Observatório Alviverde

27/08/2012

SERIA BRUNO O GOLEIRO IDEAL?

 

Uma das poucas imagens positivas que a mídia projeta a respeito do Palmeiras é a da “Escola de Goleiros”.

O Palmeiras, no decorrer dos anos, tem sido exemplar no quesito formação de goleiros.

Nenhum outro clube, conseguiu revelar para a posição, tantos e tão bons goleiros quanto o nosso glorioso alviverde do Parque Antártica.

Pode-se dizer, sem medo de errar,  que o Palmeiras foi  precursor da formação específica e do treinamento especial, exclusivo e´à parte para goleiros, hoje em voga.

Antigamente os arqueiros – como eram chamados --treinavam e se preparavam através dos mesmos métodos aplicados aos demais jogadores.

O gaúcho Valdir Joaquim de Morais, pequeno-grande goleiro que chegou ao Palmeiras no final da década de50 e tornou-se um ídolo, foi o fundador da decantada escola

Credenciado pelo título de campeão pan-americano com a Seleção Gaúcha que representou o Brasil no campeonato realizado no México, Valdir jogou por mais de uma década com a camisa do Verdão conquistando quatro campeonatos brasileiros, três paulistas e um Rio-São Paulo.

Ao encerrar a carreira de jogador, foi contratado pelo Palmeiras e fundou a nossa escola de goleiros na transição da década de 60 para a de 70.

A partir da inauguração da Escola,  o Palmeiras, apenas em raríssimas oportunidades recorreu à compra de atletas para a posição.

Se, hoje, o Brasil consegue exportar goleiros – Dida e Júlio César são os maiores e mais recentes exemplos – tudo é fruto do trabalho iniciado por Valdir de Morais e sua força tarefa, na SE Palmeiras, a partir dos anos 60s, que revolucionou a posição.

Antigamente os goleiros brasileiros não eram admirados, respeitados, valorizados e nem objeto ou sonho de consumo do futebol europeu.

Hoje tudo tornou-se diferente. pois. graças à revolução causada pelos métodos de treinamento introduzidos por Valdir e pelo Palmeiras, os nossos “camisas-um” não devem nada aos melhores goleiros de qualquer parte do planeta.

Tudo, porém, se deve à visão futurista amplificada e de largo espectro do Valdir, que encontrou um campo fértil para crescer  e prosperar na S.E. Palmeiras e, em seguida, ser consagrada nos clubes que copiaram e na seleção, inclusive!

Que se exalte e proclame  sempre a iniciativa e o pioneirismo do Palmeiras, um clube que muitos da mídia continuam execrando.

Essa gente deveria, primeiro, escovar os dentes, enxaguar e enxugar a boca imunda antes de pronunciar o nome da Sociedade Esportiva Palmeiras.

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Desnecessário seria nominar os frutos preciosos produzidos por essa escola, não apenas no processo de formação, mas de aprimoramento de tantos jovens que chegavam do interior, entre os quais o maior destaque foi, sem qualquer dúvida, Émerson Leão.

Dos formados na casa, Veloso foi um nome forte, mas nenhum deles pode ser comparado a Marcos que a mídia e a torcida canonizaram como São Marcos pelas defesas miraculosas que fazia..

Porém, quem assistia aos milagres de “São” Marcos em campo, sequer imaginava que eram frutos de muito treino.

Era um treinamento diuturno, sem pausas ou esmorecimentos, dedicado, forte e contínuo, sob a orientação, liderança do competentíssimo Carlos Pracidelli, até hoje apontado como o melhor preparador de goleiros do país. 

Marcos, jubilado recentemente,  foi o maior e o mais vitorioso entre todos os que vestiram a nossa incomparável  “maglia verde número um”, desde Oberdan Catani, ainda vivo para contar a história como protagonista e testemunha ocular, até os dias de hoje.

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Tudo isso foi dito para que se chegue a Bruno, o atual “goalkeeper” titular do Verdão.

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Em algum espaço deste OAV eu escrevi, a propósito de Bruno, uma frase inesquecível de José Magnoli, gênio e maior comunicador da história do rádio brasileiro em todos os tempos, mais conhecido pelo nome artístico de Hélio Ribeiro.

Assim falou Hélio Ribeiro:

“O terceiro, sim, jamais o segundo, será o primeiro”.

Eu antecipei a promoção de Bruno à titularidade num momento em que ele era o terceiro goleiro, reserva de Marcos e de Deola que se revesavam de acordo com as possibilidades de Marcos participar ou não os jogos.

Deola vinha jogando muito, mas falhava em alguns lances fáceis, se abatia com isso e começava a perder a autoconfiança.

Depois disso perdeu tudo, até a posição,  e acabou melancolicamente emprestado ao Vitória.

Bruno, apesar de alguns gols fáceis que vem tomando, mostra potencial para se tornar um goleiro de primeira linhagem e assumir, definitivamente, a titularidade.

Mas os dois gols que levou, domingo, contra o Santos, assustam a torcida e a comissão técnica, levantam a suspeita da dúvida e muitos consideram que ele ainda não está devidamente preparado para ser o titular

Para a confirmação da condição de titular Bruno terá de trabalhar muito, de ter dedicação integral e aplicação radical nos treinamentos, sem o que não vai progredir..

Embaixo dos paus Bruno é bom, tem bom reflexo, elasticidade e em razão de seu tamanho, ótima presença de área.

Entretanto, precisa ter mais velocidade, aprimorar as defesas de bolas rasteiras e a saída do gol, além de posicionar-se melhor quando das cobranças de falta.

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Há um porém!

No caso específico de Bruno, a correção definitiva desses e de outros defeitos só poderá vir com o decorrer do tempo, a longo prazo, talvez a perder de vista.

É mais ou menos como aprender a fazer amor.

Você só aprende, se fizer!

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Ameaçado pelo descenso, o Palmeiras não tem condições de esperar por Bruno, nem por ninguém.

De uma forma ou de outra, terá de resolver o problema decorrente da falta de um goleiro a altura de sua grandeza, importância e responsabilidade no contexto do futebol brasileiro, sob pena de dar com os costados, novamente, na segunda divisão..

Como há poucos goleiros de qualidade disponíveis nesta época do ano, creio que Bruno será mantido como titular e essa manutenção torna-se uma faca de dois gumes.

Tanto Bruno pode se recuperar e se firmar, – ele tem potencial suficiente –, como terminar na mesma barca de Deola e acabar se transferindo, em  breve num goleiro de time pequeno.

O reserva de Bruno, Rafael Alemão, um gigante na altura e, ao menos até agora, um craque nas categorias de base, parece reunir um potencial maior do que o atual titular.

Quem acompanha de perto as categorias de base, garante e afirma que Rafael Alemão é, potencialmente, ainda melhor que Bruno, com plenas condições de assumir o posto de imediato.

Detalhe: Alemão era o terceiro goleiro, a partir da aposentadoria de Marcos.

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Que é preciso resolver o problema de nosso gol, isto é preciso, se me permitem parafrasear Fernando Pessoa.

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Qual seria, então, a melhor solução?

CONTINUAR COM BRUNO?

PROMOVER RAFAEL ALEMÃO?

OU CONTRATAR OUTRO GOLEIRO?

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