Observatório Alviverde

20/11/2018

REFLEXÕES, AINDA, SOBRE O EMPATE DE DOMINGO EM LONDRINA!


Só os anti, os teimosos, os amantes das discussões estéreis ou os estúpidos sustentam a tese que "o time do Palmeiras esteve nulo e mereceu perder para o Paraná", domingo passado em Londrina.

Para que eu mesmo não me inclua nessa amarga lista de frustrados, vou admitir, sim, que o Palmeiras jogou mal e esteve muito abaixo do que pode render, mas com uma ressalva:

"só no 2º tempo".

Em relação ao primeiro, como afirmar que o time tenha jogado bem ou mal? Por acaso haveria ou há como aferir?

Houve opções para o Palmeiras, após a escolha de campo equivocada  do capitão Dracena (ele e Weverton foram os culpados) obrigado a enfrentar, a um só tempo, o Paraná e um temporal de enormes proporções contra o rosto?

Havia praticabilidade no piso e perspectiva de equilíbrio de corpos para a imposição de jogo de um time clássico que atuava de encontro ao vento poderoso que detinha e desviava a bola?

Um time que enfrentava outro que, beneficiado pela própria intempérie climática,  nem precisava se empenhar para mandar a bola ao ataque e contra a área palmeirense por jogar a favor do vendaval que soprava? 

Se mal pergunto me perdoem, mas como emitir um juízo de valor (positivo ou negativo) sobre o rendimento do time, se não houve futebol na etapa inicial?

E não digam que a intempérie existiu para os dois times, porque no intervalo a tempestade amainou e sua influência em prol do Palmeiras foi, apenas, relativa!

O que se viu no 1º tempo foi, simplesmente, a tentativa do time alviverde se agrupar e tentar trabalhar a bola através de toques curtos, inúteis e improdutivotendo pela frente um festival de chutões, isto é, um autêntico "bumba meu boi" por parte do Paraná?

A diferença é que o vento impedia que o Palmeiras chegasse e, na mesma medida em que prejudicava o Palmeiras, ajudava o time paranista. Qualquer chutinho e a bola chegava, imediatamente, na área palmeirense.

Ainda bem que o técnico deles, tão elogiado pela mídia, não atentou para a hipótese dos arremates de média e larga distâncias que teriam o poder de demolir completamente o Palmeiras.

Quem analisa o jogo com isenção sabe que o Palmeiras não logrou êxito em suas ações ofensivas na primeira fase, porquanto não havia como fazer uso dos toques longos, de efetuar as viradas de jogo para as inversões de lado, de direcionar os passes com precisão e, sequer, calcular a força dos mesmos e até dos próprios arremates ao gol adversário.

Foi por essa razão que o time se agrupava e usava a bola curta, exigindo, sempre, a apresentação, de muitos jogadores, objetivando envolver o adversário e, sobretudo,  evitar a chegada do perigo contra o gol de Weverton que, outra vez, demonstrou ser muito menos goleiro do que Prass  e Jailson. 

De um ponto de vista prático há que se admitir que, ainda  assim, o Palmeiras foi muito mais time em campo e envolveu completamente o Paraná.

Para os que viram e veem o time exclusivamente por um viés de negativismo, decepção e inconformismo, os números do Première acerca da posse de bola os contrariam frontalmente. 

O Verdão deteve 70% da posse de bola na primeira etapa do confronto e, apesar do cansaço decorrente do esforço físico despendido no primeiro tempo e da bobagem da poupança de jogadores como Bruno Henrique e outros, manteve a média também, na etapa complementar.

Reconheço, fique claro, que o domínio exercido no primeiro tempo foi absolutamente estéril, circunscrito de intermediária a intermediária e sem a necessária profundidade.

Houve raríssimos chutes a gol, todos eles sem o menor perigo e sempre minimizados pelo formidável vento contrário, um dos maiores que testemunhei em campos de futebol em meus 50 anos de acompanhamento "in loco". 

Isto, "per si", evidencia que a decantada superioridade dos times ditos ousados, que tomam as iniciativas para furar retrancas, acabam, muitas vezes, em derrotas vítimas desta armadilha tática, especialidade, aliás, de Felipão. 

Coincidentemente, por circunstâncias estranhas ao jogo, desta vez ocorreu com o Palmeiras, em seu momento de maior necessidade. 

Quem não sabe ou não sabia que a programação tática do Palmeiras, ainda que fosse em um jogo contra o rebaixado Paraná, previa uma retranca para o jogo de espera e a consequente administração do resultado, no mais autêntico estilo dos técnicos gaúchos?

O que ninguém poderia -jamais- imaginar é que a "Escolha de Sofia", isto é, a escolha de Dracena e Weverton. pusesse tudo a perder.  Sou capaz de apostar que acabou ocorrendo pela prevalência da superstição sobre a razão.

De um ponto de vista lógico, fosse o Paraná que houvesse jogado o 1º tempo contra o vento e tudo teria corrido diferente, de maneira diversa e de outra forma. 

O gol paranista aos 34 minutos, inverteu a pule e mudou -completamente- as duas apostas dos técnicos, exatamente como ocorreu na Bombonera, quando o Boca abriu a contagem e desestabilizou completamente o Palmeiras, um time que não estava acostumado a tomar gols.

Em Londrina houve um lance profundamente infeliz do time palmeirense que não pode ser debitado exclusivamente na conta de Antonio Carlos, entre todos, porém, o maior culpado.

Registre-se, antes, a falta de atenção e de marcação dos meio-campistas alviverdes no nascedouro da jogada, o que me faz refletir -faço questão de repetir-  na bobagem de Felipão ao deixar no banco o  voluntarioso Bruno Henrique, coincidentemente, o segundo artilheiro do time com 8 gols para escalar o "baleado" Moisés. 

É claro que houve méritos do adversário na conversão do gol, entres os quais a "keniana" velocidade do jovem Kessley, ampliada pelo vento pró.

Mas não há como deixar de registrar a elementar ausência de noção de cobertura e antecipação de Antonio Carlos, tanto e quanto a contribuição efetiva de Weverton que, somente depois, assistindo às várias reprises da jogada, pude constatar que ocorreu.

Foi a partir daí, desse gol decorrente de falta de atenção e cuidados, que o feitiço palmeirense virou contra o feiticeiro, Felipão. 

Nem tanto por causa da chuva (o Palmeiras está cansado de jogar sob chuva e até rega o gramado do Allianz antes dos jogos), mas da ventania incontrolável que a imprensa (pelo menos todos aqueles que vi, li e ouvi) faz questão de omitir e sequer mencionar, preferindo, criticar o time a fim de provocar os jogadores e depreciar o esplêndido trabalho de Felipão.

Na projeção para o 2º tempo, o maior problema do Palmeiras foi a falta de gás dos jogadores, decorrente do jogo de esforço, do jogo de atrito com o vento e de desgaste físico decorrente  que  o time obrigou-se a fazer no primeiro tempo, com a agravante de jogar com dez porque Lucas Lima só fez entrar em campo, nada mais que isto.. 

Encastelado na defesa o Paraná jogou pela mala e pela honra, com todos os jogadores objetivando manter o resultado a fim de garantir as respectivas ceias de natal. 

Como destruir é sempre bem mais fácil que construir, sobretudo se o campo estiver pesado, o time paranaense, com a vantagem no placar, fechou-se todo e ganhava quase todas as divididas, porquanto seus jogadores mostravam mais fôlego e preparo físico e antecipavam-se (quase sempre) aos palmeirenses.

A marcação setorizada, só se transformava em marcação homem a homem quando recuavam para defender em bloco na área ou nas imediações e nas raras vezes em que partiam para o bote objetivando a retomada de bola e armar os contra-ataques.

Em duas ou três vezes, chegaram. Numa delas, quase fizeram 2 x 0, mas Antonio Carlos, sejamos justos, nessa vez salvou. O Paraná, tão festejado e glorificado pela mídia, como se estivesse a pique de ganhar o Brasileiro, resumiu-se a apenas isto. 

No mais, só deu Palmeiras, que sofreu muitíssimo até assinalar o gol de pênalti que manteve-lhe a palmeirense e coloca na condição de clube da maior série invicta da história dos brasileiros. 

Embora quase todos os atletas tenham jogado com excessiva ansiedade e sem a serenidade que o jogo exigia, há que se ressaltar que foi muito mal escalado.

Para que não se vá tão longe, como explicar a escalação do frio, omisso e fisicamente despreparado Lucas Lima em um jogo de tanta exigência e com o gramado pesado e encharcado? 

Esta mancada foi cometida pelo próprio Felipão influenciado por aquela bobagem de rodízio de jogadores, ao mexer num time que três dias antes ganhara com autoridade do perigoso Fluminense, muito melhor que o Paraná?

Então, meus amigos, o jogo de domingo passado em Londrina deixa múltiplos ensinamentos entre os quais, parafraseando o velho Jair Pereira, "o jogo é jogado e o lambari é pescado".

Com as minhas desculpas pelo fato de ter escrito muito, quero dizer que refiz a infeliz saga palmeirense do jogo passado, a fim de alertar os irmãos palmeirenses para a necessidade de apoiar o time nestas três rodadas que nos separam do título, a partir do jogo de amanhã contra o América.

Não, não se iludam e nem avaliem o confronto pela pouca importância do adversário e, muito menos, pela perspectiva de rebaixamento do time mineiro, posto que o Palmeiras normalmente vence os jogos contra o Coelho,  porém sempre com muita dificuldade.

Nas oitavas de final da Copa do Brasil, por exemplo, o Palmeiras enfrentou o América duas vezes.

Em Belo Horizonte,venceu apertado por 2 x 1, gols de Borja e Keno, após uma partida espetacular de Dudu que desequilibrou. Mas foi um jogo muito difícil e de placar apertado.

Uma semana depois os times se encontraram no Allianz e ficaram no empate, 1x1.

Foi outro jogo extremamente difícil que começou com um gol do América aos 37 do primeiro tempo. O Palmeiras só conseguiu empatar com William por volta dos 20 minutos da etapa complementar.

No Brasileirão o Palmeiras ficou no 0x0 em jogo travado no Independência e que serve bem para ilustrar as dificuldades que o alviverde sempre enfrenta quando joga contra o Coelho.

Neste momento extremamente difícil do Brasileiro, em que o Palmeiras, nesta rodada, nesta rodada, repito, nesta rodada, necessita de duas vitórias em três jogos para atingir 77 pontos e não ser alcançado por ninguém, temos, todos nós palmeirenses, a obrigação sentimental e moral de apoiar Felipão e o grupo de jogadores na busca pelo caneco.

Um amigo até aventou a possibilidade de o Palmeiras chegar mediante uma vitória e um empate, que o conduziriam aos 75 pontos justamente o máximo de pontos que o Flamengo pode atingir, mas eu o informei, de pronto, que essa hipótese, hoje, agora, não existe.

O Palmeiras teria esta campanha (71+0+3+1=75) e o Fla (66+9=75), teoricamente empatados.

A decisão do campeonato, então, teria de ocorrer pelos critérios adicionais do maior número de vitórias, maior saldo de gols, ataque mais realizador e defesa menos vazada.

O Palmeiras, hoje com 20 vitórias passaria a somar 21, mas perderia o título. O Fla, que venceu 19 jogos até agora, alcançaria 22 vitórias e seria aclamado campeão.

Voltando à dura realidade do campeonato, o jogo o Verdão x América Mineiro desta 4ª feira é um jogo-chave, importantíssimo e vital, para o Verdão.

Enfrentará um adversário do Z4, seriamente ameaçado pelo rebaixamento e que vai tentar fazer o "jogo do ano" a fim de salvar-se da degola, tentando reagir justamente nas rodadas finais do Brasileirão.

Acrescente-se a isso o fato de o América estar sob o comando de um novo técnico, o pernambucano Givanildo Oliveira, que sempre realiza excelentes trabalhos quando o dirige esse tradicional clube mineiro.

Da mesma forma eu não ficarei surpreso se o Mequinha entrar em campo com a motivação extra de u'a mala branca enviada pelo Fla, ou, também, pelo Inter.

Que o Palmeiras jogue com responsabilidade, consciência, confiança, espírito de luta, raça, coragem e profissionalismo ciente e consciente de que decide em casa, certamente sem a ventania, com o apoio da galera, na qualidade e posição de favorito.

Gostei da indicação do paranaense Paulo Roberto Alves Júnior e de um sexteto também paranaense para a mediação do confronto.

Fosse o árbitro escalado de outras partes do país, mormente do norte-nordeste onde o clubismo, impera e o flamenguismo é uma doença contagiosa e eu estaria e ficaria muito preocupado.

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