Observatório Alviverde

04/09/2012

SE O PALMEIRAS AO MENOS AMEAÇAR DEMITIR FELIPÃO, A MÍDIA VAI CHIAR!

 

Telê Santana, nunca foi mestre, como proclama a mídia. 

Defini-lo como excelente, creio ser suficiente para se  reconheça os seus inegáveis méritos como grande conhecedor de futebol e um dos melhores treinadores de seu tempo.

No Palmeiras, armou um time jovem e barato formado por jogadores pouco conhecidos.

Isso nunca ocorrera e, até hoje, jamais ocorreu na história do clube.

Foi no Verdão que Telê conseguiu crescer na profissão, ganhando fama e notoriedade ao dirigir aquele que já era o clube mais vencedor do futebol brasileiro.

A partir de sua passagem pelo Palmeiras, Telê evoluiu rapidamente e passou a ser considerado um treinador de ponta do futebol brasileiro.

De sua modesta condição de treinador regional ele  chegou, por méritos e competência à Seleção Brasileira onde formou o grande esquadrão que disputou a Copa da Espanha em 82  melancolicamente eliminado pela Itália de Paulo Rossi.

Embora detentor de um título nacional pelo Galo Mineiro em 1971, Telê era, muito mais,  conhecido como ex- jogador do Flu, do que, propriamente, como treinador.

Para aqueles que o conheciam de perto - eu o conheci – era um técnico honesto, dedicado, capacitado, talentoso e disciplinador, que armava ótimas equipes mas não conseguia ganhar títulos na mesma proporção da qualidade de seu trabalho.

Por isso a maior parte da mídia, embora reconhecendo-lhe o trabalho, o chamava em seu tempo de Palmeiras, maldosa e desprezivelmente, de pé-frio!

Mas os mesmos analistas que o criticavam, anos depois, já em sua fase no SPFC, o  glorificaram, endeusaram  e passaram a chamá-lo de mestre.

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Dizia em seu estro, este, sim, um mestre, (dos versos, das rimas mais que ricas, milionárias e das palavras), o célebre poeta paraibano Augusto dos Anjos, “ a mão que afaga é a mesma que apedreja”.

No caso de Telê, as mãos que o apedrejaram quando trabalhava no Palmeiras,  foram as mesmas que o afagaram a partir do instante em que ele colocou os pés no SPFC.

Na verdade, Telê só começou a ganhar os títulos importantes muito tarde, já em idade avançada, a partir de sua passagem pelo Morumbi.

Seu trabalho só frutificou e foi reconhecido quase ao final de sua, apenas, boa carreira, digna de um treinador um pouco acima do comum, embora ele, reconheça-se, não fosse comum.

Em 86, no México, ele fracassou, novamente, à frente de uma Seleção sobre a qual não teve força e ascendência para manter sob disciplina, sem conseguir que fosse, sequer, simples sombra da seleção de 82.

Tudo se tornou mais fácil para a partir do momento em que passou a contar com o auxílio e respaldo da máquina de bastidores do SPFC, a maior e a melhor do mundo.

Para o bem e para o mal.

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Agora eu explico porquê falei tanto em Telê, se o assunto neste OAV é, exclusivamente,  o Palmeiras.

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Como repete e reverbera a mídia, Telê afirmou, certa vez, em um programa de rádio do qual eu participava como um dos entrevistadores que:

mesmo em situações desesperadoras ou sob ameaça de descenso, clube algum deveria dispensar o treinador, mas insistir com ele.”

Isso, depois, ele viria a repetir reiteradamente, como se fosse um “mantra”, em dezenas de outras entrevistas.

Travamos, lembro-me bem, uma pequena discussão pelo ar, na qual eu afirmei que só quem está fora e não vivencia o ambiente de um clube desesperado, que passa por essa dramática situação pode sustentar teses como essa.

Ele não concordou com a minha opinião e replicou com frases professorais embora sempre com educação.

Telê não estava acostumado a ser contrariado, pois a maioria dos colegas não o fazia e submetia-se passivamente às suas idéias e argumentos.

Ao encerrar o diálogo, afirmei que estávamos falando de futebol brasileiro, não de futebol árabe (onde ele estava) ou europeu.

Mas como Telê, o “mestre da crônica amestrada”, foi quem difundiu a idéia, virou dogma.

Até hoje  a maioria dos cronistas repete que os clubes ameaçados pelo descenso devem manter os seus treinadores.

Em teoria seria uma decisão bonita, romântica e agradável, digna do tempo do amadorismo em que os times não eram rebaixados e os  valores e as necessidades dos clubes eram bem outros.

A realidade nua e crua do futebol atual e a inflexibilidade das situações vividas pelos clubes ameaçados pelo descenso, aconselham às vezes, medidas drásticas de salvamento.

 A mídia já dedicou N programas para desaconselhar os clubes a mudar de treinador, mesmo na hora em que o desespero bate à porta.

Já o estão fazendo em relação ao Palmeiras.

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Tem sido recorrente o relato da “heróica” recuperação do Fluminense que conseguiu inverter uma situação de rebaixamento, tida como técnica e numericamente irreversível, atribuída ao fato de manter o então técnico Cuca.

O que todos se esquecem de dizer é que se não fosse o apito comparsa do finório Simon ao anular aquele gol de cabeça de Obina,

l-e-g-a-l, 

l-e-g-i-t-i-m-o,

g-e-n-u-i-no

c-r-i-s-t-a-l-i-n-o

e

i-n-e-s-q-u-e-c-í-v-e-l 

os cariocas teriam ido para o “beleléu” e levado um grosso e comprido “bililiu".

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A contribuição, do abominável árbitro gaúcho e de outros colegas dele,  reles sopradores de apito e menos conhecidos,  na tal “recuperação” do Flu, foi, provavelmente, maquinada por cima, via figuras importantes da cúpula esportiva carioca e da TV, mas isso a mídia não averiguou. 

Essas coisas têm de ser rememoradas e ditas sempre que se puder em alto e bom tom.

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Que não se deixe, porém de atribuir todos os méritos técnicos da recuperação do tricolor a Cuca

Desprezando a maior parte dos veteranos,  armou um time jovem, muito rápido, velocíssimo, com o aproveitamento de jogadores da base e de reservas que não tinham vez no time principal, para o que a diretoria concedeu-lhe carta-branca .

A atitude corajosa de Cuca é uma lição a ser seguida pelos clubes que necessitam sair de situações semelhantes. 

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Diferentemente do que dizia Telê, qualquer time ameaçado pelo descenso, não só deve, como tem a obrigação de despachar um treinador que fraquejou e que não esteja dando certo, o Palmeiras, inclusive.

Quando se está perdendo uma batalha de forma bisonha e a tropa encontra-se desmotivada, necessário se torna a mudança do comandante.

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Nas circunstâncias atuais em que a diretoria tem plena confiança e convicção de que o trabalho de Scolari está correto e que existem perspectivas de mudança para melhor a curtíssimo prazo, eu defendo que se mantenha o treinador por mais três ou quatro jogos.

 Porém,  se os gols, as vitórias e os bons resultados não vierem,  a diretoria palmeirense terá de, forçosamente, fazer um tratamento de choque que inclui sem dúvidas ou hesitações, a dissolução da atual comissão técnica.

Na atual conjuntura, não há outra saída ou forma de recuperação.

Essa medida deveria ter sido profilática, tomada já na época em que o Palmeiras ganhou, com sofreguidão, a Copa do Brasil e tudo o que estamos passando já se desenhava.

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A mídia, que tanto faz restrições e odeia Scolari, ainda não se manifestou ou abordou o tema, senão através de comentários pontuais de um ou outro jornalista, que, seguindo sempre a cartilha de Telê, afirmam que Felipão tem de ficar até o fim.

A esmagadora maioria não quer a paz no elenco e, muito menos, que a boleirada  se una, se motive e que o Palmeiras se recupere no Brasileirão, evitando o descenso.

Como sempre, a propósito do Palmeiras, eles partem do princípio básico do “quanto pior, melhor” e adoram que a hesitação tome conta de nossos dirigentes, amadores e apedêutas em matéria de futebol.

Felipão tem de ficar, sim, se os resultados dos três ou quatro próximos jogos, a partir do confronto  de 6 pontos contra o Sport forem favoráveis.

Se o time começar a vencer e apresentar sinais de recuperação, que se mantenha Felipão, com todo o respaldo possível.

Em caso contrário, com todo o respeito,

Ra-

Ré-

Ri-

Ró-

RUA

Antes que quem RUA seja o próprio Palmeiras.

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