SE O PALMEIRAS AO MENOS AMEAÇAR DEMITIR FELIPÃO, A MÍDIA VAI CHIAR!
Telê Santana, nunca foi mestre, como proclama a mídia.
Defini-lo como excelente, creio ser suficiente para se reconheça os seus inegáveis méritos como grande conhecedor de futebol e um dos melhores treinadores de seu tempo.
No Palmeiras, armou um time jovem e barato formado por jogadores pouco conhecidos.
Isso nunca ocorrera e, até hoje, jamais ocorreu na história do clube.
Foi no Verdão que Telê conseguiu crescer na profissão, ganhando fama e notoriedade ao dirigir aquele que já era o clube mais vencedor do futebol brasileiro.
A partir de sua passagem pelo Palmeiras, Telê evoluiu rapidamente e passou a ser considerado um treinador de ponta do futebol brasileiro.
De sua modesta condição de treinador regional ele chegou, por méritos e competência à Seleção Brasileira onde formou o grande esquadrão que disputou a Copa da Espanha em 82 melancolicamente eliminado pela Itália de Paulo Rossi.
Embora detentor de um título nacional pelo Galo Mineiro em 1971, Telê era, muito mais, conhecido como ex- jogador do Flu, do que, propriamente, como treinador.
Para aqueles que o conheciam de perto - eu o conheci – era um técnico honesto, dedicado, capacitado, talentoso e disciplinador, que armava ótimas equipes mas não conseguia ganhar títulos na mesma proporção da qualidade de seu trabalho.
Por isso a maior parte da mídia, embora reconhecendo-lhe o trabalho, o chamava em seu tempo de Palmeiras, maldosa e desprezivelmente, de pé-frio!
Mas os mesmos analistas que o criticavam, anos depois, já em sua fase no SPFC, o glorificaram, endeusaram e passaram a chamá-lo de mestre.
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Dizia em seu estro, este, sim, um mestre, (dos versos, das rimas mais que ricas, milionárias e das palavras), o célebre poeta paraibano Augusto dos Anjos, “ a mão que afaga é a mesma que apedreja”.
No caso de Telê, as mãos que o apedrejaram quando trabalhava no Palmeiras, foram as mesmas que o afagaram a partir do instante em que ele colocou os pés no SPFC.
Na verdade, Telê só começou a ganhar os títulos importantes muito tarde, já em idade avançada, a partir de sua passagem pelo Morumbi.
Seu trabalho só frutificou e foi reconhecido quase ao final de sua, apenas, boa carreira, digna de um treinador um pouco acima do comum, embora ele, reconheça-se, não fosse comum.
Em 86, no México, ele fracassou, novamente, à frente de uma Seleção sobre a qual não teve força e ascendência para manter sob disciplina, sem conseguir que fosse, sequer, simples sombra da seleção de 82.
Tudo se tornou mais fácil para a partir do momento em que passou a contar com o auxílio e respaldo da máquina de bastidores do SPFC, a maior e a melhor do mundo.
Para o bem e para o mal.
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Agora eu explico porquê falei tanto em Telê, se o assunto neste OAV é, exclusivamente, o Palmeiras.
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Como repete e reverbera a mídia, Telê afirmou, certa vez, em um programa de rádio do qual eu participava como um dos entrevistadores que:
” mesmo em situações desesperadoras ou sob ameaça de descenso, clube algum deveria dispensar o treinador, mas insistir com ele.”
Isso, depois, ele viria a repetir reiteradamente, como se fosse um “mantra”, em dezenas de outras entrevistas.
Travamos, lembro-me bem, uma pequena discussão pelo ar, na qual eu afirmei que só quem está fora e não vivencia o ambiente de um clube desesperado, que passa por essa dramática situação pode sustentar teses como essa.
Ele não concordou com a minha opinião e replicou com frases professorais embora sempre com educação.
Telê não estava acostumado a ser contrariado, pois a maioria dos colegas não o fazia e submetia-se passivamente às suas idéias e argumentos.
Ao encerrar o diálogo, afirmei que estávamos falando de futebol brasileiro, não de futebol árabe (onde ele estava) ou europeu.
Mas como Telê, o “mestre da crônica amestrada”, foi quem difundiu a idéia, virou dogma.
Até hoje a maioria dos cronistas repete que os clubes ameaçados pelo descenso devem manter os seus treinadores.
Em teoria seria uma decisão bonita, romântica e agradável, digna do tempo do amadorismo em que os times não eram rebaixados e os valores e as necessidades dos clubes eram bem outros.
A realidade nua e crua do futebol atual e a inflexibilidade das situações vividas pelos clubes ameaçados pelo descenso, aconselham às vezes, medidas drásticas de salvamento.
A mídia já dedicou N programas para desaconselhar os clubes a mudar de treinador, mesmo na hora em que o desespero bate à porta.
Já o estão fazendo em relação ao Palmeiras.
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Tem sido recorrente o relato da “heróica” recuperação do Fluminense que conseguiu inverter uma situação de rebaixamento, tida como técnica e numericamente irreversível, atribuída ao fato de manter o então técnico Cuca.
O que todos se esquecem de dizer é que se não fosse o apito comparsa do finório Simon ao anular aquele gol de cabeça de Obina,
l-e-g-a-l,
l-e-g-i-t-i-m-o,
g-e-n-u-i-no
c-r-i-s-t-a-l-i-n-o
e
i-n-e-s-q-u-e-c-í-v-e-l
os cariocas teriam ido para o “beleléu” e levado um grosso e comprido “bililiu".
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A contribuição, do abominável árbitro gaúcho e de outros colegas dele, reles sopradores de apito e menos conhecidos, na tal “recuperação” do Flu, foi, provavelmente, maquinada por cima, via figuras importantes da cúpula esportiva carioca e da TV, mas isso a mídia não averiguou.
Essas coisas têm de ser rememoradas e ditas sempre que se puder em alto e bom tom.
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Que não se deixe, porém de atribuir todos os méritos técnicos da recuperação do tricolor a Cuca
Desprezando a maior parte dos veteranos, armou um time jovem, muito rápido, velocíssimo, com o aproveitamento de jogadores da base e de reservas que não tinham vez no time principal, para o que a diretoria concedeu-lhe carta-branca .
A atitude corajosa de Cuca é uma lição a ser seguida pelos clubes que necessitam sair de situações semelhantes.
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Diferentemente do que dizia Telê, qualquer time ameaçado pelo descenso, não só deve, como tem a obrigação de despachar um treinador que fraquejou e que não esteja dando certo, o Palmeiras, inclusive.
Quando se está perdendo uma batalha de forma bisonha e a tropa encontra-se desmotivada, necessário se torna a mudança do comandante.
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Nas circunstâncias atuais em que a diretoria tem plena confiança e convicção de que o trabalho de Scolari está correto e que existem perspectivas de mudança para melhor a curtíssimo prazo, eu defendo que se mantenha o treinador por mais três ou quatro jogos.
Porém, se os gols, as vitórias e os bons resultados não vierem, a diretoria palmeirense terá de, forçosamente, fazer um tratamento de choque que inclui sem dúvidas ou hesitações, a dissolução da atual comissão técnica.
Na atual conjuntura, não há outra saída ou forma de recuperação.
Essa medida deveria ter sido profilática, tomada já na época em que o Palmeiras ganhou, com sofreguidão, a Copa do Brasil e tudo o que estamos passando já se desenhava.
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A mídia, que tanto faz restrições e odeia Scolari, ainda não se manifestou ou abordou o tema, senão através de comentários pontuais de um ou outro jornalista, que, seguindo sempre a cartilha de Telê, afirmam que Felipão tem de ficar até o fim.
A esmagadora maioria não quer a paz no elenco e, muito menos, que a boleirada se una, se motive e que o Palmeiras se recupere no Brasileirão, evitando o descenso.
Como sempre, a propósito do Palmeiras, eles partem do princípio básico do “quanto pior, melhor” e adoram que a hesitação tome conta de nossos dirigentes, amadores e apedêutas em matéria de futebol.
Felipão tem de ficar, sim, se os resultados dos três ou quatro próximos jogos, a partir do confronto de 6 pontos contra o Sport forem favoráveis.
Se o time começar a vencer e apresentar sinais de recuperação, que se mantenha Felipão, com todo o respaldo possível.
Em caso contrário, com todo o respeito,
Ra-
Ré-
Ri-
Ró-
RUA
Antes que quem RUA seja o próprio Palmeiras.
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