Observatório Alviverde

13/10/2009

MURICY TEM CULPA NO CARTÓRIO

Sei que é fácil falar e criticar após o jogo terminado e o resultado negativo. De qualquer forma arrisco-me a dizer que Muricy Ramalho tem culpa no cartório e foi um dos responsáveis principais pela degringolada palmeirense no Recife. Muitos hão de dizer que estou sendo injusto, que o treinador não dispunha de fartura de bons jogadores para a escalação de um time competitivo e outras coisas mais. Interessante é que técnico quando atinge o estrelato passa a ser considerado onipotente em suas decisões, sem receber por parte da mídia o corretivo necessário ainda que erre escancaradamente.
Pois Muricy errou e ninguém o criticou. Preferem dizer que ele tem crédito. Tem crédito, sim, mas, repito, errou rotundamente a partir do time que escalou e, principalmente, nas alterações.
Por que errou na escalação? Porque, se ele sabia que o Náutico era um time forte pelo setor direito com Patrick e Carlinhos Bala, jogadores de extrema velocidade, não fechou o lado esquerdo da defesa? O jogo foi decidido por ali a partir desse setor. Escalar Marcão e Willians para anular dois jogadores velocíssimos, significa falta de visão da estratégia do jogo. Quando sentiu que o meio de campo palmeirense era flagrantemente dominado, que havia um vácuo no setor e que seu time só tinha dois compartimentos, ataque e defesa, por que não tomou logo as providências? Por que, no intervalo, apostar novamente em um time improdutivo, tão carente de alterações? Por que, com o jogo marcando 3 x 0 para o adversário substituir Willian por um zagueiro, Paulo Miranda? Para não perder por uma goleada maior ? Ou não seria preferível tentar o gol dando ritmo de jogo a jogadores como David Sacconi e Lenny ? Willians deveria sair, sim, mas muito tempo antes do que saiu. Figueroa também mereceu a substituição, mas no intervalo do jogo. Quanto à saída de Souza, que também não jogou bem eu a atribuo como medida de preservação do jogador, então com cartão amarelo, para o jogo decisivo diante do Flamengo.
Sei, perfeitamente, que com um grupo de jogadores muito fraco, ninguém faria milagres, nem mesmo Muricy. Mas, para um técnico tres vezes consecutivas campeão do Brasil, faltaram-lhe visão, sensibilidade e bom-senso para, mesmo em sua filosofia essencialmente defensivista, tirar o máximo proveito de um time que se não era nenhum portento, certamente era uma equipe à altura da fraqueza do time pernambucano, ante-penúltimo colocado neste brasileirão.
Um grande treinador não pode ser tão óbvio quanto está sendo Muricy, a quem os deuses do futebol têm ungido com uma sorte de tamanho descomunal. Só que, agora, o adversário é o Flamengo que vem aí respaldado por boas atuações e por uma vitória incontestável sobre os bambis. Até a hora do jogo contra eles teremos de ser gratos ao Flamengo que garantiu a continuidade de nossa liderança malgrado os nossos erros e defeituações. Mas uma eventual derrota pode despertar o gigante carioca que, se chegar, certamente não vacilará tanto e quanto estamos vacilando!


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