Observatório Alviverde

02/04/2021

DIGRESSÕES!

Sou de um tempo em que a sexta-feira santa, mais do que um dia místico, era um dia de recolhimento, oração e adoração a Deus e eu acreditava, piamente, que Jesus Cristo era Deus.

O tempo passou, tudo mudou, se transformou, se metamorfoseou e as sextas-feiras santas destes novos tempos, de há muito já não são iguais àquelas.

E não são porque deixaram de ser espontaneamente, mas em decorrência da mudança drástica do significado da data e dos fatos para as novas gerações.

Em meu tempo até procissão havia, após uma santa semana de recolhimento, reflexão e oração em respeito à paixão de Cristo.

E era assim até que, "arrebentasse a aleluia", isto é, quando a igreja informasse que  Cristo ressuscitou.

Ocorrida a hora os sinos batiam, os fogos espocavam, os ricos abriam o champagne que precedia a ceia, o pobre abria um vinho Salton ou um Centauro, comia pães asmo e só depois ia dormir, sabendo que um lauto almoço de páscoa fecharia o lado comensal da semana santa.

Ainda sob o tilintar dos sinos, a garotada -simbolicamente- incendiava e matava Judas destruindo, com paus de vassoura, o boneco de andrajos que o representava, adredemente preparado e, via de regra, amarrado aos postes de ferro ou cimento do sistema de iluminação das cidades naquela época.

Quando penso nessas coisas, eu, que não tenho a mínima vocação para a pieguice, sinto-me nostálgico e fico sem compreender como essas coisas deliciosas puderam deixar de existir tão tão melancolicamente com a chegada do futuro.

Aí eu me transporto para o Palmeiras da minha época, do pós Mundial de 51 e me lembro dos times fracos que o sucederam, dessa data a 1959, após uma sequência obscura de 9 anos sem títulos.

Lembro-me da tumultuada saída da principal estrela do Campeonato Mundial, o maior lançador e assistente (até hoje) da história do futebol brasileiro, Jair da Rosa Pinto, o grande Jajá de Barra Mansa herói do jogo da lama (uma virada homérica em cima dos Bambis) e  o homem que "fez" Pelé, segundo declarou o próprio jogador em seu livro "Eu sou Pelé"!

O Paulistão ainda não tinha esse nome mas já era o principal regional do país, só superado pelo Torneio Rio-São Paulo que reunia os principais clubes do futebol brasileiro e já existia desde o tempo em que meu pai era jovem, isto é, desde 1933.

O Palmeiras foi campeão do Rio-SãoPaulo de 1950 e só voltou a ganhá-lo em 1959, ano em que montou um timaço capaz de derrotar o Santos de Pelé, Pepe, Zito e, de quebra, foi Campeão Paulista no certame que ficou conhecido como  "Supercampeonato". Só o Palmeiras é supercampeão paulista!

Lembro-me, também do primeiro negro retinto a vestir nossa camisa, Paulinho, atacante, contratado junto ao Flamengo, que estreou de maneira arrasador contra o Curica fazendo dois dos quatro gols da vitória do Verdão por 4 x 0.

Meus amigos, as recordações são múltiplas, inenarráveis, num tempo em que a vida tinha muito mas sabor, brilho e colorido tanto e quanto o futebol era muito mais envolvente e apaixonante;

COMENTE, QUEM QUISER

PS - Se vc tiver temas mais interessantes referentes ao Palmeiras, favor publicar!