Observatório Alviverde

01/03/2012

PALMEIRAS 3 X 1 LINENSE, A VITÓRIA COM AUTORIDADE E O RELAXAMENTO DE UM TIME QUE ABDICA DE FAZER GOLS PARA TOCAR A BOLA PARA OS LADOS, DAR OLÉ, TOMAR SUFOCOS DESNECESSÁRIOS E GARANTIR RESULTADOS MAGROS! NOSSA VOCAÇÃO DEFENSIVISTA É IRRITANTE!


 Foi uma vitória convincente, limpa e irretratável a de ontem sobre o Linense.

Importante pelo fato de deixar o Palmeiras no limiar da classificação matemática que poderá ocorrer já na próxima rodada.

Mas, na prática nem Flávio Prado, Juca Kfoury, Binner, Perrone, a família Neves ou qualquer outro notório antipalmeirense da mídia ousaria duvidar ou publicar, como adorariam fazê-lo, que o Palmeiras vai ficar fora, ou, ao menos, que corre riscos.

O Palmeiras começou o jogo contra o alvi-rubro de Lins de forma avassaladora, marcando forte, pelo campo todo,  sem dar espaços, abafando e sufocando o adversário.

Foi para cima do Linense. na base do "chegar chegando", como se diz na gíria e impôs a sua dominância até abir o marcador, logo a um minuto e meio em sua jogada mais mortal, a bola parada !

Detalhe: Desta vez, não foi, como de costume, fruto de um cruzamento de Marcos Assunção, fora do jogo por suspensão.

Maicon Leite bateu uma falta pela esquerda e Wellington desviou fazendo gol contra. Na súmula, foi creditado para o palmeirense.

O 1 x 0 era tudo o que Felipão queria, ou, quem sabe, até mais do que pudesse querer.

Em pé, defronte o banco, passou a exigir, aos gritos que a equipe recuasse e marcasse mais forte, embora a partir do meio campo para a defesa.

O procedimento tático-estratégico foi correto pois dava ao Palmeiras a condição de esperar o adversário e ter espaços para contratacar. 

Com o gol relâmpago o Palmeiras invertia a tendência do jogo e pode se dar ao luxo de ser o dono e senhor do contrataque. Foi isto o  que aconteceu!

Com uma postura defensiva perfeita, o Verdão manteve a sua meta inatacada até os 29 minutos do primeiro tempo, quando o Linense criou a sua primeira jogada ofensiva perigosa.

A essa altura o Palmeiras já criara uma chance aos 7 minutos em um petardo a meia distância  de João Vitor, que o goleiro rebateu, sem que houvesse alguém preparado para aproveitar o rebote.

Além dessa jogada houve outras que ameaçaram o gol do Linense em maior ou menor gráu de perigo, até que o Palmeiras chegou ao segundo gol que, diga-se de passagem, não foi, apenas, o mais bonito do Paulistão, mas da própria temporada 2012.

Recebendo a bola na intermediária elefantina, o argentino Barcos matou no peito, endireitou o corpo e partiu, em jogada de contragolpe, com a bola dominada sobre o zagueiro Pablo que esperou o corte habitual pelo meio e marcou o lado e o pé esquerdos de Barcos.

Ele só não imaginava que Barcos iria tocar a bola pela direita  e sair em velocidade, também pelo lado direito, conforme ocorreu, no chamado drible da vaca.

Sem saber para que lado pender ou que perna marcar, Pablo foi contornado pelo argentino que, com a maior consciência deste mundo, levantou a cabeça e observou a saída desesperada do goleiro Douglas para a cobertura e para o abafa.

Com a calma, a frieza e, principalmente, com a categoria dos grandes artilheiros, Barcos conseguiu uma cavadinha milimétrica, genial, mortal.

Foi um toque suficiente para cobrir o goleiro Douglas de quase dois metros de altura, tocar no travessão e descair para o fundo da rede.

Esse foi um gol que, muito mais do que uma placa, merecia um quadro a óleo em cores para ser eternizado e exposto na parede de qualquer museu de futebol do planeta. Deslumbrante!

O fantástico gol de Barcos deixou grogue o time do Linense, abrindo condições para que o Palmeiras pontuasse novamente, três minutos após, estabelecendo o gol que selou a sorte desse jogo que se afigurava como extremamente difícil.

Registre-se no terceiro gol a habilidade e a visão de Juninho, o autor intelectual e o oportunismo de Daniel Carvalho, o autor real.

Em projeção pela ponta esquerda, antevendo a penetração de Daniel Carvalho pela direita, Juninho cruzou de forma justa e perfeita para a cabeçada fatal que escreveu os 3 x 0 no placar.

Tudo, até aí, era divino e maravilhoso e a coletividade verde espalhada pelo país, até aqui em Camboriú , Santa Catarina, numerosíssima, exultava.

Só que, a partir daí, l-a-m-e-n-t-a-v-e-l-m-en-t-e, não houve mais jogo e nem espetáculo.

Poder-se-ia, sim, chamar o toque de bola lateralizado do Palmeiras de espetáculo, desde que acompanhado da palavra deprimente.

Foi, de fato, um espetáculo deprimente, um desrespeito, um acinte ao público e um autêntico assalto ao bolso do torcedor que paga o seu ingresso ou o seu pay-per-view, assistir aos jogadores do Palmeiras, todos, sem exceção, abdicarem de jogar e tocar para os lados.

Literalmente, o Palmeiras, vergonhosamente, puxou o freio de mão e desinteressou-se, completamente,  pelo jogo.

Esse é um problema cultural tradicional na forma de encarar os jogos pelo time do Palmeiras, semelhante ao slogan daquele conhaque "de pai para filho desde 1910".

Adaptado ao Palmeiras o slogan seria, " firula de pai para filho desde 1942" com algumas exceções como a da Academia dos Anos 60, do time da Parmalat e da penúltima passagem de Luxemburgo pelo Palmeiras.

E revoltante ver que o time tinha tudo para ganhar de 4, 5 ou mais gols mas recuou covardemente, deprimentemente, para segurar um 3 x 0, que se fosse um 2 X 0, seria defendido da mesma forma.

O Linense aproveitou-se do desinteresse por marcar mais gols e do recuo exagerado do Palmeiras. Partiu pra cima e passou a mandar no jogo e ameaçar o gol do Verdão.

Quando os intererioranos fizeram o primeiro gol, aos 29 do segundo tempo, um belíssimo gol aliás em que André Luiz driblou desmoralizantemente João Vitor clareou a jogada e fulminou Deola, passei a temer pela sorte do resultado.

Primeiro quando Chimba, em ótima jogada individual derivou para a esquerda e cruzou com enorme perigo mas Deola, que voltou a jogar bem, impediu maiores consequências com uma boa defesa de antecipação.

Depois em inteligente jogada de Maquelelê que, quase do bico esquerdo da grande área, teve espaço, calculou e bateu cruzado, alto, de pé direito.

Foi um lance em que ele tirou completamente Deola da jogada, com boas perspectivas de gol,  mas a bola, para a felicidade do Palmeiras, tomou direção inversa rumo da linha de fundo. Ufa!

Durante todo o segundo tempo só criamos uma jogada de perigo com Juninho quando ele cruzou, mas João Vitor não conseguiu cabecear como queria e desejava, desperdiçando o lance.

A filosofia vigente há anos no Palmeiras pressupõe que após o estabelecimento de vantagens que o time recue, toque a bola e desista de fazer gols.

Aliás, em vez de ampliar resultados como facilitação para as vitórias, o Palmeiras prefere defender vantagens, ainda que mínimas.

Essa maldita filosofia, tradicional no Palmeiras, antecede Felipão, mas recrudesce com ele, eterno partidário da marcação e do defensivismo em detrimento do espetáculo.

O Palmeiras precisa romper com esse estigma, embora eu, particularmente, prefira ganhar os jogos a dar espetáculo.

Mas, se me permitem, existe algum espetáculo mais bonito do que um time vocacionado para golear e que faz muitos gols?

Por acaso o tal "olé" tem mais sabor do que uma goleada de cinco, seis ou mais gols?

Fosse o jogo de ontem um clássico, ou um jogo decisivo para uma classificação ou conquista de título, aí, sim, justificar-se-ia o toque de bola com o fito de matar o tempo e ganhar.

Mas, meus amigos, tocar bola para garantir 3 x 0 contra o Linense é um procedimento lógico?

O que entristece é que o Palmeiras não motiva, não empolga, não entusiasma as novas gerações.

Quase todas as vezes em que ganha um título é na base de um empate, de um resultado alheio que o favorece, de uma vitória magra ou de aspectos aleatórios.

Quando. como ontem em Lins, o time tem a oportunidade de golear, de transmitir alegria à galera de mostrar autoridade e de impor a força e o peso de sua tradição de clube mais vencedor do Brasil,  eis que, como se tocados por uma força invisível, recomendação ou coisa assim, nos apequenamos em campo temendo adversários inexpressivos em jogos praticamente ganhos, tendo, principalmente, medo de nós mesmos!

Nenhum time entre todos os grandes brasileiros toma gols decisivos sobre a hora e nem entrega tanto os resultados e decisões como o Palmeiras.

Esta tem sido a nossa sina e continuará sendo enquanto não mudar esta nossa vã filosofia.

Os jogadores, ontem. pareciam haver entrado em campo desconhecendo o regulamento.

Depois dos pontos e do número de vitórias o fator de desempate mais importante é o gol.

Por que, então, deixar de fazê-los?


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