Enquanto o Palmeiras não contratar um nove e um dez, sou convicto de que as nossas chances de vencer o Paulistão existem, mas são remotas.
O centro-avante é fundamental, necessário e imprescindível!
O meia, se Lincoln e Valdívia, voltarem bem, pode ser que vire descarte, embora se saiba que para ter um time equilibrado, há a necessidade premente de canhotos.
Embora lamentemos a contusão de Diney, a sua saída foi providencial e acabou sendo um fator positivo para a afirmação do ataque do Verdão.
As visíveis limitações desse atacante, que vai ficar fora cerca de três meses, poderão ser trocadas por mais velocidade e criatividade, haja vista que Adriano já foi anunciado como seu eventual substituto.
Os mais conservadores, Felipão é um deles, preferem o chamado jogador de referência, teoricamente o papel que imantava Diney ao time principal, mais por obediência tática do que por qualidade.
Eu, particularmente, prefiro um ataque leve com muita velocidade e jogadas pelos flancos contando com o avanço dos lalterais.
Com jogadores dessas características se pode jogar da forma como Scolari mais gosta, explorando os contrataques.
Da mesma forma se joga com ou sem o homem de referência, exatamente como era o Grêmio da virada de século, montado pelo próprio Scolari.
Quem não se lembra de Paulo Nunes vindo de trás e Jardel enfiado entre os zagueiros.
Se fosse viável o jogo no chão, o Gremio fazia. Se fosse o jogo aéreo, o tanque Jardel chegava e conferia porque o time jogava pra ele.
Aquele timaço do Gremio, dirigido por Felipão, começava com um goleiro louco, mas que comandava o time, Danrley.
Arce e Roger eram laterais que avançavam em perfeita sincronia, ora um, ora outro, e eram perfeitos no cuzamento.
A dupla de zaga se impunha com o paraguaio Rivarola e um zagueiro que foi do SP, Adilson, paulista da cidade de Cruzeiro.
À frente da zaga havia dois jogadores que marcavam muito e ajudavam a cobrir o avanço dos laterais, Dinho e Goiano.
Dinho era um sergipano cascudo e truculento, que impunha respeito e medo nos adversários pela dureza na marcação e, principalmente, pela imposição da violência. Mas ele sabia jogar!
Goiano dava consistência à marcação, cobria bem os avanços dos alas e tinha grande facilidade na saída de bola.
No meio de campo, em revezamento constante, Carlos Miguel e Arilson trabalhavam com arte e destreza as jogadas e eram os grandes abastecedores do ataque gremista.
Carlos Miguel, então, era um garoto ainda imberbe, egresso da base (narrei jogos dele em Suzano pela Copa São Paulo) e Arilson, ex Flamengo, era aquele atacante fujão, que largou a seleção brasileira no Uruguai, à véspera de um jogo, habilidosíssimo
A velocidade nos passes, nos ataques e contrataques daquele time do Gremio era imposta por Paulo Nunes e o matador era o eficiente Jardel.
Vale notar que Felipão sempre teve equipes montadas com a presença de muitos canhotos. Arilson, Carlos Miguel e Roger era um trio de canhotos quase perfeito, para ninguém botar defeito.
Eu tento projetar aquele time do Grêmio como um modelo no pensamento de Felipão a propósito do Palmeiras.
Para mim, que vi o Gremio e vejo o Palmeiras esboçado por Scolari, as comparações são inevitáveis.
Nossos goleiros, Marcos, Deola e Bruno, são melhores do que Darnley, mas não têm a voz de comando e a liderança em campo do gaúcho,
Cicinho é muito inferior a Arce e de nossos zagueiros atuais, só Danilo disputaria posição naquele Gremio.
Comparar Rivaldo a Róger eu nem me atrevo. Seria muita cara-de-pau.
Em se falando de Dinho e de Goiano e os nossos jogadores não são melhores do que eles foram com a camiseta gremista.
Com exceção de Valdívia, nenhum jogador de nosso atual meio de campo pode ser comparado a Carlos Miguel e Arilson. A bem da verdade, tirante o chileno, ninguém passa nem perto.
Quem de nosso elenco poderia ser comparado a Paulo Nunes em seu auge também com a nossa camisa? Kléber?
Não! Do atual elenco, nem ele ou qualquer outro jogador.
A outra diferença reside na camisa nove. Não temos ninguém para exercer a função. Será que conseguiremos contratar alguém como Jardel daquela época?
Por favor, não venham com essa história de relativizar os tempos e os atletas, sob a alegação de que não se pode comparar as equipes.
Pode-se, sim, na medida em que se estabelece relação entre a qualidade técnica e a categoria dos jogadores.
E nem venham com essa de que hoje corre-se muito mais porque não é verdade. O futebol na virada do século, era tão veloz ou, no caso desse time do Gremio e do Palmeiras da época, até mais pegado do que hoje.
Se Felipão estiver querendo copiar ou relançar o esquema daquele Grêmio usando os jogadores que tem em mãos, pode tirar o cavalo da chuva.
Com o material humano que aí está só vai dar para superar mesmo o Gremio Prudente e olhe lá!
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