Valdívia, o jogador mais criativo do time.

Além da severíssima marcação individual que lhe foi imposta, o chileno começou a sentir um incômodo muscular na parte posterior da coxa, que o extraiu da partida ainda aos 36 minutos do primeiro tempo.

Foi substituído por Lincoln que, apesar da categoria, está sem ritmo de jogo.

Lincoln assinalou um gol, equivocadamente anulado pela arbitragem no segundo tempo.Após um arremate de Kléber, o goleiro espalmou e Lincoln, vindo de trás, bateu cruzado para o fundo dos cordéis. Seria um gol de vital importância para a classificação palmeirense.

Ressalte-se que o Palmeiras ainda teve, no segundo tempo, um penalti escandaloso a seu favor, não marcado. Passaram o rodo em Rivaldo dentro da área, e o árbitro fez vistas grossas.

VITÓRIA DIFICÍLIMA

O Universitário de Sucre não foi um adversário daqueles que se chama de "galinha morta".

Mostrou velocidade, envolvimento, arremates de média e de longa distância,

Sua equipe dispõe de bons passadores, de bons cruzadores, de bons chutadores, de alas e atacantes muito rápidos.

Em determinados momentos do segundo tempo abafou, asfixiou e anulou, completamente,o time do Palmeiras que perdeu a saída de bola e o próprio controle do jogo.

A vitória palmeirense deve ser creditada, primeiro, ao envolvimento e comprometimento do time com o esquema de Felipão. O Palmeiras jogou focado e determinado a ganhar e ganhou!

Segundo, ao desempenho heróico de Kléber que jogou sozinho contra a defesa boliviana, impedindo-a de apoiar. Sofreu a falta que acabou no gol que deu a vitória ao Palmeiras.

Terceiro, ao talento  incomparável de Marcos Assunção nas bolas paradas, fator que, novamente, pesou e decidiu em favor do Palmeiras.

Quarto, ao desempenho fabuloso de Deola, bafejado, também, pelo fator subjetivo a que chamamos sorte, como de há muito não se via em um goleiro do Palmeiras.

AS NOTAS

Deola, 10 (Salvou o resultado).

Ramos e Danilo 9. (Defenderam bem, perfeitos no jogo aéreo e comandaram a defesa.

Araújo, 8 (Cumpriu determinação tática e só defendeu. Quase não passou do meio de campo.

Pierre 9 ( Marcou forte na intermediária e ainda cobriu Araújo na ala direita. Jogou, exclusivamente,  para o time.

Gabriel 8, (Jogou bem. Apoiou muito, correu muito, mas falhou sempre no passe final e nos cruzamentos. Precisa amadurecer)

Rivaldo 8 ( 10 pela força, pelo empenho, pela luta, pela raça e 6 pela atuação. Dividido por dois, 8).

Marcos Assunção, 10 (Decidiu o jogo)

Tinga 8 (O esquema de Felipão e sua missão tática no jogo impediram-no de brilhar individualmente)

Valdívia 6 (Além de muito marcado, estava contundido. Saiu, precocemente, aos 36 do 1º tempo).

Lincoln 7 (Fez o trivial e o que pode. Está sem ritmo de jogo)

Kléber 10 (Sozinho, valeu por três ou mais atacantes e foi um jogador decisivo.)

Leandro Amaro entrou aos 44 do segundo tempo e não tem nota.

CONCLUSÃO

Vitória importante, mais de meio caminho percorrido.

Apesar disso, não temos nenhuma garantia de que já estamos classificados.

É preciso cultivar a auto-confiança, acreditar sempre e crer que podemos, sim. passar para a próxima fase da sul-americana.

Entretanto, não podemos deixar de ter em mente que o Universitário não é um time bobo e tem condições de enfrentar o Palmeiras,em São Paulo, de igual para igual.

É óbvio que temos um time melhor e que as nossas condições de vencer são melhores.

Mas ter cautela é bom e eu gosto. Aprendi com os mineiros!

 

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