Observatório Alviverde

26/12/2018

UMA TORCIDA QUE ADORA AS BRIGAS E AS DISCUSSÕES!


Em relação às demais, a torcida palmeirense tem de ser tomada à parte, porquanto, para o bem e para o mal é completamente diferente de todas as que conheço.

Em mais de 60 anos de militância, estudo e observação concluí que a marca, a característica mais forte da torcida do Verdão é a velha mania de "impor o seu ponto-de-vista" aos rivais ou aos próprios palmeirenses independentemente de estar certo ou não, de ter razão ou não.

Por experiência convivo com isto desde a mais tenra idade e casos existem em que o palmeirense torce mais, muito mais, para si e para que as suas opiniões prevaleçam do que, propriamente, pela vitória do time. 

Não, não venham argumentar que estou exagerando, haja vista que conheço a fundo esse método e essa sistemática.

Conheço, pasmem, desde os tempos em que o jogo de futebol tinha o nome de porfia ou de peleja, o goleiro era chamado de guardião e os locutores esportivos diziam o jogador mais forte era "espadaúdo".

Isto, sem falar que as traves não eram redondas e os locutores narravam os lances perigosos em que a bola não entrava afirmando que "o balão de couro" havia batido na "quina" da trave. 

Uma das primeiras guerras de opinião de que tenho lembrança dentro do Palmeiras envolveu os "guardiões", isto é, os goleiros Oberdan Cattani e Fábio Crippa, (dois goleiraços de altíssimo nível) iniciada em plena Copa Rio, quando Fábio tomou a posição de Oberdan.

Após o título a parte da torcida que exigia o retorno de Oberdan à titularidade torcia para que Fábio fracassasse e, por extensão, torcia, abertamente, até pela derrota do time, a fim de que o ídolo retornasse. Jamais retornou! 


Com Fábio Crippa o Verdão, pela primeira vez (malgrado a ignorância de uns ou a maldade de tantos que insistem em apagar a história) venceu o I Campeonato Mundial Interclubes patrocinado pela FIFA.

O fato é que após essa "briga" Fábio tomou conta do gol e tornou-se titular absoluto por vários anos. 

Um detalhe importantíssimo dessa "rivalidade" é que Fábio e Oberdan ao contrário do que muitos diziam, eram, foram e continuaram sendo grandes amigos e sempre eram vistos juntos na sede palmeirense em papos animadíssimos.

Lembro-me, da mesma forma, da saída tumultuada de Jair da Rosa Pinto do Palmeiras que dividiu ao meio as opiniões da torcida alviverde. 

Sob a alegação de que promoveria uma renovação completa no time a diretoria da época simplesmente demitiu Jajá, imediatamente contratado, então, pelo Santos FC.

Com quase 40 anos, Jair foi multi-campeão pelo time santista e a década de 50 e só não foi um fiasco para o Palmeiras pelo bom desempenho no início da mesma, pelo título mundial.

No Super-Campeonato de 1959 o Palmeiras derrotou o Santos com Jair da Barra Mansa (como ele era chamado) Pelé, Pepe, Laércio (tinha sido goleiro do Palmeiras)  e tudo o mais que queiram. 

Para que os mais novos possam aferir o real valor de Jair (era ídolo no Flamengo e foi para o Verdão após briga com o clube carioca) e o que ele representou e representa na história do futebol brasileiro, basta que se diga que Pelé confessa no livro "Eu Sou Pelé", que deve a sua condição de artilheiro e tudo o mais que fez no início da carreira até o título de "maior jogador do mundo" a Jair da Rosa Pinto.

De minha parte eu quero dizer que Jair, além da liderança inata, foi o maior lançador  e o mais perfeito batedor de faltas à qualquer distância, da história do futebol brasileiro.

Digo mais: isto num tempo em que as bolas eram de couro, pesadas, raramente subiam e a maioria dos gols (verifiquem nos filmes) era proveniente de lances de bola rasteiras. Pelo peso da bola e por suas características de fabricação, não era qualquer jogador que conseguia realizar cruzamentos altos em direção à área inimiga.

Não, não me venham com o papo de que o maior armador-chutador do Brasil foi o canhotinha Gérson, hoje comentarista da Rádio Globo/Rio, confesso aluno e admirador de Jair em quem já disse ter se inspirado. 


Além de ter sido um dos jogadores mais longevos da história Jajá, fluminense de Barra Mansa, deixou o Palmeiras dividido entre os que desejavam e os que não desejavam a sua permanência. Foi uma época de muito passionalismo e brigas internas sem fim nos bastidores do Verdão.

Pela falta de um treinador de maior visão tática, capaz de criar um esquema visando ao aproveitamento das características de Jair, um meia que atuava sempre de meias arriadas e de cabeça erguida para o passe no pé do companheiro na saída de bola ou para os lançamentos longos e em profundidade para atacantes velozes e com capacidade para o contra-ataque, o Palmeiras acabou, de uma certa forma,  contribuindo para o surgimento daquele que é tido como o maior jogador de toda a história, Pelé. 

Vejam, todos, que o tempo decorreu, o futebol se transformou e tudo mudou, mas a torcida palmeirense, "ene a ó til", NÃO!

Ela continua cultivando o velho hábito de não ter paciência com jovens jogadores e intolerância com veteranos...

Da mesma forma, adora criticar por criticar, rebaixar (pra sempre) os jogadores pelos quais não nutre simpatias pessoais ou sociais, comparar atletas, mesmo os de posições diferentes, criticar por criticar seja por cápsulas de minúcias sem motivações justas e, frequentemente, estabelecer comparações entre os jogadores atuais e aqueles de outras gerações.

Tudo isso num clima de animosidade e de desejo absoluto de imposição de suas opiniões e, sobretudo, de seu ego contra qualquer que ouse contestá-lo... 

As reações são (na maioria absoluta das vezes) desproporcionais às contestações e muitos são capazes de adotar,  num átimo, a atitude do moleque de rua, partindo para agressões verbais grosseiras e de uma virulência tão contundente que, fico imaginando, o que que não fariam se quem os contestou estivesse presente fisicamente.

Não, não quero dizer que sou "um anjo" ou alguém dotado de uma educação irretocável e que, às vezes, também não me surpreenda incorrendo nesses erros e defeitos inerentes à mais afoita, pressurosa, irriquieta, ambiciosa, vaidosa e orgulhosa torcida do Brasil.

O que se tem de pedir neste momento é que cada palmeirense que escreve neste ou em outros espaços da Internet, pense um pouco mais e raciocine sempre antes de emitir suas opiniões.

Pesem e pensem em tudo o que está ocorrendo, da forte influência das mídias sociais sobre o quotidiano, mormente o esportivo. A incidência é direta. A influência, completa!

Não significa que tenhamos de calar a nossa voz em face dos erros ou, feito eleitor do PT, admitir tudo o que os donos do poder fizerem de errado ou tentarem impor sobre nós e sobre as nossas consciências.

Significa, sim, que devemos fazer uso de nossos inalienáveis direitos de crítica a bem do clube, do time, dos jogadores, da torcida e de todos os segmentos que formam essa colossal Sociedade Esportiva Palmeiras!

Diz um velho adágio que "se conselho resolvesse ninguém daria de graça, mas venderia". 

Permito-me, então, apresentar, apenas, sugestões!

1) Vamos tentar (todos nós) ser um pouco mais pacientes e um pouco menos críticos em relação ao Verdão. 

2) Vamos (todos nós) esperar que as contratações de novos jogadores maturem e que os  atletas se adaptem à cidade, ao clube, ao esquema de jogo e a tudo, antes que os critiquemos.

3) Evitemos aquelas expressões mais fortes em relação aos jogadores que, porventura, não vierem a se dar bem, sabendo que são ativos do clube que, na medida do possível, não devem ser desvalorizados.

4) Critiquemos, sim, os erros da diretoria, os tático-técnicos do técnico, de sua equipe, dos jogadores, e dos preparadores físicos, mas apresentemos, ao mesmo tempo, as sugestões que julguemos necessárias para possíveis correções.

5) Não nos importemos tanto pelo fato de o clube estar contratando jogadores mais novos e sem tanto nome e experiência, pois só através dessa modalidade de investimento ou do investimento na base é que se pode descobrir craques.

6) Se o clube contratar um ou outro jogador de meia idade ou veterano, compreendamos (todos nós) que os times ideais são os chamados "mesclados", isto é, aqueles formados por uma base jovem, mas retocada nas chamadas "psições-chaves" por jogadores rodados e experientes.

Há muitas outras sugestões a fazer mas a principal entre elas é o respeito a todos os participantes, mesmo aqueles que nos contestam. 

Eu gostaria que todos os amigos que participam deste espaço também expusessem com clareza e objetividade as suas sugestões em relação, até, às postagens que inserimos.

Estou prevendo um ano espetacular para o Palmeiras e apreciaria, muitíssimo, que o nosso blog fosse um importante fator de estímulo para o Verdão nesta temporada. (AD)

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